segunda-feira, setembro 05, 2011

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA




Como sempre, recordo:

Este é o espaço em que,
habitualmente,
faço algumas incursões pelo mundo da História.
Recordo factos, revejo acontecimentos,
visito ou revisito lugares,
encontro ou reencontro personalidades e lembro datas.
Datas que são de boa recordação, umas;
outras, de má memória.
Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.
Aqui,
as datas são o pretexto para este mergulho no passado.
Que, por vezes,
ajudam a melhor entender o presente
e a prevenir o futuro.

.
ESTAMOS NA SEGUNDA-FEIRA DIA 05 DE SETEMBRO DE 2011 (MMXI) DO CALENDÁRIO GREGORIANO

Que corresponde ao
Ano de 2764 Ab Urbe Condita (da fundação de Roma)
Ano 4707 a 4708 do calendário chinês
Ano 5771 a 5772 do calendário hebraico
Ano 1432 a 1433 do calendário islâmico

Mais:
DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:
De 2003 a 2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
de 2005 a 2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
de 2005 a 2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

Por outro lado
2011 é o
ANO EUROPEU DO VOLUNTARIADO
ANO INTERNACIONAL DA QUÍMICA
ANO INTERNACIONAL DAS FLORESTAS
  

“Toda a arte da política é saber servir-se das conjunturas.”
Máxima atribuída a Luís XIV

Luís XIV - Rei de França e de Navarra, Co-príncipe de Andorra,
Conde da Provença, Conde de Valentinois, Conde de Diois,
Conde de Barcelona, Conde da Cerdanha, Conde do Rossilhão,
Conde de Forcalquier e das ilhas adjacentes e Delfim de Viennois.

Foi há 373 anos, no DM 05.09.1638: nasceu Luís XIV, de França, o Rei Sol.

Em França governava seu pai, Luís XIII, O Justo, também Luís II de Navarra, cujo primeiro-ministro foi o Cardeal Richelieu. Luís XIII tal como Luís XIV eram ambos da dinastia de Bourbon.
Em Inglaterra reinava Carlos I, da Casa de Stuart, também Carlos I da Escócia. Deposto, foi depois executado, pela Revolução Inglesa. A Guerra Civil Inglesa, que aconteceu durante essa revolução, foi uma guerra intestina entre os partidários do rei Carlos I da Inglaterra e o Parlamento, liderado por Oliver Cromwell. Começada em 1642, acaba com a condenação à morte de Carlos I em 1649. Antes da revolução, o poder do rei era absoluto, mas depois deixou de governar, passando esse poder a ser exercido pelo Primeiro-Ministro, através do Parlamento, donde o rei recebia avisos chamados Bill of Rights (Declaração de Direitos), mas que não tinha obrigação de seguir.
Na Alemanha reinava o imperador Fernando III, da Casa de Habsburgo. Que era também o rei da Itália.
Em Espanha reinava Filipe IV – Filipe III de Portugal (20º) – da mesma Casa de Habsburgo/Casa de Áustria, que viria a ser sogro de Luís XIV.
No Vaticano pontificava Urbano VIII (235º). Este papa, homem culto, erudito, foi quem, em 25.05.1625, canonizou a Rainha Santa Isabel.
Mais: quando, em 1640, Portugal restaurou a sua independência, a Espanha insistiu junto de Urbano VIII para que explicitamente tomasse posição contra a rebelião, publicando um breve que a condenasse, e pedindo mesmo a excomunhão de D. João IV. Pretendiam, até, a anuência do papa para a nomeação de 2 ou 3 juízes espanhóis para procederem contra os membros do clero português que tivessem aderido ao movimento. E uma atitude de Urbano VIII leva a crer que este papa estava mais com os espanhóis do que com os portugueses, nesta matéria: D. João IV nomeou D. Miguel de Portugal, bispo de Lamego, para seu embaixador junto da Santa Sé... Mas Urbano VIII nunca o recebeu. Assim, aquele abandonou Roma em 1642, deixando um memorando para ser entregue ao papa pelo embaixador francês.

Luís XIV é um filho tardio de Luís XIII e de Ana de Áustria, nascido 23 anos após o casamento dos pais (que, aliás tiveram um 2º filho: Filipe I, duque de Orleães) donde que alguns historiadores ponham em dúvida que Luís XIII tenha sido o seu pai biológico.
O Rei Sol foi rei de França a partir de 1643, altura em que sucedeu a seu pai Luís XIII. Dos 77 anos que viveu, reinou durante 72. Casou em 1660 com Maria Teresa de Espanha, filha de Felipe IV, como já se disse. Foi simultaneamente Luís III de Navarra. Para além destes, Luís XIV teve vários outros títulos, como se pode ver na legenda do retrato acima.
O cardeal Giulio Mazzarino (Jules Mazarin) – um cardeal que nunca foi ordenado padre - foi nomeado sucessor do cardeal Richelieu, após a morte deste, em 1642; e após a morte de Luís XIII, em 1643, tornou-se primeiro-ministro por nomeação da regente da França, Ana da Áustria.
Mazzarino morreu a 9 de Março de 1661, tendo concretizado grande parte dos objectivos propostos pelo cardeal Richelieu: a modernização do Estado francês e a transformação da França em principal potência europeia, a restauração do absolutismo, a subjugação da nobreza francesa, além de concretizar o declínio do poder dos Habsburgos na Europa, que governavam a Espanha, a Áustria e os Países Baixos. Também se lhe deve a construção de um Jardim Botânico e a fundação da Academia Francesa de Letras.
Após a morte de Mazarin, Luís XIV exerceu o poder absoluto (L'État c'est moi).

As cortes ficaram totalmente sob o seu controlo.
Contudo, muitos historiadores sustentam que aquela frase
de manifestação de absolutismo (L'État c'est moi)
é pura fantasia, não passa de uma lenda.

O Tesouro estava exausto e perto da falência quando Luís XIV assumiu o poder. Mas com a sua chegada ao trono o erário público não registou melhoras imediatas, pois ele começou por gastar extravagantemente, despendendo grandes importâncias financiando a Corte Real. Mas também gastou como patrono das artes, financiando nomes como Moliere, Charles Le Brun e Jean-Baptiste Lully. Como despendeu largas somas com obras como as de melhoria do Louvre, assim como com a construção do Palácio de Versalhes, do Palácio dos Inválidos (Hôtel des Invalides) e com o Canal do Midi, no Sul da França (região do Midi). Este uniu o Mediterrâneo e o Atlântico, mais exactamente no prolongamento do rio Garonne, de Toulouse a Sète, no Mediterrâneo e foi muito importante para o desenvolvimento da França e da Europa, solução económica, militar e política, para transportar mercadorias, evitando o estreito de Gibraltar e o contorno da península Ibérica sendo considerado fundamental para a Revolução Industrial. O Canal tem 240 km e foi projectado por Pierre Paul Riquet, sendo inaugurado em 1681. Ao longo do seu percurso encontram-se trezentas e cinquenta obras de arte, entre pontes, eclusas e aquedutos. Desde 1996 que se encontra classificado como Património da Humanidade pela UNESCO, tendo actualmente uma função exclusivamente turística.

Canal do Midi

Mas nem todas as somas que Luís XIV gastou se traduziram em puro desperdício ou obras de fachada, como as últimas referidas. De todo o modo, e de início, representavam um esforço financeiro que o erário não suportava.

Com a supervisão do primeiro-ministro Mazarin e a acção de Jean-Baptiste Colbert, ministro de Estado e da Economia, reformaram-se as finanças do reino, desenvolveu-se o comércio e a política colonial.

Colbert foi o pai do colbertismo, da teoria mercantilista do Estado (das práticas de intervenção estatal na economia). Aquele conjunto de disposições económicas do Estado "consistia numa série de medidas tendentes a unificar o mercado interno e teve como finalidade a formação de fortes Estados-nacionais".


Só pode ser historieta anedótica, conquanto traduza, de alguma forma, uma realidade: corre em diversos sítios da Internet o seguinte diálogo como sendo passado entre o cardeal e primeiro-ministro de Luís XIV, Giulio Mazzarino, e o seu ministro de Estado e da Economia, Colbert, em 1661, por sinal último ano de vida do Cardeal-primeiro-ministro:

Colbert: Para encontrar dinheiro, há um momento em que enganar (o contribuinte) já não é possível.
Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é que é possível continuar a gastar quando já se está endividado até ao pescoço...

Mazzarino: Se se é um simples mortal, claro está, quando se está coberto de dívidas, vai-se parar à prisão.
Mas o Estado... o Estado, esse, é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se...  Todos os Estados o fazem!

Colbert: Ah sim? O Senhor acha isso mesmo? Contudo, precisamos de dinheiro.
E como é que havemos de o obter se já criamos todos os impostos imagináveis?

Mazzarino: Criam-se outros.

Colbert: Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.

Mazzarino: Sim, é impossível.

Colbert: E então os ricos?

Mazzarino: Sobre os ricos também não. Eles deixariam de gastar. Um rico que gasta faz viver centenas de pobres.

Colbert: Então como havemos de fazer?

Mazzarino: Colbert! Tu pensas como um queijo, como um “pot de chambre” de um doente! Há uma quantidade enorme de gente situada entre os ricos e os pobres: são os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres. É a esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Esses, quanto mais lhes tirarmos mais eles trabalharão para compensarem o que lhes tiramos. É um reservatório inesgotável.



Retomando Luís XIV, o exército foi reorganizado pelo seu ministro da guerra, Louvois, transformando-se na melhor máquina de guerra da Europa, sob as ordens dos seus generais, Turenne e Condé.
A nível externo, envolveu-se em mal sucedidas guerras expansionistas contra várias alianças europeias.
A aceitação por parte de Luís XIV do trono de Espanha, para o seu neto, em 1700 (donde a sua célebre frase: “os Pirenéus deixaram de existir”), precipitou a Guerra da Sucessão de Espanha

guerra travada de 1701 a 1714 pelos aliados,
constituídos pela Inglaterra, Áustria, Países Baixos, Portugal e Dinamarca,
contra a França, Espanha e Baviera.
O conflito iniciou-se quando Luís XIV aceitou o trono de Espanha em nome do seu neto, Filipe. Este facto desrespeitava o Tratado da Partição de 1700,
segundo o qual o trono pertencia ao arquiduque Carlos de Áustria,
mais tarde Carlos VI, imperador do sacro império.
“Em 1704 o arquiduque Carlos desembarcou em Portugal e partiu para o ataque à fronteira espanhola. Os franceses marcham sobre Viena para tentar terminar a guerra, mas são derrotados em Blenheim pelo duque de Marlborough e por Eugène de Sabóia. Em 1705 os aliados invadem a Espanha, ocupando Madrid por duas vezes sem, no entanto, conseguirem mantê-la. Em 1706 Marlborough vence os franceses comandados por Villeroi na batalha de Ramillies, no dia 23 de Maio, em Brabant, na Bélgica. Em 1708 Marlborough e Eugène derrotam os franceses, comandados pelo duque da Burgúndia e de Vendôme em Oudenaarde, próximo de Ghent, na Bélgica, numa batalha travada entre o dia 30 de Junho e o dia 11 de Julho. Em 1709 Marlborough e Eugène vencem os franceses, sob o comendo de Villars, na batalha de Malplaquet, no dia 11 de Setembro.”
A paz é estabelecida pelos tratados de Utreque, em 1713, e de Rastatt, em 1714.
Filipe V (ou Filipe de Anjou), neto de Luís XIV, (segundo filho de seu filho Luís, o grande delfim de França, que era sobrinho de Carlos II) é reconhecido, pelos aliados, como rei de Espanha, fundando assim o ramo espanhol da dinastia de Bourbon.
A Inglaterra recebe Gibraltar, Minorca e a Nova Escócia, a Áustria recebe a Bélgica, Milão e Nápoles, e Portugal a colónia de Sacramento, no Uruguai.
Mas a verdade é que, apesar disso, e em resultado dos vários revezes que a França sofreu,
a guerra pôs fim definitivo à sua supremacia na Europa.

Outro insucesso de Luís XIV foi aquando das tentativas de anexação dos Países Baixos espanhóis, onde encontrou a resistência dos holandeses liderados pelo rei britânico e irlandês, Guilherme III de Orange (1650-1702).
Luís XIV morreu igualmente a um DM, em 01.09.1715, a quatro dias de fazer os 77 anos. Sucedeu-lhe seu bisneto, Luís XV, O Bem Amado (igualmente Luís IV de Navarra), filho de Luís de Borgonha e neto de Luís, o grande delfim de França, que não reinaram e que foram, pela ordem inversa, respectivamente filho e neto de Luís XIV.

Uma das obras que se deve a Luís XIV é o Palácio de Versalhes, que «foi a principal residência da corte francesa e sede de governo durante mais de cem anos. Aí se reuniram também os Estados Gerais a partir da Revolução Francesa. Luís Filipe transformou o palácio em museu em 1837. Voltou a ser sede do Parlamento e em 1875 foi o local escolhido para a proclamação da Terceira República. Neste palácio foram assinados importantes tratados sendo de destacar aquele que pôs fim à Primeira Guerra Mundial. O palácio foi restaurado e modernizado durante a presidência de Charles de Gaulle. Juntamente com o parque, foi classificado Património Mundial pela UNESCO em 1979»

Também a Comédie Française é obra de Luís XIV: Sociedade de comediógrafos franceses, nasceu da fusão, determinada por ele em 1680, da Companhia de Molière com os actores do Marais e do Hôtel Bourgogne. Foi dissolvida em 1792, reconstituída em 1804 e reorganizada em 1812, por decreto de Napoleão.

O Rei Sol foi bem o símbolo da monarquia absoluta do período clássico. Esse poder era absoluto em todos os domínios da governação pública. Estendia-se à vida social, política, económica, cultural (ao nível das Artes e das Letras) e religiosa. Luís XIV foi, de certa forma e algumas vezes, um tirano, mas, nas palavras de Voltaire: "O seu nome nunca poderá ser pronunciado sem respeito e sem evocar a imagem de uma época eternamente memorável."

O Palácio de Versalhes localiza-se na actual cidade do mesmo nome que, ao tempo do início da sua construção (1664) era uma aldeola. Hoje é um dos maiores palácios do mundo, onde a corte do Rei Sol se estabeleceu desde 1682, transformando-se no centro do poder do Ancien Régime na França. É bem o símbolo da Monarquia absoluta de Luís XIV.

(Uma curiosidade acerca da sua magnitude: o palácio possui 2.153 janelas, 67 escadas, 352 chaminés, 700 quartos, 1.250 lareiras e 700 hectares de parque)

O reinado de Luís XIV acabou por caracterizar-se por uma grande prosperidade e pelo desenvolvimento nos domínios económico, militar, científico e artístico.






(Fontes, as habituais: várias entradas das enciclopédias Infopédia, Biblioteca Universal e wikipédia. Além de alguns artigos dispersos da net)



 




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