terça-feira, maio 22, 2012

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA



Como sempre, recordo:

Este é o espaço em que,
habitualmente,
faço algumas incursões pelo mundo da História.
Recordo factos, revejo acontecimentos,
visito ou revisito lugares,
encontro ou reencontro personalidades e lembro datas.
Datas que são de boa recordação, umas;
outras, de má memória.
Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.
Aqui,
as datas são o pretexto para este mergulho no passado.
Que, por vezes,
ajudam a melhor entender o presente
e a prevenir o futuro.


DECORRE O 12º ANO DO 3º MILÉNIO.
ESTAMOS NA TERÇA-FEIRA DIA 22 DE MAIO DE 2012 (MMXII) DO CALENDÁRIO GREGORIANO

Que corresponde ao
Ano de 2765 Ab Urbe Condita (da fundação de Roma)
Ano 4709 do calendário chinês
Ano 5772 do calendário hebraico
Ano 1434 da Hégira (calendário islâmico)

Mais:
DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:
De 2003 a 2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
de 2005 a 2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
de 2005 a 2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

Por outro lado
2012 é o
ANO EUROPEU DO ENVELHECIMENTO ACTIVO E DA SOLIDARIEDADE ENTRE GERAÇÕES
ANO INTERNACIONAL DA ENERGIA SUSTENTÁVEL PARA TODOS
ANO INTERNACIONAL DA AGRICULTURA FAMILIAR
ANO INTERNACIONAL DAS COOPERATIVAS

HOJE É O DIA DO AUTOR PORTUGUÊS
E DIA MUNDIAL PARA A DIVERSIDADE BIOLÓGICA



«0 nosso augusto Soberano Lorde Carlos II (...)
e a Ilustríssima Princesa D. Catarina, Infanta de Portugal (...)
foram casados em Portsmouth na
quinta feira, vigésimo segundo dia de Maio, do ano do N. Sr. de 1662 (...)"
Do assento de casamento do régio casal

D. Catarina de Bragança


Carlos II de Inglaterra


Foi no dia 22.05.1662, faz hoje 350 anos, casou a infanta D. Catarina de Bragança, filha de D. João IV, com Carlos II, rei de Inglaterra, na sequência do terceiro tratado de aliança entre Portugal e a Inglaterra (1661).


Contexto político ocidental do evento:
Decorria a regência de D. Luísa de Gusmão, viúva de D. João IV (21º), na menoridade de D. Afonso VI (22º), seu filho. D. Luísa era ainda mãe de D. Catarina, irmã mais velha de D. Afonso.
Em Inglaterra decorria, desde há cerca de dois anos, o reinado de Carlos II (51º), da Casa Real dos Stuart, filho de Carlos I que reinou de 1625 a 1649, deposto e executado pela Revolução Inglesa que deu lugar à ditadura do "Lord Protector" Oliver Cromwell e de seu filho Richard, ou República Puritana (1653-1659), (1º) Commonwealth britânico envolvendo a Inglaterra, Escócia e Irlanda. O trono foi recuperado pelo Parlamento para Carlos em 1660.
Em França já decorria o reinado (de 72 anos) de Luís XIV, o Rei Sol, também Luís III de Navarra, da Dinastia de Bourbon, cujo primeiro-ministro era Júlio Mazarino, cardeal Mazarino (cardeal... sem alguma vez ter sido padre!). Mazarino ainda chegou a negociar com a coroa portuguesa o casamento de D. Catarina com Luís XIV, cujo fito era conseguir, através de Portugal, um acordo de não agressão entre a Espanha e a França. Mantendo a coroa portuguesa nessa expectativa, conseguiu o seu objectivo por outra via, desprezando as negociações correntes.
Em Espanha era Filipe IV (4º) que reinava, ocorrendo no seu reinado a Restauração da Independência de Portugal (onde ele tinha sido Filipe III), anos antes, em 1640.
A Alemanha tinha a governá-la o imperador Leopoldo I.
Na Prússia, então um ducado, o eleitor de Brandeburgo (o duque) era Frederico Guilherme, da Casa de Hohenzollern. Seu filho, Frederico III, viria a ser o primeiro rei da Prússia (A Prússia era o resultado da junção do ducado da Prússia com Brandemburgo. Brandemburgo ou Brandeburgo ou Brandenburg é um dos 16 Estados – Länder - da Alemanha, no leste do país, cuja capital é Potsdam.)
Pontificava Alexandre VII (237º), notável poeta e desvelado protector das letras e das artes. É do seu pontificado a magnífica colunata da praça de S. Pedro, que ele mandou construir sob risco de Bernini. (Mas as 140 estátuas barrocas de santos que se encontram sobre a colunata, foram aí mandadas colocar pelo seu sucessor, o Papa Clemente IX).


Em Portugal, que tinha adoptado em 1582 o calendário gregoriano, o real enlace ocorreu num DM. Porém, em Inglaterra era uma QI, já que no Reino Unido ainda vigorava o calendário juliano, sendo o gregoriano adoptado apenas em 1752 onde a mudança se deu em Setembro: ao dia 2, QA, seguiu-se o dia 14, QI (foram eliminados mais que os dez dias subtraídos em OUT de 1582, dado que se tinham passado, entretanto, mais quase dois séculos...). Este dia da semana é confirmado por documento parcialmente transcrito nesta memória (logo no seu começo).

A infanta D. Catarina foi a 4ª dos sete filhos de D. João IV com D. Luísa de Gusmão, que adquiriu o título de princesa por anterior morte de suas duas irmãs mais velhas. O primogénito e herdeiro do trono, a quem cabia o título de Príncipe do Brasil, foi o duque de Bragança D. Teodósio que se finou aos 19 anos ("de capacidade intelectual espantosa para seus verdes anos"), em 1653, portanto 3 anos antes de seu pai (1656). Sucederam a D. João IV os seus dois filhos mais novos, os únicos filhos varões sobreviventes ao pai: D. Afonso VI (22º) e D. Pedro II (23º).
Se D. Teodósio era sobredotado, o inverso se passava com seu irmão Afonso: realmente a D. João IV "sucedeu-lhe D. Afonso VI, rapazinho doente, de minguados dotes intelectuais, sob a regência da rainha [D. Luísa de Gusmão, que morreu em 27.02.1666], mulher enérgica". [Sérgio, 95]

D. Afonso VI tinha 13 anos quando morreu o pai. Segue-se, assim, a regência de D. Luísa de Gusmão até aos 19 anos do rei. Mas não foi por sua vontade que deixou a regência, foi antes por imposição da corte revoltada contra ela. É que D. Catarina achava que em lugar do seu (apoucado) filho D. Afonso, devia suceder a seu defunto marido o filho mais novo, D. Pedro, 3 anos mais novo e ainda menor. Mas a corte, liderada pelo Conde de Castelo Melhor, era de opinião contrária.


… continua amanhã, QA 23.05.2012…



1 comentário:

Amélia disse...

Muito interessante!!!!
Um abraço
Maria Amélia

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