terça-feira, janeiro 10, 2012

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA


Como sempre, recordo:

Este é o espaço em que,
habitualmente,
faço algumas incursões pelo mundo da História.
Recordo factos, revejo acontecimentos,
visito ou revisito lugares,
encontro ou reencontro personalidades e lembro datas.
Datas que são de boa recordação, umas;
outras, de má memória.
Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.
Aqui,
as datas são o pretexto para este mergulho no passado.
Que, por vezes,
ajudam a melhor entender o presente
e a prevenir o futuro.

.
DECORRE O 12º ANO DO 3º MILÉNIO
ESTAMOS NA TERÇA-FEIRA DIA 10 DE JANEIRO DE 2012 (MMXII) DO CALENDÁRIO GREGORIANO

Que corresponde ao
Ano de 2765 Ab Urbe Condita (da fundação de Roma)
Ano 4708-4709 do calendário chinês
Ano 5772-5773 do calendário hebraico
Ano 1433-1434 da Hégira (calendário islâmico)
Ano 1461 do calendário arménio
Ano 1390-1391 do calendário Persa
e relativamente aos calendários hindus:
- Ano 2067-2068 do calendário Vikram Samvat
- Ano 1934-1935 do calendário Shaka Samvat
- Ano 5113-5114 do calendário Kali Yuga

Mais:
DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:
De 2003 a 2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
de 2005 a 2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
de 2005 a 2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

Por outro lado
2012 é o
ANO EUROPEU DO ENVELHECIMENTO ACTIVO E DA SOLIDARIEDADE ENTRE GERAÇÕES
ANO INTERNACIONAL DA ENERGIA SUSTENTÁVEL PARA TODOS
ANO INTERNACIONAL DA AGRICULTURA FAMILIAR
ANO INTERNACIONAL DAS COOPERATIVAS

“Todos os maus precedentes começam como medidas justificáveis”.
Júlio César, general e estadista romano

Foi há 2061 anos (em 49 a.C.): Júlio César atravessa o Rubicão, iniciando a guerra civil que opôs as suas forças às de Pompeu.

Rubicão: nome arcaico do pequeno rio que desagua no Adriático e que parece ser o actual Fiumicino, que corre a norte da Península Itálica.
Durante a vigência da república romana, servia este rio de fronteira entre a Itália e a Gália Cisalpina (no norte de Itália).
Em 49 a.C., César e as suas legiões (a divisão fundamental do exército romano e que variavam entre 1.000 e os 8.000 homens) atravessaram-no e declararam guerra à república,
efeméride que ficou assinalada com a frase proferida ao ultrapassar esse obstáculo em direcção a Roma: alea jacta est (os dados estão lançados). Assim, a frase «atravessar o Rubicão» e aquela então proferida por Júlio César passaram a ser sinónimo da irreversibilidade de um acto.

Caio Júlio César (13 de Julho, 100 a.C. – 15 de Março, 44 a.C.) nasceu numa família de patrícios (os patrícios constituíam a aristocracia na Roma clássica, a sua nobreza) e foi um líder militar e político romano.
Os Júlios (Julii), embora aristocratas, não eram ricos: nem o seu pai nem o seu avô atingiram cargos de relevo na república.
O César do seu nome passou a designar o título máximo de qualquer detentor do poder, em Roma e não só (como, nos nossos dias, Kaiser, em alemão, ou Czar em russo).
Júlio César escolheu a carreira militar para atingir as suas ambições políticas na República de Roma. Depois da derrota dos optimates (facção conservadora de senadores romanos, muito influente nos inícios da República Romana), tornou-se ditador (no conceito romano do termo, como se verá mais adiante) vitalício e iniciou uma série de reformas administrativas e económicas em Roma.

A facção populista do senado era constituída pelos populares,
por oposição aos optimates, conservadores.

Depois da morte de Sila (Lúcio Cornélio Sula, ou Sila) em 78 a.C., da guerra interna que este desencadeou e da ditadura (na referida acepção romana do termo) que liderou, César foi, mesmo, advogado, tornando-se muito conhecido no fórum romano pela sua brilhante oratória. Suas principais vítimas foram os políticos corruptos.

No plano militar destacou-se nas campanhas da Europa Central e Ocidental, conseguindo, entre 58 e 50 a.C., a submissão total da Gália (hoje França; as legiões de César, nas campanhas da Gália não tinham mais de 3 000 homens), com a capitulação do líder gaulês Vercingetórix e estendendo o domínio romano, com a invasão da Bretanha em 55/54 a.C., até ao Oceano Atlântico.
Iniciou a carreira política como questor (ou procurador), em 69 a.C.
Questor era o primeiro passo na hierarquia política da Roma Antiga (hierarquia que se designava cursus honorum). O cargo implicava funções administrativas e era geralmente ocupado por membros da classe senatorial com menos de 32 anos. O mandato como questor dava acesso directo ao senado romano. Por serem os cobradores de impostos do Império, os questores eram malvistos pela população.

Foi nesta qualidade que esteve na Península Ibérica (província romana da Hispânia Ulterior, situada mais ou menos nos actuais territórios de Portugal e sul de Espanha). Regressado a Roma, dessa comissão, entrega-se de novo à advocacia até que em 65 a.C. é eleito edil (o equivalente, nos nossos dias à função de presidente de câmara municipal), primeira função, na carreira (cursus honorum) a deter imperium (poder; autoridade).

Júlio César voltaria de novo à Península, designadamente ao território actualmente português, depois de em 62 a.C. ter sido eleito pretor, cargo que exerceu com dificuldades e problemas de vária ordem, durante um ano, e regressando, então, como governador da Ibéria.

“Lá nos confins da Ibéria, existe um povo que não governa nem se deixa governar”,
já dizia Júlio César, acerca de nós, segundo a velha lenda.
Como se constata já vem de longe a nossa fama de desgoverno.

O êxito que obteve como edil muito o ajudou a ser eleito como pontifex maximus (título meramente honorífico, mas a mais alta dignidade na religião romana) em 63 a.C.

A sua estreia como pontifex maximus ("sumo pontífice") foi marcada por um escândalo que envolvia a sua própria mulher, pondo em causa a sua honestidade, mas do qual não terá sido culpada. No entanto César cominou-a com a pena de divórcio. César admitiu publicamente que não a considerava responsável, mas argumentou com a célebre máxima que, a propósito, lhe é atribuída: À mulher de César não basta ser honesta, deve parecer sê-lo.

Em 63 a.C., César foi eleito pretor quando o filósofo, orador, escritor, advogado e político romano Marco Túlio Cícero se tornou cônsul sénior. Durante o seu consulado, Cícero revelou uma trama para destronar os magistrados eleitos, conspiração liderada por Catilina, um aristocrata fracassado politicamente. O resultado foi a execução sem julgamento de cinco proeminentes romanos aliados de Catilina. Isto era uma afronta para a sociedade romana, que raramente executava os seus cidadãos e quando o fazia era apenas depois de complicados procedimentos judiciais. César opôs-se a esta medida com todo o poder da sua oratória - catilinária -, no entanto teve de render-se, vencido por Catão, político romano célebre pela sua inflexível integridade moral, e os cinco acusados acabaram executados no próprio dia.


Catilinária: hoje acusação violenta e eloquente;
originariamente, idem, mas sobre o patrício romano Catilina

[cfr dicionários]


Eleito cônsul em 59 a.C., constituiu conjuntamente com Pompeu e Crasso, o primeiro triunvirato que se prolongaria até 56 a.C.

Depois foi nomeado governador da Gália (actual França) e da Ilíria (actuais Sérvia, Montenegro, norte da Albânia, Bósnia e Herzegovina e Croácia) por cinco anos. Foi então que desencadeou as Guerras Gálicas, entre 58 a.C. e 52 a.C. (campanhas que permitiram estabelecer o domínio romano sobre a Europa a oeste do rio Reno - Gália Transalpina), quando alargou o território da Gália, com a derrota do líder gaulês Vercingetórix, conquistou partes da Germânia e fez uma investida às Ilhas Britânicas.
Os autores, na verdade, reconhecem que Júlio César adoptou uma eficaz estratégia de colonização. Além disso que ele revelou o seu génio militar alargando as fronteiras do Império Romano até ao Reno e à Grã-Bretanha.

Mais tarde, aquando dos confrontos perto de Farsália, na Tessália (Grécia actual, confrontando com a Macedónia) nos anos de 49 e 48 a.C., desferiu uma violenta derrota a Pompeu: foi quando atravessou o rio Rubicão, no norte da península Itálica, a 10 de Janeiro de 49 a.C., dizendo, segundo a lenda, "alea jacta est" ("a sorte está lançada") e avançando, decisivamente, para a vitória.
“A travessia do Rubicão, limite mais próximo de Roma ao qual poderia chegar um general com suas legiões, foi o primeiro acto da guerra civil que haveria de pôr fim ao normal funcionamento das instituições políticas da República.”

Dois anos volvidos, em 46 a.C., quando Roma atravessava uma fase crítica, regressa do Egipto como ditador.
Em 61 a.C., quando era governador de Espanha, pacificou a Lusitânia Central e a região entre Douro e Minho, e procedeu à conquista quase definitiva da Galiza.
Em 49, quando terminava a sua função de governador da Gália, morria Crasso, restando, como seu rival, Pompeu (seu genro, por ter casado com sua filha Júlia). É então que, “rasgando” o compromisso por ambos assumido na Conferência de Luca de viverem pacificamente, os dois exércitos se enfrentam, depois do de César, vindo da Gália a caminho da Itália, atravessar esse pequeno rio, o Rubicão, repito, tornando-se irreversível o seu avanço sobre as tropas de Pompeu, o que o leva a exclamar “alea jacta est” (a sorte está decidida). Desta derrota de Pompeu resultou a sua fuga, primeiro para a Grécia, onde foi derrotado na batalha de Farsália, depois para o Egipto, onde foi assassinado por Ptolomeu. César, já no Egipto, destitui Ptolomeu e substitui-o no trono por sua irmã, que ele destronara, Cleópatra, rainha do Egipto, de quem teve o seu único filho, Cesarião, futuro Ptolomeu XV do Egipto.

Cleópatra ficou famosa na História, por se ter tornado amante de Júlio César e, mais tarde, mulher de Marco António, juntamente com o qual se suicidou.

No ano de 47 a.C., no decurso de uma campanha relâmpago, César depôs o rei da Ásia Menor, Farnácio, filho de Mitrídates, governante desde 63 e venceu-o numa batalha no Bósforo. É esta vitória que César resume na seguinte célebre frase «cheguei, vi e venci» — Veni, vidi, vici.
Em 46 assumiu o cargo de ditador por dez anos e, em 45, venceu, em Munda, na Hispânia, os partidários de Pompeu, o Grande.

No conceito romano do termo, ditador (do latim dictator) era um cargo político da República Romana, criado em 501 a.C., preenchido apenas em condições excepcionais, sendo portanto uma magistratura extraordinária, isto é, fora do cursus honorum (percurso sequencial das magistraturas exercidas pelos políticos da Antiga Roma). O conceito de ditador estava integrado no âmbito da estrutura democrática romana e não tem qualquer relação com os requisitos de um ditador moderno, que normalmente lidera um regime autoritário, ainda que esta noção tenha sido inspirada na realidade romana.
O ditador era nomeado pelos cônsules, autorizados para tal pelo senado romano em circunstâncias de crise militar e/ou económica. O cargo era o único posto da hierarquia política da República que não obedecia aos princípios de colegialidade e responsabilidade, isto é, o ditador não tinha nenhum par e não era responsável perante a lei romana por nenhum dos seus actos.

Pretendendo fundar um império à maneira de Alexandre, teve de lutar com a facção conservadora do senado romano cujo líder fora Pompeu (também general e político romano, conhecido como Pompeu, o Grande)

O Senado romano (Senatus) é a mais remota assembleia política da Roma Antiga,
com origem nos Conselhos de Anciãos, da antiguidade oriental (após o ano 4000 a.C.).
Sob a república, constituía a magistratura suprema,
que foi mantida sob o império, mas com poderes bem diminuídos.

Tornado ditador vitalício, e eleito para o quinto consulado, em 44 a.C., iniciou uma série de reformas administrativas e económicas em Roma.
Vitorioso, César, conseguido o título de ditador de Roma, teve então a ambicionada oportunidade de implementar diversas reformas importantes: concedeu a cidadania romana a certos povos colonizados; reorganizou as estruturas administrativas locais do império; reformulou o calendário, estabelecendo o ano de 365 dias e um ano bissexto de 4 em 4 anos (uma medida de que ainda hoje se sentem os efeitos); alterou a constituição do Senado de forma a retirar poder à velha aristocracia.
Ainda em matéria de calendário, foi em sua homenagem que ao sétimo mês do ano passou a designar-se Julho.

Realmente, terá sido o seu enraizado desprezo pelos privilégios tradicionais da aristocracia patrícia, bem expresso na sua forma autocrática de governar, que terá levado ao seu assassinato no Senado.
E é assim que, nos idos (15) de Março desse ano de 44 (a.C.), no Senado, junto à estátua de Pompeu, César, aos 56 anos, era apunhalado até à morte por conspiradores, liderados por Bruto e Cássio.

 Assassinato de César,
por Karl Theodor von Piloty, 1865,
Museu do Estado da Baixa Saxónia, Hanôver

Ao ser assassinado, nomeadamente pelo seu protegido e filho adoptivo, Bruto, é de mágoa pela ingratidão deste que ele profere a sua última frase (segundo Shakespeare): Tu quoque, filii mei, Brute! (Também tu, Bruto, meu filho!)

O seu assassinato interrompeu o seu trabalho, que fez dele a primeira figura política de Roma, e abriu caminho a uma instabilidade que viria a culminar no fim da República e início do Império Romano. Os feitos militares de César são conhecidos através do seu próprio punho e de relatos de autores como Suetónio (69-141), grande estudioso romano dos costumes de sua gente e de seu tempo e escreveu uma grande quantidade de obras eruditas, nas quais revisita os principais personagens da época, e Plutarco (46-123), filósofo e prosador grego do período greco-romano.

César usou sempre de grande clemência para com os adversários e nunca perdeu de vista na sua governação o interesse geral.
Graças às suas grandes reformas, Júlio César conquistou enorme apoio popular. Já os ricos (aristocratas e patrícios), esses, sentiram-se prejudicados em seus privilégios e começaram a conspirar. O centro dessa conspiração era o Senado, controlado por patrícios. E dessa conspiração resultou a sua morte, no próprio Senado






(Fonte: várias enciclopédias, com destaque para a Wikipédia, para a BU e para a Infopédia)





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