quarta-feira, agosto 10, 2005

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA




2005/2015 - Década das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.
2005 - Ano Internacional do Microcrédito. Ano Internacional da Física (aprovado pela UNESCO).
Dia Nacional do Equador.

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Foi há 494 anos (1511), era um DM: Afonso de Albuquerque conquista Malaca. Reinava D. Manuel I (14º). Pontificava Júlio II (216º).

A cidade de Malaca foi fundada no século XIII e desenvolveu-se com o incremento do comércio externo entre a China, a Índia e o Ocidente. Em 1511, foi conquistada por Afonso de Albuquerque, passando a pertencer à coroa portuguesa. Nesta altura, desenvolveu-se como porto marítimo de comércio com o Oriente e como pólo missionário (foi um dos destinos de missão de São Francisco Xavier). Malaca proporcionou muitos lucros à coroa portuguesa. Em 1641, os holandeses conseguiram dominá-la, após vários meses de cerco. Em 1824, a cidade foi cedida à coroa britânica.

Malaca, actualmente, é um pequeno Estado situado na península da Malásia, cuja capital tem o mesmo nome.

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Foi há 330 anos (1675), era um SB: o rei Carlos II lança a primeira pedra do Observatório Real, em Greenwich. Em Portugal decorria a regência de seu cunhado D. Pedro (II), uma vez que ainda era vivo o irmão deste, D. Afonso VI, igualmente cunhado de Carlos II. Em Roma pontificava Clemente X (239º).
Carlos II (1630-1685) foi rei da Grã-Bretanha e da Irlanda a partir de Maio de 1660, altura em que o parlamento aceitou a restauração da monarquia, após o colapso da Commonwealth de Cromwell. Era Filho de Carlos I e trineto de Henrique VIII (pelo lado de sua 1ª mulher, Catarina de Aragão, que fora sua cunhada, viúva de seu irmão). Em 21.05.1662 Carlos II casou com Catarina de Bragança, filha de D. João IV de Portugal. Nesta data já seu sogro, D. João IV, tinha falecido, estando na regência do reino sua sogra, D. Luísa de Gusmão. Pontificava, então, Alexandre VII (237º). Do dote de D. Catarina fizeram parte, designadamente, a doação de Tânger e Bombaim, além de privilégios nas nossas colónias. Casamento que os espanhóis bem tentaram evitar, oferecendo à Inglaterra tudo o que Portugal lhe oferecia, além do abandono de Dunquerque e do reconhecimento da soberania inglesa sobre a Jamaica.

Em 1681, Carlos dissolveu o parlamento. Financiado por Luís XIV, passou a governar sozinho, patrocinando as artes e as ciências. Já antes se mostrara sensibilizado nestas áreas, como demonstra o evento hoje comemorado. Sucedeu-lhe o seu irmão (segundo filho de Carlos I) Jaime II.

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Faz hoje 218 anos (1787), era uma SX: Mozart completa a sua famosa Pequena Serenata Nocturna (Eine Kleine Nachtmusik). Em Portugal reinava D. Maria I (26º). Pontificava Pio VI (250º).
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): compositor e intérprete austríaco que demonstrou uma extraordinária precocidade enquanto criança e um notável virtuosismo e genialidade enquanto adulto.

Foi ensinado pelo pai, Leopold Mozart (1719-1787), e aos três anos já tocava cravo. Começou a compor aos cinco anos, uma grande quantidade de obras, que totalizaram, na sua curta vida de 35 anos, 27 concertos para piano, 23 Quartetos de cordas, 35 sonatas para violino e 41 sinfonias das quais se salientam as Sinfonias n.o 39 em Mi bemol K.543, n.o 40 em Sol maior K. 550 e n.o 41 em Dó maior K.551 («Jupiter»), todas compostas em 1788, aos 32 anos.

Das suas óperas destacam-se Idomeneo (1780), O Rapto no Serralho (1782), As Bodas de Fígaro (1786), Don Giovanni (1787), Così Fan Tutte (1790) e A Flauta Mágica (1791).

Tal como a música de Haydn, a de Mozart assinala o ponto alto do período clássico na pureza da melodia e da forma.

Teve uma penosa carreira de pianista de concerto, compositor e professor por conta própria que lhe trouxeram uma fama duradoura mas uma grande precariedade financeira. O seu Requiem, deixado inacabado, foi completado por um aluno.

As obras de Mozart foram catalogadas cronologicamente pelo musicólogo Ludwig von Köchel (1800-1877) cuja numeração a cada obra corresponde um «número Köchel», por exemplo K.354; ainda hoje é utilizada com pequenas alterações.

Sobre Mozart escreveram-se centenas de livros, todos unânimes sobre o seu génio incomparável. É hoje, sem margem para dúvidas o compositor mais popular da história da música. Prova disso foi o sucesso do filme Amadeus (1984) de Milos Forman. Sobre a sua vida têm-se feito as mais diversas teorias, em especial sobre a sua ligação à maçonaria e sobre as circunstâncias da sua morte, mas todas inconclusivas.

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Foi há 101 anos (1904), numa QA: na guerra russo-japonesa, dá-se a batalha do mar Amarelo, sofrendo a armada russa violentas perdas. Em Portugal reinava D. Carlos (33º). No Vaticano pontificava Pio X (257º).
M
ar Amarelo é o nome que se dá a um grande golfo do oceano Pacífico, situado entre a China e a Coreia, com uma área de 446 200 km2, não muito distante do mar do Japão.

A guerra russo-japonesa, declarada depois do ataque nipónico à frota russa estacionada em Porto Artur. O conflito termina em 1905 com a assinatura do Tratado de Portsmouth.

Conflito entre a Rússia e o Japão pela expansão de suas esferas de influência no Oriente. Na Rússia reinava o Czar Nicolau II (1868-1918).

A guerra dura de 1904 a 1905. A vitória coloca o Japão entre as potências mundiais e abre caminho para sua expansão imperialista. É a primeira vez que um Exército asiático vence uma potência europeia.
Desde a década anterior, os dois países tentam assegurar sua influência na região da Manchúria (nordeste da China) e na Coreia. O interesse japonês pela Manchúria leva a nação à Guerra Sino-Japonesa. Com a vitória sobre a China, o Japão anexa a base naval de porto Arthur, na Manchúria do Sul, e Taiwan (Formosa). Mas a Rússia convence Alemanha e França a forçar o Japão a devolver o porto à China em troca de indemnização. Em 1900, a Rússia ocupa a Manchúria, monta uma base naval em porto Arthur e começa a penetrar no norte da Coreia. Em Fevereiro de 1904, os japoneses lançam um ataque-surpresa à frota russa em porto Arthur. A luta desenrola-se em territórios de dois países neutros: Coreia e China. O Japão derrota os russos em porto Arthur, Shenyang e Tsushima.

Em Setembro de 1904, com a mediação do presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, inquieto com os progressos do Império japonês, foi assinado o Tratado de Portsmouth, entregando ao Japão a parte sul da ilha Sacalina, Porto Arthur e concessões ferroviárias na Manchúria, além de reconhecer o protectorado sobre a Coreia, pouco depois anexada (1910). Com a vitória, o Japão dá início a sua expansão imperialista. A derrota da Rússia tem reflexos na situação interna do país: somada à Revolução de 1905 e às perdas na I Guerra Mundial, leva à Revolução Russa, em 1917.

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Completam-se hoje 93 anos (1912), que foi num SB: nasceu, na Baía, Jorge Amado. Em Portugal Manuel de Arriaga cumpria o seu mandato presidencial. Pontificava Pio X (257º).

Meia dúzia de linhas não chegam para fazer uma síntese de uma vida tão rica de acontecimentos e actividade como a de Jorge Amado.

Nascido na Baía aos 10.08.1912, em 1914 a sua família partiu para Ilhéus, onde Jorge Amado viveu quase toda a sua infância. Em 1922, foi para Salvador, interno do colégio António Vieira, dos jesuítas. O seu professor de Português, padre Luís Gonzaga Cabral, descobriu-lhe a vocação literária numa composição escolar e permitiu-lhe que frequentasse a sua biblioteca de clássicos portugueses.

Em 1924, com 12 anos, fugiu do colégio e viajou meses pelo interior até chegar a casa do avô paterno, em Itaporanga. Esta fuga despertou-o para a natureza e a vida dos camponeses, matéria forte da sua escrita.

Em 1925, aos 13 anos, fundou, com os irmãos Imbassy, o jornal A Folha, de oposição à direcção do Grémio Literário. Dirigia a revista do colégio A Pátria.

Em 1927, aos 15 anos, ingressou no jornalismo, empenhando-se simultaneamente na modernização literária e social do Brasil, fundando com um grupo de amigos a Academia dos Rebeldes. Publicou na revista A Luva o texto Poema e Prosa, que marcou publicamente a sua estreia literária. Em 1931, tinha 19 anos, publicou o seu primeiro romance O País do Carnaval.

Em 1929, passou a trabalhar n'O Jornal, e ali publicou, em fascículos, a novela Lenita, escrita em parceria com Dias da Costa e Édison Carneiro.

Em 1933, com 21 anos, lançou Cacau, com ilustrações de Santa Rosa. A edição de dois mil exemplares foi apreendida, mas logo libertada e esgotou-se num mês. Escreveu artigos para os suplementos literários do Diário de Notícias, O Jornal e a revista Literatura. Assumiu o cargo de redactor-chefe da revista Rio Magazine.

Em 1934, publicou Suor e foi chefe de publicidade da Livraria José Olympio Editora. Concluiu o curso de Direito em 1935, aos 23 anos. Politicamente activo, a sua oposição ao regime saldou-se em algumas prisões e exílios, percorrendo vários países americanos durante as décadas de 30 e 40. Participou na campanha da Aliança Nacional Libertadora e foi redactor d'A Manhã. Em 1936, venceu o Prémio Graça Aranha com a obra Mar Morto. Em 1937, com 25 anos, publicou o seu único livro de poesia, A Estrada do Mar. Em 1938, colaborou para as revistas Carioca e Vamos Ler. Em 1939, trabalhou na revista Directrizes e assumiu o cargo de redactor-chefe do semanário Dom Casmurro.

Em 1940, começou a publicar ABC de Castro Alves, em folhetins na Directrizes. A publicação foi suspensa por ordem policial. Na mesma publicação, lançou o romance Brandão entre o Mar e o Amor, escrito em parceria com Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Raquel de Queirós e Aníbal de Machado.

Em 1942, aos 30 anos, publicou O Cavaleiro da Esperança, uma obra sobre Carlos Prestes. O livro foi proibido no Brasil. Escreveu Terras do Sem Fim, publicando a obra apenas em 1943, e participou nas campanhas populares a favor dos países aliados, desencadeadas a partir da entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial. Publicou crónicas sobre a guerra e a participação brasileira no conflito. Em 1944, foi publicado São Jorge dos Ilhéus e um ano depois saiu Bahia de Todos os Santos.

Em 1945, fundou e dirigiu o diário Hoje e foi eleito deputado federal pelo Partido Comunista Brasileiro (1945). No mesmo ano casou-se com a escritora Zélia Gattai.

Em 1946, assumiu o seu lugar no Congresso, onde conseguiu aprovar leis como a isenção do pagamento de imposto de renda para escritores, artistas e jornalistas. No mesmo ano publicou Seara Vermelha. Em 1947 publicou a peça O Amor de Castro Alves, posteriormente intitulada O Amor do Soldado.

Partiu para a Europa, exilado, em 1948, aí permanecendo cerca de três anos. Viveu em Paris, onde actuou politicamente ao lado de intelectuais de várias nacionalidades. Em 1951, foi-lhe atribuído o Prémio da Paz Estaline (pelo conjunto da sua obra e pela sua actividade política). No mesmo ano publicou O Mundo da Paz, que foi apreendido. Em 1954, depois de quatro anos de exílio e de nova viagem à Europa, publicou Os Subterrâneos da Liberdade, uma trilogia composta por Os Ásperos Tempos, A Agonia da Noite e A Luz no Túnel.

Em 1955, abandonou a militância no Partido Comunista Brasileiro. Em 1956, fundou, no Rio de Janeiro, o quinzenário de cultura Parotodos, com Óscar Niemeyer e outros intelectuais. Em 1958, publicou o romance Gabriela, Cravo e Canela.

Em 1960, na qualidade de vice-presidente da União Brasileira de Escritores, organizou o I Festival de Escritores Brasileiros. Em 1961, foi editado Os Velhos Marinheiros e, dois anos depois, Amado foi eleito por unanimidade para a Academia Brasileira de Letras. Em 1966, foi publicado Dona Flor e Seus Dois Maridos.

Em 1971, Amado recebeu o Prémio da Latinidade, atribuído em França, e, em Itália, recebeu o Prémio Internacional de Literatura, em 1976. Em 1977, foi eleito membro correspondente da Academia das Ciências de Lisboa. Foi também nomeado Comendador da Ordem de Andrés Bello, na Venezuela, e, em 1979, Comendador da Ordem das Artes e das Letras, em França. Foi nomeado Doutor Honoris Causa por diversas universidades conceituadas. Em 1989, recebeu o Prémio Pablo Neruda, o Prémio Etruria de Literatura e o Prémio Mediterrâneo. Em 1994, é publicado A Descoberta da América pelos Turcos.

Escritor regionalista, os seus livros reflectem preocupações políticas, e, sobretudo, sociais, recorrendo a temas e a tipos populares baianos, de grande riqueza humana, aproveitando a linguagem oral local de forma poética e humorística. Recebeu o Prémio Camões em 1994. Em 1986, foi criada a Fundação Jorge Amado. Com a sua obra traduzida para várias línguas, era, à época da sua morte, o escritor brasileiro mais conhecido em todo o mundo.

Escreveu, entre muitas outras obras, Jubiabá (1935), Capitães da Areia (1937), O Cavaleiro da Esperança (1942), Terras sem Fim (1943), A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água (1961), Os Pastores da Noite (1964), Dona Flor e Seus Dois Maridos (1966), A Tenda dos Milagres (1969), Tereza Batista Cansada de Guerra (1972), O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá (1976), a trilogia, Tieta do Agreste (1977), Farda, Fardão, Camisola de Dormir (1979), O Menino Grapiúna (1981), A Bola e o Goleiro (1984), Tocaia Grande: A Face Obscura (1984), O Sumiço da Santa (1988), Navegação de cabotagem (1982). Várias das suas obras foram adaptadas à televisão ou ao cinema.

Entre os seus contos, estão: História do Carnaval (1945), De como o Mulato Porciúnculo Descarregou o seu defunto (1963) e As Mortes e o Triunfo de Rosalinda.

Deixou inacabados dois romances: Bóris, o Vermelho, que começou a escrever em 1982, e Apostasia Universal de Água Brusca, iniciado em 1996.

Jorge Amado faleceu em S. Salvador da Baía quatro dias antes de completar 89 anos, ou seja, em 06AGO2001.

A propósito, sua viúva, a escritora Zélia Gattai, recebeu hoje, 10AGO05, da Assembleia Legislativa da Baía, o título de cidadã baiana.

Filha de imigrantes italianos, a escritora Zélia Gattai (Zélia Gattai Amado) nasceu em 02JUL1916 na cidade de São Paulo.

Zélia, que só começou a escrever aos 63 anos, nos finais dos anos 70 da centúria anterior, incentivada pelo marido, e que tem já muitos títulos publicados, sucedeu, em 2001, a Jorge Amado na cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras que teve Machado de Assis como primeiro ocupante e José de Alencar como patrono.

Aos 63 anos, Zélia lançou seu primeiro livro, o romance Anarquistas, graças a Deus, um relato da vida dos imigrantes italianos na São Paulo do começo do século. Em 1982, Zélia publicou Um chapéu para viagem, no qual conta histórias sobre o fim da Segunda Guerra Mundial.

Em 1999, Zélia lançou A casa do Rio Vermelho, colectânea das memórias do casal e da casa em que viveram durante 21 anos.

Para o público mais jovem publicou dois livros: Pipistrelo das Mil Cores e O segredo da Rua 18.

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Completam-se hoje 84 anos (1921), foi numa QA: nasceu, em Belém do Pará (Brasil), o escritor português Carlos de Oliveira. Em Portugal era presidente da República António José de Almeida. Pontificava o papa Bento XV (258º).
Carlos Alberto Serra de Oliveira formou-se em ciências histórico-filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Foi um dos grandes responsáveis pelo movimento neo-realista.

Distinguiu-se como colaborador das revistas Altitude, Seara Nova e Vértice, tendo sido director desta última. Atingiu reconhecimento público na área da poesia e da ficção, tendo-se estreado com Turismo (1942), uma colectânea de poemas, e com o romance Casa na Duna (1943). Posteriormente, publicou várias obras da sua produção poética, que viria a ser compilada em Trabalho Poético (1977-1978). No romance, destacam-se a sua obra mais conhecida, Uma Abelha na Chuva (1953, adaptado ao cinema por Fernando Lopes, no filme com o mesmo título) e Finisterra (1978). Publicou também um livro de crónicas intitulado O Aprendiz de Feiticeiro (1971).

Morreu em 1981.

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Foi há 30 anos (1975), era um DM: os oficiais que subscreveram o “Documento dos Nove” são afastados do Conselho da Revolução. Era PR o general Costa Gomes, que substituiu Spínola em 30SET1974, por designação da JSN. Pontificava Paulo VI (262º).

“O Grupo dos Nove foi um Grupo de oficiais liderados por Melo Antunes pertencente ao MFA de tendência moderada. Publicaram em Agosto de 1975 um documento que ficou conhecido como documento dos nove com vista à clarificação de posições políticas e ideológicas dentro e fora das Forças Armadas.

Este grupo de militares que recusava a sociedade capitalista, defendendo um projecto alternativo baseado numa democracia política, pluralista, nas liberdades, direitos e garantias fundamentais.

Este grupo de militares representava a facção moderada do MFA, opondo-se às teses políticas do Documento "Aliança Povo/MFA. Para a construção da sociedade socialista em Portugal", apresentado a 8 de Julho de 1975.” – lê-se num documento.

De outro texto, consta: “Os militares moderados com assento no Conselho da Revolução organizam-se sob a batuta de Melo Antunes, de longe o mais esclarecido politicamente – e, a 8 de Agosto, tornam público um documento com fortes e contundentes críticas à actuação do PCP e da ala revolucionária do MFA. Nasce assim o Grupo dos Nove, de que fazem parte Melo Antunes, Vasco Lourenço, Canto e Castro, Vítor Crespo, Sousa e Castro, Costa Neves, Vítor Alves, Franco Charais e Pezarat Correia.
Os revolucionários acusaram-nos de traidores. O Conselho da Revolução expulsou-os e mandou-os apresentarem-se nas Armas a que pertenciam. Otelo Saraiva de Carvalho respondeu ao “Documento dos Nove” com um outro texto: “Documento de Autocrítica Revolucionária”, mais conhecido como “Documento COPCON”, em que defendia o poder popular de base e recolheu amplo apoio da extrema-esquerda militar que ocupava a 5.ª Divisão do Estado-Maior-General das Forças Armadas.
O MFA passou a estar partido em três grupos: o Grupo dos Nove, estrategicamente próximo do Partido Socialista; o sector liderado por Vasco Gonçalves e apoiado pelo PCP; e um terceiro grupo, mais radical, encabeçado por Otelo Saraiva de Carvalho”.

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Faz hoje 27 anos (1978), era uma QI: Ramalho Eanes assiste, no Vaticano, às solenes exéquias por alma do Papa Paulo VI.

Giovanni Battista Montini, que adoptou o nome Paulo VI (262º), depois de eleito Papa, a 21JUN1963, com 65 anos, era italiano, de Brescia. Sucedeu a João XXIII (261º) que morreu em 03JUN1963, aos 81 anos. Paulo VI morreu em Castelgandolfo, aos 80 anos, em 06AGO1978.

Sucedeu-lhe, em 26AGO seguinte, o cardeal Albino Luciani, de 65 anos. João Paulo I (263º) foi o nome que adoptou, em homenagem aos seus imediatos antecessores. Morreu trinta e três dias depois da sua eleição, a 29SET1978, perto de fazer 66 anos. E em 16OUT seguinte Karol Josef Wojtyla foi eleito Papa, aos 58 anos, e adoptou o nome João Paulo II (264º). O pontificado de João Paulo II, que morreu em 02ABR2005, foi o segundo mais longo da história da Igreja (já que o mais longo foi exactamente o do primeiro papa, S. Pedro, de mais de 30 anos).

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Faz hoje 23 anos (1982), foi numa TR: morreu Abel Manta, pintor português. O general Ramalho Eanes cumpria o seu segundo mandato presidencial. Prosseguia o longo pontificado de João Paulo II.

Abel Manta nasceu em Gouveia em 1888.

A sua formação em pintura, na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, foi seguida de uma permanência em Paris (1919-1926) e de viagens pela Europa, incluindo a Itália, onde se fixou durante algum tempo.

Regressado a Portugal, já com obras expostas nos salões de Paris de 1921 a 1923, ingressou no ensino técnico, leccionando na Escola de Artes Decorativas António Arroio até 1958. A par com esta actividade, desenvolveu um trabalho à margem, quer de academismos, quer de vanguardismos, aliando à sua formação naturalista (com Carlos Reis) uma pesquisa da obra de Cézanne e dos impressionistas, que marcaria o seu estilo. A sua obra, subestimada no meio português, acabou por se revelar uma presença sólida, enquadrada pela primeira geração do chamado modernismo português.

Esta solidez é revelada numa das suas obras mais conhecidas, o Jogo de Damas, onde a articulação espacial é dinamizada pela distorção perspéctica do chão ladrilhado, orientada na vertical e dando origem a um jogo de planos; os volumes estão tratados à maneira de Cézanne, com a luz a incidir sobre as duas figuras sentadas, marcando superfícies angulosas, com passagens bruscas de zonas iluminadas para zonas de sombra.

Abel Manta salientou-se na pintura de paisagem, na natureza morta e particularmente no retrato, criando obras de grande expressividade e sobriedade de recursos.

O pintor fez apenas duas exposições individuais, em 1925, no Salão Bobone e em 1965 na Sociedade Nacional de Belas-Artes (Lisboa). Foi, no entanto, premiado, recebendo em 1942 o Prémio Silva Porto, em 1949 a primeira medalha em pintura da Escola Superior de Belas-Artes e, em 1957, o Prémio de Pintura da Fundação Calouste Gulbenkian. Esteve presente na XXV Bienal de Veneza e na III Bienal de São Paulo, estando a sua obra representada no Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado.

Casado com a, também, pintora Maria Clementina Carneiro de Moura, foram ambos os pais de João Abel Manta, que desenvolveu igualmente actividades no campo da arquitectura e das artes gráficas.

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Foi há 10 anos (1995), era uma QI: em Angola, José Eduardo dos Santos e Jonas Savimbi reúnem-se para discutir a execução dos acordos de Lusaka. Em Portugal o Dr Mário Soares entrara no seu segundo mandato presidencial. Prosseguia o pontificado de João Paulo II.

No SB 06MAI1995 Eduardo dos Santos e Savimbi tinham-se reunido em Lusaka, capital da Zâmbia (entre 1935 e 1964, capital da Rodésia do Norte) para discutir a pacificação em Angola (referidos acordos).

Depois dos 13 anos de guerra colonial, em que só aparentemente se encontravam do mesmo lado da barricada, sobrevieram à independência mais, na altura, 20 anos de guerra civil, não só por razões ideológicas (que já durante a guerra colonial os distinguia, donde conhecidas colaborações da UNITA de Jonas Savimbi com a PIDE), mas também por motivos étnicos (tribais, talvez melhor dito: Savimbi defendia e lutava pela superioridade dos ovibundos – de entre as várias etnias que povoavam Angola, uma das mais importantes).

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Aconteceu há 9 anos (1996), num SB: é inaugurado o Parque Arqueológico do Vale do Côa. O Dr Jorge Sampaio era o PR, desde Janeiro desse ano. Pontificava João Paulo II (264º).

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Completam-se hoje 6 anos (1999), foi numa TR: morreu, em Ranholas, Sintra, o coronel Melo Antunes, militar e político português. Cumpria o seu primeiro mandato presidencial o Dr Jorge Sampaio. Pontificava João Paulo II.

Ernesto Augusto de Melo Antunes nasceu em Lisboa em 1933.

Oriundo de uma família conservadora e católica da pequena burguesia, apesar de uma inclinação para a história e a filosofia, Melo Antunes deixou-se influenciar por pressões familiares e pela profissão do pai (oficial do exército) e seguiu a carreira militar. Apaixonado pela política assistiu às candidaturas de dois generais da oposição ao regime, Norton de Matos em 1949 e Humberto Delgado em 1958, e às tentativas de golpe militar contra Salazar, golpe de Beja e a Abrilada.

Desempenhou um importante papel no Movimento das Forças Armadas (MFA), como membro da direcção e co-autor do programa político do MFA. Foi o autor do Programa de Acção Política e Económica e do Documento dos Nove. Na verdade, foi ele o verdadeiro ideólogo do MFA.

Foi ministro nos governos provisórios. Dirigiu a primeira fase da descolonização em Moçambique chocando por vezes com as ideias de Spínola, ao qual se opôs apoiando Costa Gomes para presidente.

Foi um dos elementos do Conselho da Revolução, entre 1975 e 1982, tendo integrado o «Grupo dos Nove» que tentou impedir a radicalização do processo revolucionário. Melo Autunes desempenhou a função de presidente da Comissão Constitucional de 1976 a 1983. Passou à reserva em 1981. Ainda neste ano aderiu ao Partido Socialista e depois da revisão constitucional de 1982 tornou-se membro do Conselho de Estado. Em 1986 assumiu o cargo de subdirector-geral da UNESCO e dez anos depois, após a eleição de Jorge Sampaio para a Presidência da República, foi novamente nomeado para o Conselho de Estado.

A propósito de Documento dos Nove e Grupo dos Nove, ver mais acima (ano de 1975).

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