quinta-feira, novembro 09, 2006

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

Eugène Delacroix - La liberté guidant le peuple (28JUL1830)


Este é o espaço em que,

habitualmente,

faço algumas incursões pelo mundo da História.

Recordo factos, revejo acontecimentos,

visito ou revisito lugares,

encontro ou reencontro personalidades.

Datas que são de boa recordação, umas;

outras, de má memória.

Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.

Aqui,

as datas são o pretexto para este mergulho no passado.

Que, por vezes,

ajudam a melhor entender o presente

e a prevenir o futuro.

Respondendo a uma interrogação,

continuo a dar relevo ao papado.

Pela importância que sempre teve para o nosso mundo ocidental.

E não só, nos últimos séculos.

Os papas sempre foram,

para muitos, figuras de referência,

e para a generalidade, figuras de relevo;

por vezes, e em diversas épocas, de decisiva importância.

Alguns

(muitos)

não pelas melhores razões.

Mas foram.

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O ano 2006 do calendário gregoriano corresponde ao:

ano 5767 do calendário judaico

ano 1427 dH do calendário islâmico (Hégira)

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DE ACORDO COM O CALENDÁRIO DA ONU:

1997/2006 - Década Internacional para a Erradicação da Pobreza.

2001/2010 - Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África.

2001/2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo.

2001/2010 - Década Internacional para a Cultura da Paz e não Violência para com as Crianças do Mundo.

2003/2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.

2005/2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.

2005/2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

Semana do Desarmamento/Semana Mundial da Paz.

Dia Nacional do Camboja.

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Foi há 207 anos, no SB 09.11.1799: Napoleão Bonaparte conquista o poder, em França, através de um golpe de Estado que ficou conhecido pelo Golpe 18 Brumário (de acordo com o calendário revolucionário, entretanto, adoptado).

O último rei de França, Luís XVI de Bourbon, já havia sido gilhotinado e Maria Antonieta executada. Estava instalada a República. Reinava no Reino Unido Jorge III, avô da rainha Vitória e pentavô de Isabel II. Frederico Guilherme III era o rei da Prússia. Enquanto Francisco II era o imperador do Sacro Império Romano-Germânico. Em Espanha ocupava o trono Carlos IV, pentavô de Juan Carlos de Bourbon. Em Portugal, ainda era viva D. Maria I (26º), sendo deposta nesse ano, por insanidade mental, e a regência estava entregue a seu filho D. João – futuro D. João VI (27º); e o chefe do governo ("Secretário de Estado") era o Visconde de Balsemão, Luís Pinto de Sousa Coutinho. A Cadeira de Pedro, em Roma, estava vaga: em Agosto desse ano morreu Pio VI (250º), precisamente prisioneiro em França , sendo que só no ano seguinte lhe sucederia Pio VII.

Em bom rigor, a Revolução de 1789 começou dois anos antes.

Em 1787 Luís XVI convocou a Assembleia dos Notáveis (nobreza e clero), pedindo-lhes que pagassem impostos.

“Intolerável ousadia” que lhe sairia bem cara. Perante a recusa dos “notáveis”, o rei ficou impossibilitado de promover as reformas tributárias que urgia levar a cabo. Os notáveis (notáveis, talvez não tanto pela inteligência), indignados com o rei, mas esquecendo que deviam os seus privilégios ao statu quo, pediram colaboração à burguesia para lutar contra o absolutismo do poder real, reclamando, conjuntamente a convocação dos Estados Gerais para deliberar em matéria de reformas.

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Assembleia dos Estados Gerais que não reunia desde 1614 !

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Afinal, distracções, cálculos errados, juízos e decisões precipitadas, apostas mal feitas: tudo erros que se pagam muito caro.

(O povo sabe: “há males que vêm por bem!”)

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O rei, envolvido em contradições insanáveis, perdeu o controlo da situação.

Instalara-se o caos económico. O descontentamento generalizou-se e foi-se radicalizando mais e mais.

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Sem qualquer intuito sexista, e sem pretender atiçar (ou alimentar) as chamas entre machistas e feministas, a verdade é que há uma (creio que) secular sentença que diz, acerca de grandes factos ou acontecimentos ou decisões desajustadas, infelizes e de piores consequências de notáveis figuras públicas: “cherchez la femme...”

Talvez aqui tivesse cabimento o conselho: consideram alguns historiadores que muito terá contribuído (para além de outros e mais pesados factores, como adiante se verá) para o “terramoto” social que foi a Revolução Francesa, a perniciosa e insinuante actuação da mulher de Luís XVI de Bourbon, a rainha Maria Antonieta: frívola como era, “o rei, imprudentemente, dava-lhe ouvidos sobre assuntos políticos”, além de a nobreza e o clero lhe devotarem um ódio ostensivo, até por ela ser da linhagem dos poderosos e invejados Habsburgos (ou Áustrias), eternos rivais dos Bourbons.

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A Assembleia dos Estados Gerais era uma instituição medieval (equivalente às Cortes Gerais) que congregava “as três ordens [antigas] da sociedade: o nobre que luta, o clero que reza e o camponês que trabalha. Afinal, e em síntese “os factos que marcaram o início da Revolução”.

A Assembleia de 1789 com uma nova ordem a constituí-la: a burguesia.

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O rei, confrontado com graves dificuldades financeiras, enfrenta a oposição do Parlamento. Remodela o governo. Promete reformas. O Parlamento volta a opor-se-lhe. Substitui ministros.

E o caos crescia cada vez mais.

Por fim, por sugestão de Jacques Necker, que era seu ministro pela segunda vez, convocou a Assembleia dos Estados Gerais, para Maio desse ano de 1789, no Palácio de Versalhes. «Com o objectivo, não declarado, de que “o terceiro estado”» – então, já a burguesia – «pagasse os impostos que a nobreza e o clero se recusavam a pagar».

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Recordo que “Revolução Francesa” é o nome dado ao conjunto de acontecimentos que entre 5 de Maio de 1789 (Assembleia dos Estados Gerais) e 9 de Novembro de 1799 (Golpe do 18 Brumário) alteraram o quadro político e social da França. Em causa estavam o Antigo Regime (Ancien Régime) e a autoridade do clero e da nobreza.

“Foi influenciada pelos ideais do Iluminismo e da Independência Americana (1776). Com ela terminava o Antigo Regime e começava uma nova era: Idade Contemporânea.

Destacando-se no assédio de Toulon, em 1793, Napoleão Bonaparte tornou-se general. Em 1796, Bonaparte esmagou uma insurreição monárquica.”

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Através da acção do exército, comandado por Napoleão, a burguesia procurou estabelecer no país um governo estável, forte, que eliminasse a possibilidade de participação política da plebe parisiense e de seus líderes "radicais", que representavam uma ameaça directa aos privilégios burgueses.

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Daí que o famoso golpe tenha sido articulado por sectores da alta burguesia - os girondinos - junto do exército, para pôr fim à instabilidade política reinante no país. Desde 1794, após o derrube de Robespierre, a burguesia havia retomado o controle da revolução, no entanto o novo governo - o Directório - enfrentava sucessivas revoltas internas, organizadas por grupos populares de tendência jacobina, assim como a ameaça externa, sobretudo da Áustria que se esforçava por repor, em França, a velha ordem monárquica.

Essa situação não representava apenas uma ameaça ao poder da burguesia, mas principalmente às suas conquistas sociais e económicas. [Adaptado do site HistoriaNet]

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Os girondinos eram um grupo político conservador,

chefiado por Jacques-Pierre Brissot (1754-1793) durante a Revolução Francesa.

Este grupo era constituído pela média burguesia

e fazia oposição aos jacobinos,

o grupo mais exaltado da Revolução - liderados por Robespierre.

Os girondinos sentavam-se à direita no recinto da Assembleia,

enquanto os jacobinos ocupavam a esquerda

– uma das razões que costuma invocar-se para explicar

a convencional identificação dos termos direita e esquerda.

[Idem]

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A Revolução “aboliu a servidão e os direitos feudais na França e proclamou os princípios universais de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" (Liberté, Egalité, Fraternité, palavra de ordem lançada por Jean Nicolas Pache”).

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Aliás, compreenda-se «o drama que afectou os aristocratas nos séculos XVIII e XIX, (...) que Hannah Arendt, recuperando algumas das conclusões de Tocqueville, descreve em As Origens do Totalitarismo: "Enquanto os nobres dispunham de vastos poderes, eram não apenas tolerados mas respeitados. Ao perderem os seus privilégios, e entre eles o privilégio de explorar e oprimir, o povo descobriu que eles eram parasitas sem qualquer função real na condução do país. Por outras palavras, nem a opressão nem a exploração em si constituem a causa principal do ressentimento; mas a riqueza sem função palpável é muito intolerável, porque ninguém pode compreender - e consequentemente aceitar - por que deverá ser tolerada."» [Apud Helena Matos, Público, SB 04.11.06]

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Chega, então, o dia 9 de Novembro de 1799 (18 do mês Brumário no calendário revolucionário), e o corso Andreas Capellanus (Napoleão Bonaparte) derrubou o directório e, ao assumir o governo Francês, assumiu, igualmente, o comando da França revolucionária. Bonaparte, centralizando cada vez mais o poder, governou a França durante cerca de 15 anos.

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Em conclusão: “O 18 Brumário foi o golpe que iniciou a ditadura napoleónica na França. Os admiradores de Napoleão criaram um jornal em Paris que divulgava a imagem de um general patriota, invencível e adorado por seus soldados. Nacionalismo, glórias militares, ideal de igualdade: essas ideias fascinavam os franceses. A burguesia e os políticos astutos do Directório perceberam que o general Bonaparte era o homem certo para consolidar o novo regime. Propuseram a ele que utilizasse a força do exército para assumir o governo. Assim foi feito. Numa acção eficaz, apesar de tumultuada, Napoleão fechou a Assembleia do Directório. Foi o golpe do 18 Brumário de 1799. Durante essa época, a burguesia consolidaria seu poder económico.” [Wikipédia, a enciclopédia livre]

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“Como se pode notar, o 18 de Brumário se resume em um golpe de Estado bonapartista, o qual significou o fim da Revolução Francesa e segundo Karl Marx, representou o início da fase de consolidação das conquistas burguesas” [Ana Kelly Souto, no site “Geocities”].

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O Sábado 9 de Novembro de 1918, há 88 anos, foi o ápice de uma revolução na Alemanha: o Kaiser Guilherme II abdica e foge para a Holanda. Segue-se a República de Weimar.

Nos Estados Unidos ainda decorria (desde antes da guerra) o mandato do 28º presidente, Thomas Woodrow Wilson, do Partido Democrata. No Reino Unido reinava o avô de Isabel II, Jorge V, da Casa de Windsor; enquanto o governo era liderado por David Lloyd George, do Partido Liberal. Em França decorria a III República, com Raymond Poincaré na presidência. Em Espanha reinava Afonso XIII, avô do actual monarca. Em Portugal era PR Sidónio (Bernardino Cardoso da Silva) Pais (assassinado pouco mais de um mês depois), que era, simultaneamente, Presidente do Ministério (chefe do governo). Na suprema chefia da igreja católica encontrava-se Bento XV (258º).

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“O 9 de Novembro foi uma revolução cheia de insuficiência e fraquezas.”

Rosa Luxemburgo

(poucos dias antes de ser assassinada)

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«Ao final da Primeira Guerra Mundial, instaurou-se na Alemanha a República de Weimar, tendo como sistema de governo o modelo parlamentarista democrático. O presidente da república nomeava um chanceler, que seria responsável pelo poder Executivo. Quanto ao poder Legislativo, era constituído por um parlamento (Reichstag). As circunstâncias em que foi criada a República de Weimar foram muito especiais. Prestes a perder a Primeira Guerra Mundial, a liderança militar alemã, altamente autocrática e conservadora, atirou o poder para as mãos dos democratas, em particular o SPD, que acabou por ter de negociar a paz (e a derrota na Guerra). Com isto, ficava no ar um saudosismo de uma nação outrora poderosa, nos tempos do imperador, em comparação com a nova realidade democrática, cheia de derrotas e humilhações. Sebastian Haffner chamou-lhe uma "república sem republicanos". Kurt Tucholwski chamou-lhe: "o negativo de uma monaquia, que só não o é porque o monarca fugiu" (o imperador Wilhelm II viu-se obrigado a abdicar). Esta situação política, que alguns compararam a um presente envenenado à democracia, acabou por lançar os fundamentos que permitiram mais tarde a Hitler posicionar-se como o arauto de um regresso ao passado imperial e anti-democrático da Alemanha.» [Wikipédia, a enciclopédia livre]

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O SPD é o partido social-democrata alemão, fundado em 1875 e filiado na Internacional Socialista, que foi impiedosamente perseguido durante o Terceiro Reich (1933-1945), pela fúria assassina de Hitler e seus seguidores.

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Em “A República de Weimar”, editada em 1988 pela Zahar, Rita Thalmann reflecte, precisamente, sobre a ideologia e a cultura na República de Weimar e a importância que tiveram «para a compreensão do fenómeno que se convencionou chamar de "crise da modernidade"».

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Não é fácil definir, marcar as balizas da modernidade e da pós-modernidade. Mas creio que a “crise da modernidade” se poderá, em síntese, entender como a crise da razão, quando ela deixou de ser cartesiana e “decretou o exílio do sagrado”.

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E Rita Thalmann recorda, também ela, uma “República de Weimar, nascida num país transtornado pela guerra, traumatizado pela derrota e suas consequências, [que] viu nascer os sonhos de homens e mulheres dos mais diversos horizontes, lutando para lançar as bases de uma nova ordem de liberdade”.

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Na sua enorme fragilidade, a república contribuiu para a expansão de movimentos radicais de esquerda e de direita e facilitou sobretudo o fortalecimento dos nazis.

Derrotada militarmente, seguiu-se, inevitável, a derrota política da Alemanha imperial. Sem que alguma voz se levantasse em sua defesa.

No entanto – aspecto estranho e sintomático, relativamente a um futuro próximo -, “não houve mudanças na propriedade privada no país, na administração e no comando das tropas, de forma que as forças anti-republicanas mantiveram posições-chave no poder”.

E é assim que, “as tentativas de introdução do socialismo por forças revolucionárias de esquerda, entre as quais Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo, que acabaram assassinados, foram reprimidas pela força das armas em 1918”.

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Poucos anos volvidos (uns 14), o presidente Hindenburg demite von Papen e convoca Hitler para constituir governo.

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Mas veja mais no site alemão, (em pt-br),

DW-WORLD.DE - DEUTSCHE WELLE

(são apenas duas páginas sobre este ponto, seus antecedentes e subsequentes próximos.)

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Foi há 83 anos, na SX 09.11.1923: dá-se o chamado “Golpe da Cervejaria” - tentativa de golpe de Estado de Hitler em Munique, com intenção de derrubar o governo do Estado da Baviera, na Alemanha. Falhou.

Decorria a República de Weimar. Adolfo Hitler, não obstante este percalço, tinha o tapete vermelho estendido e ia subindo, com confiança e segurança, os degraus do poder. Nos EU governava o 30º presidente, Calvin Coolidge, do Partido Republicano. Em Inglaterra (mais exactamente, no Reino Unido), prosseguia o reinado de Jorge V. Em França ainda vigorava a III República, com Alexandre Millerand na presidência. Em Espanha prosseguia o reinado de Afonso XIII. Em Portugal, no Palácio de Belém estava o presidente-escritor Manuel Teixeira Gomes, e o chefe do governo (Presidente do Ministério) era António Maria da Silva, ambos pelo Partido Democrático. Pio XI (259º) era o papa pontificante.

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"A democracia deve ser destruída por suas próprias forças"

(Hitler)

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Hitler encontrava-se com partidários seus na famosa cervejaria Burgebräukeller, em Munique, pressionando-os à acção relativamente ao seu projecto. E simbolicamente deu o sinal de partida, com um tiro no teto da cervejaria. A polícia bávara, porém, reagiu à insensata acção, prendendo Hitler e seus correligionários, entre os quais o célebre Rudolf Hess (que foi secretário particular do Führer e chegou à terceira posição no regime, logo após Hitler e Hermann Göring) e o “profundo anti-semita” Dietrich Eckart (por sinal o primeiro a utilizar a expressão “Terceiro Reich”), matando, mesmo, 16 dos apoiantes de Hitler. Daí que o Putsch (golpe) da Cervejaria se tenha transformado numa malograda tentativa de Hitler e o seu partido assumir, pela força, o governo da Baviera.

O governo da Baviera não era um fim, para Hitler e seus seguidores, era antes um meio de o Führer avançar vitoriosamente sobre toda a Alemanha, subjugando-a ao seu criminoso poder.

O ditador só esteve nove meses na prisão de Landsberg, aproveitando essa forçada clausura para escrever, com a ajuda de Rudolf Hess, o seu manifesto político, Mein Kampf (de leitura obrigatória durante o regime nazi).

Nem 10 anos se passariam e aí estava o carniceiro regime nazi no poder. Não sem que Hitler deixasse de contar com a benevolente complacência de militares e políticos mais conservadores. E contando, ainda, com outros apoios igualmente muito significativos. [Adaptado da “Wikipédia, a enciclopédia livre”]

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Ainda o sinistro regime nazi: há 68 anos, na QA 09.11.1938, foi a célebre Noite de Cristal (Kristallnacht) na Alemanha. Os nazis incendeiam e destroem habitações, sinagogas e estabelecimentos comerciais pertencentes a judeus.

Isto quando nos EU governava Franklin Delano Roosevelt, o 32º presidente, do Partido Democrata. No Reino Unido governava Jorge VI, pai e antecessor de Isabel II; o governo de SM era liderado por Neville Chamberlain, do Partido Conservador. Em França estava na presidência, o último presidente da III República, Albert Lebrun. Em Espanha decorria a guerra civil, com Francisco Franco, nesta altura, na chefia do Estado e do governo.

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Noite de Cristal (Kristallnacht) é a expressão popular que foi utilizada para designar os pogroms, os actos de violência que ocorreram nessa noite em diversas localidades da Alemanha e da Áustria, então já sob o Terceiro Reich.

Pogrom (termo de origem russa) “é um ataque violento maciço a pessoas, com a destruição simultânea do seu ambiente (casas, negócios, centros religiosos)”. Paralela e “historicamente, o termo tem sido usado para denominar actos em massa de violência, espontânea ou premeditada, contra judeus e outras minorias étnicas da Europa.” [Fonte: as enciclopédias]

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Claro que os cérebros nazis e seus executores pretendiam dar ao mundo a ideia de que se tratava de uma acção de revolta espontânea da população alemã contra aquela minoria étnica.

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Tratou-se, pois, de pogroms, de destruições de sinagogas, de lojas, de habitações e de agressões contra as pessoas identificadas como judias. A pedido de Adolf Hitler, Goebbels instiga os dirigentes do NSDAP (Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores, vulgo Partido Nazi) e os SA (Sturmabteilung ou SA era sinónimo de "Secção Tortura", uma "Tropa de Assalto", a milícia paramilitar nazi dirigida por Ernst Röhm) a atacarem os judeus. Mas mais: os SA deviam estar vestidos à paisana, para que fosse melhor simulada a acção espontânea da população, como convinha, para uso exterior. Heydrich organiza, portanto, as acções de violência que deviam visar o assalto e o incêndio, mesmo, das habitações, dos estabelecimentos e das sinagogas dos judeus. Mas a verdade é que as reacções da população foram pouco favoráveis, pois os alemães não apreciam (antes condenam) tais acções contra a propriedade alheia.

Para cúmulo do cinismo e da desfaçatez, a alta autoridade nazi aplicou e cobrou uma multa aos judeus, de um milhão de milhões de marcos, pelas desordens e prejuízos dos quais eles foram as vítimas. Como se foram eles os provocadores e incentivadores do tumulto.

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Na sua ancestral filosofia, os ultra-conservadores entendem que quaisquer meios servem para os fins que se propõem.

[Fonte: as enciclopédias, com particular incidência de adaptação da Wikipédia]

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Foi há 48 anos, no DM 09.11.1958: ocorreu o primeiro acidente da aviação comercial portuguesa.

Já o submisso e apagado Américo Tomás (discípulo fervoroso e incondicional do ditador) era PR, não por força do voto, mas por força das costumadas maquinações do regime salazarista. As rédeas da governação, do poder e do regime, essas continuavam nas mãos, por enquanto mais ou menos firmes, de Salazar.

Ora nesta data cai um avião da companhia portuguesa ARTOP, num voo entre Lisboa e Funchal, sobre o Atlântico, com 36 pessoas a bordo.

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É o pretexto para uma pequena súmula da história da aviação civil portuguesa.

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Em 1945, quando todos os países europeus já tinham a sua companhia de bandeira, é que Portugal, por proposta de Humberto Delgado, cria a Secção do Transporte Aéreo. Esta antecessora da TAP, que detinha o monopólio dos transportes aéreos nacionais, abdicou do percurso Lisboa Funchal, por não dispor de um hidroavião e por não existirem na Madeira infra-estruturas adequadas para os seus aviões. A recém-criada companhia tinha uma frota de 8 Dakotas e 4 Skymasters, e começou a operar em 1946 entre Lisboa, Luanda e Lourenço Marques.

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Somente em 1949 se estabelecem as primeiras ligações regulares de hidroaviões entre Southampton, Lisboa e Funchal, mediante a Companhia Aquila Airways.

Pelas treze horas e quinze minutos do dia 16 de Março de 1949 o hidroavião Hampshire, amara no Funchal, para o seu primeiro voo experimental. Depois de mais alguns voos experimentais, anunciam-se que as carreiras regulares seriam inauguradas a 4 de Junho desse ano. Em Outubro desse ano uma viagem de ida e volta a Lisboa custava 2 826$00 (€ 14,10) e o excesso de bagagem 18$50 Kg (cerca de 9 cênts do Euro).

O primeiro avião a aterrar na nova pista, na ilha de Porto Santo, foi um Skymaster da TAP, tripulado pelo Comandante Amado da Cunha. Aterrou por volta das onze horas e cinquenta e cinco minutos, do dia 20 de Julho de 1960, depois de duas horas e trinta minutos de voo desde de Lisboa. O aeroporto viria a ser inaugurado no dia 28 de Agosto de 1960.

Como o início das obras do Aeroporto de Santa Catarina estavam cada vez mais atrasadas, a ligação entre ilhas eram efectuadas por barco. Este sistema manteve-se até a data da inauguração do Aeroporto de Santa Catarina.

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Em 1958, uma nova operadora aérea (que sucedia a uma outra que, pouco antes, encerrara a sua actividade por razões financeiras), a ARTOP – Aero-Topográfica, Lda., anuncia a sua operação de transporte entre Lisboa e Funchal, tendo a seu serviço dois hidroaviões bimotores Martin-Mariner adaptados para estas viagens. Depois de alguns voos, esta companhia encerou todas as viagens entre Lisboa e Funchal, por causa de um acidente ocorrido com um hidroavião, baptizado de Porto Santo, na sua viagem inaugural a Madeira, no dia 9 de Novembro de 1952. Este desapareceu no Atlântico uma hora depois de ter descolado.

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Em 1960 uma viagem de ida custava 1 102$10, a que acrescia 133$90 para o transporte Madeira/Porto Santo de barco. Para ida e volta o custo era de 2 117$70 (cerca de € 10,56).

O primeiro voo com movimento de passageiros foi a 4 de Setembro de 1960. O primeiro Caravelle a utilizar a pista do Porto Santo foi um aparelho da TAP, com o nome Goa, em 1962.

Ainda com as obras a decorrer, a pista do aeroporto do Funchal (Santa Catarina) é utilizada pela primeira vez a 6 de Junho de 1963, por um Dakota da D.G.A.C., pilotado pelo Comandante José Marcelino da TAP, para testar as condições de manobrabilidade e a definição dos limites operacionalidade.

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Com o passar dos anos, as operações estavam constantemente condicionadas a um aeroporto insuficiente, pelo tamanho da sua pista.

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Um dramático acidente ocorrido com um Boeing 727 da TAP, numa noite de temporal do Sábado 19 de Novembro de 1977, este despista-se em Santa Catarina com 156 passageiros e 5 tripulantes a bordo, fazendo 106 vítimas (outras fontes falam de 131 vítimas mortais). Por causa deste acidente todos os esforços são efectuados para um aumento da actual pista.

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Pensávamos, muitos, que este teria sido o primeiro acidente aéreo de grandes proporções da aviação comercial portuguesa. Mas não. Foi o segundo (último, até hoje). O primeiro foi o que hoje se recorda.

(Certo que foi o primeiro da transportadora TAP. Mas não o primeiro da aviação comercial portuguesa)

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Não teve (ou teve escassa) divulgação, pelos media, o primeiro acidente aéreo, aquele da ARTOP, que hoje se recorda?

Natural. O crivo da ditadura era muito apertado no que respeitava a este tipo de notícias... (Geralmente era pelos media estrangeiros que deles, , tínhamos conhecimento).

[Fonte: internet]

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Na SG 09.11.1970, há 36 anos, morreu, aos 79 anos, o estadista francês general Charles de Gaulle.

Georges Pompidou, era, na altura, o presidente da França (decorria a V República, iniciada, exactamente, por De Gaulle). Em Portugal estava-se – era o sentir geral – na recta final do decadente regime do Estado Novo: Américo Tomás (que nesse ano, em 27 de Julho, vira partir o seu idolatrado chefe e amigo) era o decrépito Presidente da República dum regime que se desmoronava. Paulo VI era o 262º pontífice romano.

Charles André Joseph Marie de Gaulle nasceu em Lille em 22.11. 1890.

O velho general morreu em Colombey-les-Deux-Églises, para onde se tinha retirado após a demissão da presidência da república francesa em 1969.

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Militar conservador (como a generalidade da classe castrense), deixou uma longa “folha de serviço”.

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Na I Grande Guerra foi gravemente ferido e preso pelos alemães (em 1916).

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«Na II Guerra Mundial comandou uma divisão de blindados e foi subsecretário de estado da defesa nacional, em 1940, recusando-se a aceitar as tréguas do novo primeiro-ministro Pétain com os alemães. A 18 de Junho, fez a sua histórica transmissão radiofónica chamando os franceses às armas e incentivando-os a prosseguirem a guerra contra a Alemanha. Sediou o seu quartel-general em Inglaterra e organizou as tropas, liderando o movimento da França Livre, que deu origem à resistência na luta contra os nazis (1940-1944). Líder do «Comité de Libertação Nacional», entrou em Paris, em 1944, em triunfo e tornou-se, durante um curto espaço de tempo, chefe do governo provisório, vindo a demitir-se devido à nova constituição da Quarta República (1946).»

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Em suma, tendo encabeçado em Londres a resistência francesa contra a Alemanha e o regime colaboracionista de VIchy, foi encarregado de dirigir o governo provisório a partir da colónia francesa da Argélia, governando a França desde a sua libertação em 1944 até 1946.

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Em 1953 retira-se da política. Mas antes (1947) funda um movimento, de carácter não partidário, com o objectivo de reformas constitucionais: o RPF/Rassemblement du Peuple Français (União do Povo Francês), foi o único movimento político fundado e dirigido pelo general e o único que congregou todos os gaulistas. O movimento teve curta duração (até 1954) e destacou-se na oposição à IV República.

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Regressado ao poder em 1958 devido à Guerra da Argélia e à ameaça de banca rota, formou governo, inspirou uma nova constituição e foi eleito presidente da república francesa em 1959, cujo mandato se prolongou até 1969 (após reeleição de 1965), dando início à Quinta República. Não concluiu o mandato, já que se demitiu na sequência da derrota num referendo sobre questões menores, relacionadas com a política regional.

E retirou-se.

O gaullismo, contudo, ainda tem influência na vida política francesa da actualidade.

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Foi durante o seu último mandato que a Argélia conquistou a sua independência (1962), à custa de uma sangrenta guerra.

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“Nacionalista ferrenho, opunha-se à influência «anglo-saxónica» na Europa, em especial à entrada da Grã-Bretanha para a CEE” (hoje União Europeia).

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Também ficou memorável a sua posição aquando das manifestações estudantis de Maio de 68: quando os trabalhadores se juntaram aos estudantes ele ordenou uma violenta repressão sobre os manifestantes. Venceu o desafio de Maio de 68, mas com a brutalidade das forças da ordem.

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O seu porte distante não lhe toldou, de todo, o humor: "como se pode governar um país que tem 246 espécies de queijo?" – interroga-se um dia.

[Fonte: Internet, em especial uma adaptação da Wikipédia]

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Foi há 17 anos, na QI 09.11.1989: deu-se a queda do muro de Berlim.

A figura cimeira da governação na União Soviética era Mikhail Gorbatchov. Nos EU, George Herbert Walker Bush era o 41º presidente, pelo Partido Republicano. Na França era François Mitterrand (PS) o presidente. Em Espanha já reinava João Carlos I de Bourbon e o governo era presidido por Felipe González. Em Portugal era Mário Soares o PR e na chefia do governo estava Cavaco Silva. Decorria o longo pontificado de João Paulo II (264º).

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O Muro de Berlim, que dividia a Alemanha em Ocidental e Oriental, é derrubado. A queda do muro passa a ser um dos marcos do fim da Guerra Fria. A unificação oficial do país acontece no ano seguinte.

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Vejamos a causa próxima do acontecimento: no 27.º Congresso do Partido Comunista Soviético em Fevereiro de 1986, o respectivo secretário geral, Mikhail Gorbatchov, com 54 anos de idade, apresenta um projecto de reforma do partido que se resumia nas expressões glasnost ("transparência") e perestroika ("reestruturação").

E em 1988 “anuncia que a União Soviética abandonava oficialmente a Doutrina Brejnev, ao admitir que a Europa de Leste adoptasse regimes democráticos, se desejassem”.

A reacção a esta declaração não se fez esperar: nos “países de leste” sucedem-se as revoluções de 1989, pondo termo aos respectivos regimes comunistas. Revoluções que se realizaram, em geral, de forma pacífica, à excepção do caso da Roménia. Aqui, em 25 de Dezembro de 1989, Ceauşescu, e a sua perturbada mulher, Elena, são condenados à morte por vários crime, incluindo genocídio, e executados em Târgovişte.

Os regimes pró-soviéticos caíram sucessivamente e a própria US foi dissolvida em Dezembro de 1991.

Com o desmoronamento dos regimes comunistas, também o Muro se desmorona.

O governo da Alemanha Oriental levantou as restrições à emigração, e assim sendo, o Muro deixou de ter razão de existir.

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Em 09 de Novembro de 1989, por volta das 22h, uma multidão pacífica marchou em direcção as passagens do muro de Berlim para se dirigirem ao outro lado. Os guardas da fronteira sem saber o que fazer, levantaram as cancelas e deixaram o povo passar. Com a reunificação dos países, terminava a Guerra Fria. E nascia (no ano seguinte) uma nova Alemanha. Melhor: renascia a Alemanha. Uma nova Alemanha, esperava-se...

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O Muro caiu depois de 28 anos “a dividir uma cidade [Berlim], um povo [a Alemanha Ocidental/RFA e a Alemanha Oriental/RDA] e o mundo”. Foi um dos maiores símbolos da guerra fria. Começado a erguer-se a 13 de Agosto de 1961, “para deter o fluxo de refugiados que escapavam da RDA”, o Muro estendia-se ao longo de 155 quilómetros, incluindo um perímetro de 47 quilómetros (com perto de quatro metros de altura), sitiando a parte ocidental da cidade.

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Foi o virar de uma longa página da História.

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Se o comunismo era o ogre de estimação de conservadores e ultra-conservadores, nem por isso o mundo melhorou sensivelmente com estes acontecimentos.

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Parece que pelo contrário.

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O descontrolo aumentou. As guerras recrudesceram. A “rua árabe” tornou-se mais tumultuosa e mais radical.

[Fontes: vários sites da Internet e uma adaptação conjugada da BU, da Texto Editores e da “Wikipédia, a enciclopédia livre”]

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