IMPOSTO DE RESPIRAÇÃO ESTÁ NA CALHA

Toda a gente “previa”… Assunto mais que glosado.

E então depois de o ministro da Saúde querer impor a (constitucionalíssima) regra de a saúde ser paga pelos utentes dos serviços públicos…

Pois, aí está.

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Segundo fonte super-fidedigna (mais que o próprio) e muito próxima (a uns escassos centímetros, muitas horas por dia) do ministro do Ambiente, o conselho de ministros prepara-se para lançar um novo imposto: imposto sobre a respiração.

O ministro da tutela designou uma strategic task force para se debruçar sobre o assunto (desta vez de pouca gente, apenas de 72 pessoas e a ganhar tão só o vencimento mínimo [do topo da Função Pública], não com todas as mordomias do costume [casa, carro, cartão de crédito, telemóvel, etc., etc.], porque não têm – ao contrário dos outros - o subsídio de papel higiénico).

O brain storming daí resultante (qual tsunami, no seu impacto) ditou o procedimento a adoptar.

Dos considerandos, sobre que o grupo de numerosos e eméritos cientistas investigadores se debruçava, fazia parte, entre muitos, esta comezinha situação: então andam toda a vida as criaturas deste reino a respirar de borla? E ainda por cima a poluir o ambiente com quantas máquinas se lembram de pôr a funcionar?

Que despautério!

Há que pôr cobro à situação e fazê-los pagar as medidas a adoptar para se minguarem os efeitos da dita cuja.

Quanto à poluição, os donos das fábricas, séria e impiedosamnete admoestados, têm 97 anos para alterarem a situação que conduz aos resultados que todos sentimos. Sob pena de, e sem contemplações, terem de pagar a pesada coima de 50 euros (ou o equivalente nas moedas nessa altura mais em curso, logo em rupias ou yuanes), no prazo mínimo de 45 anos.

Quanto aos aceleras, tinha-se de os fazer suportar uma taxa que variasse na razão inversa da cilindrada dos respectivos veículos, porque, é de todos os tempos que, quanto mais pobre o utente, (aparentemente) mais porco. Além disso, os tesos que não conseguissem a ninharia de umas dezenas de milhares de euros para trocar de máquina, e que teimassem em usar aquelas peças museológicas da primeira República, teriam de meter uma rolha no… escape, e abandonar, de seguida, as respectivas viaturas na berma mais próxima do local onde parassem de vez, para todo o sempre, com ou sem triângulo, pagando o reboque e a destruição do trambolho, e ainda a (vá lá… como a intenção não era má: a simbólica) multa de 2 500 euros.

Quanto aos outros consumidores do ar atmosférico, as crianças não pagariam nada, porque, coitadas, respiram pouquinho, e só nos intervalos dos maus tratos.

As mulheres, porque suspiram mais do que respiram, pagariam uma taxa mais reduzida. Os jovens – só os que trabalham – pagariam a taxa mais pequena da escala, porque mal têm tempo para respirar.

Por fim, os teimosos, os casmurros, os renitentes (em viver), os velhinhos, esses abusadores no consumo do ar atmosférico, que outra coisa não fazem senão respirar, importa lá com que dificuldade (geralmente com muita – e depois? Que temos a ver com isso?), ah!, esses teriam de ser os principais contribuintes.

São uns gastadores natos. Só consomem.

A esses aplicar-se-á a taxa máxima (ainda por definir).

O ministro ao apresentar as linhas programáticas do novo e muito próximo diploma legal, insistiu na necessidade de que sejam os próprios consumidores do ar a suportar os custos nas tentativas de melhoria do mesmo.

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Mas não foi um acaso que conduziu o ministro do Ambiente a tão benéfica, aplaudida, imperiosa e eficaz medida. Não foi uma qualquer luzinha que lhe chispou, por acaso, lá dentro da sua cabeça… Não.

Foi, sim, o exemplo do seu colega da Saúde.

Este, obviamente, vai fazer suportar pelos contribuintes o preço das medidas a implementar no sector para que ele funcione como deve ser. Ou – embora ainda a longuíssima distância -, uns “milímetros” mais perto dessa meta.

Como?

Ora, como é que o ministro Campos vai resolver o problema do acréscimo de despesa no sector? Como vai vencê-lo e ultrapassá-lo? Como fazer face a essa despesa?

Claro que da melhor maneira e na que está mais de acordo com a nossa Lei Fundamental, com a nossa Constituição (portanto, medida constitucionalíssima, como os entendidos unanimemente confirmarão): por exemplo, aumentando as taxas moderadoras.

Qual o raciocínio que está na base da solução?

Muito simples: os ricos estão-se bem ralando com isso!...

Os remediados e os pobres? Qu’aguentem… Que se queixem… Que protestem… Que façam greve aos serviços… (Que nos importa isso, agora? As eleições vêm lá tão longe… [Virão?] Para já é assim. Depois, logo se verá.)

Imagine-se bem: essa “gentalha” nunca está queda e calada. Têm sempre que protestar. Nunca estão satisfeitos. Às vezes até os ricos. E quantas vezes…

Vejam, por exemplo: uma pessoa precisa de comprar uns óculos… Acontece… Nem é por mal! Acontece mesmo, sem querer: não vê bem, acabou-se. A Segurança Social, na circunstância, comparticipa para as cangalhas (cientificamente chamadas armações – que o povo não gosta de usar por que pensa em coisas menos honrosas) o “balúrdio” (desculpem, mas o calor faz-me empregar expressões menos ortodoxas) de 1 euro ou 1 euro e meio!

E chovem os protestos de um lado e outro!

Os ricos reclamando porque acham pouco; os outros barafustando pelo exagero da magnanimidade. Pelo desperdício. (Desta vez tenho de estar com os pobres, claro. Já se viu Estado mais gastador!...).

Querem saúde? Paguem-na, diz o ministro da tutela.

E com razão.

(Que topete!)

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Depois de tudo isto nem sei que mais dizer.

Tenho – em suma – é imensa pena de sermos um povo de descontentes com a sorte e a felicidade que nos bafeja.

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Ou então, melhor ainda: o povo é mas é um ingrato…