quinta-feira, julho 28, 2011

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

Como sempre, recordo:







Este é o espaço em que,
habitualmente,
faço algumas incursões pelo mundo da História.
Recordo factos, revejo acontecimentos,
visito ou revisito lugares,
encontro ou reencontro personalidades e lembro datas.
Datas que são de boa recordação, umas;
outras, de má memória.
Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.
Aqui,
as datas são o pretexto para este mergulho no passado.
Que, por vezes,
ajudam a melhor entender o presente
e a prevenir o futuro.



ESTAMOS NA QUINTA-FEIRA DIA 28 DE JULHO DE 2011 (MMXI) DO CALENDÁRIO GREGORIANO

Que corresponde ao
Ano de 2764 Ab Urbe Condita (da fundação de Roma)
Ano 4707 a 4708 do calendário chinês
Ano 5771 a 5772 do calendário hebraico
Ano 1432 a 1433 do calendário islâmico


Mais:
DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:
De 2003 a 2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
de 2005 a 2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
de 2005 a 2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

Por outro lado
2011 é o
ANO EUROPEU DO VOLUNTARIADO
ANO INTERNACIONAL DA QUÍMICA
ANO INTERNACIONAL DAS FLORESTAS

Hoje é
O DIA NACIONAL DA CONSERVAÇÃO DA NATUREZA




Karl Popper, filósofo austríaco das ciências exactas e humanas (imagem da Infopédia)
Completam-se hoje 109 anos (foi na SG 28.07.1902) que nasceu, em Viena, Karl Raimund Popper, filósofo britânico de origem austríaca.



Nessa altura o panorama do poder político no Ocidente era o seguinte:
No Reino Unido reinava Eduardo VII da Casa de Saxe-Coburgo-Gota, bisavô da rainha Isabel II (1952-).
Presidente da França era Émile Loubet (1838-1929).
Theodore Roosevelt, do partido republicano era, então, o 26º presidente dos EUA.
Como imperador Alemão e rei da Prússia governava então Guilherme II, da dinastia de Hohenzollern e chanceler do reino era na altura o Príncipe Bernhard von Bülow.
Reinava em Espanha o 15º monarca, Afonso XIII, avô do actual rei João Carlos - ambos da Casa de Bourbon; Afonso XIII renunciou para implantação da Segunda República Espanhola.
Na Itália decorria o reinado de Vítor Emanuel III, da dinastia de Sabóia (25º e penúltimo monarca do País)
Em Portugal reinava D. Carlos, o 33º e penúltimo monarca, de seu nome completo Carlos Fernando Luís Maria Vítor Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis José Simão de Bragança Sabóia Bourbon Saxe-Coburgo-Gotha, filho de D. Luís e pai de D. Manuel II, a cujo reinado a proclamação da República pôs termo em 1910, como sabemos.
Prosseguia o pontificado de Leão XIII (256º). É frequente a referência ao Papa Leão XIII pelas suas doutrinas sociais e económicas, nas quais ele argumentava a falha do capitalismo e do comunismo. Ficou famoso como o "papa das encíclicas sociais". A mais conhecida de todas, a Rerum Novarum, de 1891, debruçava-se sobre os direitos e deveres do capital e trabalho. «Esta encíclica marcou o início da sistematização do pensamento social católico, chamado vulgarmente de Doutrina Social da Igreja Católica e foi um contributo para o despertar de uma esquerda católica que se via no movimento do socialismo cristão. Este documento influenciou fortemente a criação do Corporativismo e da Democracia cristã.»

Esse ano de 1902 foi aquele em que
- se criaram em Lisboa a Escola de Medicina Tropical e o Hospital Colonial;
- o príncipe do Sião (actual Tailândia) visitou Portugal;
- se instalou a iluminação eléctrica de Lisboa (iluminação pública e tentativas de extensão ao consumo particular);
- publicaram os Contos de Eça de Queirós (compilação de Luís de Magalhães);
- Sampaio Bruno publicou A Ideia de Deus;
- de Maria Amália Vaz de Carvalho saiu o livro Figuras de Ontem e de Hoje; - se suicidou Mouzinho de Albuquerque;
- se estabeleceu a Aliança Anglo-japonesa;
- as Filipinas se submeteram aos EUA;
- se realizou o Congresso Colonial em Berlim;
- M Gorki publicou A Ralé;
- André Gide deu à estampa L'Immoraliste;
- Debussy compôs Pélleas et Mélisande.
Foi neste contexto geral, político e cultural que nasceu Karl Popper.


Sir Karl Raimund Popper (Viena, 28 de Julho de 1902 — Londres, 17 de Setembro de 1994) foi um filósofo das ciências exactas e humanas.

Nascido numa família da classe alta de origem judaica, foi educado na Universidade de Viena. Concluiu o doutoramento em filosofia em 1928 e foi docente numa escola secundária entre 1930 e 1936. Em 1937, a ascensão do Nazismo levou-o a emigrar para a Nova Zelândia, onde foi professor de filosofia em Canterbury University College, Christchurch. Em 1946, foi viver na Inglaterra, tornando-se assistente (reader/leitor) de lógica e de método científico na London School of Economics, onde se tornou professor em 1949.


Foi nomeado cavaleiro da Rainha Isabel II em 1965.


Conquanto reformado da vida académica em 1969 continuou activo intelectualmente até à sua morte, em 1994, há 17 anos, com 92 anos.

A principal e mais característica teoria do pensamento de Popper é a teoria da “refutabilidade”. Segundo ela, “embora as generalizações científicas não possam ser verificadas de uma forma conclusiva, podem ser concludentemente infirmadas”, donde que “a ciência não seja um conhecimento certo, mas uma série de «conjecturas e refutações», aproximando-se progressivamente, mas nunca atingindo, uma verdade definitiva.”


Assim, “o edifício científico deve ser submetido à "testabilidade" que o possa refutar, provando que algumas das suas implicações são falsas. A cientificidade de uma teoria só é garantida se for susceptível de ser refutada” e possuir "um grau de refutabilidade". “Estamos perante o "método dedutivo de controlo". A epistemologia é assim falibilista” – não podemos jamais fazer um juízo absoluto acerca das nossas teorias -, e recusa claramente a indução como método”.


Em Karl Popper existe uma “sintonia entre o seu conceito de ciência liberal e aberta e a sua concepção política e social. As sociedades devem também afirmar-se abertas e liberais, recusando uma visão totalizadora e não refutável da realidade sociopolítica”.


Ou seja, “considerado por muitos como o filósofo mais influente do século XX a tematizar a ciência, foi também um filósofo social e político de estatura considerável, um grande defensor da democracia liberal e um oponente implacável do totalitarismo.

Sir Popper criou o termo “racionalismo crítico” para identificar a sua filosofia, o que para além de outros aspectos é um indício da sua rejeição do empirismo clássico e da indução observável da ciência, que daí resulta.


Para Popper, as inferências que interessam à ciência são refutações, que tomam uma previsão falsa como premissa e concluem que a teoria que está por detrás da previsão é refutável. Estas inferências não são indutivas, mas dedutivas.


Aqui o que é de destacar é que é muito mais fácil refutar teorias do que prová-las. Um único exemplo contrário basta para uma refutação conclusiva, mas o contrário se passa quanto aos exemplos favoráveis: nenhuma quantidade de observações positivas poderá garantir que a veracidade de uma teoria científica seja eterna e imutável.


Apesar disso, alguns académicos defendem que Popper, não obstante não se ter visto como um positivista, se encontra claramente mais próximo desta via do que da tradição metafísica ou dedutiva. Popper argumentou que a teoria científica será sempre conjectural e provisória. Não é possível confirmar a veracidade de uma teoria pela simples constatação de que os resultados de uma previsão efectuada com base naquela teoria se verificaram. Essa teoria deverá gozar apenas do estatuto de uma teoria não (ou ainda não) contrariada pelos factos. O que a experiência e as observações do mundo real podem e devem tentar fazer é encontrar provas da refutabilidade daquela teoria. Este processo de confronto da teoria com as observações poderá provar a falsidade da teoria em análise. Nesse caso há que eliminar essa teoria que se provou falsa e procurar uma outra teoria para explicar o fenómeno em análise. Alguns consideram este aspecto fulcral para a definição da ciência, chegando a afirmar que "científico" é apenas aquilo que se sujeita a este confronto com os factos. Ou seja: afirmam que só é científica aquela teoria que possa ser refutável. O que logo conduz a duras críticas quanto a esse aspecto: críticas que são inerentes à própria Filosofia que Popper propõe. E por quê? Ao afirmar que toda e qualquer teoria deve ser refutável, isso aplica-se à própria teoria da falibilidade popperiana. Portanto, a falibilidade deve ser refutável em si mesma. Diante dessa evidente necessidade - sob a pena de sua teoria ser não-universal e portanto derrogada pela sua imprecisão - poderão existir proposições em que a falibilidade não é aplicável.


De notar que a teoria da refutabilidade ou negação é fundamentalmente aplicada às ciências empíricas. Ou, como se diz mais abaixo, a teoria da refutabilidade “será a marca da ciência empírica”.

Uma das grandes divisões das ciências, em termos chãos, como sabemos, agrupa-as em ciências empíricas - baseadas na experiência vulgar ou imediata, não metódica nem racionalmente interpretadas e organizadas, como as ciências sociais e humanas – e ciências formais – as que têm existência real e efectiva, como a Lógica e a Matemática.

Hoje, verifica-se que a refutabilidade popperiana não é princípio de exclusão, mas tão somente de atribuição de graus de confiança ao objecto passível do crivo científico. Para Popper a verdade é inalcançável, todavia devemo-nos aproximar dela por tentativas. O estado actual da ciência é sempre provisório. Ao encontrarmos uma teoria ainda não refutada pelos factos e pelas observações, devemos perguntar-nos: será que é mesmo assim? Ou será que posso demonstrar que ela é falsa? Einstein é o melhor exemplo de um cientista que rompeu com as teorias da física estabelecidas. Popper debruçou-se intensamente sobre a teoria Marxista e sobre a filosofia que lhe é subjacente, de Hegel, retirando-lhes qualquer estatuto científico. O mesmo em relação à psicanálise, cujas teorias subjacentes não são falseáveis (refutáveis). O seu trabalho científico foi influenciado pelo seu estudo da teoria da relatividade de Albert Einstein. Refutabilidade é um conceito importante na filosofia da ciência (epistemologia). Para uma asserção ser refutável ou falseável, em princípio será possível fazer uma observação ou fazer uma experiência física que tente mostrar que essa asserção é falsa.


“O próprio Popper usa este critério de falsificabilidade [refutabilidade] para distinguir a ciência genuína não só de sistemas de crenças tradicionais, como a astrologia, a adoração de espíritos e qualquer outra forma de superstição sem fundamento, mas também do marxismo, da psicanálise de várias outras disciplinas modernas que ele considera negativamente como "pseudo-ciências". Segundo Popper, as teses centrais dessas teorias são tão irrefutáveis como as da astrologia. Os marxistas prevêem que as revoluções proletárias serão bem sucedidas quando os regimes capitalistas estiverem suficientemente enfraquecidos pelas suas contradições internas. Mas, quando são confrontados com revoluções proletárias fracassadas, respondem simplesmente que as contradições desses regimes capitalistas particulares ainda não os enfraqueceram suficientemente. De maneira semelhante, os teóricos psicanalistas defendem que todas as neuroses adultas se devem a traumas de infância, mas quando são confrontados com adultos perturbados que aparentemente tiveram uma infância normal dizem que ainda assim esses adultos tiveram que atravessar traumas psicológicos privados quando eram novos. Para Popper, estes artifícios são a antítese da seriedade científica. Os cientistas genuínos dirão de antemão que descobertas observacionais os fariam mudar de ideias, e abandonarão as suas teorias se essas descobertas se realizarem. Mas os teóricos marxistas e psicanalistas apresentam as suas ideias de tal maneira, defende Popper, que nenhumas observações possíveis os farão alguma vez modificar o seu pensamento.


Em suma, um não-popperiano diria a este propósito que a verdadeira ciência prova o que afirma, ao passo que aquelas crenças ou formas de conhecimento (astrologia, crenças em espíritos, superstições e a própria psicanálise) são meras suposições. E aí está a diferença entre um não-popperiano e um popperiano: para este até mesmo as teorias científicas são meras conjecturas não (ou ainda não) refutadas. Trata-se daquilo que Popper chama “problema da demarcação”: que diferença existe entre a ciência e outras formas de conhecimento ou de crença? Ao que ele responde que a ciência, ao invés de outras crenças (astrologia, psicanálise, superstições, etc.), é refutável, ao menos, se acaso não puder ser provada. As asserções científicas estão formuladas em termos precisos, donde que conduzam a previsões definidas. E se tais previsões falharem, podemos estar certos de que a teoria que está por trás delas é falsa. Já com as previsões de crenças, como a astrologia, são tão vagas, que se torna impossível mostrar a sua falsidade.
(David Papineau "Methodology" em A. C. Grayling (org.), Philosophy: A Guide Through the Subject, Oxford University Press, 1998, tradução de Pedro Galvão)

“As pessoas têm a impressão de que a Ciência é a verdade absoluta. Que os dados científicos são incontestáveis e que tudo está correcto. Quando se estuda a história da Ciência, percebe-se que não é bem assim, a Ciência avança e cria informação à medida que o tempo vai passando.


Ela vai ficando cada vez mais complexa e mais completa, mas nunca chega ao fim. (…) A noção de verdade muda com o tempo. O Universo em que a gente vive vai-se transformando à medida que nós aprendemos mais sobre ele. Dessa forma, a posição do Homem no Universo e a compreensão de quem nós somos também mudam. (…) A Ciência é, na verdade, uma narrativa, uma construção profundamente humana, uma tentativa de compreensão de quem nós somos. A Literatura faz isso, a Pintura faz isso, a Ciência também está a fazer isso” – respondia há pouco tempo Marcelo Gleiser, 52 anos, físico teórico brasileiro radicado nos Estados Unidos a dar aulas na Universidade de Dartmouth, New Hampshire, a uma pergunta do P2 do Público (em concreto a Nicolau Ferreira) que o questionava do seguinte modo: Diz que a Ciência é uma narrativa humana. Que limitações tem?

Se bem atentarmos, Marcelo Gleiser não está assim tão longe de Karl Popper.

A obra de Karl Popper é marcada por reflexões sobre a metodologia científica. A sua obra mais importante no domínio da filosofia da ciência é The Logic of Scientific Discovery / A Lógica da Descoberta Científica (1935). De entre as suas restantes obras, destacam-se The Open Society and its Enemies (1945), tornado já um clássico da contemporaneidade, The Poverty of Historicism (1957), que versa a filosofia da ciência social, Conjectures and Refutations (1963) e Objective Knowledge (1972).

Por fim, abordaremos um ponto específico da obra de Sir Karl Popper: a natureza da relação da epistemologia não-indutivista de Popper com a Teoria da Selecção Natural de Charles Darwin. Ou por outras palavras, qual a relação entre a epistemologia não-indutivista de Popper e a teoria evolucionista de Charles Darwin.


Não se atentará numa observação passiva frente às constantes naturais, como no empirismo tradicional de carácter indutivo, mas sim num activo trabalho de criação de hipóteses submetidas ao teste do mundo envolvente.


“Tal perspectiva guarda forte semelhança com o processo de selecção natural da teoria de Charles Darwin, em particular com a moderna síntese neodarwiniana, na qual os seres vivos sofrem modificações anatómicas e comportamentais que são seleccionadas pelo ambiente de acordo com seu valor adaptativo. Popper reconheceu tal semelhança e incorporou elementos evolutivos na sua reflexão epistemológica a ponto de denominar a sua perspectiva de epistemologia pós-darwiniana.”


“É no campo lógico que se decide a epistemologia, e o darwinismo aparece como uma bela ilustração de um método de aprendizado não-indutivo que, por sua vez, pode ser aplicado ao estudo da aquisição do conhecimento na dimensão quotidiana e também na dimensão científica.”


“O processo de conjecturas e refutações será a marca da ciência empírica, e a sua adopção implica uma severa crítica à forma como se entendeu tradicionalmente algumas questões centrais da epistemologia. Longe de se preocupar com a possibilidade de certeza, amplamente calcadas em conceitos subjectivistas, Popper defendia a adopção de uma epistemologia objectivista na qual o que importa são as situações de problema, as hipóteses e teorias consideradas no seu conteúdo informativo e suas ligações lógicas.


Tal concepção da epistemologia baseia-se na tese de Popper acerca da linguagem segundo a qual as funções descritiva e argumentativa da linguagem humana permitem a discussão crítica, segundo ideias reguladoras de verdade e validade, das asserções sobre o mundo. A linguagem criará um mundo próprio, embora de feitura humana, que terá suas próprias regras e criará autonomamente seus próprios problemas.


E de que forma será discutido fundamentalmente o modo pelo qual a teoria evolutiva de Charles Darwin se incorpora às reflexões epistemológicas de Karl Popper? A teoria darwiniana da selecção natural será apresentada em seus pontos gerais mais importantes ao mesmo tempo que se traça a sua evolução histórica desde sua primeira formulação em meados do século XIX até as mais recentes contribuições da moderna síntese neodarwiniana.


De que forma as teses darwinianas são incorporadas às reflexões epistemológicas de Popper? Este, a partir da década de 1960, passa a caracterizar a sua epistemologia como pós-darwiniana, em contraposição à tradicional epistemologia empirista e indutivista.“


Realmente, “Popper não usa as teses evolutivas como base naturalista para suas posições filosófico-epistemológicas. Estas serão decididas no campo da lógica e o darwinismo entrará somente como uma ilustração válida de um processo de aprendizado não-indutivo que se aplica eficazmente ao estudo da aquisição do conhecimento justamente por sua forma lógica identificada fundamentalmente ao método de conjecturas e refutações.”



Por último uma nota pessoal:
Tenho visto com insistência (em boas enciclopédias e outros sites credíveis) referir a teoria em que se destacou mais Karl Popper, como teoria da falsificação. Simplesmente soa-me mal essa designação. Do que eu penso que se trata é de a qualificar como teoria da negação ou da refutação. A refutabilidade e não a falsificabilidade. Na verdade, negar ou refutar não é o mesmo que falsificar… Diz-se, por exemplo, que para Popper, a psicanálise e o marxismo não são falsificáveis e, consequentemente, não são científicos… Falsificáveis? Será mesmo isso que se quer dizer?


Penso que a questão é meramente sintáctica, de português… Não será uma questão de tradução por aproximação? No fundo, de má tradução?
Expressão que se vulgarizou em português, mas quanto a mim erradamente.
A questão será meramente sintáctica, como já disse. É que tanto falsificar como falsear são entendíveis como dar como verdadeiro o que é falso – o primeiro verbo –; como tornar falso – o segundo. Mas o escopo do primeiro é o de copiar fraudulentamente; alterar fraudulentamente; adulterar; já o do segundo é o de falsificar; enganar; atraiçoar; frustrar; deturpar; adulterar; desvirtuar. (Isto segundo o dicionário).

Penso, realmente, que não é isso que se pretende com a dita “teoria da falsificação”. Creio que o que Popper queria dizer era teoria da refutação, da negação – o que resulta, nomeada e explicitamente, do exposto num (ou mais) daqueles mencionados sites que consultei. Daí eu admitir que estamos perante um caso de tradução aproximada que se generalizou, nada mais. Mas incorrecta, imperfeita em termos de bom português.


Por isso eu refiro sempre aqui – quando pretendo referir aquela teoria popperiana – a “teoria da refutabilidade” ou “da negação”.

Na verdade, o que Popper quer referir é a negação ou refutabilidade do que parece verdadeiro, e não o contrário, como decorreria daquela expressão posta aqui em causa.

A verdade é que falsificar é considerar verdadeiro o que é falso. Ora, do que aqui se trata é tornar falso o que parece verdadeiro. Portanto trata-se antes de uma refutação.
Se Popper conhecesse bem o português referiria a sua teoria como da falsificação?
Não creio, porque isso ia contra o que ele queria dizer.



(Utilizei, basicamente, as seguintes fontes para a elaboração deste apontamento sintético:
- BU/Biblioteca Universal – enciclopédia da Texto Editores
- INFOPÉDIA – enciclopédia da Porto Editora
- a Wikipédia
- o site a arte de pensar
- Uma dissertação de Mestrado de Rogério Soares da Costa sob a epígrafe A Epistemologia Pós-Darwiniana de Sir Karl Popper, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (no site governamental Dia a Dia Educação)
- Entrevista de Marcelo Gleiser, físico teórico brasileiro radicado nos Estados Unidos como docente na Universidade de Dartmouth, New Hampshire, ao Público na pessoa do jornalista Nicolau Ferreira (in P2 do Público de TR 05.07.11
- além de outros artigos da internet)







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