segunda-feira, setembro 19, 2011

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA


Como sempre, recordo:

Este é o espaço em que,
habitualmente,
faço algumas incursões pelo mundo da História.
Recordo factos, revejo acontecimentos,
visito ou revisito lugares,
encontro ou reencontro personalidades e lembro datas.
Datas que são de boa recordação, umas;
outras, de má memória.
Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.
Aqui,
as datas são o pretexto para este mergulho no passado.
Que, por vezes,
ajudam a melhor entender o presente
e a prevenir o futuro.

.
ESTAMOS NA SEGUNDA-FEIRA DIA 19 DE SETEMBRO DE 2011 (MMXI) DO CALENDÁRIO GREGORIANO

Que corresponde ao
Ano de 2764 Ab Urbe Condita (da fundação de Roma)
Ano 4707 a 4708 do calendário chinês
Ano 5771 a 5772 do calendário hebraico
Ano 1432 a 1433 do calendário islâmico

Mais:
DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:
De 2003 a 2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
de 2005 a 2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
de 2005 a 2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

Por outro lado
2011 é o
ANO EUROPEU DO VOLUNTARIADO
ANO INTERNACIONAL DA QUÍMICA
ANO INTERNACIONAL DAS FLORESTAS




O nosso destino está em primeiro lugar ligado à África e,
como africanos e homens,
temos direito a uma vida digna e livre.
Amílcar Cabral

bandeira do PAIGC


Foi na QA 19.09.1956, há 55 anos: é fundado o PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e de Cabo Verde) liderado por Amílcar Cabral a quem sucedeu, depois do seu assassinato em 1973, Aristides Pereira.

Em Portugal, cumpre o seu único mandato presidencial o menos “manobrável” (pelo ditador) general Craveiro Lopes. Por outro lado, prosseguia o longo consulado de Salazar (de 42 anos: 1926-1968) que ia nos 30 anos de poder e despotismo.
Em Espanha decorria o longo consulado do ditador general Francisco Franco que foi chefe de estado, e Regente do Reino de 1939 até sua morte, em 1975, cumulando com a chefia do governo de 1939 a 1973.
Em França decorria a Quarta República, com René Coty na chefia do Estado.
No Reino Unido já decorria, há 4 anos, o reinado de Isabel II, sendo primeiro-ministro Anthony Eden, do partido conservador.
Nos EUA governava Dwight D. Eisenhower, do partido republicano. Presidente da Itália era Giovanni Gronchi, do partido da Democracia Cristã e primeiro-ministro Antonio Segni.
O chanceler da Alemanha era Konrad Adenauer, do partido da democracia Cristã (CDU).
Pontífice romano era Pio XII (260º).

O ano de 1956 foi o ano em que:
- o governo reforçou a capacidade repressiva da PIDE, ampliando o âmbito de intervenção das “medidas provisórias de segurança”, com a possibilidade de alargar até três anos, sempre prorrogáveis, a prisão dos detidos (12MAR).
- ocorreram greves e manifestações em Angola, Moçambique e Guiné, exigindo aumento de salários e a alteração das regras de contratação dos trabalhadores “indígenas”  (MAR).
- se realizou, em Lisboa, o II Congresso da Mocidade Portuguesa (ABR).
- morreu o pedagogo Padre Américo (16JUL).
- foram aprovados os estatutos e se inicia, oficialmente, a actividade da Fundação Calouste Gulbenkian (18JUL).
- jornalistas e advogados protestaram publicamente contra a censura (JUL).
- morreu o dramaturgo alemão Bertold Brecht (14AGO).
- os estudantes das três universidades portuguesas iniciaram protestos, que se prolongam até Maio do ano seguinte, contra a diminuição da autonomia das associações académicas (DEZ).
- Fidel Castro tentou um desembarque secreto em Cuba, para derrubar o regime de Fulgêncio Batista, mas todos os seus apoiantes, à excepção de 11, são mortos (26DEZ).
- foi criado o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), que ficou sob a presidência de Agostinho Neto.
“A historiografia oficial do MPLA indica geralmente 1956 como data de fundação, mas a investigação dos historiadores especializados na matéria bem como a documentação de Lúcio Lara [um dos fundadores do partido e que viria a ser seu secretário geral e o pivô da actividade organizacional e militar] estabelecem 1958” (nota de rodapé da Wikipédia)

O Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) foi o movimento que organizou a luta pela independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, quando eram colónias de Portugal. 
Actualmente, e uma vez ultrapassada a fase do monopartidarismo, nos anos 90, o PAIGC passou a ser um dos grandes partidos políticos da Guiné-Bissau. Ainda assim, o partido consegue bons resultados nas eleições de 1994 com a eleição de Nino Vieira para a presidência da república e com a conquista de 66 dos 100 lugares na assembleia legislativa.

Partido político fundado em 1956, em Bissau, por um grupo de cabo-verdianos e de guineenses (Amílcar Cabral, Aristides Pereira, Luís Cabral, Júlio de Almeida, Fernando Fortes e Elisée Turpin), a sua liderança coube a Amílcar Cabral, “na linha de outros partidos independentistas surgidos, na época, nos países africanos sob administração europeia.”

Ligado à ideologia marxista, o PAIGC almejava, no seu alvor, a união entre a Guiné-Bissau e Cabo Verde, tendo em vista a conquista da independência face a Portugal. Há, porém, quem sustente que a fundação do PAIGC não pode ter acontecido antes de 1959.
Com o massacre de Pidjiguiti levado a cabo em 1959, pelas autoridades coloniais sobre grevistas instigados pelo PAIGC (relação que é posta em dúvida por certas fontes), e com o sucesso de grupos guerrilheiros noutras partes do mundo, levou a que o partido mudasse de estratégia, começando a organizar a luta armada que foi desencadeada em 1963.

Em 3 de Agosto de 1959, a greve dos trabalhadores do porto de Bissau (Guiné), de estivadores e marinheiros que reivindicavam um aumento salarial foi violentamente reprimida pelas autoridades coloniais, registando-se cerca de 50 mortos e uma centena de feridos. Em princípio, não houve enquadramento partidário. Este acontecimento ficou para a história com o nome de "Massacre de Pidjiguiti". O "3 de Agosto" foi transformado num dos momentos da luta de libertação da Guiné-Bissau.
(in Fundação Mário Soares, Arquivo e Biblioteca)

Simultaneamente, Amílcar Cabral empenhou-se nas relações exteriores do partido, com a denúncia do colonialismo e o estabelecimento de relações internacionais, de forma a garantir apoios para a causa do PAIGC. “Económica e militarmente, foi fundamental o apoio da então URSS e de Cuba, bem como a posição da Guiné Conacri, retaguarda logística da guerrilha.”

Em 1969, o PAIGC tinha o efectivo domínio e controlo de cerca de dois terços do território. Em 1973, com o assassinato de Amílcar Cabral, em 20 de Janeiro, por dois elementos do seu próprio partido, este passou a ser dirigido por Aristides Pereira. A revolução portuguesa de 25 de Abril de 1974 veio solucionar o conflito armado, garantindo a independência política das colónias: o PAIGC tornou-se o partido único da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, controlando o governo desses países.

A verdade, porém, é que o projecto de unir politicamente Cabo Verde e a Guiné saiu malograda. “Em 1980, um golpe de Estado comandado por Nino Vieira levou a Guiné a romper relações com Cabo Verde (reatadas dois anos mais tarde) e deu lugar à criação de um partido cabo-verdiano próprio - o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV).
Repetindo e pormenorizando, segundo esse projecto político concebido pelo PAIGC, “a Guiné e Cabo Verde, inicialmente constituídos como estados separados, tenderiam a formar uma unidade. Assim, após a independência, os dois países passaram a ser dirigidos por um único partido - o PAIGC - até 1980. Mas, em 14 de Novembro de 1980, um golpe de estado, empreendido pelo chamado Movimento Reajustador, sob a liderança do Primeiro-Ministro João Bernardo Vieira (Nino Vieira), um prestigiado veterano da guerra contra Portugal, derrubou o primeiro Presidente da República da Guiné-Bissau, Luís Cabral, irmão do falecido Amílcar, e suspendeu a Constituição da República, instituindo o Conselho da Revolução, formado por militares e civis. 
Extinguia-se assim o projecto de unificação dos dois países.” (Wikipédia, entrada Guiné-Bissau)

Formado pelo Instituto Superior de Agronomia de Lisboa, em 1950, Amílcar Cabral (1924-1973) foi contratado pelo Ministério do Ultramar como adjunto dos Serviços Agrícolas e Florestais da Guiné e regressou a Bissau em 1952. Iniciou o seu trabalho na granja experimental de Pessube percorrendo grande parte do país, de porta em porta, durante o Recenseamento Agrícola de 1953, o que lhe serviu para, no campo, adquirir um conhecimento profundo da realidade social vigente. Mas as suas actividades políticas já vinham de Portugal, donde a antipatia do Governador da colónia, Melo e Alvim, que o obriga a emigrar para Angola.
Nesse país, une-se ao MPLA.

Em 1963 o PAIGC sai da clandestinidade ao estabelecer uma delegação na cidade de Conacri, capital da República de Guiné-Cronacri. E em 23 de Janeiro desse ano inicia a luta armada contra a metrópole colonialista, com o ataque ao quartel de Tite, no sul da Guiné-Bissau, a partir de bases na Guiné-Conacri.

Motivo de uma acentuada frieza nas relações do Governo português com a Santa Sé foi a recepção, em audiência privada, concedida pelo Paulo VI, em 1970, não aos terroristas, como o regime de Salazar os apelidava, mas aos três principais líderes dos movimentos de libertação da Guiné-Bissau, de Angola e de Moçambique, respectivamente Amílcar Cabral, Agostinho Neto e Marcelino dos Santos. 

“Em 21 de Novembro do mesmo ano, o Governador português da Guiné-Bissau determina o início da Operação Mar Verde, com a finalidade de capturar ou mesmo eliminar os líderes do PAIGC, então aquartelados em Conacri.” Mas a operação foi um fracasso. 
E em 20 de Janeiro de 1973, como já foi referido atrás, Amílcar Cabral é assassinado em Conacri. Como também já vimos, Aristides Pereira, substituiu-o na chefia do PAIGC. Após a morte de Amílcar Cabral a luta armada intensifica-se e a independência da Guiné-Bissau é proclamada unilateralmente em 24 de Setembro desse ano, sendo seu meio-irmão, Luís Cabral, nomeado o primeiro presidente do país.

Esta independência foi reconhecida internacionalmente - mas não pelo colonizador. Tal reconhecimento, por parte de Portugal, só veio a verificar-se em 10 de Setembro de 1974. A Guiné-Bissau, juntamente com Cabo Verde, foi a primeira colónia portuguesa no continente africano a ter a independência reconhecida por Portugal.

A Guiné-Bissau tem vivido os últimos anos, desde há cerca de duas décadas, em permanentes conflitos e guerra civil, onde tudo se resolve com assassinatos (Ansumane Mané, Tagme Na Waie e Nino Vieira) e profundas convulsões sociais. Hoje o país é fruto de uma imparável degradação e não passa de um "entreposto do narcotráfico internacional, ponto de distribuição para a América Latina e para a Europa."






(Fontes: as referidas, designadamente artigos da Wikipédia, e outros sites da internet)






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