quarta-feira, fevereiro 09, 2011

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

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Recordo:

Este é o espaço em que,
habitualmente,
faço algumas incursões pelo mundo da História.
Recordo factos,
revejo acontecimentos,
visito ou revisito lugares,
encontro ou reencontro personalidades.
Relembro datas que são de boa recordação, umas;
outras, de má memória.
Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.
Aqui,
as datas são o pretexto para este mergulho no passado.
Que, por vezes,
ajudam a melhor entender o presente
e a prevenir o futuro.



ESTAMOS NA QUARTA-FEIRA DIA 9 DE FEVEREIRO DE 2011 (MMXI) DO CALENDÁRIO GREGORIANO

Que corresponde ao
Ano de 2764 Ab Urbe Condita (da fundação de Roma)
Ano de 4707/08 do calendário chinês
Ano de 5771/72 do calendário hebraico
Ano de 1432/33 do calendário islâmico

A ONU designou o ano de 2011 como O ANO INTERNACIONAL DA QUÍMICA E DAS FLORESTAS.
Mas o ano de 2011 é ainda O ANO EUROPEU DO VOLUNTARIADO

Mais:

DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:
De 2003 a 2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
de 2005 a 2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável. É, ainda, a segunda década internacional para os Povos Indígenas do Mundo.
de 2005 a 2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

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O conflito armado no Sudeste Asiático que ficaria conhecido como Guerra do Vietname - a que os vietnamitas chamam Guerra Americana - durou de 1959 até 30.04.1975. Nela se confrontaram, dum lado, a República do Vietname (Vietname do Sul), do outro, a República Democrática do Vietname (Vietname do Norte) e a Frente Nacional para a Libertação do Vietname (FNL). O envolvimento dos EUA ao lado do Vietname do Sul, que já vinha de trás, desde Eisenhower e Kennedy, foi reforçado com o envio de 500 mil homens (fuzileiros) por ordem de Johnson dessa longínqua Terça-feira 9 de Fevereiro de 1965, há 46 anos.
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Mas apesar do seu imenso poderio militar os norte-americanos sucumbiram, sendo obrigados à retirada em 1973, na sua quase totalidade, e na sua totalidade em 1975, quando os tanques norte-vietnamitas rebentam os portões do palácio presidencial e o tomam. Dá-se, então, a reunificação do Vietname, para em 1976 se tornar oficialmente na República Socialista do Vietname.

A guerra foi aterradora e de uma violência indescritível.


Da esquerda para a direita e de cima para baixo: ofensiva do Tet;
fuzileiros embarcam nos helicópteros Huey na frente de combate;
massacre de civis em My Lai; soldados incendeiam vilarejo vietnamita
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um bombardeiro norte-americano B-52 bombardeando cidades no Vietname do Norte
durante a Operação Linebacker II, em Dezembro de 1972.
Esta foi a última grande ofensiva americana na guerra,
antes que os Acordos de Paz de Paris fossem assinados
outra imagem duma guerra sem tréguas



O total de vítimas da Guerra do Vietname entre os anos de 1964 até 1975 é impreciso, oscilando entre 1 milhão e meio a dois milhões de vietnamitas mortos, entre civis e militares, para além de milhões de feridos. Já do lado americano, dos dois milhões e trezentos mil homens que aí serviram terão morrido aproximadamente 60 000 soldados e ficado feridos pouco mais de 300 000Durante o conflito, enquanto as tropas do exército do Vietname do Norte travaram uma guerra convencional contra as tropas norte-americanas e sul-vietnamitas, as milícias da FNL (a cujos elementos os americanos chamavam "vietcongs") menos equipadas e treinadas, lutaram numa guerra de guerrilha na região, usando as selvas do Vietname, espalhando armadilhas mortais aos soldados inimigos (como alguns túneis subterrâneos, não contínuos, num total de uns 250 km), enquanto os Estados Unidos se armaram de grande poder ofensivo, em artilharia e aviação de combate, para destruir as bases inimigas e impedir suas ofensivas.

Os famosos túneis de “Cu Chi”, em plena floresta tropical (a cerca de 70 km de Saigão e com uma extensão de cerca de 120 km), como outros noutras zonas, fizeram a diferença no teatro de operações no Vietname, “ferramenta sábia e inteligente” que foi utilizada pelos estrategos vietnamitas contra as tropas norte-americanas.
“Os combatentes vietnamitas, com tipo físico franzino diante dos soldados americanos de estatura e envergadura muito superior, souberam explorar esta vantagem marcante” (in Portal de S Francisco - Geografia do Vietname), o que lhes permitiu camuflar e ocultar seus pequenos grupos de combate em verdadeiros “bunkers” subterrâneos, locais onde jamais os americanos ousaram pisar, sem sérias e graves consequências (mortes inclusive), muitos menos penetrar.



imagem de uma entrada/saída do túnel de Cu Chi (normalmente bem camuflada, claro)

segmento de um corredor do túnel de Cu Chi


uma armadilha (de várias do mesmo género, espalhadas pela floresta de Cu Chi)
que consiste num fosso relativamente profundo, naturalmente bem camuflado,
cujo fundo está cheio de altos espetos de ferro


Além do mais, e a acrescer ao seu maior porte de estatura e envergadura, os soldados americanos lutavam em terreno muito irregular e adverso, como adverso era o clima que tinham de suportar. Mais ainda, os americanos carregavam sempre consigo uns 30 quilos, entre material de guerra, acessórios e mantimentos. Bem ao contrário, mais pequenos, leves e sem transportarem grandes pesos, os vietcongs, bem conhecedores do terreno e habituados ao clima, moviam-se com toda a facilidade.

Vietcongs munidos apenas da sua arma deslocam-se numa patrulha


Os americanos desencadeiam, pois, missões de busca e destruição com o uso de bombardeios maciços, designadamente com armas químicas. Mas não lograram evitar a derrota estrondosa. Foi com os Acordos de Paz de Paris em 1973 que se efectuou a retirada das tropas norte-americanas do país do conflito. Mas a guerra prosseguiu com a luta entre o norte e o sul do Vietname dividido, terminando em 30 de Abril de 1975, com a invasão e ocupação comunista de Saigão, hoje cidade de Ho Chi Minh (simbolizada pela entrada dos tanques norte-vietnamitas no palácio presidencial), e a rendição total dos exércitos sul-vietnamita e norte-americano.
Para os Estados Unidos, a Guerra do Vietname resultou na maior confrontação armada em que o país já se viu envolvido, e a derrota provocou a 'Síndrome do Vietname' nos seus cidadãos e na sua sociedade, causando profundos reflexos na sua cultura.
O Paralelo 17N foi a linha de demarcação militar provisória e desmilitarizada entre o Vietname do Norte e o Vietname do Sul estabelecida pela Conferência de Genebra de 1954, que pôs fim à Guerra da Indochina.
A cidade de Hué (a uma hora e dez minutos de voo de Hanói) devia ser a localidade mais importante abaixo do paralelo 17, e já, portanto no Vietname do Sul.

Hué tinha sido a capital do país na era imperial. Nesta cidade se encontra uma fortaleza muralhada, com um palácio no seu interior, constituindo a Cidade Imperial de Hué, capital do reino, idealizada como uma cópia da Cidade Proibida dos imperadores chineses em Pequim, na China. Em 1993, a Cidade Imperial de Hué foi classificada pela UNESCO como Património da Humanidade. A cidade fica a 108 km a Norte de Danang, grande baía que acolhia a base naval dos EUA e que se localizava estrategicamente mais ou menos no centro do país, como um todo.
Um pouco a Sul de Danang (30 km) fica a antiga cidade de Hoi An. E a 990 km fica Saigão.

Uma curiosidade microclimática:
O Vietname é percorrido, de Norte a Sul, por uma cadeia de montanhas que correm no interior geralmente em paralelo com a costa do mar da China. Mas, no percurso de Hué/Danang, e já relativamente próximo desta cidade, atravessa-se uma montanha que, ao contrário das outras, corre perpendicularmente à costa.
E a peculiaridade que pretendo recordar e referir é a de uma zona dessa montanha onde existe um nevoeiro eterno. É durante umas escassas centenas de metros do percurso ziguezagueante que se atravessa essa zona de nevoeiro relativamente denso e permanente. Feito este percurso num cair de tarde encontramo-nos, invariavelmente, num ambiente absolutamente surreal. São uma imagem e uma envolvência inesquecíveis. Uma experiência única.

E muitas mais são as imagens inesquecíveis deste país que se trazem na memória desde a belíssima baía de Halong, declarada Património Mundial pela Unesco em 1994 (a 170 km de Hanói, no golfo de Tonkim – mar da China), a escassos km da China, no Norte, até ao extremo Sul do país (3 450 km de costa).




imagens recentes da baía de Halong, semeada de 3 000 ilhas e ilhéus escarpados,
raramente acessíveis, salvo uma ou duas ilhotas muito visitadas
pelos turistas que percorrem as suas enormes e antiquíssimas grutas

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«EUA enviam primeiras forças de combate para o Vietname


O Presidente dos EUA Lyndon Johnson ordena, a 9 de Fevereiro de 1965, o envio de um batalhão de 3500 fuzileiros para proteger a base aérea americana de Da Nang, no Vietname do Sul. Cumpria assim as recomendações do seu secretário da Defesa, Robert McNamara, que reclamara uma escalada militar naquele país. “Já chega!”, terá exclamado Johnson, quando foi informado que a guerrilha do Vietcong tinha montado uma operação contra o complexo americano de Pleiku, alguns dias antes. No ataque, foram mortos oito soldados americanos, feridos mais de cem e destruídos dez aviões. O destacamento do US Marine Corps Hawk marca o início do envolvimento americano no terreno, no Vietname. O Pentágono aprova ainda a Operação Dado Flamejante, o bombardeamento de um campo militar no Vietname do Norte por jactos americanos estacionados a bordo do USS Ranger. A decisão de Johnson foi apoiada pelo Reino Unido e pela Austrália e criticada pela China e União Soviética, que ameaçaram intervir se os Estados Unidos reforçassem a sua presença militar na região – em Moscovo,
milhares de manifestantes, liderados por estudantes chineses e vietnamitas, atacaram a embaixada americana. O Presidente não fez nenhuma declaração pública sobre a decisão. Mas as sondagens demonstraram o apoio dos americanos ao envolvimento na guerra.»
(transcrito duma local do P2 do Público intitulada “foi no passado (…)”
Guerra do Vietname/fotogaleria e comentários (fonte BBC Brasil.com – com transcrições, adaptações e notas ao correr da pena)


soldado americano
”Durante dez anos, a Guerra do Vietname dominou as manchetes dos jornais americanos e do resto do mundo.
Descrita por vários presidentes dos Estados Unidos como um acto contra a propagação do comunismo, o país ajudou o Vietname do Sul com dinheiro, armas e soldados.
O objectivo era derrotar o norte comunista, liderado por Ho Chi Minh, e libertar os vietnamitas do que era considerado tirania.”(Fotos: AP)

batalha
O envolvimento dos EUA na guerra do Vietname redundou num enorme fracasso, não obstante terem chegado a manter 500 mil soldados no terreno. Em 1973 os EUA suspenderam as ofensivas e retiraram todas as tropas de combate do Vietname do Sul, mantendo aí, apenas, alguns militares enquanto a guerra prosseguia entre o Norte e o Sul.
Mas, quando em 30.04.1975 tanques norte-vietnamitas invadiram e tomaram o palácio presidencial em Saigão, a guerra terminava e os americanos voltaram para o seu país para remoer uma pesada derrota que nunca conseguiram digerir.

guerrilha
”Do ponto de vista de um fotojornalista, a Guerra do Vietname foi única.Com acesso praticamente irrestrito aos campos de batalha, muitos fotógrafos mostraram a guerra de modo nunca antes visto.Apesar da tecnologia, este foi um confronto de guerrilhas com muitas batalhas, permitindo que momentos intensos fossem registados.”

Daí o imenso material fotográfico trazido para os meios de comunicação e que hoje enchem as paredes do Museu da Resistência - o antigo palácio presidencial da cidade de Ho Chi Minh (ex-Saigão, antiga capital do Vietname do Sul).

riscos
O acesso “estranhamente” irrestrito de fotógrafos significava riscos como significava uma crescente opinião pública contra a guerra e contra a intervenção dos EUA. Sem qualquer treino ou preparação militar, indefesos, os fotógrafos eram vítimas mais expostas aos riscos da guerra. Donde que mais de 135 fotógrafos de todos os lados foram dados como mortos ou desaparecidos.
Aqui, o fotógrafo da AP Huynh Thanh My cobre um batalhão vietnamita estacionado no enorme delta do rio Mekong, cerca de um mês antes de ele ter sido morto em combate, em 10 de Outubro de 1965.
imagens
Esta é uma das tais imagens que mudaram a opinião pública – imagem de Kim Phuc, uma menina então com 9 anos, que deu volta ao mundo, do fotógrafo Nic Ut. E uma das que estão expostas no Palácio da Resistência ou da Reunificação.
”Em 8 de Junho de 1972, um avião do Vietname do Sul acidentalmente lançou sua carga de napalm no vilarejo de Trang Bang.Com suas roupas em chamas, Kim Phuc fugiu do vilarejo com a família, para ser transportada para um hospital. Ela sobreviveu e hoje mora nos Estados Unidos.”
execução

Esta é outra das fotos mais famosas do conflito. De Eddie Adams mostra o general vietnamita do sul Nguyen Ngoc Loan executando um oficial vietcong com um tiro na cabeça.
Estas últimas são duas das mais famosas fotos da guerra que estão entre as centenas delas que cobrem as paredes duma enorme sala no primeiro piso do actual Palácio da Resistência ou da Reunificação, onde antes fora o Palácio presidencial, em Saigão (hoje cidade de Ho Chi Minh), no Vietname do Sul.
A imagem mudou a percepção do público sobre a guerra e perseguiu o general Nguyen Ngoc Loan até sua morte.
Esta foto da Associated Press, ganhou um prémio Pulitzer em 1969 pelo seu
fotógrafo Eddie Adams.
Também foi realizado uma película deste evento:
general Nguyen Ngoc Loan shoots a Vietcong soldier.
Esta imagem e este vídeo documentam bem a violência da Guerra do Vietname.

helicópteros

“Esta foi a primeira guerra que usou helicópteros.
As tropas podiam ser deslocadas rapidamente para qualquer lugar no país, fazendo com que os soldados participassem de mais combates do que na Segunda Guerra Mundial.
Esta foto de helicópteros do Exército americano atirando contra soldados vietcongs perto da fronteira cambojana lembra filmes de Hollywood...”

violência

”...mas de perto, o "glamour" da guerra desaparece. Um paraquedista ferido do 101º batalhão lidera uma evacuação de helicóptero pela selva para resgatar feridos durante uma patrulha de cinco dias em Hué, Vietname do Sul, em 1968.”


mortos

Corpos de fuzileiros americanos encontram-se semi-enterrados na colina 689, a Oeste de Khe Sanh, em 1968, no Vietname do Sul, mas na área do paralelo 17N. Este cerco de Khe Sanh foi uma das mais longas e sangrentas batalhas da guerra.

o horror da guerra espelhado nesta imagem da batalha de Khe Sanh
(imagem que não é da fotogaleria que estamos a acompanhar), retirada da Net
perto do fim

A retirada americana verificou-se em 1973, mas a guerra prosseguiu por mais dois anos.
Já perto do fim, esta mulher carrega a filha ferida para longe das batalhas.

Tanque norte-vietnamita invadiu o Palácio Presidencial
em Saigão que significou a queda do Vietname do Sul
e decretava o fim da guerra. 30/04/1975.
Foto: AP
(não da mesma fotogaleria que vínhamos acompanhando)

No dia 30 de Abril de 1975, soldados do Exército norte-vietnamita entraram em Saigão, no Vietname do Sul, ocuparam e dominaram o palácio presidencial e assumiram o controle do país.

”Os últimos militares americanos buscaram segurança no telhado de sua embaixada.Muitos dos vietnamitas do sul que trabalharam com os EUA temeram por suas vidas, mas muitos mais correram às ruas para ver os tanques.

No ano seguinte, uma vez realizada a reunificação dos dois Estados, seria proclamada a República Socialista do Vietname. E Saigão passaria a denominar-se cidade de Ho Chi Minh.”

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