quinta-feira, março 09, 2006

AINDA A LIBERDADE DE EXPRESSÃO


«O historiador negacionista britânico David Irving foi ontem [20.02.06] condenado por um tribunal de Viena a uma pena de três anos de prisão e a pesada multa por "reactivação da política nazi" e negação das câmaras de gás nos campos de extermínio.

Durante anos, David Irving absolveu Hitler e ridicularizou a existência de câmaras de gás.

[No dia 20 de Fevereiro último], num tribunal de Viena, fez mea culpa e reconheceu o genocídio de milhões de judeus.

Irving, 67 anos, historiador amador, é um neonazi exibicionista, que se definia como "fascista moderado" e ganhou celebridade e dinheiro através de uma provocatória defesa das teses negacionistas. Tornou-se um ídolo dos neonazis alemães e da extrema-direita austríaca.»

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Esta a notícia que correu célere nos media.

Foi um frenesim de ondas e bytes fazendo sucessivos ricochetes nos satélites de comunicações.

Foi um alvoroço. O habitual julgamento público, com sentença de execução e tudo, como é usual.

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Mas o que aconteceu?

Um estranho súbdito de Sua Alteza a sogra de Camila, a que alguns, cuidadosamente, chamam de “historiador” e outros, com idêntica falta de rigor, referem como historiador amador, há quase duas dezenas de anos teve, não se sabe ainda bem, se um deslize se uma confissão que, de tão abstrusa, foi hilariante.

Holocausto? Uma invencionice. Hitler, um homem-bom, um filantropo, um espírito profundamente humano, um herói. As cãmaras de gás, um delírio de suspeitos e incompetentes historiadores.

Tais as conclusões do brilhante pseudo-historiador.

A criatura, de matriz neonazi exibicionista – rezam as crónicas – deve ter tido qualquer problema esclerocerebral que teve como consequência aquela diarreia mentoverbal

(Quão longe está ainda a medicina em matéria de neuropatias!…)

Vai daí, consultados especialistas de terapêuticas mais eficazes, o pobre homem teve um lampejo de rara lucidez e reconheceu o que era indesmentível e irrecusável.

Assim, e tempo depois – nem tanto, quanto isso – a prova provada dos factos, a força imparável da evidência dos acontecimentos venceu a sua manifesta cegueira e impôs-se à sua impedernida mioleira.

Talvez um acaso – já que todos afirmam que o pobre nada deve à inteligência – mas aconteceu.

Foi um erro seu?

Tudo leva a crer que sim.

Pecado? Crime?

Ai, acho que não.

Porque é que a criatura não havia de poder dizer aquilo que pensava?

Essa agora!

Burrice monstruosa?

Lá com ele. Albardava-se à sua vontade, e ponto final.

O que sucede é que o fautor da lei, por vezes, se deixa vergar pela força do episódica, circunstancial e politicamente correcto, e dominar por certos lobbies e contra-lobbies.

E regula-se o que seria mais conveniente não ser regulamentado.

E vence a justiça de ocasião à ocasião da JUSTIÇA.

Por qualquer razão desconhecida (talvez por ser na Áustria, onde a alma foi julgada – porque se fosse em Portugal não seria assim) a Justiça atrasou-se. E só agora o pobre diabo foi presente a julgamento. E condenado a prisão efectiva e a pesada multa (outra diferença relativamente à Justiça portuguesa, onde o mais provável era que a pena fosse suspensa e a indemnização simbólica).

Mas mais: de novo – no decurso do julgamento – reconheceu o seu “lapso” e a existência da grande depuração levada a cabo pelo seu grande herói e seus agentes.

Foi um triste caso que em Portugal se teria resolvido – não mexendo mais na porcaria – com um atestado médico.

Mas mantenho: o indivíduo não devia ser julgado.

Melhor: tal lei não devia existir. Para bem da JUSTIÇA, do DIREITO e da LIBERDADE.

Duas certezas me restam deste “arrazoado”:

  1. um louco, é tão só, e apenas, um louco (o juízo já é excessivo, mas é universal);
  2. um Homem, uma Pessoa, respira liberdade, ama a Verdade, é visceralmente justo, é intrinsecamente vertical…

de contrário é apenas um homem uma pessoa.

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