segunda-feira, julho 09, 2012

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA - I



DECORRE O 12º ANO DO 3º MILÉNIO
ESTAMOS NA SEGUNDA-FEIRA DIA 09 DE JULHO DE 2012 (MMXII) DO CALENDÁRIO GREGORIANO

Que corresponde ao
Ano de 2765 Ab Urbe Condita (da fundação de Roma)
Ano 4708-4709 do calendário chinês
Ano 5772-5773 do calendário hebraico
Ano 1433-1434 da Hégira (calendário islâmico)
Ano 1461 do calendário arménio
Ano 1390-1391 do calendário Persa
e relativamente aos calendários hindus:
- Ano 2067-2068 do calendário Vikram Samvat
- Ano 1934-1935 do calendário Shaka Samvat
- Ano 5113-5114 do calendário Kali Yuga

Mais:
DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:
De 2003 a 2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
de 2005 a 2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
de 2005 a 2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

Por outro lado
2012 é o
ANO EUROPEU DO ENVELHECIMENTO ACTIVO E DA SOLIDARIEDADE ENTRE GERAÇÕES
ANO INTERNACIONAL DA ENERGIA SUSTENTÁVEL PARA TODOS
ANO INTERNACIONAL DA AGRICULTURA FAMILIAR
ANO INTERNACIONAL DAS COOPERATIVAS

Hoje é o
DIA DA INDEPENDÊNCIA DA ARGENTINA (1816)

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.
Vinicius de Moraes

Caricatura de Vinícius de Moraes
(fonte: Internet)

Foi na QA 09.07.1980, completam-se hoje 32 anos: morreu, com 67 anos, Vinícius de Moraes, compositor e poeta brasileiro, diplomata, dramaturgo e jornalista.

- Decorria o mandato do 30º Presidente da República Federativa do Brasil, João Figueiredo, do Partido Democrático Social/PDS.
- Ramalho Eanes era o 3º Presidente da República, da nova série. E primeiro-ministro era Sá Carneiro que liderava o VI Governo Constitucional, da AD.
- Desde 22.11.1975 que reinava em Espanha Juan Carlos I (18º da Espanha Unificada), da Dinastia de Bourbon, neto do seu antecessor, o rei Afonso XIII (17º).
- Desde 06.02.1952 que decorria o longo reinado de Isabel II (66º), da Casa de Windsor, e primeiro-ministro era Margaret Thatcher, do Partido Conservador.
- Estava em fim de mandato o presidente de França Valéry Giscard d'Estaing, sendo primeiro-ministro Raymond Barre.
- Jimmy Cárter, do partido Democrata, era o 39º Presidente dos EUA.
- Decorria o único mandato do Presidente Alessandro Pertini, do Partido Socialista Italiano e primeiro-ministro era Arnaldo Forlani.
- Presidente da República Federal Alemã era Karl Carstens, sendo Chanceler Helmut Schmidt do SPD.
- Na chefia do Estado da República Democrática da Alemanha, que se designava por Presidente do Conselho de Estado, encontrava-se Erich Honecker.
- Corria o primeiro mandato do terceiro Presidente da Grécia, Konstantinos Karamanlis, apoiado pelo Partido da Nova Democracia. E chefe do Governo era Geórgios Rállis, também do Partido da Nova Democracia,
- Rei da Bélgica já era o actual Alberto II, e primeiro-ministro era Wilfried Martens.
- Líder supremo da União Soviética era Leonid Brezhnev, que serviu como Primeiro Secretário do Comité Central do Partido Comunista, foi mais tarde renomeado Secretário-Geral, e mais tarde presidente do Presidium.
- João Paulo II (264º) era o pontífice reinante.

O ano de 1980 foi ainda o ano em que
01JAN: um violento sismo atinge as ilhas Terceira, Graciosa e São Jorge, provocando mortes e elevados prejuízos materiais, tendo a cidade de Angra do Heroísmo sido seriamente atingida.
03JAN: o presidente da República empossa o VI Governo Constitucional, este da AD (constituíam a Aliança Democrática o PPD, o CDS e o PPM, coligação fundada em 05JUL1979), presidido por Sá Carneiro.
08JAN: Leonardo Ribeiro de Almeida, do PPD, é eleito presidente da AR.
12JAN: morre o maestro e compositor Frederico de Freitas.
25JAN: David Mourão-Ferreira recebe a Legião de Honra francesa.
03FEV: Francisco Sousa Tavares reassume a direcção do jornal A Capital.
07MAR: a RTP iniciou, com o 17º Festival da Canção, emissões a cores, no continente.
29 de Abril – morre Alfred Hitchcock, cineasta britânico, considerado o mestre dos filmes de suspense (n. 1899)
30 de Abril - A rainha Beatriz de Orange-Nassau sobe ao trono nos Países Baixos.
4 de Maio – morre Josip Broz Tito, presidente da República Popular Federal da Jugoslávia de 1953 a 1963 e presidente da República Socialista Federativa da Jugoslávia de 1963 a 1980 (n. 1892).
27MAI: em Coimbra restabelece-se a tradição da Queima das Fitas que cessara de se realizar em 1969, como protesto pelas atitudes do antigo regime durante a crise estudantil de então.
26JUN: o presidente norte-americano, James Carter, visita oficialmente Portugal.
14JUL: o presidente alemão, Karl Carstens, inicia uma visita oficial a Portugal.
29AGO: morre, em Oeiras, o dramaturgo Bernardo de Santareno, médico psiquiatra que foi autor das peças O Crime da Aldeia Velha e A Traição do Padre Martinho.
12 de Setembro - Kenan Evren substitui Ihsan Sabri Çaglayangil na presidência da Turquia.
Robert Mugabe é eleito presidente do Zimbabwe.
Fernando Belaunde Terry substitui Francisco Morales Bermudez Cerruti na presidência do Peru.
22SET: na Polónia é fundado o Sindicato Solidariedade, com Lech Walesa como Secretário-geral.
05OUT: a AD volta a ganhar as eleições legislativas, e desta vez obtém maioria absoluta .
26OUT: morre, no Rio de Janeiro, Marcelo Caetano.
27OUT: morre o escritor José Rodrigues Miguéis.
03DEZ: nasce, no Porto, um novo movimento cultural, a Nova Renascença, que edita uma revista com o mesmo nome, dirigida pelo escritor José Augusto Seabra.
04DEZ: Sá Carneiro e Amaro da Costa morrem na queda do avião em que seguiam para o Porto.
07DEZ: Ramalho Eanes é reeleito presidente da República, vencendo o seu opositor, general Soares Carneiro, proposto pela AD.
8 de Dezembro – morre John Lennon, ex-Beatle, ativista em NY EUA (n. 1940)
18 de Dezembro - morre Héctor José Cámpora, presidente da Argentina em 1973 (n. 1909).
24 de Dezembro – morre Karl Dönitz, que foi almirante e presidente da Alemanha em 1945 (n. 1891)

Vinicius nasceu no DM 19.10.1913, durante a madrugada, quando lá fora estava um temporal desfeito.

Era ainda uma criança de nove anos quando Vinicius, nascido Marcus Vinitius da Cruz e Mello Moraes, vai, com a irmã Lygia, à Conservatória e altera seu nome para Vinicius de Moraes.

Em 1928, era ele um adolescente de 15 anos, e namora, uma a uma, todas as amigas de sua irmã Laetitia

O Caminho para a Distância, mais tarde designado O Sentimento do Sublime, é a obra com que Vinícius se estreia no prelo, aos 19 anos: publicado pela Editora Schmidt, em 1933, é uma colectânea de poemas. Em jeito de introdução o autor deixa a seguinte mensagem: “Este livro é o meu primeiro livro. Desnecessário dizer aqui o que ele significa para mim como coisa minha – creio mesmo que um prefácio não o comportaria normalmente. São cerca de quarenta poemas intimamente ligados num só movimento, vivendo e pulsando juntos, isolando-se no ritmo e prolongando-se na continuidade, sem que nada possa contar em separado. Há um todo comum indivisível.”

Dá a sensação que a inexperiência e a verdura dos anos o não deixaram antever quão envenenado era o presente que em 1936, com 23 anos, Prudente de Morais Neto lhe deixa, quando Vinicius o substitui como representante do Ministério da Educação junto à Censura Cinematográfica. O Brasil na altura era uma ditadura e os censores, nesta área, consequentemente, eram quem decidia se os filmes podiam ser vistos ou não. Consta que terá chegado, mesmo, a ser censor cinematográfico. Por pouco tempo, porém, já que uma bolsa o levou de volta à Universidade de Oxford, para estudar língua e literatura inglesa. Que isso – o tempo - não seria o mais importante: quem tiver sido colaborante dum ditador por um minuto, isso, em si, já é suficiente para o cidadão se sentir diminuído, para que se trate de situação grave, feia, indesculpável, ignominiosa, de inultrapassável baixeza.

Os censores são os olhos, os ouvidos e a mão executora de um qualquer prepotente ditador, são os carrascos dum sistema repressivo, e não parece que o nosso homem estivesse muito talhado para tal papel. Mas então por que o aceitou?
Essa sua eventual actividade era a sua pecha.

Vinicius, contudo, não rejeita a acusação, ainda que se mostre inconformado. É quando num poema de 1938, o falso mendigo, suplica e confessa:
“Fala com o Presidente para fecharem todos os cinemas
Não aguento mais ser censor.”
Mais, chegou, mesmo a jurar que nunca censurou nada, ao contrário, ainda brigava com os colegas que queriam cortar os filmes, assevera o site “hora da música”.

A verdade seja dita: da sua obra mais séria, se é permitida a expressão, não transpira nunca qualquer ideia de conformismo com um semelhante poder instituído, muito menos de qualquer colaboração com os algozes da repressão.

Foi nítido o seu amadurecimento como poeta: dum rasto que deixa, de um certo misticismo, do poetinha de 19 anos, sente-se a nítida evolução da sua consciência social cujo clímax se revela, aos 43 anos, em 1956, com esse extraordinário poema “O Operário em Construção”.

Nesse poema é um homem comprometido com a causa social, é um poeta “de lírica comprometida com o quotidiano”.

No seu evoluir, o operário do poema revela um desconhecimento da importância da sua profissão: 

“Mas ele desconhecia
Esse facto extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.”

Porém, “tomado de uma súbita emoção”, percebe que era ele quem construía tudo o que existia: “casa, cidade, nação!”.     

“Foi dentro desta compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário...”    

E temos todo o resto do poema a contagiar-nos “no seu crescendo de consciencialização face ao despotismo do patrão.”

Fantástico o desabrochar da consciência social do operário.

… continua amanhã, TR 10.07.2012…






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