segunda-feira, fevereiro 27, 2012

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

Como sempre, recordo:

Este é o espaço em que,
habitualmente,
faço algumas incursões pelo mundo da História.
Recordo factos, revejo acontecimentos,
visito ou revisito lugares,
encontro ou reencontro personalidades e lembro datas.
Datas que são de boa recordação, umas;
outras, de má memória.
Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.
Aqui,
as datas são o pretexto para este mergulho no passado.
Que, por vezes,
ajudam a melhor entender o presente
e a prevenir o futuro.

ESTAMOS NA SEGUNDA-FEIRA DIA 27 DE FEVEREIRO DE 2012 (MMXII) DO CALENDÁRIO GREGORIANO

Que corresponde ao
Ano de 2765 Ab Urbe Condita (da fundação de Roma)
Ano 4709 do calendário chinês
Ano 5772 do calendário hebraico
Ano 1434 da Hégira (calendário islâmico)

Mais:
DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:
De 2003 a 2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
de 2005 a 2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
de 2005 a 2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

Por outro lado 2012 é o
ANO EUROPEU DO ENVELHECIMENTO ACTIVO E DA SOLIDARIEDADE ENTRE GERAÇÕES
ANO INTERNACIONAL DA ENERGIA SUSTENTÁVEL PARA TODOS
ANO INTERNACIONAL DA AGRICULTURA FAMILIAR
ANO INTERNACIONAL DAS COOPERATIVAS

DIA INTERNACIONAL DA LÍNGUA MATERNA (UNESCO)

«Acima de tudo, exijo que o governo e o povo sustentem
a lei racial até o limite e resistam impiedosamente
ao envenenador de todas as nações, o Judaísmo internacional».
Adolfo Hitler


Assinatura do Führer

Foi na SG 27.02.1933, há 79 anos: Hitler manda incendiar o Reichstag (Parlamento). Para um recém-nomeado chanceler, foi um auspicioso gesto, o de Adolfo Hitler. E a meritória acção deu-lhe ensejo a incriminar os comunistas (como urgia e convinha) e suspender a Constituição. Esse estorvo.

O Parlamento Alemão


Isto quando, sendo ele chanceler da Alemanha, Presidente (último da República de Weimar) era Paul von Hindenburg.

Em Portugal a chefia do Estado estava entregue ao general Carmona e Presidente do Conselho (designação do cargo de primeiro-ministro durante o Estado Novo) era Salazar. Personalidades da estirpe do Führer.

No Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda decorria o reinado de Jorge V (63º monarca britânico), da Casa de Windsor (em bom rigor da Casa de Saxe-Coburgo-Gota, mudança que se deve, não a quebra dinástica, mas ao sentimento antigermânico que se vivia desde a Primeira Guerra Mundial). Jorge V era avô da actual rainha. Primeiro-ministro era, na altura, Ramsay MacDonald (no seu terceiro mandato).

Presidente de França (último da 3ª República) era Albert Lebrun, e primeiro-ministro era Édouard Daladier.

Governava no seu único mandato Herbert Hoover, o 31º presidente dos Estados Unidos da América.

Niceto Alcalá-Zamora y Torres era o primeiro presidente da Segunda República Espanhola, e presidente do Governo era Alejandro Lerroux García.

Vítor Emanuel III era o terceiro rei da Itália unificada e independente e decorria o governo fascista de Benito Mussolini, outro ditador da igualha de Hitler.

No Vaticano reinava o papa Pio XI (259º). Foi durante a sua vida (era ainda o bispo ou cardeal Aquiles Ratti) quando se deu a queda dos impérios centrais, no fim da Primeira Grande Guerra; quando estalou a revolução bolchevique; quando ressurgiu o Estado livre da Polónia.
De entre os assuntos sobre que mais debruçou a sua atenção como papa conta-se a regulação da questão romana com o governo fascista italiano, por meio do tratado de 1929, que concedeu a soberania temporal ao papa na "cidade do Vaticano".

O ano de 1933 foi ainda o ano em que
- A Empresa Nacional de Publicidade lança uma edição de 125 mil exemplares do livro Salazar, o Homem e a Obra (24FEV).
- É plebiscitado o texto constitucional (MAR).
- É promulgada e entra em vigor a nova Constituição. E com ela inicia-se o regime do Estado Novo, que vigoraria até 25ABR1974 (09ABR)
- Na mesma data é legalizada a censura.
- Nasce o arquitecto Álvaro Siza Vieira (25JUN).
- O governo (de Salazar) extingue a Polícia Internacional Portuguesa e a Polícia de Defesa Política e Social e cria a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado/PVDE (polícia política e instrumento de repressão do Estado Novo, antepassada da PIDE e da PIDE-DGS) (29AGO).
- É promulgado o estatuto do trabalho nacional. E o governo decide suspender o jornal Revolução, órgão do Movimento Nacional-Sindicalista (23SET).
- É criado, por iniciativa e sob a directa supervisão de Salazar, o Secretariado da Propaganda Nacional/SPN, antepassado do Secretariado Nacional de informação, ambos à boa maneira nazi, cuja direcção foi entregue a António Ferro (25SET).
- Morre o pintor José Malhoa (26OUT).
- O governo cria o Tribunal Militar Especial para o julgamento dos “crimes contra a segurança do Estado” (06NOV). Também este à boa maneira nazi, onde o Supremo Tribunal foi substituído pelo dito Tribunal do Povo.


Foi quase um mês depois da nomeação de Hitler para o cargo de Chanceler da Alemanha que o Reichstag foi incendiado. Hoje já não restam dúvidas de que, por detrás dos autores materiais do acontecimento, estavam Hitler e Göring.

Reichstag é o nome do edifício, em Berlim, onde o parlamento da Alemanha (Bundestag) se reúne.

O Reichstag (termo alemão que significa "Dieta Imperial" e equivale a Assembleia Imperial) foi «uma instituição política do Sacro Império Romano-Germânico, bem como o parlamento da Confederação da Alemanha do Norte e, posteriormente, da Alemanha até 1945». Actualmente, uma das câmaras do parlamento alemão chama-se Bundestag - parlamento (a outra chama-se Bundesrat – Conselho Federal), mas o palácio onde se reúnem ainda é conhecido como Reichstag - ver Wikipédia: Reichstag (edifício).

Foi em 1884 que o kaiser Guilherme I assentou a primeira pedra e, dez anos depois, em 1894, concluía-se a construção. A cúpula viria a ser constituída por dois elementos: aço e vidro, numa técnica avançada para a época.      
Foi lá, na respectiva varanda, que a República foi proclamada, no dia 09.11.1918, já a Primeira Guerra Mundial tinha acabado e o Kaiser tinha renunciado. Assim, entre 1919 e 1933, o Reichstag foi a sede do parlamento da República de Weimar.

O incêndio começou cerca das 21:15 dessa já distante SG dia 27.02.1933. Tudo indica que o fogo tenha tido mais que um foco inicial. Alertados, quando polícia e bombeiros lá chegaram, consta que terão aí encontrado o holandês Marinus van der Lubbe, “um conhecido agitador comunista” (na expressão conveniente dos acusadores), pedreiro desempregado, de 24 anos, em tronco nu.
Imediatamente depois chegam – como se nada tivessem a ver com o que presenciavam – Adolfo Hitler e Hermann Göring.
Não foi difícil inventar um bode expiatório e pintar um quadro condizente com os objectivos pretendidos: a presença de Lubbe foi o suficiente para Göring ditar a sentença: o fogo foi ateado pelos comunistas. Daí até Hitler concretizar os seus objectivos, foi um passo: seguiram-se, de imediato, a prisão dos dirigentes do Partido Comunista; a declaração, pelo próprio Hitler, do estado de emergência; a assinatura pelo Presidente Paul Von Hindenburg, instado por Hitler, do decreto de suspensão dos direitos fundamentais garantidos pela constituição de Weimar, de 1919, designadamente da liberdade de imprensa e de expressão.

Com isto, as SA e as SS iniciaram a perseguição dos comunistas e não só. Milhares de comunistas, Sociais-democratas e liberais foram presos e torturados. Além de elementos de certas minorias.

As SA (abreviatura de Sturmabteilung) expressão que equivalia à de "Tropas de Assalto", foram uma milícia paramilitar nazi ao serviço do Nacional Socialismo. O seu líder era o capitão Ernst Röhm. Os membros das SA também eram conhecidos como "camisas pardas", pela cor de seu uniforme. No momento em que deixaram de ter interesse para o partido do governo, constituindo, antes, algo não só fora de seu controle, mas abertamente contra determinadas ideias de Hitler, foram eliminadas. Também as intrigas nascidas da conduta homossexual de Röhm acabaram por levar à sua destituição, no episódio conhecido como Noite das Facas Longas. A partir daí, as SS ocuparam o espaço de polícia política outrora destinado às SA. (Wikipédia)

A Noite das Facas Longas foi uma limpeza levada a cabo na Alemanha Nazi na noite do dia 30 de Junho para 1 de Julho de 1934, quando a direcção do Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores (o Partido Nazi) decidiu executar dezenas de seus membros políticos, sendo a maioria das SA. (id)

As coisas não podiam correr melhor ao ditador e aos seus homens de mão. Personagem e enredo foram fáceis de inventar para a história que lhes interessava, quando os factos apontavam para outra explicação: o incêndio foi obra dos nazis para estes poderem acusar os comunistas de conspiração contra o governo alemão. Da invenção à acção, foi um passo: Van der Lubbe e quatro líderes comunistas foram presos.
Adolfo Hitler que fora empossado semanas antes, em 30 de Janeiro, estava em vias de conseguir os seus objectivos com êxito: incriminar os comunistas (como urgia e convinha) suspender direitos, liberdades e garantias e a própria Constituição, esse empecilho. Para isso persuade o Presidente Hindenburg a decretar o estado de emergência, pois impunha-se contrariar o “impiedoso confronto do Partido Comunista da Alemanha”. Os dados estavam lançados e a encenação não podia estar mais perfeita.
Aberto inquérito ao incêndio – à boa maneira já conhecida dos governos musculados – mais três homens são presos, e só por mero acaso (!) também comunistas: os búlgaros Georgi Dimitrov, Vasil Tanev e Blagoi Popov.

Os eventos corriam tanto mais de feição quanto era certo estarmos, então, a menos de uma semana das legislativas, que viriam a ocorrer no DM seguinte, 05 de Março.
Pensava-se, até então, que estas eleições fossem as últimas livres na Alemanha dessa época.
Que não foram, como havemos de ver.

Segundo a polícia, Lubbe confessou ter ateado o fogo. Condenado à morte em 23 de Dezembro, foi decapitado em 10 de Janeiro de 1934 – já a República de Weimar tinha caído. Os restantes acusados foram absolvidos, tendo Hitler decidido que os futuros casos de traição deixariam de ser julgados pelo Supremo Tribunal passando a ser julgados por um Tribunal do Povo cujos membros pertenceriam ao Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP).

Consta que Marinus foi torturado pela Gestapo de forma a confessar que tinha posto fogo no parlamento. No entanto, ele negou tal facto que, segundo as autoridades alemãs, como sabemos, correspondia a uma conspiração da facção comunista na Alemanha. Uma vez que Hermann Goering não acreditou mandou prender uma série de líderes do Partido Comunista Alemão (KPD), como também já vimos.

A caça às bruxas, tão do agrado do futuro Führer (o "condutor", "guia", "líder" ou "chefe"), como de outros ditadores, resultara na perfeição. Donde que, além de os líderes comunistas serem presos, os deputados do mesmo partido foram impedidos de ocuparem os seus lugares no parlamento.

Conta-se que «depois de Hitler ter visitado o parlamento e ter visto a destruição causada pelo incêndio, houve uma reunião em que este deu ordens muito claras: O povo alemão tem sido pacífico já há tempo demais. Todos os [militantes e simpatizantes] comunistas têm de ser mortos. Todos os deputados comunistas têm de ser detidos ainda esta noite. Todos os amigos dos comunistas têm de ser presos. E isto também se aplica aos Sociais-democratas e ao Reichsbanner!» - transcrito dum site da Net sobre a Segunda Grande Guerra

Reichsbanner: uma força paramilitar instituída durante a República de Weimar em 1924. Começou por ser uma organização multipartidária, mas tornou-se num ramo do SPD/Partido Social Democrata da Alemanha (Wikipédia)

Desta forma foi fácil ao partido nazi obter 44% dos votos, na votação desse Domingo 05 de Março, os quais, com o apoio do Partido Popular Nacional Alemão, puderam contar com uma maioria de 52% no Bundestag. Para governar normalmente, era uma maioria confortável. Isso se Hitler tivesse no seu horizonte um governo normal. O que nem por sombras.

Para os seus objectivos, essa maioria não era suficiente para a aprovação da Lei de Plenos Poderes a conceder ao chanceler (Hitler), que o mesmo é dizer poderes ditatoriais.
Para esta era necessária uma maioria qualificada de dois terços.

Claro que para os nazis isso era uma questão de somenos, facilmente ultrapassável: recorreram ao suborno e ameaças aos demais partidos, conseguindo ver aprovada a Lei que conferia a Hitler o poder de governar por decreto e de suspender direitos e liberdades fundamentais.

O partido nazi - Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP) - foi um partido político levado ao poder na Alemanha por Adolf Hitler em 1933. O NSDAP foi o partido único (como um governo ditatorial requer) na Alemanha Nazi, desde a queda da República de Weimar em 1933 até o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, quando foi declarado ilegal e seus líderes presos e julgados por crimes contra a humanidade nos Julgamentos de Nuremberg. (Wikipédia)

O Partido Popular Nacional Alemão era um partido de extrema-direita
que existiu durante a República de Weimar (de 19 a 33). (id)

O incêndio do Reichstag foi generalizadamente visto como um evento crucial para a fundação da Alemanha Nazi. Claro que conforme aludiu Hersch Fischler, o autor dum artigo intitulado «O estopim da escalada nazi» no site História Viva, o incêndio do Reichstag foi uma artimanha de Hitler para tomar o poder.

Recordo que quando o quartel de Bombeiros de Berlim foi alertado para o facto de Parlamento estar em chamas, quando os “soldados da paz” ali chegaram o incêndio, que começara na sala de sessões, já rapidamente se alastrara, e à sua chegada e da polícia uma explosão destruiu a Câmara dos Deputados.

Historiadores, porém, divergem quanto a saber se Van der Lubbe agiu, se o fez sozinho ou se os nazis estavam envolvidos.
A verdade é que a responsabilidade pelo incêndio do Reichstag permanece um tema de debate em curso e de investigação.

«Durante muitos anos, fora da Alemanha considerou-se que o incêndio que destruiu parte do Reichstag teria sido provocado pelos próprios nazis como uma manobra de propaganda que os ajudasse a derrotar os comunistas e os outros partidos de esquerda. No entanto, provas descobertas mais tarde provaram que foi o holandês Marinus van der Lubbe que havia provocado o incêndio sozinho, tendo Hitler usado tal facto como pretexto para lançar uma campanha contra os comunistas.» - Id site acima referido acerca da Segunda Grande Guerra

E realmente, como já foi dito, no dia seguinte ao do incêndio, sob o pretexto de uma ameaça de complô de esquerda, Hitler insistia junto do presidente Hindenburg que assinasse um decreto que abolisse todas as liberdades fundamentais da República. Nos dias que se seguiram, milhares de adversários dos nazis encheram as prisões. A imprensa socialista e comunista foi proibida. A Gestapo e a milícia paramilitar das SS tinham plenos poderes. «O incêndio do Reichstag, de alguma forma, foi o acto fundador do III Reich, e escancarou as portas do poder para Hitler»

No fim da Primeira Guerra Mundial, «instaurou-se na Alemanha a República de Weimar, tendo como sistema de governo o modelo parlamentarista democrático. O presidente da república nomeava um chanceler, que seria responsável pelo poder Executivo. Quanto ao poder Legislativo, era constituído por um parlamento [Bundestag]. O governo republicano alemão enfrentava uma série de dificuldades para superar os problemas sociais e económicos gerados pela guerra. O Tratado de Versalhes impunha à Alemanha uma série de obrigações extremamente duras. Mesmo retomando o desenvolvimento industrial, o país sofria com o elevado índice de desemprego e altíssimas taxas inflacionárias. Entusiasmados com o exemplo da Revolução Russa, importantes sectores do operariado alemão protestavam contra a exploração capitalista. Em Janeiro de 1919, importantes líderes comunistas, como Rosa Luxemburg e Karl Liebknecht promoveram a insurreição do proletariado alemão contra o regime capitalista. Rosa Luxemburg e Karl Liebknecht foram assassinados por um grupo de oficiais de direita. A burguesia alemã temia a expansão do movimento socialista e passou a [dar] apoio a um pequeno partido liderado por Adolf Hitler.» - Fonte: site Netopédia/Tripod

Nascido na Áustria, Hitler (1889-1945), em 1913, emigrou para Munique. No ano seguinte alistou-se como voluntário no Exército alemão.

Terminada a guerra, e derrotada a Alemanha, Hitler voltou para Munique, e em Setembro de 1919, filiou-se ao Partido dos Trabalhadores Alemães, acabado de ser fundado.

Em 1920, esse partido passou a designar-se por Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, o partido NAZI – correspondendo esta sigla às iniciais do nome do partido em alemão.
Não tardou que Hitler se tornasse o supremo líder do partido. Em 1923, Hitler tentou organizar uma rebelião contra o governo, mas foi imediatamente reprimido pelas respectivas forças e condenado à pena de prisão.
Durante os oito meses em que esteve preso, Hitler escreveu parte do livro Mein Kampf. O livro foi um campeão de vendas, que, em 1940, atingia a respeitável cifra de seis milhões de exemplares. Cumprida a pena e libertado, Hitler dedicou-se à estruturação e implantação do Partido Nazi.
A difusão do partido ficou a dever-se ao talento oratório de Hitler, ao poder das publicações do partido e ao uso de meios espectaculares influenciadores da opinião pública.

Von Hindenburg foi eleito presidente da República de Weimar em 1925, mas não conseguiu superar as dificuldades que encontrou. A grave crise do capitalismo de 1929 arruinou ainda mais a situação alemã, corroborando a vitória nazi no parlamento alemão. “A alta burguesia pressionou o presidente a convidar Hitler para o cargo de chanceler.” O partido de Hitler prometia uma solução para a crise do sistema capitalista.
Hitler assumiu o cargo de chanceler em 30 de Janeiro de 1933. Era altura de ir mais longe. E então os nazis lançam mão dos métodos da mais brutal e despótica violência.
Foi nesta altura que grupos nazis “incendiaram secretamente a sede do parlamento alemão” (faz hoje 79 anos), tirando desse evento todo o partido de que já se falou mais acima. Como foi então que ocorreram as aludidas eleições do DM 05.03.1933. A partir da vitória (alcançada já sabemos com que métodos) dessas eleições, Hitler conseguiu que o presidente Hindenburg decretasse a dissolução do parlamento alemão. Então, o poder Legislativo passou a ser exercido pelo Executivo.
O uso da violência contra os inimigos do nazismo «ficava a cargo principalmente da Gestapo (polícia secreta do Estado), dirigida pelo sanguinário Heinrich Himmler.» A propaganda de massas era «conduzida por Joseph Goebbels, que exercia severo controlo sobre as instituições educacionais e sobre os meios de comunicação. Os professores e profissionais de comunicação somente estavam autorizados a dizer aquilo que os nazistas queriam ouvir. Goebbels tinha o seguinte princípio: Uma mentira dita cem vezes torna-se verdade.» (Agora perceberão, alguns, qual a génese da táctica de certos políticos dos nossos dias). É também então, em Dezembro de 1933, que o Partido Nazi se transforma no partido único do Estado alemão. E «nove meses depois, com a morte do presidente Hindenburg (Agosto de 1934), Hitler assumiu a presidência do país. Exercendo total controlo sobre a sociedade alemã, o governo de Hitler dedicou-se à reabilitação económica do país. Mereceu atenção especial a indústria de armamentos de guerra. Desrespeitando as proibições do Tratado de Versalhes.» - Vários passos do citado site Netopedia/Tripod

Voltando ao assunto da efeméride hoje lembrada:
«Nos anos 50, a tese da culpa dos nazis e da inocência do jovem holandês voltou a tomar consistência. Mas prova alguma permitia sustentá-la. O historiador Richard Wolff, oficialmente encarregado de esclarecer o caso, não se pôde  pronunciar de forma definitiva: segundo ele, os documentos referentes ao processo tinham sido perdidos. Mas, no Outono de 1959, houve um facto novo. A revista Der Spiegel, de Hamburgo, publicou uma série de artigos assinados pelo historiador Fritz Tobias, reforçando a tese de que Van der Lubbe era o único incendiário do Reichstag. Inocentava os nazis e, extensivamente, os comunistas. No segundo artigo, o dr. Zirpins, que havia interrogado o réu em 1933 e fora promovido à directoria da polícia judiciária de Hanôver em 1951, confirmava essas informações. Rudolf Augstein, director da Spiegel, por sua vez, concluía que pouco importava saber quem fora o autor do incêndio. O "cínico golpe de mestre" dos nazis foi, segundo ele, ter sabido explorar o caso o tempo todo.      
Essa tese prevaleceu por muito tempo, embora fosse negada por um grupo de historiadores liderados pelo suíço Walther Hofer e pelo servo-croata Edouard Calic, que publicaram, nos anos 70, documentos vindos de Berlim Oriental questionando a culpa exclusiva de Van der Lubbe. Fritz Tobias, que em 1962 escrevera um livro a partir de seus artigos, acusou-os de utilizar fontes falsificadas, e eles não ousaram inquiri-lo judicialmente. Além disso, Tobias recebeu o aval do historiador Hans Mommsen, em 1964.» - Cit História Viva e cit autor

Na verdade, ninguém podia restabelecer os factos, porque os processos da polícia do Reich e do Supremo Tribunal de Leipzig tinham sido desviados pelos soviéticos em 1945 e levados para Moscovo. Supunha-se que os processos tivessem sido devolvidos à Alemanha Oriental somente nos anos 50. A verdade é que, segundo se apurou depois, os soviéticos restituíram esses processos, somente em 1982, aos arquivos do Partido Comunista da Alemanha Oriental, onde permaneceram inacessíveis. Alcançada a reunificação da Alemanha, eles foram remetidos ao departamento dos arquivos federais de Potsdam, que os declarou autênticos e os colocou à disposição dos historiadores no início de 1993. «Deles se conclui que Marinus van der Lubbe não podia ter sido o incendiário do Reichstag e que o roteiro desse drama foi escrito da primeira à última linha pelos nazis. Hofer e Calic já haviam provado que Van der Lubbe não podia ter incendiado sozinho aquele imenso edifício». Segundo eles, «Van der Lubbe teria sido drogado e conduzido, contra sua vontade, ao Reichstag». Por outro lado, as reconstituições provaram que o pretenso culpado não conhecia o prédio nem o local onde se iniciou o incêndio. Foi tudo inventado e manipulado pela feérica e diabólica imaginação dos nazis – concluía o cit autor no cit artigo.

Também de sublinhar é o seguinte facto: «na tarde de 27 de Fevereiro, portanto antes do incêndio, o conselheiro Rudolf Diels, a quem Goering confiara a directoria da polícia, havia implantado um dispositivo que permitia a prisão de líderes políticos socialistas e comunistas alemães. Essas detenções foram apresentadas por Tobias e Zirpins na Spiegel como uma reacção ao "atentado". Na realidade, tudo prova que eles estavam preparados havia tempo.» - Id, Id

Além do mais, os pareceres da polícia confirmavam que o bando de incendiários era composto por nazis e seus aliados. «Von Papen, o líder dessa acção, teria desempenhado um papel muito mais activo do que se pensava na própria ascensão de Hitler.» - Id, Id

Em suma, «um despacho da Agência France Presse, de 15 de Abril de 1999, informa que aquele incêndio criminoso foi "perpetrado em circunstâncias jamais esclarecidas". No entanto, o enigma já estava resolvido. A revelação histórica, que coube ao historiador de Düsseldorf Hersch Fischler, não recebeu até aquele momento a relevância que merece. O processo do jovem anarquista holandês perante o Tribunal de Leipzig foi orquestrado nos bastidores por Hermann Goering, responsável pela polícia política. Goering organizou o incêndio, executado por um bando de nazis, a fim de criar um pretexto para abolir as liberdades públicas e instaurar a ditadura.» - mesmo artº de História Viva e mesmo autor

Após 1933 e durante os doze anos do Terceiro Reich (33-45) o parlamento reunia-se no edifício Krolloper, uma antiga ópera, e não no Reichstag, por três razões: porque este ficou muito arrasado pelo fogo, porque foi usado para fins de propaganda e, durante a Segunda Guerra Mundial, esteve ao serviço de intuitos militares.
O edifício foi danificado também por ataques aéreos durante a Segunda Grande Guerra. E durante a Batalha de Berlim, em 1945, foi um dos alvos principais do Exército Vermelho, pelo seu valor simbólico.  

Na sequência da II Guerra Mundial, da partilha de Berlim e da divisão da Alemanha, ou seja, durante o período da Guerra Fria, o Reichstag ficou na zona Ocidental da capital, mas a curta distância da fronteira com a zona Oriental, onde seria erguido o célebre Muro de Berlim, em 1961, o qual viria a ser demolido 28 anos depois, em 1989.

Durante o “Bloqueio de Berlim”, uma multidão de berlinenses ocidentais reuniu-se defronte do Reichstag em 9 de Setembro de 1948, ocasião em que o presidente da Câmara de Berlim, Ernst Reuter, proferiu um discurso que viria a tornar-se famoso e que concluía com a frase Ihr Völker der Welt, schaut auf diese Stadt! ("Vós povos do mundo, olhai para esta cidade!").

O “Bloqueio de Berlim” foi decretado por Estaline, entre 24 de Junho de 1948 e 11 de Maio de 1949, e consistiu no corte de todos os acessos terrestres à zona ocidental da cidade e paralisando também toda a indústria, numa tentativa para impedir os restantes aliados (EUA, França e Reino Unido) de unificarem a parte ocidental da Alemanha. As tropas britânicas e americanas reagiram, montando uma extraordinária operação aérea de abastecimento da cidade durante os 321 dias de cerco. Em Maio de 1949 o Bloqueio foi levantado, mas a ponte aérea continuou até Setembro.
O “Bloqueio de Berlim” foi, pois, uma das maiores crises da Guerra Fria.

Após a Segunda Guerra, o Reichstag, em ruínas, deixou de ser usado, já que a capital da Alemanha Ocidental se mudou para Bona em 1949.
Em 1956 foi decidido que o edifício do parlamento não deveria ser demolido, mas sim restaurado. Mas então a restauração foi parcial.
Até 1990, o edifício foi usado apenas para encontros ocasionais e para uma exposição permanente sobre a história alemã.
E, exactamente nesse ano de 1990, a cerimónia oficial da Reunificação Alemã realizou-se aí, em 3 de Outubro, data em que o território da antiga República Democrática Alemã (RDA ou Alemanha Oriental) foi incorporado na República Federal da Alemanha (RFA ou Alemanha Ocidental). No dia seguinte, o novo parlamento alemão (Bundestag) reuniu-se simbolicamente no edifício.
Após a Reunificação e com o regresso do governo alemão de Bona para Berlim, o Reichstag foi reinaugurado em 19 de Abril de 1999 como sede do Parlamento.
Nos seus mais de cem anos de história, o Reichstag foi a sede de governo em duas grandes guerras.
Foi em 1992 que foi decido que o Reichstag deveria ser reconstruído e escolheu-se então o projecto de Norman Foster, um renomado arquitecto inglês, conhecido mundialmente pelo seu estilo ousado. Em 1995, o casal de artistas Christo e Jeanne-Claude

(que tiveram a particularidade de terem nascido no mesmo dia – 13.06.1935 -, ela em Marrocos, ele na Bulgária, que se conheceram em Paris em 1958, unindo desde então as suas vidas – tendo ela já falecido em 2009 - e formando parceria em obras de arte pública designadamente em instalações de arte ambiental, como foi o caso da cobertura da totalidade do Reichstag, que pode acompanhar aqui em quickmotion)

atraiu milhões de visitantes com esta sua participação. A reconstrução foi um sucesso, especialmente pela reconstrução da cúpula com referência à cúpula original de 1894, em aço e vidro – que já tinha sido objecto de uma intervenção de reconstrução do arquitecto Paul Baumgarten entre 1961 e 1964. A cúpula é uma das melhores atracções para os turistas, pois está aberta a visitas e dela se tem uma vista impressionante da cidade e do plenário do parlamento.







(Nas transcrições de textos brasileiros fiz a respectiva conversão para português europeu, sem respeitar o último AO)





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