domingo, março 19, 2006

INTERMITÊNCIAS…


CONSULTA EXTERNA

Um velório (não daqueles que parecem uma feira ou uma festa. Não deses) é uma situação muito deprimente.

Uma sala de espera de consulta externa (CE) num Hospital, não será, talvez, tão deprimente. Mas é uma situação desconfortável. Não é dos ambientes mais agradáveis; será, mesmo, às vezes, um bocado degradante.

Há gente de todos os tamanhos, volumes e idades.

Alguns, doentes mesmo. Outros, por vício. Os restantes para passar o tempo, vê-se logo.

Estão lá as moças produzidas, como se foram para a soirée, as velhotas encaloradas e descuidadas, resmungões e rezingões por coisa nenhuma ou de nada, mulheres submissas, outras exaltadas e permanentemente protestativas…

Como na praça.

Passam muitas batas brancas. Mas os médicos sempre de estetoscópio pendurado ao pescoço, de lado (não vá haver confusões e tratamentos só por sr). Alguns, mais velhos (melhor, mais antigos), já se curaram, e já dispensam esses sinais exteriores de importância.

Mas outros, que bem precisam deles: antes que pensemos que são os filhos dos médicos e não eles mesmos…

(E muita sorte os médicos precisarem apenas de um sinal exterior de importância; os advogados precisam de dois: uma pasta bem gorda de códigos e dossiers e a toga)

Uma sala de espera numa CE é assim uma coisa difícil de descrever…

(Há pessoas tão feias!... Como é possível!...)

Várias dezenas de pessoas… Muitas de pé, porque as (também) dezenas de cadeiras não chegam para aquele montão de gente.

Há os discretos. Como há os que falam sempre para o público (os mais inseguros, evidentemente).

Não se fuma. Valha-nos isso. (E eu que fui fumador até velho!...)

(Dumas coisas curei-me. Doutras o médico disse-me que perdesse a esperança)

Imageticamente, o Chagall e o Rivera deviam fazer um “boneco” giro da situação. Ou até o Miró.

(O Diego Rivera só tinha de

substituir nas figuras os traços de índios,

e representá-las com traços trasmontanos e beirões

– muito, mas muito minimamente urbanizados –

que é o que todos somos, culturalmente falando)

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Não sei porquê, fixei-me naquele casal (sem fixar mesmo, claro. Só sou um basbaque para as maravilhas da natureza. Não para as suas mazelas ou imperfeições).

Sei lá bem porquê, fiquei com o “sentido” nele.

Ela volumosa (excessivamente), robusta (demais), substancial (muito para além do admissível), possante (Deus me livre), cheia (muito), medonha (Deus – e ela – me perdoe), para o alto (bastante).

Ele… Frágil, magrinho, baixote, de ar amedrontado (pudera!), e receoso (pois não!), afável e atencioso (ele lá sabe…), visivelmente mais novo (não muito… uns dez, quinze anos… Pouco mais…).

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Numa sala de espera de CE dum hospital?

Não há dúvida: é grande a variedade. Há para todos os gostos. Que nem na farmácia. Nem nos trezentos. Nem mesmo na Feira da Ladra.

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