Sumário:
- O Budismo celebra hoje o dia de Kuan Yin, a deusa protectora das mulheres.
E, a propósito, recorde-se Iemanjá.
- O fim do Sacro Império Romano-germânico, há 206 anos.
- Recordando Dostoievsky, que morreu há 126 anos
-Outros eventos revistos em síntese mais breve:
. Asmodeu? Que demónio era esse?
. A revolução do 07 de Fevereiro de 1927, tentativa de derrube da Ditadura...
. Recordando um episódio da reforma agrária
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Este é o espaço em que,
habitualmente,
faço algumas incursões pelo mundo da História.
Recordo factos, revejo acontecimentos,
visito ou revisito lugares,
encontro ou reencontro personalidades.
Datas que são de boa recordação, umas;
outras, de má memória.
Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.
Aqui,
as datas são o pretexto para este mergulho no passado.
Que, por vezes,
ajudam a melhor entender o presente
e a prevenir o futuro.
Respondendo a uma interrogação,
continuo a dar relevo ao papado.
Pela importância que sempre teve para o nosso mundo ocidental.
E não só, nos últimos séculos.
Os papas sempre foram,
para muitos, figuras de referência,
e para a generalidade, figuras de relevo;
por vezes, e em diversas épocas, de decisiva importância.
Alguns
(muitos)
não pelas melhores razões.
Mas foram.
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O ano 2007 [MMVII] do calendário gregoriano corresponde ao: . ano 1428/1429 dH do calendário islâmico (Hégira) . ano 2760 Ab urbe condita (da fundação de Roma) . ano 4703/4704 do calendário chinês . ano 5767/5768 do calendário hebraico |
DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO: |
2001/2010 - Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África. 2001/2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo. 2001/2010 - Década Internacional para a Cultura da Paz e não Violência para com as Crianças do Mundo. 2003/2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos. 2005/2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável. 2005/2015 - Década Internacional "Água para a Vida". |
2007 Ano Internacional da Heliofísica |
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Kuan Yin
Celebra-se hoje o dia de Kuan Yin (ou Guan Yin), grande deusa do oriente, protectora das mulheres, segundo a mitologia chinesa.
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A divindade — deusa da compaixão e piedade — é venerada em diversos países da Ásia. No Budismo representa a suprema compaixão de todos os budas (seres iluminados). Na mitologia japonesa é representada pelo deus Kannon Bosatsu.
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E a propósito... «“Ballet” das dançarinas surdas. O coreógrafo chinês Zhang Jigang criou uma apresentação para contemplar a "Deusa da Misericórdia com seus Mil Braços", ou "A Kwan Yin de Mil Braços", da mitologia budista. A dança foi apresentada por 21 bailarinas que se posicionavam numa longa fila, criando para os espectadores uma fabulosa ilusão de que era uma única deusa com múltiplos braços e pernas. A inesquecível apresentação de gala da Companhia de Arte Performática Chinesa de Deficientes Físicos foi apresentada ao vivo pelo canal de televisão China Central, em comemoração do Ano Novo Chinês. Impressionante é o facto de todas as integrantes desta companhia de dança serem surdas.» [Anotação do próprio vídeo, adaptada para português europeu]. . Veja o magnífico trabalho do coreógrafo e do seu singular grupo de bailado. AQUI. |
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Diz uma lenda do séc XII que na sua encarnação como princesa Miao Shan, Kuan Yin teve um pai carrasco e incrédulo, que fez de tudo para que a filha deixasse de ter compaixão por tudo e por todos.
São muitas as histórias que se contam das suas crueldades para com a filha que o tentava converter para benefício de todo o seu reino.
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Muitos brasileiros (povo, em grande parte, muito dado a um fantasioso ecletismo esotérico) comparam Kuan Yin a Iemanjá, que controla a fertilidade e que também é considerada a rainha do Mar.
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Iemanjá
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Iemanjá: é um orixá africano, cujo nome significa “mãe cujos filhos são peixes”. Na Mitologia Yoruba, Olorun é o Deus supremo do povo Yoruba (Nigéria e Daomé, actual Benin), que criou as divindades chamadas Orixá para representar todos os seus domínios da terra, mas que não são considerados deuses. Iemanjá é considerada a Mãe de quase todos os Orixás. [WIKIPÉDIA] |
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São um espectáculo digno de se ver e de ser registado, as homenagens que dezenas de “crentes”, todos de vestes brancas, prestam nas praias (de Copacabana, vg), noite dentro ou de madrugada, a Iemanjá e aos deuses do mar: são centenas de velas acesas espalhadas pelo areal imenso! |
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Cantaram estas “divindades” poetas como Vinicius de Moraes e romancistas como Jorge Amado.
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O Sacro Império Romano(-Germânico) em 1512
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Há 206 anos, na SG 09.02.1801 deu-se o fim do Sacro Império Romano-Germânico com a assinatura do tratado de paz de Luneville entre a Áustria e a França. Terminava o I Reich.
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O mundo vivia em plena época de Guerras Napoleónicas: série de conflitos armados, de
Dá-se então uma profunda reviravolta na estratégia dos franceses: o móbil das campanhas francesas, após 1789, era a defesa e a difusão dos ideais da Revolução. Com a ascensão de Napoleão, a meta passou a ser a expansão territorial da França e da sua influência.
Napoleão vence os austríacos na batalha de Marengo, em 14.06.1800, obrigando-os a assinar o tratado de Luneville, aos 09.02.1801. Uma das consequências do tratado foi a cedência, pela Áustria, da margem esquerda do Reno.
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Sacro Império Romano-Germânico: há quem o entenda como o Império de Carlos Magno e seus sucessores, assim como o império germânico (962-1806), ambos considerados como o renascimento cristão do império romano. No seu auge incluía a maior parte da Europa ocidental e central. [BU/Biblioteca Universal]
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Porém, para outros, o Império resulta, exactamente, do desmoronamento do Império Carolíngio (924). Surge com a coroação de Otão I, da Germânia, em 02.02.0962.
Mas é o filho deste, Otão II, que, vinte anos depois toma o título de Imperator Romanorum (Imperador dos Romanos). Tal como
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No século XII fala-se do Sacro Império, que se torna em 1254 Sacro-Império Romano, para terminar na sua forma definitiva no final do século XV: Sacro Império Romano-Germânico. Embora, em parte, tivesse perdurado, por algum tempo, a designação anterior, como se constata, acima, com o MAPA DOS DOMÍNIOS IMPERIAIS DO SACRO IMPÉRIO ROMANO (c.1512).
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Foi com Frederico Barbaruiva - imperador do Sacro Império de
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No seu apogeu, o império era constituído por grande parte dos territórios que são hoje a Alemanha, Áustria, Suíça, Liechtenstein, Bélgica, Países Baixos, Luxemburgo, República Checa, Eslovénia, bem como a região leste da França, o norte da Itália e o oeste da Polónia.
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Mas se um Estado soberano é configurado pela máxima “um governo, um povo, um território”, o Sacro Império não correspondia a essa realidade. Não passava, quando muito, de uma mera confederação.
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Foi a esse reagrupamento político de nações e territórios da Europa ocidental e central na Idade Média, que o despotismo napoleónico atacou na transição do séc XVIII para o XIX, pôs fim com o aludido tratado de Luneville de 1801 e dissolveu, definitivamente, em 1806.
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De sublinhar que os historiadores acrescentaram a qualificação "Germânico" ao título e ao império, atendendo ao carácter eminentemente alemão da entidade política e do território que esta controlava.
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O imperador era designado por um grupo de príncipes dos vários domínios, posteriormente conhecidos como eleitores, e era, depois, coroado pelo Papa em Roma, obrigação esta, da coroação pelo papa, dispensada a partir de 1508.
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O Sacro Império e a Igreja de Roma disputaram arduamente, durante séculos, a supremacia dos respectivos poderes (temporal e espiritual – talvez antes: “espiritual”). A célebre Questão das Investiduras foi o ponto culminante do conflito que envolveu a Igreja e o Sacro Império Romano-Germânico durante os séculos XI e XII acerca da referida supremacia.
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«O poder do Império era enorme na Cristandade, depondo e escolhendo papas da sua confiança, até que um deles, Nicolau II, transfere para o colégio de cardeais o poder exclusivo de eleição papal, agitando ainda mais o conflito entre o poder espiritual (Roma) e o temporal (Império)» [INFOPÉDIA, Porto Editora].
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«No auge da Idade Média, em 1122, foi assinada a Concordata de Worms, que pôs fim a Questão das investiduras, marcando o início da sobreposição da autoridade papal sobre a imperial. A luta entre poder político versus o religioso se estenderia até o século XIII, auge das Cruzadas, do ponto de vista comercial» - [WIKIPÉDIA]. Em melhor rigor, «a Concordata de Worms, por vezes chamada de Pactum Calixtinum por historiadores papais, foi um tratado entre o Papa Calisto II e o Sacro Imperador
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A Paz de Luneville entre a França e a Áustria, que hoje se comemora, teve ainda outros importantes reflexos. «A partir de então, os britânicos voltam a ficar isolados no plano continental, embora continuem a obter importantes ganhos no ultramar, nomeadamente quando atacam Alexandria e obrigam à retirada dos franceses do Egipto. Também nas índias Ocidentais fazem cair uma série de domínios franceses, holandeses, dinamarqueses e suecos, enquanto no Indostão continuam a devorar antigas possessões francesas.» [Fonte: CENTRO DE ESTUDOS DO PENSAMENTO POLÍTICO/CEPP, Director: José Adelino Maltez].
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Guerra das Laranjas. A Espanha, governada por Manuel Godoy, sob Carlos IV, na sequência da Paz de Luneville, promoveu uma série de tratados com Napoleão; em 29 de Janeiro de 1801 era assinada o tratado secreto de Fontainebleau entre a França e a Espanha prevendo a partilha de Portugal. Em 19 de Agosto de 1796 é assinado o Tratado de S. Ildefonso entre a França e a Espanha Em Setembro de 1799 era assinado um pacto de amizade entre Portugal e a Rússia que, nessa altura, estava em guerra com a Espanha. Em 29 de Janeiro de
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Ainda na sequência do mesmo tratado de Luneville, «Portugal, que se via pressionado pela Espanha para aceitar as velhas exigências da França de abandonar a aliança inglesa, foi recusando de facto a realização de qualquer tipo de negociação, durante todo o ano de 1800. E preparava-se para a guerra, ao regulamentar o recrutamento e a utilização dos regimentos de milícias, considerados essenciais para o reforço do exército de campanha, e que irão ter na guerra futura uma participação assinalável. A guerra acabou por chegar por via de um ultimato conjunto francês e espanhol entregue em 6 de Fevereiro de 1801, que tendo sido recusado provocou a saída de Lisboa em 19 de Fevereiro dos dois embaixadores, sendo a declaração de guerra assinada em 27 e proclamada em 2 de Março. Começou então uma corrida febril para pôr o exército em estado de entrar em campanha criando-se as companhias de artilharia a cavalo, levantando-se um novo regimento de infantaria, o 24.º e que se denominará "de Lisboa", nomeando-se o intendente-geral dos Transportes, e mandando criar-se corpos de voluntários de ordenanças que serão organizados tanto em Trás-os-Montes, sob a direcção do coronel Pamplona, e que serão dirigidos pelo futuro conde de Amarante, assim como na Beira, sob a direcção do marquês de Alorna, e que são criadas para actuarem como corpos de infantaria ligeira. [Fonte: site “O Portal da História!”].
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Dostoevsky
De acordo com o nosso actual calendário, há 126 anos, na QA 09.02.1881 morreu,
(Certo que na Rússia decorria ainda o dia 29.01.1881, já que o calendário gregoriano só aí foi adoptado em 1919).
Na Rússia decorria o reinado de Alexandre II, avô do último czar da Rússia, Nicolau II.
Em Portugal, curiosa e paralelamente, reinava D. Luís (32º), avô do nosso último monarca.
No Vaticano pontificava Leão XIII (256º).
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Dostoievski é tido como o fundador do existencialismo, mais frequentemente em razão da sua obra “A Voz Subterrânea” (1864), o qual é descrito por Walter Kaufmann como "melhor proposta para existencialismo já escrita". Este foi o primeiro dos seus romances "metafísicos", onde o autor criou o "anti-herói", um tipo de personagem muito explorado pela literatura do século XX. Entre suas obras de maior importância destacam-se os romances O Idiota (1868; no qual o herói é um epiléptico como ele próprio), Crime e Castigo (1866), “de inspiração cristã, [que] aborda a problemática da culpa e da redenção” Os Possessos (1872) e Os Irmãos Karamazov (1880).
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Dostoievski nasceu em Moscovo em 11.11.1821.
A sua primeira novela, Gente Pobre, surgiu em 1846, sendo considerado o primeiro romance social russo. Em 1849, durante um período de intensa censura czarista, foi preso por ser membro de um círculo literário de livres-pensadores e condenado à morte. Esta pena foi, no entanto, comutada para quatro anos de trabalhos forçados na Sibéria, na colónia penal de Omsk, seguidos de serviço no exército.
«Preso e deportado para a Sibéria, essa difícil experiência permite-lhe aprofundar as suas reflexões espirituais, cristalizadas na figura de Cristo, e nos seus companheiros de infortúnio descobre a grandeza da "alma russa"» - [INFOPÉDIA]
Recordação da Casa dos Mortos (1861) relembra essa experiência do autor no degredo. Como também Humilhados e Ofendidos (1862) se baseia nas suas vivências como deportado.
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Note-se: ele, que fora oficial do exército por um lapso de tempo.
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Mas a sua obra-prima foi Os Irmãos Karamazov (1880), onde “opõe a natureza e a civilização e aborda os grandes problemas metafísicos: Deus, o bem e o mal, a liberdade humana”.
“Na obra de Dostoievski, encontram-se presentes, dir-se-ia profeticamente, os problemas que vão ocupar a literatura e a filosofia de todo o século XX” – [conclui a INFOPÉDIA/Porto Editora]
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[Para além da citada INFOPÉDIA/Porto Editora, foram ainda fontes desta entrada, designadamente, outras enciclopédias: a WIKIPÉDIA e a BU/Biblioteca Universal/Texto Editores]
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Aconteceu há 151 anos, no SB 09.02.1856: é lançado o ASMODEU, primeiro periódico humorístico português.
Reinava D. Pedro V (31º) e era Presidente do Conselho de Ministros o Duque de Saldanha, do Partido Regenerador, pela 3ª vez não consecutiva.
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Em 1875, no «Asmodeu», surge uma caricatura anónima («Receios ephemeros dos accionistas d' um caminho de ferro»), onde um «pré-zé-povinho» dorme na linha, no qual aparecem já vários elemento fisionómicos que o caracterizarão.
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Isto retirei eu do blog Humorgrafe, de Osvaldo Macedo de Sousa, que nada nos diz sobre a sua fonte.
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Há 80 anos, QA 09.02.1927, terminava a Revolução do 7 de Fevereiro, movimento republicano liderado pelo general Sousa Dias, desde o dia 3 anterior.
Nesta altura, Carmona era simultaneamente Chefe de Estado e Chefe do governo.
Porém, de
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Veja, para já, os seguintes dois trabalhos do blog Almanaque Republicano:
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«Sousa Dias: "O resistente que fez tremer a ditadura"»
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«A Revolução de Fevereiro de 1927 contra a ditadura: oitenta anos depois»
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DM 09.02.1975: Reforma agrária: conferência dos Trabalhadores Agrícolas do Sul, em Évora, que reclama a “liquidação dos latifúndios” e a entrega da “terra a quem a trabalha”
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Decorria o III governo provisório, presidido por Vasco Gonçalves.
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Durante a vigência do II e III Governo Provisório reaparece o Ministério da Economia com uma Secretaria de Estado da Agricultura e outra das Pescas - Decs. Lei nºs 338/74 e 539/74, respectivamente de 18 de Julho e 12 de Outubro.
Ministro da Economia era Emílio Rui Vilar; Secretário de Estado da Agricultura era Alfredo Esteves Belo.
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«A Reforma Agrária foi, sem dúvida, a tentativa de transformação das estruturas produtivas que mais marcou as rupturas revolucionárias que atravessaram a construção da democracia portuguesa após a recuperação da liberdade em 25 de Abril de 1974. Não falta bibliografia sobre a Reforma Agrária. Contudo nenhuma abarca o período e as vicissitudes do seu desaparecimento e são raras as que foram escritas por aqueles que a viveram e dela tiveram experiência directa. O testemunho que o autor deixa neste livro ajuda a compreender não só os fundamentos e o processo da própria Reforma Agrária como todo o longo período da sua destruição e a saga dos trabalhadores na defesa do que constituiu uma tentativa séria de transformar os campos agrícolas do Sul numa perspectiva de progresso, justiça social e factor de desenvolvimento.» Informação da editora Campo das Letras acerca da obra, por ela editada em 2004, do deputado do PCP Lino de Carvalho (1946-2004), Reforma Agrária – da Utopia à Realidade. . NOTA: Lino de Carvalho, no ano anterior ao seu passamento, foi eleito pela Associação de Jornalistas Parlamentares como o melhor deputado. |
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2 comentários:
Todos estes assuntos são muito interessantes, e saliento o Asmodeu, mas demasiado extensos para serem lidos de uma golfada com a concentração que merecem.
Não me leve a mal esta observação, mas é o que sinto como seu leitor e amigo.
Um grande abraço e SAÚDE!
Jorge G
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