quinta-feira, novembro 16, 2006

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

Assento de baptismo de Francisco Sanches

(V/ abaixo, 16.11.1623)

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Este é o espaço em que,

habitualmente,

faço algumas incursões pelo mundo da História.

Recordo factos, revejo acontecimentos,

visito ou revisito lugares,

encontro ou reencontro personalidades.

Datas que são de boa recordação, umas;

outras, de má memória.

Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.

Aqui,

as datas são o pretexto para este mergulho no passado.

Que, por vezes,

ajudam a melhor entender o presente

e a prevenir o futuro.

Respondendo a uma interrogação,

continuo a dar relevo ao papado.

Pela importância que sempre teve para o nosso mundo ocidental.

E não só, nos últimos séculos.

Os papas sempre foram,

para muitos, figuras de referência,

e para a generalidade, figuras de relevo;

por vezes, e em diversas épocas, de decisiva importância.

Alguns

(muitos)

não pelas melhores razões.

Mas foram.

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O ano 2006 do calendário gregoriano corresponde ao:

ano 5767 do calendário judaico

ano 1427 dH do calendário islâmico (Hégira)

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DE ACORDO COM O CALENDÁRIO DA ONU:

1997/2006 - Década Internacional para a Erradicação da Pobreza.

2001/2010 - Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África.

2001/2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo.

2001/2010 - Década Internacional para a Cultura da Paz e não Violência para com as Crianças do Mundo.

2003/2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.

2005/2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.

2005/2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

2006 Ano Internacional dos Desertos e da Desertificação.

Dia Internacional da Tolerância (UNESCO).

Acerca da reflexão que

a UNESCO nos propõe para hoje,

nada melhor que “escutar” as palavras

dos responsáveis por estas instâncias

ONU e UNESCO,

acerca d’ O Dia Internacional da Tolerância

Vejamos:

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MENSAGEM DO SECRETÁRIO-GERAL DA ONU, KOFI ANNAN, POR OCASIÃO DO DIA INTERNACIONAL DA TOLERÂNCIA, em 16.11.05:

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A condição humana caracterizou-se sempre pela diversidade. No entanto, lamentavelmente, a aceitação dessa diversidade por parte da humanidade tem sido difícil. A intolerância em relação ao “outro” continua a causar, dia após dia, grande sofrimento.

Por esta razão, a luta contra a intolerância sob todas as suas formas constitui, desde há 60 anos, um aspecto fundamental das actividades das Nações Unidas. Mas nunca na história da Organização a tolerância foi tão necessária como hoje. Num mundo marcado por uma concorrência económica intensa, por movimentos de população e pelas distâncias cada vez mais pequenas, viver com pessoas de culturas e crenças diferentes cria tensões bastante reais. A escalada da xenofobia e do extremismo em todo o mundo prova-o de uma maneira evidente e exige de nós uma reacção enérgica.

A criação de uma cultura de tolerância constitui um primeiro passo importante. Uma tal cultura deve assentar no reforço da protecção jurídica e da educação. Mas a iniciativa individual também é necessária. A tolerância não pode significar uma aceitação passiva das supostas peculiaridades dos outros. Exige de todos nós um esforço activo no sentido de nos conhecermos melhor, de compreendermos a origem das nossas diferenças e de descobrirmos o que há de melhor nas crenças e tradições dos outros. Só por meio deste processo de descoberta poderemos compreender que o que nos une como seres humanos é muito mais forte do que aquilo que nos separa.

Se quisermos conseguir a paz neste século recém-iniciado, devemos começar por nos respeitar mutuamente desde hoje, reconhecendo que cada um de nós tem o direito de definir a sua identidade e de adoptar a crença e a cultura que desejar, compreendendo que podemos amar o que somos sem odiar o que não somos.

No documento final da recente Cúpula Mundial das Nações Unidas, os governos de todos os países declararam: “reconhecemos que todas as culturas e civilizações contribuem para o enriquecimento da humanidade. Consideramos também que é importante compreender e respeitar a diversidade religiosa e cultural em todo o mundo. Para promover a paz e a segurança internacionais, comprometemo-nos a... incentivar a tolerância, o respeito, o diálogo e a cooperação entre as diferentes culturas, civilizações e populações”.

Neste Dia Internacional da Tolerância, comprometamo-nos a tornar realidade estas palavras, celebrando a nossa diversidade, aprendendo com as nossas diferenças e utilizando-as para fortalecer os laços que nos unem como seres humanos.

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Por outro lado, e na mesma data, «Em mensagem por ocasião do Dia Internacional da Tolerância, o Director-Geral da UNESCO, Koichiro Matsuura, ressalta a importância de promover os valores do pluralismo, do respeito à diversidade e a não discriminação, na tentativa de construir uma cultura de tolerância mútua. O mundo segue enfrentando um recrudescimento das manifestações de intolerância e de exclusão que se alimentam da precariedade económica, da exclusão social, dos nacionalismos agressivos e das pandemias. Temos que trabalhar em favor de uma cultura de tolerância mútua, activa e combativa, com a finalidade de prevenir novas tragédias, afirma Matsuura.» [Site da UNESCO no Brasil, 16.11.05]

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Em Portugal: Dia do Mar.

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Consta que Tibério (Tibério Cláudio Nero César) terá nascido no ano 42 a.C., há 2048 anos, em data correspondente a esta no calendário Juliano, instituído pouco antes (46 a.C.) pelo líder militar e político da República de Roma, Júlio César.

Tibério fazia parte da gens Claudii, uma velha e prestigiada família senatorial. A sua mãe, Lívia Drusa, divorciou-se de seu pai Cláudio Nero para casar com a grande figura da época, com o homem do momento, o imperador César Augusto, de quem foi a terceira mulher.

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Augusto teve diversos filhos adoptivos.

Tibério era, pois, enteado e um dos filhos adoptivos de Augusto, a quem sucedeu, aos 56 anos, em 14 d.C., como imperador romano. E de quem foi, nomeadamente, genro, ao casar com Júlia Cesaris, filha e herdeira de Octávio Augusto.

Começou por governar com prudência, no entanto o seu reinado ficou marcado pelos muitos julgamentos por traição e conspiração, influenciado e encorajado pelo político e conspirador romano (que chegou a ocupar lugar de destaque na administração de Tibério), Sejano, que, inclusivamente, o convenceu a refugiar-se na ilha de Capri, de onde não mais voltaria. A paranóia das conspirações (aproveitada e explorada por Sejano) dominavam-no por completo.

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Costuma referir-se Augusto (César Augusto ou Octávio Augusto) como tendo sido o primeiro imperador de Roma. Alguns autores defendem, porém, que César Augusto não tinha inaugurado o império, e que fora, exactamente o seu sucessor, Tibério, quem lançou os alicerces da nova forma de governo publicando a «Lei de Majestade».

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Curioso é que Tibério não foi uma 1ª escolha de Augusto, mas como os seus sucessivos herdeiros (Agrippa, Marcello, Lúcio e Gaio) morriam, Augusto não teve outra opção senão adoptar Tibério em 4 d.C.. Mas, «mostrando bem quão relutante estava em fazer Tibério herdeiro, Augusto acrescentou no final da cerimónia “Faço isto por razões de Estado”». Era um facto, registam os historiadores, que Augusto não gostava do seu sucessor... Talvez porque Tibério não fosse, como a maioria que o rodeava, um bajulador, e ter, nomeadamente, a coragem de o afrontar. Além de que a coragem e a genialidade militar de Tibério contrastavam com o facto de Augusto não ser igual génio como soldado. Teve foi óptimos e destemidos generais ao seu serviço.

Augusto, porém, reformou o governo do império, o exército e os serviços públicos, além de que foi patrono das artes. O período do seu governo, de grande prosperidade, ficou conhecido como século de Augusto.

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Mas após o passamento de Augusto, a aura augustiana começou a ofuscar-se, o declínio das instituições e dos costumes entrou num perigoso declive.

Além da referida paranóia da perseguição, Tibério viria a revelar-se, após a subida ao trono, de uma natureza e de um carácter excessivamente instáveis. Tinha mesmo uma vida pessoal dissoluta e costumes muito duvidosos. Mesmo para a Roma de então, em que a dissolução de costumes se acentuava cada vez mais.

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Suetónio denuncia-o como pedófilo e recrutador de crianças que utilizava nas suas orgias lascivas e pervertidas.

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Suetónio:

grande estudioso dos costumes dos seus contemporâneos e do seu tempo,

escreveu um grande número de obras eruditas,

nas quais revisita as principais personagens da época,

como A Vida dos Doze Césares,

a mais conhecida, que chegou até nossos dias.

[Wikipédia]

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Ironicamente, uma dessas abusadas crianças, o seu sobrinho-neto Calígula, seria seu sucessor.

O imperador morreu no ano de 37, de morte natural. E deixou o império a Calígula e a um neto seu homónimo, Tibério. Mas pouco depois de assumirem o poder, Calígula mandou executar o primo, ficando, apenas ele, como imperador.

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De tal modo a vida depravada de Tibério chocou os romanos que, quando ele morreu, o povo respirou de alívio e a multidão bradou: Tiberius ad Tiberim (Tibério ao Tibre).

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Foi na QI 16.11.1623, há 383 anos: morreu o médico e filósofo Francisco Sanches. Portugal estava sob o domínio filipino, reinava Filipe III (20º). No Vaticano pontificava Urbano VIII (235º).

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Embora nascido em Braga, em 1550, e considerado português pela quase generalidade dos autores, há ainda alguns que não estão certos quanto à sua nacionalidade.

Fazendo parte de uma família de judeus convertidos, foi baptizado na igreja paroquial de S. João do Souto, da cidade dos arcebispos, em 25 de Julho de 1551.

Do web site do Arquivo Distrital de Braga, Universidade do Minho, transcrevo, com a devida vénia, o assento de baptismo, e a imagem correspondente (mais acima), do filósofo-médico bracarense.

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Assento de baptismo de Francisco Sanches — Ano de 1551

«Aos vinte e cinco dias de Julho baptisei Francisco filho de Antonio Sanches fisico e de sua molher Filipa de Sousa padrinho o Comendador Antonio del Castilho e madrinha Maria Gonçalves molher do Licenciado Manoel Aranha moradores na rua do Souto».

Este documento, publicado por José Machado no 1º volume do Boletim da Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de Braga, veio resolver a questão de naturalidade do grande filosofo.

(A.D.B. - Registo Paroquial, Braga - Souto, S. João, Lv. Misto 1, fls. 83)

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Com 12 anos saiu de Portugal e foi para Bordéus, onde frequentou um famoso colégio, Collège de Guyenne, que era um autêntico centro de renovação intelectual, em que influíam o Renascimento italiano e o reformismo religioso, a que estiveram ligados, em posições de destaque, outros humanistas portugueses, da época, como, por exemplo, André de Gouveia e Diogo de Teive. Em 1569 emigrou para a Itália, onde estudou medicina. Em 1573 regressa a França onde, na Universidade de Montpellier, cursou e se doutorou em ciências médicas

Fixou residência em Toulouse, onde permaneceu até ao fim da vida, em cujo hospital foi director de serviços, por mais de trinta anos, e onde foi considerado um dos mestres mais ilustres. Além de físico (médico) conceituado, foi professor de filosofia, de 1585 a 1610, e de medicina de 1610 a 1623.

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Assim, além de médico foi também um destacado e brilhante filósofo.

“Contestou a filosofia de Aristóteles e o pretenso saber da escolástica, mostrando o falível do testemunho dos sentidos, denunciando a ineficácia dos métodos tradicionais e tentou definir o seu próprio ideal de conhecimento.” [Wikipédia]

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A sua principal obra saiu na 1ª edição (Lyon, 1581), com o título "Quod nihil scitur", mas a 2ª (Frankfurt, 1518), intitulava-se, mais explicitamente "De multum nobili et prima universali scientia quod nihil scitur".

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A sua obra filosófica, de um espírito fortemente renascentista, foi importante na reformulação das possibilidades e métodos do conhecimento humano. Negando a legitimidade das formas de conhecimento (ou pseudo-conhecimento) que até então apoiavam os seus próprios argumentos nas autoridades da escolástica, raciocinando por deduções silogísticas, por um lado, e que acreditavam na possibilidade de uma ciência das essências, das abstracções, por outro, veio colocar a dúvida como ponto de partida do processo de conhecimento”. [BU/Texto Editores]

“A ciência possível, assim, seria a do concreto e do singular, por via da observação e da experimentação. Desta forma, Francisco Sanches desvalorizou a metafísica e lançou algumas das bases de tendências filosóficas posteriores e, em todo o caso, influenciou Descartes (pelo princípio da dúvida metódica, por exemplo) e Bacon (na sua interrogação da natureza e proposta de conhecimento experimental)”. [Id]

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Publicou, também, um conjunto de tratados reunidos sob o título Opera Medica (1576).

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A intelectualidade da época nem sabia quem mais admirar: se o médico se o filósofo.

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Segundo Moreira de Sá, “Francisco Sanches, astrónomo, geómetra, filósofo e médico, observador infatigável da Natureza, autêntico protótipo do homem do Renascimento, legou-nos uma obra que foi o arauto da revolução filosófica dos séculos XVII e XVIII.”

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Já para Joaquim de Carvalho, “o seu conhecimento não arrancou de livros, mas da sua própria experiência e teve por objecto uma teoria da ciência e uma teoria explicativa da Natureza com o tipo de saber que o médico aplica.”

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A sua perspectiva e posição essencial, em todas as suas obras é, como ele próprio afirmou, «a do filósofo, que olha só para a natureza, mas subordinando-a totalmente a Deus Todo-Poderoso, criador do Universo».

Esclarecida fica, assim, a linha do seu discurso científico.

“Radica também aqui a atitude de desassombramento que anuncia a conquista da natureza pelo método científico. Será também no quadro dessa atitude que emerge a crítica ao princípio da autoridade, bem como o reclamar da autonomia da ciência perante a fé.
Nem a autoridade dos homens, nem a autoridade da fé poderão definir o espírito científico. A dos homens, porque falível, não podendo o conhecimento estagnar nas suas ilusões de saber fechado em sistema; a da fé porque o seu domínio é o da crença, sendo o da ciência o do livre exame.”
[Vários excertos do Website do Instituto Camões]

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De entre as conhecidas, e para além das já referidas, destaque para as seguintes obras do enciclopédico autor que se encontram editadas:

Carmen de Cometa, 1577.
De divinatione per somnum, ad Aristotelem, 1585.
Opera Medica, uma edição póstuma, de 1636, que inclui vários tratados filosóficos: 1) De Longitudine et Brevitate vitae, liber; 2) In lib.
Aristotelis Physiognomicon, Commentarius; 3) De Divinatione per Somnum; Quod Nihil Scitur, liber.
Tractatus Philosophici, 1649.
Ad C. Clavium epistola, uma carta consulta a Cristóvão Clávio, 1940.

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Foi há 330 anos, na SG 16.11.1676: Inocêncio XI (240º), através da bula Romanis Pontificis, cria a diocese do Rio de Janeiro (S. Sebastião).

Decorria a regência de D. Pedro, irmão de D. Afonso VI, a quem ele roubaria o trono e a mulher, e que viria a ser D. Pedro II (23º), pai de D. João V.

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Inocêncio XI, que o século conheceu como Benedetto Odescalchi, "foi um reformador vigoroso e justo, e o seu pontificado foi absolutamente isento de nepotismos". Eleito pelo partido francês, os seus conflitos com Luís XIV, contudo, duraram todo o seu pontificado.

Teve várias intervenções relativamente a Portugal, sobretudo no respeitante à sua colónia brasileira, como a acima referida.

Mas foi também ele que elevou ao cardinalato o bispo português, que fora arcebispo de Braga, Veríssimo de Lencastre, um dos filhos de D. Filipa de Vilhena, aquela que, segundo a lenda, armou cavaleiros dois dos seus filhos, na madrugada do 1º de Dezembro de 1640, tema de uma tela de 1801, do pintor Vieira Portuense, aliás, de seu nome verdadeiro, Francisco Vieira (1765-1805). Veríssimo de Lencastre foi o 13º cardeal português.

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De Inocêncio XI diz Canaveira: "só pode ser um grande papa aquele que, como este, atacou o nepotismo e a prepotência. Certamente por isso Luís XIV de França não gostava dele" [Manuel Filipe Canaveira, trabalho publicado num destacável d’ “O Jornal”, de 10.05.1991].

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Proclamada a República, no Brasil, na véspera, foi no dia imediato, SB 16.11.1889, faz hoje 117 anos, que o Governo provisório, recém-instituído, envia uma mensagem a Pedro II, exigindo a retirada da família real do Brasil dentro do prazo de 24 horas. Em Portugal, D. Carlos (33º) subira ao trono no mês anterior. No Vaticano pontificava Leão XIII (256º).

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Pedro II é informado, e constata, que não é mais imperador. À tarde, tropas cercam a Quinta da Boa Vista, onde se situava o Paço Real, para negociar as condições de retirada da família real do país.

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“Sic transit gloria mundi”

(Como é efémera a glória do mundo!)

- máxima latina

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A Quinta da Boa Vista

(atendendo ao belo panorama que daí se desfruta

sobre a Baía da Guanabara),

actualmente, é um parque público de grande valor histórico

no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro.

Na Quinta se localizam o Jardim Zoológico e o Museu Nacional,

instalado no antigo Paço de São Cristóvão,

um magnífico edifício de fachada neoclássica

que foi residência da Família Imperial Brasileira.

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A Proclamação da República brasileira ocorreu no dia 15 de Novembro de 1889, no Rio de Janeiro na praça da Aclamação (hoje praça da República), na sequência de um golpe de Estado desencadeado pelo exército, sob o comando do general Deodoro da Fonseca, que depôs o imperador Pedro II e instituiu a República dos Estados Unidos do Brasil.

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Pedro II, aliás, Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança e Habsburgo, foi o segundo e último monarca do Brasil independente. Filho de Pedro I (D. Pedro IV de Portugal) e da arquiduquesa Dona Leopoldina de Áustria, já nasceu no Rio de Janeiro, no Paço de São Cristóvão. Sucedeu a seu pai, que abdicou em seu favor para retomar a coroa de Portugal, à qual também renunciaria em nome da filha mais velha, D. Maria da Glória. Era neto de D. João VI e de D. Carlota Joaquina, sobrinho de D. Miguel I, tio de D. Pedro V e D. Luís I, filhos de sua irmã D. Maria da Glória, aliás D. Maria II.

Pela banda materna, era primo dos imperadores Napoleão II da França, Francisco José I da Áustria e Maximiliano I do México.

Como se constata, a implantação da república brasileira não teve participação popular. «Na verdade, os republicanos constituíam “ilhas” minúsculas cercadas pelos partidários da monarquia por todos os lados». Mas entre os esforçados republicanos salientavam-se um Rui Barbosa, deputado e jornalista, um Aristides Lobo e um Quintino Bocaiúva, os mais destacados líderes republicanos do Rio de Janeiro, um Francisco Glicério, figura cimeira do Partido Republicano Paulista, e um Benjamim Constant, estadista, militar e professor.

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Na SG 16.11.1925 (embora raros insistam ter sido a 22.10.1925), há 81 anos, morreu a professora universitária e filóloga Carolina Michaëlis de Vasconcelos.

O Presidente da República era Manuel Teixeira Gomes (o presidente-escritor”), enquanto que o presidente do Ministério era Domingos Leite, do Partido Democrático, tal como o PR. Na suprema direcção da igreja romana estava Pio XI (259º).

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“Uma mulher superior, cujo legado à cultura portuguesa

atinge uma dimensão invulgar entre nós”

- Maria Luísa V. de Paiva Boléo

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A primeira e mais distinguida linguista e filóloga portuguesa, a lusófila Carolina Wilhelma Michaëlis de Vasconcelos, nasceu em Berlim em 15.03.1851. De naturalidade alemã, tornou-se, pelo casamento e “por devoção”, portuguesa.

Autodidacta, já que na época o ensino formal não era acessível às mulheres, começou por se dedicar ao estudo das línguas e literaturas clássicas, românicas, eslavas e semíticas.

Foi crítica literária, escritora, lexicógrafa, investigadora e a primeira mulher a leccionar numa universidade portuguesa, primeiro na de Lisboa, transferindo-se depois, por conveniência familiar, para a Universidade de Coimbra.

A sua queda para as letras confirmou-se, tinha ela 15 anos, com uma recensão ao filólogo Adolfo Mussafia. Aos 21 ou 22 anos é admitida no ministério alemão do Interior, para os assuntos ibéricos.

Daí passa a dedicar-se e a especializar-se em temas mais especificamente portugueses. Donde resultou vir a conhecer o musicólogo e historiador de arte Joaquim de Vasconcelos, com quem viria a casar, em Berlim, em 1876.

O seu profundo domínio de áreas que vão da romancística e lírica trovadoresca, à épica camoniana, à dramatologia vicentina, à poesia mirandina e bernardina, levam-na, naturalmente, em 1911, à docência nas Faculdades de Letras de Lisboa e Coimbra. Em 1912 é eleita para a Academia das Ciências, juntamente com Maria Amália Vaz de Carvalho o que, por se tratar de mulheres, ainda provocou surpresa e melindres...

Tudo isto e muito mais sobre a sua biobliografia pode ver, no website do Instituto Camões, em HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA.

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Aconteceu há 61 anos, a 16.11.1945, uma SX: fundação da UNESCO, acrónimo de ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, PARA A EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E CULTURA.

Nos EU era Harry Truman, do Partido Democrata, o 33º presidente em exercício. No Reino Unido reinava Jorge VI, pai da actual monarca, enquanto o governo era liderado pelo Trabalhista Clement Attlee. Em França vigorava o Governo Provisório da República liderado, na altura, por Charles de Gaulle, que precederia a IV República (ainda não a gaulista – essa seria a quinta, e actual). Em Espanha ainda decorria a ditadura franquista. E em Portugal prosseguia a ditadura salazarista, com o vitalício Oliveira Salazar a liderar o regime, o partido do regime e o governo, e com o, também vitalício, general Carmona na presidência da República. No Vaticano pontificava Pio XII (260º).

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Criada em 1945 através de uma Convenção assinada por 37 países, a UNESCO tem como objectivo contribuir para a manutenção da paz e da segurança, estreitando a cooperação entre as nações, com vista a assegurar o respeito universal pela justiça, pelos direitos do homem e liberdades fundamentais, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião.

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Portugal tornou-se membro da UNESCO em 11.03.1965, tendo-se retirado em 31.12.1972, por óbvias e incompatíveis razões de política colonial anquilosada.

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Abertas as portas de Abril, Portugal voltou a estar em condições de cooperar internacionalmente com um mundo mais avançado. E adere à instituição em 11.09.1974, constituindo uma Delegação Permanente junto da UNESCO, em Paris, presidida por um Embaixador.

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Mas desde a sua adesão, em plena Ditadura, até ao derrube desta, Portugal teve sempre uma relação conflituosa com a UNESCO, por mor da sua intransigente política colonial.

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Nada como consultar directamente a fonte, acerca da matéria: COMISSÃO NACIONAL DA UNESCO - PORTUGAL

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Mas quanto à UNESCO, quanto à sua origem, quanto ao que é e quanto à respectiva actividade, também é mais útil, e fidedigno, consultar o respectivo portal: UNESCO

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«Os Estados Unidos da América, cuja contribuição representava 25% do orçamento da organização, saíram da UNESCO em 1984, alegando «excessiva politização e má gestão» da organização. Em 1985, o Reino Unido e Singapura seguiram o exemplo dos Estados Unidos e retiraram-se da organização, mas o Reino Unido regressou em 1997 e os Estados Unidos em 2003.

Em 1999, o então director-geral da organização, Federico Mayor, foi substituído no cargo pelo embaixador japonês em Paris, Koïchiro Matsuura, o qual empreendeu uma série de reformas para reestruturar e descentralizar as actividades e o pessoal da organização. Koïchiro Matsuura foi reeleito em 2003 para um novo mandato de 4 anos. Em 2005, com a entrada do Brunei, a UNESCO contava com 191 membros.» [In BU/Texto Editores]

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Foi numa QA, 16.11.1949, há 57 anos: morreu, em Loulé, o poeta popular António Aleixo, com 50 anos.

Isto enquanto se ia perpetuando a Ditadura do Estado Novo com a sua célebre dupla vitalícia: Oliveira Salazar no vértice do regime e na liderança da governação e Óscar Carmona, na formal chefia do Estado. No Vaticano prossegue o pontificado de Pio XII.

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António Fernandes Aleixo nasceu em Vila Real de Santo António, aos 18 de Fevereiro de 1899. Dos conhecidos, e com obra publicada, foi um dos poetas populares algarvios de maior relevo. Semi-analfabeto, humilde e simples, distinguiu-se pela sua ironia e por «rara espontaneidade, de um apurado sentido filosófico e notável pela “capacidade de expressão sintética de conceitos com conteúdo de pensamento moral”».

Atingido pela tuberculose, Aleixo foi internado no Sanatório dos Covões, de Coimbra, cidade onde o poeta teve a oportunidade de conhecer grandes nomes das letras e das artes. Regressado ao Algarve, “passou a vender, nas feiras, coadras, cantando à desgarrada. Cantava a sua fome e a dos filhos, sempre marginalizado pela sociedade”.

No emaranhado de uma vida recheada de pobreza, canseiras e doenças, na sua figura de homem humilde e simples, havia o perfil de uma personalidade rica, vincada e conhecedora das diversas realidades da cultura e sociedade do seu tempo.

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Do seu legado, encontram-se publicadas as seguintes obras:

Quando começo a cantar (obra que resulta do registo das suas quadras, feito pelo seu amigo, o professor de liceu Joaquim Magalhães; data de 1943);

Intencionais – (1945);

Auto da vida e da morte – (1948);

Auto do curandeiro – (1950);

Este livro que vos deixo – (1969);

Inéditos – (1979).

Os três últimos foram publicados postumamente.

[Adaptação conjugada das seguintes enciclopédias: Wikipédia e BU/Texto Editores]

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É uma das VIDAS LUSÓFONAS de que com grande mestria se ocupa Fernando Correia da Silva.

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1 comentário:

Anónimo disse...

General Carmona, amigo de España

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