Recordo:
Este é o espaço em que,
habitualmente,
faço algumas incursões pelo mundo da História.
Recordo factos,
revejo acontecimentos,
visito ou revisito lugares,
encontro ou reencontro personalidades.
Relembro datas que são de boa recordação, umas;
outras, de má memória.
Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.
Aqui,
as datas são o pretexto para este mergulho no passado.
Que, por vezes,
ajudam a melhor entender o presente
e a prevenir o futuro.
ESTAMOS NA QUINTA-FEIRA DIA 24 DE FEVEREIRO DE 2011 (MMXI) DO CALENDÁRIO GREGORIANO
Que corresponde ao
Ano de 2764 Ab Urbe Condita (da fundação de Roma)
Ano 4707 a 4708 do calendário chinês
Ano 5771 a 5772 do calendário hebraico
Ano 1432 a 1433 do calendário islâmico
Mais:
DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:
De 2003 a 2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
de 2005 a 2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
de 2005 a 2015 - Década Internacional "Água para a Vida".
Por outro lado
2011 é o ANO EUROPEU DO VOLUNTARIADO
e
é, também, o ANO INTERNACIONAL DA QUÍMICA
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OraQue corresponde ao
Ano de 2764 Ab Urbe Condita (da fundação de Roma)
Ano 4707 a 4708 do calendário chinês
Ano 5771 a 5772 do calendário hebraico
Ano 1432 a 1433 do calendário islâmico
Mais:
DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:
De 2003 a 2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
de 2005 a 2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
de 2005 a 2015 - Década Internacional "Água para a Vida".
Por outro lado
2011 é o ANO EUROPEU DO VOLUNTARIADO
e
é, também, o ANO INTERNACIONAL DA QUÍMICA
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Foi há 1708 anos, a 24.02.303 (terá sido numa QA, de acordo com o calendário actual), que Galério ordenou, por édito, a perseguição dos cristãos.
De Portugal, nem de projecto, ainda, se falava. Mas a Lusitânia já existia de há muito. Augusto, recordo, já antes, no séc I, a tinha dividido em quatro distritos ("conventus"): Mérida, Beja, Braga e Santarém…
Pontificava o papa Marcelino (29º) que era romano e foi eleito em 30.06.296 suportando, no seu pontificado, violentas perseguições movidas pelo imperador Diocleciano aos cristãos.
Caio (ou Gaio) Galério Valério Maximiano – aliás Caius (ou Gaius) Galerius Valerius Maximianus – era, desde 293, um dos tetrarcas que governavam o império romano. Era césar, juntamente com Constâncio I (Constâncio Cloro), pai de Constantino, sendo, na ocasião, augustos, Diocleciano (com uma filha do qual casou) e Maximiano.
César (em latim: Caesar) é um título atribuído a uma pessoa de dignidade imperial. Sua origem está no nome de Caio Júlio César. Na sua forma original, o título foi usado no Império Romano, no Império Bizantino e no Império Otomano. A variante "Czar" foi utilizada no Império Búlgaro (913-1018, 1185-1442), na Bulgária (1908-1946, no Império Russo e na Sérvia (1346-1371). No Império Austríaco, Império Austro-Húngaro e Império Alemão, o título teve a forma de kaiser (do grego Καίσαρ (Kaisar). No uso comum, o termo pode ser usado como sinónimo de imperador. Na acima mencionada tetrarquia de Diocleciano, César era um título que correspondia aos imperadores juniores, assistentes dos Augustos, imperadores seniores.
César (Caesar), foi um título concedido aos 11 primeiros imperadores romanos, cuja origem remete ao nome de Caio Júlio César, que os precedeu.
Tetrarquia:
sistema de governo criado por Diocleciano:
atendendo à enorme extensão do Império, ao número e à magnitude dos problemas,
o imperador dividiu-o em Império Ocidental e Império Oriental,
sendo superiormente dirigida, cada uma dessas metades,
por um Augusto (imperador sénior) e um César (imperador júnior).Reportando, naturalmente, este àquele.
sistema de governo criado por Diocleciano:
atendendo à enorme extensão do Império, ao número e à magnitude dos problemas,
o imperador dividiu-o em Império Ocidental e Império Oriental,
sendo superiormente dirigida, cada uma dessas metades,
por um Augusto (imperador sénior) e um César (imperador júnior).Reportando, naturalmente, este àquele.
Galério arquitectou a renúncia dupla de Diocleciano e Maximiano (305) e, com Constâncio I, tornou-se augusto. Conseguiu que seu sobrinho Maximino (Caio Galério Valério Daia) e o seu amigo Severus II (Flávio Valério Severo), fossem nomeados césares, na formação do novo governo tetrarca.
Galério tornou-se assim imperador do Oriente, a quem reportava seu sobrinho, o césar Maximino, que era governador dessa metade do império.
Galério tornou-se assim imperador do Oriente, a quem reportava seu sobrinho, o césar Maximino, que era governador dessa metade do império.
Seguiu-se o descalabro e o descrédito das entidades máximas que dirigiam o império,
que chegaram a ter de se confrontar com sete pretendentes àqueles cargos,
cada qual com o seu exército.
Ora, Galério insistiu junto dos outros tetrarcas que seria de interesse público acabar com o cristianismo e partiu para a destruição de edifícios e livros (303) e, no ano seguinte, institui a pena de morte contra os seus praticantes.
Os cristãos tinham tido uma época de relativa paz durante uma parte do reinado de Diocleciano. Mas as perseguições recomeçaram após aquele édito de Galério, o que incluiu a destruição das suas casas para impedir que se organizassem para reacções insurreccionais.
Porém, pouco antes de morrer (30.04.311) Galério publicou um édito de tolerância para com os cristãos, na esperança de os cativar, ele que anteriormente os perseguira cruel e violentamente e sempre fora um activo partidário do paganismo.
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Passaram 543 anos (24.02.1468), e foi numa QA (segundo o actual calendário): pensa-se que terá morrido nesta data o alemão Johann Gutemberg, inventor da imprensa. No Sacro Império Romano-Gernânico reinava o imperador Frederico III (1439-1493). Em Portugal reinava D. Afonso V (12º). No Vaticano pontificava Paulo II (211º).
"A invenção da imprensa é o maior acontecimento da história.
É a revolução mãe...
é o pensamento humano que larga uma forma e veste outra...
é a completa e definitiva mudança de pele dessa serpente diabólica, que,
desde Adão,
representa a inteligência."
Victor Hugo
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Foi assim que esse grande vulto das letras registou em Nossa Senhora de Paris, em 1831, quase quatro séculos depois da descoberta de Gutemberg, o impacto e a revolução que terá representado o novo engenho entre a gente letrada e culta da época.
Hoje, alguns não podem deixar de esboçar um sorriso, com tal avanço.
Aquela observação de V. Hugo foi feita a curtíssima distância, no tempo, (onde é que ele o imaginava!) do gérmen de revolução muito maior ainda: o computador mecânico seria concebido por Charles Babbage em 1835. Mas nunca passou de um mero projecto, até mais de um século depois, até que, em 1943, Thomas Flowers construiu o Colossus, o primeiro computador electrónico.
Mas situemo-nos na época. A imprensa “nunca foi um invento pacífico. Desde os seus começos, a nova arte de imprimir livros provocou temores de toda ordem, pois, para muitos, o livro saído de um prelo, e não da tinta de um monge escriba, tornou-se uma força subversiva, capaz de abalar a fé e de reduzir a autoridade da igreja”.
O primeiro livro impresso pela oficina de Gutemberg foi a Bíblia.
Não obstante (pois isso podia, para tantos, significar um bom presságio), «abrindo a janela do seu claustro, o arcediago dom Cláudio Frollo, apontado o dedo para o imponente edifício da Igreja de Notre Dame de Paris, emoldurada a sua frente por uma noite de estrelas, com a mão sobre um livro, disse ao seu visitante, o doutor Jean Coictier, médico de Luis XI: Ceci tuera cela, "isto há-de matar aquilo" - o livro acabará com a igreja! Mesmo ele sendo um homem de cultura, um apaixonado alquimista, suas palavras denotavam tristeza, porque, afinal, dom Cláudio era um sacerdote e lamentava com aquele gesto o princípio do fim do seu mundo, o da Galáxia Teológica»
Mais recentemente, «as profecias deram para prognosticar o fim da palavra impressa, anunciando para todos os cantos o desaparecimento da Galáxia de Gutemberg» (apud site EducaTerra)
Se até à altura da revolução de Gutemberg o papel era raro, hoje, séculos depois, o mesmo papel é cada vez menos utilizado nesta área. Temos cada vez mais “livros” electrónicos.
Aliás, já em 1945 Vannevar Bush, que dirigia um centro de pesquisa e desenvolvimento científico, nos EUA, descreve um dispositivo chamado Memex "no qual um indivíduo armazenaria todos os seus livros, registos e comunicações", afirmando, mesmo, que "conteúdos de jornais, livros, revistas e artigos, poderiam ser visionados ou comprados a partir de um grande repositório de informações”.
E nos anos 80 de 1900, o mercado de enciclopédias viu os “livros” electrónicos terem um real progresso e sucesso com a publicação das versões electrónicas das enciclopédias em CD-ROMs.
Entre nós, há uns escassos 25/30 anos,
ainda não havia telemóveis, nem cartão de débito/crédito,
a net era ainda uma miragem,
do homebanking nem se falava,
DVD’s nem se sabia o que era, etc., etc., etc.…
Às duas por três… É aquilo a que se assiste!
A revolução tecnológica foi muito mais arrasadora em termos de reflexos na Economia. Mas a revolução da imprensa não creio que venha a ser completamente obnubilada (na História) pela revolução tecnológica. Como o nome de Bill Gates não conseguirá fazer esquecer o de Gutemberg.
Será ousado, ou desadequado, afirmar que o gérmen (vá, um dos gérmenes) da revolução tecnológica (do choque tecnológico, hélas!) está na invenção da imprensa?
Johann Gensfleish von Gutemberg, no entanto, não terá sido o único nome ligado à invenção da tipografia. Contudo foi o mais projectado (mediático, diríamos hoje).
Pensa-se que Gutemberg terá nascido em Mainz, na Alemanha, cerca do ano de 1400. Sabe-se que se exilou em Estrasburgo, por razões políticas. Regressado a Mainz, calcula-se que aí terá falecido, e pobre, em 24FEV1468.
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Passaram-se 475 anos (24.02.1536), e segundo o actual calendário foi numa QI: nasceu Ippolito Aldobrandini, que viria a ser o papa Clemente VIII. Em Portugal reinava D. João III (15º). Pontificava Paulo III (220º).
1536 foi o ano em que:
- a pedido do nosso rei, o papa instituiu a Inquisição em Portugal através da bula Cum ad Nihil Magis (23.05);
- Calvino fundou o calvinismo.
- morre o humanista holandês Erasmo (12.07).
Clemente VIII (231º), tinha sido advogado e foi papa de 9 de Fevereiro de 1592 até à sua morte, a 05.03.1605.
Clemente, segundo consta, só mesmo de nome. Que o cognome, segundo os relatos que nos chegam, mais apontam para o implacável.
Foi ele, por exemplo, que, em 17 de Fevereiro de 1600, condenou à morte na fogueira o dominicano Giordano Bruno, que ousou pôr em causa dogmas ou “verdades indiscutíveis” como o da Santíssima Trindade e da virgindade de Maria - este, claro, só proclamado como dogma por Pio IX (255º) pela bula Ineffabilis Deus, de 08.12.1854.
(Claro que, um dia, Giordano Bruno abandonou as vestes dominicanas).
Em 1602, Clemente VIII, com a bula "Incrustabile Divine", fundou a Propaganda, como ficou conhecida a Congregação para a Propagação de Fé ("Congregatio de Propaganda Fide").
Também foi Clemente VIII que, Em 1596, reeditou o Índice de Livros Proibidos, Index Librorum Prohibitorum, instituído em 1559, no Concílio de Trento (1545-1563), presidido pelo papa Paulo IV (223º), por coincidência no ano da sua morte (ele que estava próximo de se tornar octogenário quando eleito em 1555), e quem se deve a reorganização da Inquisição, criada por Paulo III (220º).
A censura de certas obras cuja leitura “punha em risco” a fé e a doutrina cristã foi uma prática cuja idade quase se confunde com a da própria Igreja.
Os índices expurgatórios ou relação dos livros condenados pela Igreja, muitas vezes sintetizados na palavra index, recrudesceram com a invenção da imprensa e com a divulgação das doutrinas fracturantes [quem é que hoje resiste a este termo, ao botar faladura ou escrevinhação?] da ortodoxia católica, a começar pela luterana.
1536 foi o ano em que:
- a pedido do nosso rei, o papa instituiu a Inquisição em Portugal através da bula Cum ad Nihil Magis (23.05);
- Calvino fundou o calvinismo.
- morre o humanista holandês Erasmo (12.07).
Clemente VIII (231º), tinha sido advogado e foi papa de 9 de Fevereiro de 1592 até à sua morte, a 05.03.1605.
Clemente, segundo consta, só mesmo de nome. Que o cognome, segundo os relatos que nos chegam, mais apontam para o implacável.
Foi ele, por exemplo, que, em 17 de Fevereiro de 1600, condenou à morte na fogueira o dominicano Giordano Bruno, que ousou pôr em causa dogmas ou “verdades indiscutíveis” como o da Santíssima Trindade e da virgindade de Maria - este, claro, só proclamado como dogma por Pio IX (255º) pela bula Ineffabilis Deus, de 08.12.1854.
(Claro que, um dia, Giordano Bruno abandonou as vestes dominicanas).
Em 1602, Clemente VIII, com a bula "Incrustabile Divine", fundou a Propaganda, como ficou conhecida a Congregação para a Propagação de Fé ("Congregatio de Propaganda Fide").
Também foi Clemente VIII que, Em 1596, reeditou o Índice de Livros Proibidos, Index Librorum Prohibitorum, instituído em 1559, no Concílio de Trento (1545-1563), presidido pelo papa Paulo IV (223º), por coincidência no ano da sua morte (ele que estava próximo de se tornar octogenário quando eleito em 1555), e quem se deve a reorganização da Inquisição, criada por Paulo III (220º).
A censura de certas obras cuja leitura “punha em risco” a fé e a doutrina cristã foi uma prática cuja idade quase se confunde com a da própria Igreja.
Os índices expurgatórios ou relação dos livros condenados pela Igreja, muitas vezes sintetizados na palavra index, recrudesceram com a invenção da imprensa e com a divulgação das doutrinas fracturantes [quem é que hoje resiste a este termo, ao botar faladura ou escrevinhação?] da ortodoxia católica, a começar pela luterana.
Seria caso para dizer
– perdoe-se-me a prosaica comparação –
que a Igreja adoptara, então, como seu,
o lema, de hoje, de um dos bons blogues da nossa “praça”
(“Grande Loja do Queijo Limiano”),
que reza:
“Não deixe que a Verdade estrague uma boa história”.
Em 1543, surgia um primeiro catálogo de obras proibidas, do papa Paulo III (220º), em Veneza, e, em 1546, o mesmo era feito em Lovaina, e logo noutras cidades e países europeus. E até em Portugal surge, logo de seguida, o primeiro índice condenatório, redigido com a supervisão do cardeal D. Henrique, irmão do monarca então reinante, D. João III (15º), no ano da graça de 1547, por sinal o mesmo em que se estabeleceu definitivamente a Inquisição em Portugal. Doze anos depois, em 1559, foi promulgado o primeiro Index geral da Santa Sé, o aludido Index Librorum Prohibitorum que se manteve em vigor até 1900, ano em que foi substituído.
De sublinhar é que obras de renomados cientistas, filósofos, escritores, enciclopedistas e até pensadores tenham pertencido a esta lista. Por exemplo, Galileu, Copérnico, Erasmo, Espinosa, Locke, Berkeley, Diderot, Pascal, Hobbes, Descartes, Montesquieu, David Hume, Kant, Dumas (pai e filho), Voltaire, V. Hugo, Zola, Stendhal, Flaubert, Anatole France, Balzac e Sartre. Para só citar alguns.
E recordo que o Index Librorum Prohibitorum de 1551 incluía já sete das obras de Gil Vicente.
Voltando atrás, ainda em Portugal – e paralelamente – com Pombal, a abolição da censura eclesiástica levou a que fosse a Real Mesa Censória, sob a autoridade da coroa, a fiscalizar a publicação de obras laicas e religiosas, tendo como missão uma reforma do aludido índice. Posteriormente, em 1821 – já com D. João VI (27º) -, com o fim da Santa Inquisição, passou a ter força de lei, em Portugal, apenas o Índice Romano da Congregação do Santo Ofício, que sofreu várias revisões até 1948.
Mas o último, publicado pela Santa Sé, foi o de Pio XI (com a designação do antigo Índex librorum…) em 1938.
O índice foi abolido apenas em 1966 com o papa Paulo VI.
O concílio Vaticano II, apoiando-se numa declaração sobre a liberdade religiosa, retirou o valor jurídico do documento em 1967.
.
.
É inevitável fazer a ponte.
Mas mais importante (não estou certo que seja mais… São todas muito importantes, naturalmente), mas dizia eu, mais importante que a da Popaganda terá sido a Congregação para a Doutrina da Fé, a mais antiga das nove congregações da Cúria Romana, um dos órgãos do Vaticano. Antes chamara-se “Congregação da Inquisição da Igreja Católica Romana”.
A Congregação para a Doutrina da Fé foi fundada pelo Papa Paulo III, em 21 de Julho de 1542, com o objectivo de defender a Igreja da heresia. É historicamente relacionada com a Inquisição.
Até 1908 era denominada como Sacra Congregação da Inquisição Universal quando passou a se chamar Santo Ofício. Em 1967, uma nova reforma durante o pontificado de Paulo VI mudou para o nome actual.
O actual Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé é o arcebispo americano de San Francisco, William Joseph Levada, de 68 anos, desde Maio de 2005, nomeado pelo papa Bento/Benedito XVI. Assim, o actual censor oficial do Vaticano sucedeu, nesse cargo, ao Cardeal Joseph Ratzinger (que o foi de Novembro de 1981 a Abril de 2005), actual papa reinante.
Mas, bem vistas as coisas, nem é surpreendente que a igreja católica romana tenha praticado a censura. É uma característica comum nas religiões: muitas a exerceram e/ou continuam a exercer.
De sublinhar é que obras de renomados cientistas, filósofos, escritores, enciclopedistas e até pensadores tenham pertencido a esta lista. Por exemplo, Galileu, Copérnico, Erasmo, Espinosa, Locke, Berkeley, Diderot, Pascal, Hobbes, Descartes, Montesquieu, David Hume, Kant, Dumas (pai e filho), Voltaire, V. Hugo, Zola, Stendhal, Flaubert, Anatole France, Balzac e Sartre. Para só citar alguns.
E recordo que o Index Librorum Prohibitorum de 1551 incluía já sete das obras de Gil Vicente.
Voltando atrás, ainda em Portugal – e paralelamente – com Pombal, a abolição da censura eclesiástica levou a que fosse a Real Mesa Censória, sob a autoridade da coroa, a fiscalizar a publicação de obras laicas e religiosas, tendo como missão uma reforma do aludido índice. Posteriormente, em 1821 – já com D. João VI (27º) -, com o fim da Santa Inquisição, passou a ter força de lei, em Portugal, apenas o Índice Romano da Congregação do Santo Ofício, que sofreu várias revisões até 1948.
Mas o último, publicado pela Santa Sé, foi o de Pio XI (com a designação do antigo Índex librorum…) em 1938.
O índice foi abolido apenas em 1966 com o papa Paulo VI.
O concílio Vaticano II, apoiando-se numa declaração sobre a liberdade religiosa, retirou o valor jurídico do documento em 1967.
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É inevitável fazer a ponte.
Mas mais importante (não estou certo que seja mais… São todas muito importantes, naturalmente), mas dizia eu, mais importante que a da Popaganda terá sido a Congregação para a Doutrina da Fé, a mais antiga das nove congregações da Cúria Romana, um dos órgãos do Vaticano. Antes chamara-se “Congregação da Inquisição da Igreja Católica Romana”.
A Congregação para a Doutrina da Fé foi fundada pelo Papa Paulo III, em 21 de Julho de 1542, com o objectivo de defender a Igreja da heresia. É historicamente relacionada com a Inquisição.
Até 1908 era denominada como Sacra Congregação da Inquisição Universal quando passou a se chamar Santo Ofício. Em 1967, uma nova reforma durante o pontificado de Paulo VI mudou para o nome actual.
O actual Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé é o arcebispo americano de San Francisco, William Joseph Levada, de 68 anos, desde Maio de 2005, nomeado pelo papa Bento/Benedito XVI. Assim, o actual censor oficial do Vaticano sucedeu, nesse cargo, ao Cardeal Joseph Ratzinger (que o foi de Novembro de 1981 a Abril de 2005), actual papa reinante.
Mas, bem vistas as coisas, nem é surpreendente que a igreja católica romana tenha praticado a censura. É uma característica comum nas religiões: muitas a exerceram e/ou continuam a exercer.
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Completam-se hoje 429 anos (24.02.1582), e foi num SB: o calendário gregoriano foi promulgado pelo papa Gregório XIII (226º), substituindo o calendário juliano. Em Portugal reinava Filipe I (18º).
Eras e calendários.
Em tempos mais recuados, as datas referidas pelos cronistas peninsulares respeitavam à era de César ou hispânica ou gótica. A partir, no entanto, de D. João I (lei de 15.07.1422), é estabelecido que se passem a referir os anos da era cristã. Para tanto, e sendo necessário fazer a conversão daqueles (era de César) a estes (era cristã), essa conversão faz-se subtraindo 38 anos à era de César, encontrando-se, assim o correspondente ano da era cristã.
No entanto, vigorava o calendário juliano
O ano 1 da era cristã corresponde ao ano 753 (da fundação) de Roma.
Eras e calendários.
Em tempos mais recuados, as datas referidas pelos cronistas peninsulares respeitavam à era de César ou hispânica ou gótica. A partir, no entanto, de D. João I (lei de 15.07.1422), é estabelecido que se passem a referir os anos da era cristã. Para tanto, e sendo necessário fazer a conversão daqueles (era de César) a estes (era cristã), essa conversão faz-se subtraindo 38 anos à era de César, encontrando-se, assim o correspondente ano da era cristã.
No entanto, vigorava o calendário juliano
O ano 1 da era cristã corresponde ao ano 753 (da fundação) de Roma.
Reza a lenda que
os gémeos Rómulo e Remo
eram filhos do deus Marte e de Réia Sílvia.
Foi o avô deles, o rei Numitor,
que lhes deu ordem para fundar uma cidade nas margens do Tibre,
que veio a chamar-se Roma (ano de 753 a.C.).
Conta-se, também, que após a fundação da cidade houve um conflito entre os irmãos para decidir quem seria o rei:
foi aí que Rómulo matou Remo,
tornando-se o primeiro rei de Roma.
"A era hispânica, ou de César, ou safarense, como os árabes diziam, foi abolida em 1422 em Portugal, adoptando-se oficialmente a era de Cristo pelo cálculo pisano, que faz coincidir o ano I com o 39 da era hispânica, de forma que a redução das datas da moda antiga faz-se eliminando trinta e oito anos. A reforma cronológica data de 1422 da era de Cristo (ou 1460 da era de César).
A era cristã fora já anteriormente adoptada em outros estados do que hoje chamamos Espanha: em 1350 no de Aragão, em 1383 no reino unido de Castela-Leão. Havia, porém, várias eras cristãs; a da Encarnação, a do Nascimento e a da Ascensão; havendo além disso o cálculo pisano e o florentino. Pelo primeiro, o nascimento de Cristo é o primeiro dia do ano I; pelo segundo o ano I só começa um ano depois do mesmo nascimento. Para a concordância das datas os dois cálculos diferem pois de um ano.(Cfr Oliveira Martins/OM, Os Filhos de D. João I, nota 14, pág 21 - que neste passo se socorre de J. P. Ribeiro)
E continua, O. M.: "Eis aqui o texto da lei nas Orden. afon., VI, 66.
«ElRey Dom Joham de famosa e excellente memoria em seu tempo fez Ley em esta forma que se segue:
I - Manda ElRey a todolos Taballiaães e Escripvaães do seu Regno e Senhorio que daqui em diante todolos contrautos e escripturas que fezerem ponham Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo, assi como ante soyam a poer Era de César: e esto lhes manda que façam assi sob pena de privaçom dos Offícios.
II - Poblicado foi assi o dito Mandado do dito Senhor na Cidade de Lixboa per mim Philipe Affonso Loguo-Tenente do Escrivam de Chancellaria nos Paaços d'ElRey perante Diego Affonso do Paão ouvidor na sua Corte que sia em audiencia, aos vinte e dous d'Agosto Anno de Nascimento de Nosso Senhor Jesu Christo de mil quatro centos vinte e dous annos.
III - E vista per nos a dita Ley, mandamos que se guarde como em ella, hé contheudo». (cfr Oliveira Martins, id, 22).
Isto, no respeitante a eras – já atendendo ao calendário juliano.
Outra era a matéria específica dos calendários.
Os mais primitivos calendários de que a História nos dá notícia, são o hebreu e o egípcio. Ambos tinham um ano civil de 360 dias.
Depois de muitas reformas, por volta do ano 5000 a.C. os egípcios estabeleceram um ano civil invariável de 365 dias, conservando a tradicional divisão em 12 meses de 30 dias, e 5 dias adicionais no fim de cada ano.
Gregório XIII, depois de um longo estudo (cinco anos) - em que um dos cientistas consultados foi o nosso matemático e cosmógrafo Pedro Nunes (1502-1578) - decretou (neste dia em 1582, repito) a reforma do calendário juliano, adoptando-se, a partir de então, o actual - que, por isso, se diz calendário gregoriano. Em síntese (e de uma forma necessariamente grosseira, já que nós - o vulgo - não entendemos os respectivos fundamentos científicos), a questão a resolver era acertar, o mais possível, a diferença - que se vinha acentuando - entre o ano civil e o ano natural.
Antes de mais, tenha-se em conta que o calendário que se reformava já era velho de muitos séculos: era o calendário Juliano, estabelecido em 46 a. C. por Júlio César, e para a introdução do qual encomendou um estudo ao astrónomo grego Solsígenes, da Escola de Alexandria! Calendário que entraria em vigor no ano seguinte: 45 a. C.
Mas o calendário estabelecido pela equipa de Solsígenes era um calendário quase perfeito como reconheceu a equipa nomeada por Gregório XIII
Recordo que os romanos tiveram um diferente calendário. Uma das suas particularidades era a de que os dias 15 de Março, de Maio, de Julho e de Outubro, assim como os dias 13 dos outros meses, eram designados por “idos”.
Calendário, esse (juliano), que a equipa designada pelo papa Gregório XIII, para o reformar (e de que fazia parte um importante astrónomo, Clavius), considerou baseado num sistema quase perfeito.
O calendário juliano era um calendário solar que procurava sintonizar o calendário com as quatro estações do ano. Assim, César impôs que o ano fosse constituído por 12 meses com duração pré-determinada e a adopção de um ano bissexto de quatro em quatro anos.
Consta que no ano anterior ao uso do calendário juliano, foram introduzidos mais dois meses, de 33 e 34 dias, entre Novembro e Dezembro, além dum outro que se seguiu ao de Dezembro, com 23 dias.
Ou seja, aquele ano teve 445 dias, distribuídos por 15 meses. Foi o ano mais longo de sempre – a que se chamou o ano da confusão.
Foi então abolido o calendário lunar dos decênviros (decênviro: cada um dos dez magistrados da República Romana encarregados de codificar as leis – cfr Infopédia) e adoptou-se o calendário solar, conhecido por Juliano, de Júlio César, que começou a vigorar no ano 709 de Roma (45 a.C.), mediante um sistema que devia desenrolar-se por ciclos de quatro anos, com três comuns de 365 dias e um bissexto de 366 dias, a fim de compensar as quase seis horas que havia de diferença para o ano trópico.
Durante o consulado de Marco António, reconhecendo-se a importância da reforma introduzida no calendário romano por Júlio César, foi decidido prestar-lhe justa homenagem, perpetuando o seu nome no calendário, de maneira que o sétimo mês, Quintilis, passou a chamar-se Julius.
Também no ano 730 de Roma, o Senado romano decretou que o oitavo mês, Sextilis, passasse a chamar-se Augustus, porque durante este mês começou o imperador César Augusto o seu primeiro consulado e pôs fim à guerra civil que desolava o povo romano. E para que o mês dedicado a César Augusto não tivesse menos dias do que o dedicado a Júlio César, o mês de Augustus passou a ter 31 dias.
Assim, para a equipa constituída pelo Papa Gregório XIII para reformar o calendário, a questão a resolver, era a seguinte: para facilitar os cálculos, atribuiu-se ao ano (natural) a extensão de 365 dias e 6 horas. Assim - e de novo para facilitar as coisas - considerava-se que o ano (comum) tinha apenas aqueles 365 dias. Logo, as seis horas que restavam, em cada ano, eram a justificação do acréscimo de um dia, de quatro em quatro anos (ano bissexto).
Porém, o ano natural não tinha mais 6 horas que o ano civil: na realidade aquele tinha a mais que este, apenas 5h 48m 46s. Desta forma, quando, para facilitar cálculos, se entra em linha de conta com aquelas 6 horas, estamos a considerar mais 11m e 14s do que o que deve ser. O que, ao fim de 4 anos, soma quase 45 minutos.
O que a equipa nomeada por Gregório XIII, para se debruçar sobre este assunto, concluiu, foi que nesse ano de 1582 a acumulação daqueles 11m e 14s já somava 10 dias completos.
A reforma gregoriana tinha por finalidade fazer regressar o equinócio da primavera a 21 de Março e desfazer o erro de 10 dias já existente. Para isso, a bula mandava que o dia imediato à quinta-feira 4 de Outubro fosse designado por sexta-feira 15 de Outubro. Como se vê, embora houvesse um salto nos dias, manteve-se intacto o ciclo semanal.
E para que o sistema se aproximasse o mais possível da realidade, determinou-se que os anos de 1700, 1800 e 1900 fossem comuns, e não bissextos, como seria natural. E que a partir daí, a cada três anos seculares comuns se seguisse um ano (secular) bissexto. Nesta ordem de ideias, 2000 foi bissexto; mas 2100, 2200 e 2300 deverão considerar-se comuns.
No fundo, e em resumo, digamos que a regra a respeitar, a partir de então (1582) é a seguinte: o ano é bissexto se for divisível por 4. Porém, no que aos anos seculares respeita, estes só são bissextos se divisíveis por 400.
O calendário gregoriano foi, pois, promulgado pelo Papa Gregório XIII a 24 de Fevereiro do ano 1582 para substituir o calendário juliano. Em alguns países, como em França, Itália, Luxemburgo, Países Baixos e também em Portugal e em Espanha - onde o mesmo rei detinha as duas coroas: Filipe I - esta determinação foi cumprida de imediato. Ou seja: esta determinação foi objecto de disposições legais internas (de cada país) nesse sentido.
Nos países protestantes a recusa foi mais longa. O erudito francês Joseph Scaliger, pelas suas críticas, contribuiu para organizar a resistência. "Os protestantes, dizia Kepler, preferem antes estar em desacordo com o Sol do que de acordo com o Papa".
Noutros, só mais tarde isso aconteceu. Os últimos países a adoptar o calendário gregoriano foram a Turquia, em 1926 e a China, em 1929. Continua hoje, contudo, este calendário, a não ser o único (subsiste, por exemplo, o calendário muçulmano), mas é o calendário dominante em todo o mundo. Por razões óbvias.
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1 comentário:
Acho fascinante esta ideia de passar os olhos por milhares de anos de história como se estivéssemos a ler o jornal, tipo "vou ali e já venho". Já agora, estava longe de pensar que kaiser e czar são versões de césar. Os meus agradecimentos, enquanto leitor, por este tão útil e louvável trabalho de arrumação da história.
JR
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