quinta-feira, fevereiro 24, 2005

SURPREENDENTE ? NEM POR ISSO…


De cabelo grisalho e corte à George Clooney, veste-se com extremo bom gosto. A sua preferência por roupas de marca italianas contribui para uma colagem ao paradigma estético do homem da Martini. Aparentemente frio, racional, determinado, senhor do seu nariz, pragmático, meticuloso, e com um "núcleo duro" restrito e inviolável, é quase robótico na forma como se prepara para os grandes desafios.
Com um feitio assim, teve de enfrentar acusações diversas, a menor das quais não terá sido a referência insidiosa e persistente às suas preferências sexuais. Para além disso, acusaram-no de ser arrogante e de ter um "currículo" supostamente escasso para tamanha ambição.
A verdade é que subitamente, quase da noite para o dia, alcançou um sucesso inimaginável em tão curto lapso de tempo. Os norte-americanos, mais habituados a este tipo de fenómenos, chamam-lhe "overnight success". (…)

Ver, mais abaixo, a conclusão deste excerto de Luís Costa, sob o meu título “… MAS DESCONCERTANTE”.

“QUE FAZER?”

Certos políticos (como é o caso - entre tantos - de Pacheco Pereira, Durão Barroso, Ana Gomes e Vital Moreira - para só referir alguns) e certos pensadores que vieram lá das profundezas do marxismo-leninismo (uns, mais radicais e “ortodoxos”, outros mais “reformistas”) e tiveram desvios à direita ou menos à esquerda, têm a grande vantagem, sobre a maioria dos outros, das ideias arrumadas, da estrutura do raciocínio, da fluidez da palavra, do treino do debate e duma grande capacidade de argumentação.

Todos eles (falo, agora, dos mais mediáticos) têm, lá no “sótão” das cogitações, frases, ideias, expressões, conceitos e análises de que, com frequência lançam mão, tão úteis e actuais, por vezes, se revelam.

E isto, goste-se pouco ou nada das suas opiniões. É um facto.

É o caso de Pacheco Pereira, hoje, na sua página no PÚBLICO, onde se interroga:

«QUE FAZER? - O que é que se pode fazer? Tudo ou quase tudo. Ou nada ou quase nada. Fará toda a diferença.»

DESTAQUES


«O antielitismo que caracterizou a direcção de Santana Lopes, de que a candidatura Menezes é sucessora, é o prolongar do desperdício das vozes sociais-democratas que mais autoridade têm na sociedade. É não ter percebido nada do que se passou e querer continuar a errar.»

Pacheco Pereira (Público, 24 FEV 05)

«No PSD, temos hoje (…) o mais confrangedor dos grupos parlamentares, incluindo, numa deliciosa associação, o extraordinário Nuno da Câmara Pereira. A este deve-se aquela frase inesquecível: "Às pessoas que dizem que eu sou reaccionário, pergunto se já dormiram comigo." Pois lá o temos na Assembleia por marialva decisão de Santana Lopes.»
E. Prado Coelho (id, id)

«(…) Esse homem de esquerda que é o candidato Luís Filipe Menezes (que ainda não percebeu que a sua candidatura à frente de um partido responsável é pura e simplesmente hilariante).»
Id (id, id)

«O País não tem, de facto, dimensão nem riqueza para inventar ministérios que servem, sobretudo, de cabide para pendurar ministros, secretários de Estados e um exército de assessores»
Miguel Coutinho / Editorial / 24 FEV 05

«Não há desculpa para que o eng. José Sócrates não faça um bom Governo»
Miguel Sousa Tavares (Diário Económico, 24 FEV 05)

«O secretário-geral socialista deixou claro aos mais influentes do partido que o clima de unidade demonstrado ao longo da campanha deverá ser mantido e que não está disposto a confrontar-se com tiros no pé e declarações críticas que contribuam para desgastar a acção governativa. Como, aliás, sucedeu durante os dois governos de Guterres.»
Alexandra Marques (Jornal de Notícias, 24 FEV 05)

«Como diria um conhecido diplomata, numa conversa recente, a José Sócrates falta-lhe mundo. Esse problema pode resolvê-lo. Se souber viver o poder de uma forma equilibrada, sensata e sem o terrível peso dos olhares dos outros. Com esse equilíbrio poderá aproveitar as suas duas maiores qualidades: sentido político e coragem. Sem esse equilíbrio terá a tentação de todos os derrotados da história.»
Luís Osório (A Capital, 24 FEV 05)

MEMÓRIA DO TEMPO


Foi há 423 anos (1582), um SB: o papa Gregório XIII decretou, nesta data, a reforma do calendário juliano, adoptando-se, a partir dessa reforma, o actual - que, por isso, se diz calendário gregoriano. Em Portugal reinava Filipe I (18º) (que em Espanha era Felipe II) (*).


Foi há 228 anos (1777), uma SG: morte de D. José (25º), sucedendo-lhe D. Maria I. Pontificava, então, o papa Pio VI (250º).

Foi há 162 anos (1843), uma SX: nasceu o político e escritor Teófilo Braga. Em Portugal reinava D. Maria II (30º). Pontificava, então, o papa Gregório XVI (254º).

Foi há 78 anos (1927), uma QI: nasceu o escritor e professor David Mourão-Ferreira. Em Portugal era PR o marechal Carmona. Pontificava, então, o papa Pio XI (259º).

Foi há 72 anos (1933), uma SX: a Empresa Nacional de Publicidade lança uma edição de 125 mil exemplares do livro Salazar, o Homem e a Obra. Era PR o general Carmona. Pontificava, então, o papa Pio XI (259º).

Foi há 59 anos (1946), um DM: a Argentina elege o presidente Juan Peron. Isto, quando em Portugal era PR o general Carmona. Pontificava, então, o papa Pio XII (260º).

Foi há 8 anos (1997), uma SG: notícia da clonagem da ovelha Dolly, a partir de uma célula adulta.

(*) Gregório XIII, depois de um longo estudo, decretou, em 1582, a reforma do calendário juliano (adoptando-se, a partir de então, o actual - que, por isso, se diz calendário gregoriano. Em síntese (e de uma forma necessariamente grosseira, já que nós - o vulgo - não entendemos os respectivos fundamentos científicos), a questão a resolver era acertar, o mais possível, a diferença - que se vinha acentuando - entre o ano civil e o ano natural.

Antes de mais, tenha-se em conta que o calendário que se reformava já era velho de muitos
séculos: era o calendário Juliano, introduzido em 46 a. C. por Júlio César! Calendário, esse, que a equipa designada pelo papa Gregório XIII, para o reformar (e de que fazia parte um
astrónomo, Clavius), considerou baseado num sistema quase perfeito.

Bom, mas a questão a resolver (repito), era a seguinte: para facilitar os cálculos, atribuiu-se ao ano (natural) a extensão de 365 dias e 6 horas. Assim - e de novo para facilitar as coisas
- considerava-se que o ano (comum) tinha apenas aqueles 365 dias. Logo, as seis horas que
restavam, em cada ano, eram a justificação do acréscimo de um dia, de quatro em quatro anos(ano bissexto).

Porém, o ano natural não tinha mais 6 horas que o ano civil: na realidade aquele tinha a mais que este, apenas 5h 48m 46s. Desta forma, quando, para facilitar cálculos, se entra em linha de conta com aquelas 6 horas, estamos a considerar mais 11m e 14s do que o que deve ser. O que, ao fim de 4 anos, soma quase 45 minutos.

O que a equipa nomeada por Gregório XIII, para se debruçar sobre este assunto, concluiu, foi que nesse ano de 1582 a acumulação daqueles 11m e 14s já somava 10 dias completos. Daí que o papa ordenasse que a esse ano se subtraíssem esses 10 dias. Para tanto, mais determinou que ao dia 4 de Outubro desse ano se seguisse o dia 15 do mesmo mês.

E para que o sistema se aproximasse o mais possível da realidade, determinou-se que os anos de 1700, 1800 e 1900 fossem comuns, e não bissextos, como seria natural. E que a partir daí, a cada três anos seculares comuns se seguisse um ano (secular) bissexto. Nesta ordem de ideias, 2000 foi bissexto; mas 2100, 2200 e 2300 deverão considerar-se comuns. Assim, só passam a ser bissextos os anos divisíveis por 400.

Em alguns países (designadamente em Portugal e em Espanha - onde o mesmo rei detinha as duas coroas) esta determinação foi cumprida de imediato. Ou seja: esta determinação foi objecto de determinações legais internas (de cada país) nesse sentido. O mesmo acontecendo em França e em Itália. Nestes quatro países essa determinação produziu os seus efeitos na data aprazada: ao dia 04 de Outubro desse ano seguiu-se o dia 15 do mesmo mês. Noutros países, só mais tarde isso aconteceu.

Tenho algumas dúvidas é sobre a eficácia de tais determinações: penso que, em alguns aspectos, não se lhes tem ligado grande importância. Encontro, por exemplo, um calendário que considera os anos de 1700, 1800 e 1900 como bissextos, assinalando, por outro lado - e ao arrepio da interpretação daquelas determinações - os anos de 1600 e de 2000 como comuns. Além de que não entrara em linha de conta com as alterações verificadas a partir de 4 de Outubro de 1582, onde a este dia se segue o dia 5 de Outubro... e assim por diante! Quando - de acordo com a reforma aludida - ao dia 4 de Outubro de 1582 se deverá ter seguido o dia 15 do mesmo mês e ano.


… MAS DESCONCERTANTE


(…) Estou, evidentemente, a falar de José Mourinho.
Luís Costa (PÚBLICO, hoje)

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

DESTAQUES

«Quase 48 horas depois de serem conhecidos os resultados eleitorais e já com Marques Mendes e Luís Filipe Menezes em campo para disputarem a liderança do PSD, Santana Lopes anunciou ontem que não se recandidata no congresso que se realizará em Abril. O ainda líder do PSD não tomou ainda nenhuma decisão sobre se vai voltar para a Câmara de Lisboa, assumir o mandato de deputado ou candidatar-se a Belém.»
Helena Pereira (Público, 23 FEV 05)

«Como qualquer pessoa avisada espero para ver quais vão ser os candidatos que se vão apresentar para depois escolher, sem com isso deixar de valorizar o mérito de eles aparecerem.»
E. L. citando “Abrupto” de Pacheco Pereira (id, id)

« Um governo Sócrates não terá a orientação política de um governo Guterres - que nos últimos dois anos acumulou erros sobre erros, sobretudo a partir do desastre que foi o queijo limiano. Se Sócrates cometer o erro de fazer um governo Guterres-segunda parte perde por completo o momento da partida.»
E. Prado Coelho (id, id)

«À direita do PS há hoje um espaço de derrota. Transformá-lo em oportunidade é a vantagem de aprender com o passado.»
Manuel Queiró (id, id)

«Até ao limite, o homem que chegou a primeiro-ministro tentou agarrar-se a todas as possibilidades de sobrevivência, a todos os pretextos, a toda e qualquer rampa de salvação. Aparentemente, e essa é a única explicação, percebeu que na rua, mesmo o seu povo, já começa a vitoriar os homens que tinha expulso em nome de uma demência colectiva nunca vista na história de um partido de poder em Portugal.»
Luís Osório (A Capital, 23 FEV 05)

«Quando um dia se escalpelizarem estes quatro meses de governação e se sujeitar o seu corpo ao bisturi da História e das pequenas histórias, qualquer cidadão, mesmo o mais desprevenido, se vai interrogar: como é que isto foi possível no PSD e no meu país? Mas foi.»
Rogério Rodrigues (id, id)

«A maioria absoluta do PS desfez os sonhos dos mais pequenos. O PP ambicionava os 10%, para poder continuar a ser um significativo reduto da direita. A CDU desejava um triunfo escasso dos socialistas, para poder alimentar a ilusão de os empurrar para a esquerda. O BE pretendia uma maioria relativa do PS, de modo a tornar imprescindível o seu apoio para determinadas políticas. Nada disso aconteceu.»
Daniel Sampaio (id, id)

«Enquanto alguns auguravam uma tendência para o desalento e a descrença, eis que a abstenção se reduz, numa espécie de pequeno sobressalto cívico. Os cidadãos decidiram racionalmente. Não desejam instabilidade e não aceitam álibis. Por isso, concentraram votos em quem tinha melhores condições para governar, segundo um programa europeu, social-democrata e de centro-esquerda.»
Guilherme d’Oliveira Martins (Diário Económico Online, 23 FEV 05)

«Muitas vezes se chamou a Pedro Santana Lopes o "terrorista de serviço" dentro do PSD. O líder social-democrata que menos tempo liderou o partido (sete meses instáveis e dramáticos) acabou por "morrer" vítima dos seus próprios processos "terroristas".»
Isabel Teixeira da Mota (Jornal de Notícias, 23 FEV 05)

«José Sócrates desmentiu esta quarta-feira perante a Comissão Política Nacional do PS que haja já nomes certos para integrar o seu Governo, garantindo, pelo contrário, que ainda não convidou ninguém para fazer parte do Executivo.»
Diário Digital (23 FEV 05 – 20:52)

MEMÓRIA DO TEMPO

Foi há 273 anos (1732), um SB: primeira representação do Oratório de Handel, em Londres. Em Portugal reinava D. João V (24º da sucessão); e era, então, papa Clemente XII (246º da sucessão).

Foi há 136 anos (1869), uma TR: abolição completa da escravatura no território português. Reinava, então, D. Luís (32º); e pontificava em Roma o papa Pio IX (255º).

Foi há 122 anos (1883), uma SX: nasceu o filósofo alemão Karl Jaspers. Era papa, na altura, Leão XIII (256º)

Foi há 107 anos (1898), uma QA: .Em Portugal reinava D. Carlos (33º) ; e era, então, papa Leão XIII (256º).

Foi há 88 anos (1917), uma SX: parte para França (I Grande Guerra) o segundo contingente do Corpo Expedicionário Português. O PR era Bernardino Machado; e o papa, Bento XV (258º).

Foi há 86 anos (1919), um DM: Benito Mussolini funda o Partido Fascista Italiano. Em Portugal era PR Canto e Castro; e era, então, papa Bento XV (258º).

Foi há 29 anos (1976), uma SG: o VI Governo Provisório reconhece o o governo do MPLA e a República Popular de Angola. Era PR na altura o general Costa Gomes; e era, então, sumo-pontífice o papa Paulo VI (262º).

Foi há 24 anos (1981), uma SG: surge um novo movimento, político-nacionalista, de extrema-direita, intitulado Ordem Nova. O PR era o general Ramalho Eanes; e o papa, João Paulo II (264º).

Foi há 21 anos (1984), uma QI: Sophia de Mello Breyner Andresen recebe o Prémio da Crítica de 1983. O PR era o general Ramalho Eanes; e o papa, João Paulo II (264º).

Foi há 18 anos (1987), uma SG: morreu o cantor de intervenção Zeca Afonso. O PR era Mário Soares; e o papa, João Paulo II (264º).

Foi há 13 anos (1992), um DM: O Engº António Guterres é eleito líder do PS. O PR era Mário Soares; e o papa era, então, João Paulo II (264º).

MODOS DE VIDA!!!

«“Não sou tão novo que possa mudar de vida nesta idade, tenho muito orgulho em fazer política” disse Santana Lopes» (legenda de uma fotografia do ainda PM, no PÚBLICO de hoje).

Diria o Sr Felisberto: “mudar de vida”!!! – viram bem? Pesaram bem as palavras? (repetia com ar incrédulo. Para logo acrescentar) Ó homem: “não sou tão novo… nesta idade”? Que disparate! Essa é a preocupação da tia Ambrósia! Não deve ser a sua.

Essa agora!...

Depois, diz: “tenho muito orgulho em fazer política”! Vá lá, rapaz. Tenha juízo. Aprenda. Deixe de ser orgulhoso!

NOVO LÍDER DO PSD

Foi o tema em debate no Fórum TSF desta manhã: a sucessão na liderança do PSD.

Chame-se ele Luís Marques Mendes, Manuela Ferreira Leite, Luís Filipe Menezes – ou outro (como dizia ontem um responsável desse partido) que vá, despreocupadamente, fazer a rodagem do carro ao congresso para, inesperadamente, sair de lá líder… - qualquer será, de certeza, uma escolha mais acertada.

Eles que escolham.

MINAS?

Se Santana Lopes tinha o terreno minado – como ouvi alguém dizer – porque é que ele colocou as minas? Ou, porque é que colocou muitas mais?

terça-feira, fevereiro 22, 2005

O SR FELISBERTO

Fiz tudo por tudo para tentar convencer o sr Felisberto a mudar-se para este blog. Tentei a todo o custo mostrar-lhe que este ambiente era mais adequado às suas características. E insisti. Mas sem nada conseguir.

Impossível demovê-lo.

Que não. Que no outro é que se sente bem. Que o lugar dele, o lugar a que se habituou, é no “desconversando” – ainda que fale muito a sério.

Ele, que é tão circunspecto, acha que não gosta de ambientes sisudos como lhe parece que é este blog.

Nada a fazer. Temos de aceitar.

NOVO MAPA DE PORTUGAL

«O país visto da Lua é o verdadeiro mapa cor-de-rosa.»
Filipe Rodrigues da Silva (Diário Digital, 21 FEV 05)

A ANÁLISE DE VITAL MOREIRA

Na sua página de hoje, no PÚBLICO, o Prof Vital Moreira faz um demorado e esclarecido balanço das eleições do último Domingo.

Sob a epígrafe “revolução eleitoral”, começa por esclarecer: “Só os maus perdedores podem pôr em causa a justiça do veredicto popular.”

Depois, avalia os resultados, começando pelos vencedores. E adianta:
“O principal vencedor é obviamente o PS.” Com a sua maior votação de sempre e primeira maioria absoluta, conseguiu um feito na sua história política e até na europeia “(não é vulgar uma maioria parlamentar monopartidária num sistema proporcional como o nosso)”.

Vencedor, também, é José Sócrates: “enfrentou com dignidade e sobriedade a vergonhosa campanha suja contra si, promovida e alimentada pelo PSD. Manteve uma linha de seriedade e determinação sem desfalecimento.”

Mas reconhece haver outros ganhadores. Assim, e nas suas palavras,
“vitoriosos das eleições saem também o PCP e o BE. Em conjunto, os partidos à esquerda obtiveram uma vitória memorável.”

E, naturalmente, não podia esquecer o PR: “embora não sendo um contendor nas eleições, Jorge Sampaio obtém igualmente um triunfo indiscutível” já que, ao “convocar eleições antecipadas”, correu o risco de ser considerado causador de uma “instabilidade governativa.” O Presidente mostrou estar certo, então. (Já acho discutível que tivesse estado certo quando designou SL para “suceder” a Barroso! Na minha opinião aí não esteve bem.)

Como também não esquece que “entre os vencedores conta-se com toda a justiça José Pacheco Pereira. Foi o militante do PSD que desde o princípio se apercebeu claramente do festival de incompetência e de populismo que iria ser o governo de Santana Lopes. (…) É o triunfo da clarividência e da coerência.”

Depois passa em revista os vencidos.

“A maior derrota é naturalmente do PSD”, com o registo do seu pior resultado de sempre. “Recorreu a uma campanha indigna e reles, que os eleitores castigaram justamente.” Averbou uma derrota tão pesada quanto merecida.

“O grande derrotado pessoal é Santana Lopes. É o fim de um mito: uma calamidade como chefe do Governo, um desastre na campanha eleitoral. A sua derrota é o fracasso do populismo, da demagogia, da falta de seriedade, dos golpes baixos, do erratismo político.” “É um castigo eleitoral tão merecido quanto devastador. Mas nem na derrota ele teve grandeza ou dignidade. O PSD não merece tal vexame...”

“A seguir na lista dos vencidos vêm Paulo Portas e CDS. Sendo uma e a mesma coisa, a derrota de um é a perda do outro. Portas pagou pelo desastre da coligação, de que nem a oportunista tentativa de demarcação o salvou. (…) A sua ideia de "roubar" deputados ao PS foi uma das anedotas políticas da campanha eleitoral. (…) O voluntarismo irrealista foi-lhe fatal.” (…)

“Pesadamente derrotada é a direita em geral.”

“Lugar destacado entre os derrotados individuais cabe a A. João Jardim. Depois das perdas nas eleições regionais” vê agora o PS igualar o PSD em número de deputados do arquipélago à AR.

“Surpresa entre os derrotados é Marcelo Rebelo de Sousa. Obviamente desejava o desaire de Lopes mas não podia querer a maioria absoluta do PS. Arriscou nisso o seu prestígio e perdeu.”



Certo. Relativamente a Pacheco Pereira, também lhe reconheci a lucidez e a coragem. Mas a sua declaração quanto ao seu próprio voto surpreendeu-me, pelo “suicídio” que ela significava: Pacheco Pereira sentia que estava à beira do abismo, mas achava que a única solução era dar o passo em frente!!!

Não. Aí acho que foi menos clarividente, menos lúcido, menos coerente.
Não lhe adivinhava tal espírito de kamikaze!

SANTANA DEMITE-SE

A quem terá ficado a dever-se esta tomada de posição? Este pingo de senso?

QUANTAS DEPUTADAS E QUANTOS DEPUTADOS?

Em termos de quotas, em que ficámos, nesta eleição?


Contando apenas, por hora, com os deputados eleitos pelo Continente e pelas Regiões Autónomas (a que se juntarão, mais tarde, os 4 das emigrações), temos:


O PS elegeu 120 membros: 34 deputadas (28,33%) e 85 deputados (70,83%);


o PSD elegeu 72 membros: 6 deputadas (8,33%) e 66 deputados (91,66%);


a CDU elegeu 14 elementos: 3 deputadas (21,42%) e 11 deputados (78,57%);


o CDS elegeu 12 membros: 1 deputada (8,33%) e 11 deputados (91,66%);


o BE elegeu 8 elementos: 4 deputadas (50%) e 4 deputados (50%).

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