sexta-feira, abril 13, 2007

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

Samuel Becket




Sumário:

- Catarina de Médicis nasceu há 488 anos. Recordam-se, a propósito, outros importantes e sonantes nomes da Dinastia Medici

- Há 426 anos, Felipe II de Espanha foi aclamado rei de Portugal, com o nome de Felipe I.

Pretexto para recordar, por exemplo, esses monumentos jurídicos que foram as Ordenações.

- O Édito de Nantes foi publicado há 409 anos. Terminavam 36 anos de perseguições e violentos massacres...

- Há 312 anos, em Paris, morria La Fontaine

- Decorreram 264 anos sobre o nascimento de Thomas Jefferson, 3º presidente dos EUA. Foi da sua autoria a declaração de independência do país.

- O parlamento britânico concedeu liberdade de religião aos católicos. Foi há 178 anos.

- Estão decorridos 161 anos sobre a data da inauguração, por D. Maria II, do Teatro Nacional com o seu nome.

- Se vivo fosse (e muito vivo está) Beckett completaria, hoje, 101 anos.

- Carlos Avilez, nome grande do teatro nacional, faz hoje 70 anos.

- Há 46 anos ocorria o “golpe Botelho Moniz”

- Começava – faz hoje 32 anos – a guerra civil libanessa de 1975-1990 que atingiu um palmarés de 150 mil mortos!

- Passaram-se 20 anos: Portugal e a China assinaram o acordo de transferência da administração de Macau. Seria concretizado cerca de 12 anos depois, em Dezembro de 1999.

- Aos 83 anos de idade morria, há 18 anos atrás, o bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes

Este é o espaço em que,

habitualmente,

faço algumas incursões pelo mundo da História.

Recordo factos, revejo acontecimentos,

visito ou revisito lugares,

encontro ou reencontro personalidades.

Datas que são de boa recordação, umas;

outras, de má memória.

Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.

Aqui,

as datas são o pretexto para este mergulho no passado.

Que, por vezes,

ajudam a melhor entender o presente

e a prevenir o futuro.

Respondendo a uma interrogação,

continuo a dar relevo ao papado.

Pela importância que sempre teve para o nosso mundo ocidental.

E não só, nos últimos séculos.

Os papas sempre foram,

para muitos, figuras de referência,

e para a generalidade, figuras de relevo;

por vezes, e em diversas épocas, de decisiva importância.

Alguns

(muitos)

não pelas melhores razões.

Mas foram.

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O ano 2007 [MMVII] do calendário gregoriano corresponde ao:

. ano 1428/1429 dH do calendário islâmico (Hégira)

. ano 2760 Ab urbe condita (da fundação de Roma)

. ano 4703/4704 do calendário chinês

. ano 5767/5768 do calendário hebraico

DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:

2001/2010 – Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África.

2001/2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo.

2001/2010 - Década Internacional para a Cultura da Paz e não Violência para com as Crianças do Mundo.

2003/2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.

2005/2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.

2005/2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

2007 Ano Internacional da Heliofísica

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Foi há 488 anos (13.04.1519), numa QA: nasceu, em Florença, Itália, Catarina de Médicis, que viria a ser rainha de França, mulher de Henrique II. Reinava, a esse tempo, em Portugal, D. Manuel I (14º). Chefiava a Igreja Leão X (217º), precisamente um Médicis, filho de Lourenço, o Magnífico.

Catarina era filha de Lourenço de Médicis (não o Magnífico, mas um seu neto), duque de Urbino, e de Madalena de La Tour de Auvergne, condessa de Bolonha.

Catarina era, pois, neta de Pedro de Médicis (1471-1503) que por sua vez era filho de Lourenço, o Magnífico, a quem sucedeu. (Lourenço, o Magnífico, recordo, era neto de Cósimo de Médici – Cosme de Médicis – um dos dois filhos do iniciador da dinastia: João de Médicis).

O consulado de Pedro (1492-1503) foi de má memória. Pedro “não revelou capacidade nem prudência”, sucedendo-se os desastres e os insucessos da sua governação.

Catarina – repito – era neta de Pedro, e a seu pedido foi mandada para um convento, para aí ser educada. Casou, com apenas 14 anos (1533), em Marselha, com o rei de França, Henrique II, filho de Francisco I, a quem sucedeu em 1547. Foi mãe de 9 filhos, entre eles três reis de França: Francisco II, Carlos IX (em cuja menoridade foi regente do reino) e Henrique III.

Durante os primeiros anos de casamento, Catarina teve pouca ou nenhuma influência uma vez que Henrique II vivia controlado pela amante Diana de Poitiers. Mas após a morte do marido, Catarina tornou-se regente dos filhos, primeiro Francisco II e depois Carlos IX.

Acerca dos Médicis, que se notabilizaram na política e no mecenato (até papas, esta família “produziu” - e não tão poucos como isso: quatro), será curioso ver a seguinte síntese da Wikipédia: Família Médici.

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Decorreram 426 anos (13.04.1581), era uma QI: Felipe II de Espanha é aclamado rei de Portugal sob o nome de Filipe I (18º). Ocupava o trono pontifício Gregório XIII (226º).

Felipe II (21 de Maio de 1527 - 13 de Setembro de 1598) foi rei de Espanha, entre 1556 e a sua morte, e Rei de Portugal, como Filipe I a partir de 1580. É conhecido em Portugal pelo cognome de O Prudente.

Filho do Imperador Carlos V e de Isabel de Portugal (filha de D. Manuel I), governou um vasto território integrado, na Europa, por Aragão, Castela, Catalunha, Ilhas Canárias, Maiorca, Navarra, Galiza e Valência, Roussillon, Franco-Condado, Países Baixos, Sardenha, Córsega, Sicília, Milão, Nápoles, além de territórios ultramarinos na África (Orão, Túnis, e outros), na América e na Ásia (Filipinas).

Em termos de política externa, obteve uma significativa vitória contra os turcos-otomanos na Batalha de Lepanto (1571).

A 25 de Julho de 1554, tornou-se Rei de Inglaterra através do seu casamento com Maria I de Inglaterra. O projecto de união pessoal dos dois países falhou com a morte de Maria em 1558.

Em 1580, a morte do Cardeal-Rei D. Henrique permitiu-lhe, após luta armada com seu primo D. António (o Prior do Crato, neto de D. Manuel, sobrinho do rei-cardeal), anexar Portugal (e territórios ultramarinos) às suas já vastas possessões, pois descendia do rei Manuel I, através da sua mãe, a princesa Isabel de Portugal.

Filipe - absolutista, que era - não quis, porém, nem tentou, sequer, intervir na política interna de Portugal e entregou o governo do país a um português de sua confiança.

Exemplo de monarca absolutista, o seu governo era exercido com o recurso de Conselheiros e de Secretários Reais, baseados em uma administração fortemente centralizada.

Sob seu governo foi erigido um dos mais importantes monumentos da Espanha - o mosteiro do Escurial, perto de Madrid, que conta com valioso acervo artístico.

Em 1559, terminava a guerra de sessenta anos com a França com a assinatura da Paz de Cateau-Cambrésis. Parte do processo de pacificação passou pelo seu casamento com Elizabeth de Valois (1545-1568), filha de Henrique II de França, que por sinal tinha sido prometida ao seu filho Carlos, descendente do seu primeiro casamento com Maria Manuela. Elizabeth deu-lhe apenas duas filhas, permanecendo o rei sem descendentes masculinos. Seria apenas com o seu quarto casamento, com Ana, filha de Maximiliano II do Sacro-Império, que nasceria o herdeiro ao trono, Filipe II (Felipe III de Espanha).

Uma boa ocasião, esta, para recordar essas colectâneas de leis avulsas que se chamaram “Ordenações.

Os códigos (composições metódicas e articuladas de disposições legais sobre áreas específicas), esses só viriam no século XIX.

Existe uma colectânea conhecida por Ordenações de D. Duarte, de carácter particular, que compreende leis de D. Afonso II a D. Duarte e consta de um manuscrito do início do século XV, arquivado na Biblioteca Nacional de Lisboa.

A esta colectânea, geralmente, não se faz referência, já que, não tendo carácter oficial, também não foram favorecidas pela publicidade que as seguintes tiveram.

Ordenações Afonsinas: são uma colectânea de leis promulgadas, como primeira compilação oficial do século XV, durante o reinado de D. Afonso V. Várias vezes as Cortes tinham pedido a D. João I a organização de uma colectânea em que se coordenasse e actualizasse o direito vigente, para a boa fé e fácil administração na justiça. Para levar a cabo essa obra, designou D. Duarte o doutor Rui Fernandes, que acabaria o trabalho em 1446 em Arruda.

Ordenações Manuelinas: com este nome se designa a nova codificação que D. Manuel I promulgou, em 1521, para substituir as Ordenações Afonsinas. Para explicar esta decisão do rei apontam-se dois motivos fundamentais: a descoberta da imprensa e a necessidade de correcção e actualização das normas, assim como a modernização do estilo afonsino; além disso, talvez o monarca tivesse querido acrescentar às glórias do seu reinado uma obra legislativa. Em 1514 faz-se a primeira edição completa dos cinco livros das Ordenações Manuelinas. A versão definitiva foi publicada em 1521.

Ordenações Filipinas: esta compilação jurídica resultou da reforma do “código” manuelino, como consequência do domínio castelhano, tendo sido mais tarde confirmada por D. João IV. Mais uma vez se fez sentir a necessidade de novas ordenações que representassem a expressão coordenada do direito vigente. A obra ficou pronta ainda no tempo de Filipe I, que a sancionou em 1595, mas só foi definitivamente mandada observar, após a sua impressão em 1603, quando já reinava Filipe II.

(Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre, com algumas transcrições e adaptações)

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Foi há 409 anos (13.04.1598), uma SG: Henrique IV, de França, emite o Édito de Nantes, dando liberdade religiosa aos huguenotes. Reinava em Portugal Filipe I (18º). A Igreja era dirigida pelo papa Clemente VIII (231º).

Huguenotes era, como se sabe, expressãopejorativa, mas comumcom que os católicos franceses antigamente se referiam aos calvinistas.

A origem da expressão huguenotes, nem vale a pena abordá-la, tais as nuvens que se adensam à sua volta. Etimologistas e historiadores discutem, mas não se entendem nem apresentam conclusões convincentes.

O Édito de Nantes foi um documento histórico, pois concedia aos huguenotes a garantia de tolerância após 36 anos de perseguição e massacre por todo o país, com destaque para o Massacre da noite de São Bartolomeu de 1572.

Com este édito ficava estipulado que a confissão católica permanecia a religião oficial do Estado, contudo, aos calvinistas franceses era reconhecida, oficialmente, a liberdade de praticarem o seu próprio culto.

Oitenta e sete anos mais tarde, a intolerância religiosa estaria de volta. A 23 de Outubro de 1685, Luís XIV revogaria o Édito de Nantes com o Édito de Fontainebleau. Os huguenotes voltariam a ser perseguidos e muitos deles fugiriam para o estrangeiro: para a Prússia, para os EUA e África do Sul.

Henrique IV (13 de Dezembro de 1553-14 de Maio de 1610), chamado O Grande, foi o primeiro rei de França pertencente à família Bourbon. Casou com Maria de Médicis, de quem teve o seu sucessor, Luís XIII, durante a menoridade do qual a rainha foi regente. (Veja-se, acima, no primeiro ponto desta “memória”, a Família Médicis).

Henrique IV reinou entre 1589 e o ano da sua morte, em 1610. Antes de subir ao trono, era protestante, mas para conseguir o apoio popular que o permitisse tornar-se rei de França, converteu-se ao catolicismo e assinou o Édito de Nantes, que concedia liberdades religiosas aos protestantes e que na prática acabou com a guerra civil.

Foi um dos reis mais populares da França (quer durante, quer depois do seu reinado), e praticou uma tolerância religiosa absolutamente fora do comum no seu tempo. Na França, Henrique IV era (e continua a ser) chamado informalmente de le bon roi Henri.

Sucedeu a Henrique III e foi sucedido por Luís XIII.

Ficou célebre a sua frase, pronunciada com o apoio do grande amor de sua vida, Gabrielle d'Estrée, a 25 de Julho de 1593, quando definitivamente renunciava ao protestantismo: "Paris vaut bien une messe".

(Adaptado, com algumas transcrições, de diversas fontes)

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Foi há 312 anos (13.04.1695), numa QA: morreu, em Paris, Jean de La Fontaine, escritor francês. Reinava, em Portugal, D. Pedro II (23º). Pontificava Inocêncio XII (242º).

La Fontaine nasceu em França, em Chateau-THierry, a 08JUL1621

Publica sucessivas recolhas de Contos e, em 1668, aparecem os seis primeiros volumes de Fables Choisies Mise en Vers que atingirão em 1694 o décimo segundo volume”.

Na verdade, La Fontaine celebrizou-se, sobretudo, pelas suas fábulas “escritas num estilo simultaneamente simples e subtil, constituindo um conjunto harmonioso e sensível, cujo brilho se mantém intacto até hoje.

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Foi há 264 anos (13.04.1743), um SB: nasceu, em Shadwell, Albermale County, na colónia britânica da Virgínia, na América, Thomas Jefferson, 3º presidente dos EUA. Em Portugal reinava D. João V (24º). Em Roma pontificava Bento XIV (247º).

"Eu temo pela minha espécie

quando penso que Deus é justo."

(Thomas Jefferson)

O primeiro acontecimento que tornaria célebre Thomas Jefferson, foi a Declaração de Independência (1776), da sua autoria. Foi governador do estado da Virgínia (donde era natural e onde morreu em 1826) – cuja Universidade fundou. Fundou, também, o Partido Federalista, que está na génese do actual Partido Republicano.

Antes de se tornar no terceiro presidente dos EUA, foi embaixador do seu país em França e foi o primeiro secretário de Estado dum governo americano.

Foi um paladino da luta pela independência e consolidação do Estado.

Foi presidente de 1801 a 1809. “Reclamou o direito de voto para todos os cidadãos americanos, criando assim a ‘tradição jeffersoniana’, orgulho da democracia americana.”

Facto hoje surpreendente, mas, na altura nada estranho: comprou a Louisiana à França.

[A este propósito,

recordo que anos mais tarde, em 1867,

os EUA também compraram, agora à Rússia,

o Alasca (separado desta uns 80 Km – pelo estreito de Bering),

pelo preço de 7 200 000 dólares.]

Jefferson morreu, com 83 anos, em Monticello, Virgínia, aos 04JUL1826, no dia em que se comemorava o 50º aniversário da independência dos EU.

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Estão decorridos 178 anos (13.04.1829), era uma SG: o parlamento britânico concede liberdade de religião aos católicos. Era ainda rei de Inglaterra, da Irlanda e de Hanôver, Jorge IV (12.08.1762-26.06.1830). Em Portugal reinava D. Miguel (29º). Pontificava, desde dias antes, o italiano Francesco Xaviero Castiglioni, com o nome de Pio VIII (253º).

O extravagante Jorge IV era oriundo da Casa de Hanôver, e antes de subir trono, em 1820, já tinha sido regente de seu pai, Jorge III (1811-1820), devido à insanidade mental deste, que lhe valeu o cognome de O Louco.

Em 1795 casou, em segundas núpcias, com a princesa Carolina de Brunswick, “em troca do pagamento das suas dívidas”, de quem teve uma única filha, Carlota, Princesa de Gales, que viria a casar com Leopoldo de Saxe-Coburg (futuro Rei dos Belgas). Como a princesa, sua filha, morreu em 1817, sucedeu-lhe seu irmão, Guilherme IV.

São do tempo da sua regência e do seu reinado as Guerras Napoleónicas. Como foi no final do seu reinado que o parlamento aprovou a emancipação dos católicos, hoje comemorada.

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Foi há 161 anos (1846), uma SG: em Lisboa é inaugurado oficialmente, pela própria rainha reinante, D. Maria II (30ª), o Teatro Nacional com o seu nome. Soberano Pontífice era Gregório XVI (254º).

Foi inaugurado nove dias depois de a rainha ter feito 27 anos.

O grande impulsionador da ideia da criação do monumento foi Almeida Garrett que, por portaria régia, fora incumbido de elaborar um plano de renovação do teatro em Portugal.

A sua construção foi objecto de polémica e foi dificultada por vários obstáculos, desde logo pela existência de um lençol de água, que ameaçava as suas fundações, e que logo lhe valeu o epíteto de «O Agrião». Porém, embora com um atraso de cinco anos relativamente à data prevista, o projecto do arquitecto italiano Furtonato Lodi viu, finalmente, concretizada a sua realização, no Rossio (Praça D. Pedro IV).

Subiu à cena na data da inauguração o drama histórico Álvaro Gonçalves, o Magriço ou os Doze de Inglaterra, de Jacinto Heliodoro de Faria Aguiar de Loureiro.

Das várias sociedades que exploraram este espaço cultural merecem especial destaque a que foi a primeira companhia moderna portuguesa - formada pelos cinco actores mais célebres da época, Eduardo Brazão, Virgínia, Rosa Damasceno e os irmãos João Rosa e Augusto Rosadesde finais do séc XIX e durante o primeiro quartel do séc XX, e depois a companhia Rey Colaço/Robles Monteiro (1926-1974), que se estreou com a peça Peraltas e Sécias. Com esta companhia foram levadas à cena peças de autores nacionais, clássicos e contemporâneos, dos quais se destacam: Gil Vicente, Camões, Garrett, Correia Garção e estrangeiros como Garcia Lorca, Jean Cocteau, Bernard Shaw, Edward Alber, Arthur Miller e Luigi Pirandello. Durante o período de vigência desta companhia, distinguiram-se na representação: Amélia Rey Colaço, Raul de Carvalho, Maria Lalande, Álvaro Benamor, Palmira Bastos, Lucília Simões, Alves da Cunha, Estêvão Amarante e Maria Matos, entre outros.

Depois da República, e até 1939, foi chamado Teatro Nacional de Almeida Garrett, em memória do seu fundador.

No seu período áureo foram representadas sobretudo peças do repertório clássico, como Frei Luís de Sousa, A Castro, As Árvores Morrem de Pé, Visita da Velha Senhora, Romeu e Julieta, Crime e Castigo, O Leque de Lady Windermere, Antígona, Benilde ou a Virgem-Mãe e Sonho de Uma Noite de Verão.

Na madrugada de 2 de Dezembro de 1964, após a representação de MacBeth, deflagrou um incêndio que destruiu por completo o Teatro, apenas se salvando as paredes mestras. A reconstrução do Teatro Nacional D. Maria II demorou catorze anos, sendo o arquitecto Rebello de Andrade responsável pelo projecto. Reabriu a 11 de Maio de 1978, sob a tutela do Estado.

Alguns dos seus maiores êxitos, a partir de então, foram: Felizmente Há Luar! (1978), de Luís de Sttau Monteiro, As Alegres Comadres de Windsor (1978), de Shakespeare, As Três Irmãs (1980), de Tchekov, Fígados de Tigre (1984), de Gomes de Amorim, O Morgado de Fafe em Lisboa (1985), de Camilo Castelo Branco, e Mãe Coragem (1986), de Bertolt Brecht, com encenação de José Lourenço e interpretações de Eunice Muñoz, Rui de Carvalho, Irene Cruz e Rogério Paulo. Em 1991, foi levado à cena o espectáculo musical Passa Por Mim, no Rossio, de Filipe La Féria, que esteve em cartaz mais de um ano, sendo visto por mais de 310 mil espectadores, um número recorde na história do teatro em Portugal.

(Fonte: essencialmente Biblioteca Universal/BU, enciclopédia da Texto Editora)

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Comemoram-se, hoje, os 101 anos do nascimento de Samuel Beckett (1906-2006).

Esse dia 13.04.1906 ocorreu numa SX. Era Sexta-feira Santa. Em Portugal reinava D. Carlos (33º). No Vaticano pontificava o papa Pio X (257º).

"O maior delito do homem é o de haver nascido"

- afirmou um dia

Beckett nasceu num subúrbio de Dublin na referida data, embora o registo de nascimento seja de um mês depois, de 13 de Maio. E morreu em Paris, em 22.12.1989.

Fixou-se em Paris em 1938, e a partir de 1947 escreve quase só em francês. Na sua obra, mormente na dramática, em que sobretudo se distinguiu, “espelha-se o absurdo de uma condição humana sem valores e sem Deus, abandonada a si própria à espera de algo que não virá nunca (En Attendant Godot, 1953)”.

Foi Prémio Nobel da Literatura em 1969.

Acerca de Beckett escreveu, em 1954, o dramaturgo britânico Harold Pinter, um dos mais importantes renovadores do teatro do absurdo, Nobel da Literatura de 2005:

“Quanto mais longe ele vai mais bem me faz. Não quero filosofias, panfletos, dogmas, credos, saídas, verdades, respostas, nada a preço de saldo. Ele é o escritor mais corajoso e implacável que aí anda e quanto mais me esfrega o nariz na merda mais reconhecido lhe fico. Não se põe a gozar com a minha cara, não está a levar-me à certa, não me vem com piscadelas de olho, não me oferece um remédio nem um caminho nem uma revelação nem um balde cheio de migalhas, não me está a vender nada que não queira comprar, está-se borrifando para se eu compro ou não, não tem a mão sobre o coração. Bom, vou comprar-lhe a mercadoria toda, de fio a pavio, porque ele espreita debaixo de cada pedra e não deixa nenhum verme sozinho. Faz nascer um corpo de beleza. A sua obra é bela.
Harold Pinter, 1954”

Na edição de há um ano (QI 13ABR2006), o Público dedicava-lhe várias páginas.

Em artigo de Joana Gorjão Henriques (JGH) podia ler-se:

«Limpou do palco tudo o que é acessório reduzindo-o ao essencial. Criou tensão dramática com a inacção e fez do aborrecimento um tema. Escreveu peças sem "argumento", com personagens sem história e sem passado, e instituiu o monólogo. Este minimalismo de Samuel Beckett, que faria hoje 100 anos, revolucionou o teatro há meio século e, concordam especialistas, ainda não foi superado.»

Mais adiante, continuava a mesma jornalista:

«À Espera de Godot não é para alguns a obra preferida, mas é para muitos a única que conhecem. Foi esta peça de 1953, a primeira a ser encenada, que mudou o teatro: não se passa nada, apenas duas personagens matam o tempo com repetições, à espera que chegue Godot. Aqui Beckett mistura o music-hall, o burlesco, o vaudeville, Buster Keaton e Chaplin. Quando estreou, em Paris e em francês, o dramaturgo Jean Anouilh escreveu: "É uma obra-prima que vai causar desespero aos homens em geral e aos dramaturgos em particular." O primeiro encenador da peça em inglês, Peter Hall, explica porquê no Guardian: "Godot oferecia um palco vazio, uma árvore e duas figuras que esperavam e sobreviviam. Nós imaginamos o resto. O palco era uma imagem da vida a passar - na esperança, desespero, companheirismo e solidão (...). Desde Godot que o palco é um lugar de fantasia." E de humor, porque Beckett também é um mestre da ironia.»

Noutra peça, e a propósito de uma entrevista que fez a Pierre Chabert, JGH conta-nos:

«"Não fazia qualquer tipo de concessões" [diz o entrevistado].

Pierre Chabert foi amigo de Beckett, que o dirigiu em várias peças. Conta que o dramaturgo era um homem de grande rigor, "extremamente brilhante" e que, apesar do seu sucesso,
nunca repetiu formas»

[Pierre Chabert deu esta entrevista ontem

(QA 12.04.06)

no S. Luís, em Lisboa,

onde hoje vai falar, às seis da tarde,

na homenagem a Beckett.]

«Quando em 1969 recebeu o Prémio Nobel da Literatura, refugiou-se num hotel em Cascais, conta Anthony Cronin, autor da biografia The Last Modernist (ed. Flamingo), e não foi receber o prémio à Academia Sueca» – recorda numa outra peça a mesma jornalista.

«A partir de 1947 seguiu-se um dos seus períodos mais produtivos, referem os especialistas: escreveu a primeira peça Eleutheria (nunca encenada em vida), À Espera de Godot, (em pouco mais de três meses), acabou as duas partes da sua trilogia considerada a sua obra de ficção mais importante, Molloy e Malone Morre - terminou O Inominável em 1956.
Depois de muitos esforços, em 1953 Suzanne encontrou um encenador para Godot, Roger Blin. A peça estreou-se mais tarde em Londres, já depois de Beckett ter acabado Fim de Partida, mas não recebeu boas críticas. Seguiram-se Todos Os Que Caem, para rádio, A Última Bobina de Krapp e Dias Felizes, o argumento para Film, e peças para o palco, televisão e rádio como Play e Eh Joe.
Depois do Nobel, escreveu as suas peças mais minimalistas, Não Eu, para a sua musa Billie Whitelaw, Aquela Vez e Embalada. Nos anos 80 escreveu Company, III Seen III Said e Worstward Ho que especialistas viram como o culminar do seu esforço em destilar a prosa. Sobressaltos (1988), prosa, e Que Palavra Será, poesia, foram os últimos textos»
- transcrevo, ainda, de JGH.

«Passeando num dia de céu azul, alguém perguntou se isso não o fazia feliz. Beckett respondeu: "Não iria tão longe".

"Por que não?", respondia Samuel Beckett sobre assuntos ligados às suas obras quando alguém lhe perguntava "porquê?". Ou então, quando queriam saber quem era Godot, a personagem que nunca chega em À Espera de Godot: "Se soubesse, tinha-o escrito na peça."
Beckett fugia dos jornalistas, raramente explicava aos actores as suas personagens e achava que as suas obras falavam por si»
- volto a transcrever JGH.

É uma afirmação repetida por todos os críticos: Beckett não é para se entender.

Realmente, veja-se: “ser um artista é falhar como mais ninguém se atreve a falhar”, escreveu em Duthuit Dialogues, para repetir em Worstward Ho: "Tentar outra vez. Falhar outra vez. Falhar melhor".

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Foi há 70 anos (1937), uma TR: nasceu Carlos Avilez, encenador e actor português. Era PR, e seria, por muitos mais anos, até morrer, o general Carmona. Em posição aparente e formalmente menos importante, estava o idolatrado (por poucos) líder, Salazar. Pontificava Pio XI (259º).

Carlos Avilez começou no Teatro Universitário, passou pelo Teatro Experimental de Lisboa e pelo Teatro Nacional (onde se estreou como profissional em 1956). Foi co-fundador, em 1965, do Teatro Experimental de Cascais de que foi director e “onde apresentou muitas das suas encenações, sempre interpelantes e algumas vezes polémicas”. Foi director do Teatro Nacional de 1993 a 2000.

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Foi há 46 anos (13.04.1961), uma QI: desencadeia-se e é imediatamente sufocada uma tentativa de golpe militar que visava derrubar o governo de Salazar. O abúlico, servil e pouco dotado Américo Tomás era então o PR, para o cargo designado pelo todo poderoso chefe do governo e da “situação”, Salazar, atendendo à sua dócil índole e indefectível fidelidade. Em Roma pontificava o “Bom Papa João”, João XXIII (261º).

Esta sublevação fez-se de conluio com elementos das forças armadas, entre os quais se encontrava o ministro da Defesa, general Júlio Botelho Moniz, que intentou, junto do Presidente da República, a demissão de Salazar.

O general Botelho Moniz (1900-1970) foi observador do Exército Português durante a Segunda Guerra Mundial, Ministro do Interior e chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas. Foi, mais tarde, Ministro da Defesa, substituindo Santos Costa.

Além disso fora adido militar em Washington e, através da NATO, mantinha estreitas relações com as autoridades militares americanas, sendo uma personalidade altamente considerada nos meios americanos.

A pressão internacional acerca da problemática colonial portuguesa tornou-se insuportável para alguns conservadores mais clarividentes.

O general, em Abril de 1961 procede ao, assim designado, golpe Botelho Moniz, juntamente com Craveiro Lopes, Costa Gomes e outras personalidades.

“O golpe Botelho Moniz foi, segundo alguns historiadores, uma tentativa de golpe de Estado. A suposta denúncia, onde o general Kaúlza de Arriaga deteve um papel importante, levou à demissão de vários dos mais altos chefes militares. O insucesso deveu-se, sobretudo, às falhas de organização dos implicados.”

Ver, acerca da matéria e do seu contexto histórico, a importante peça, no site do Instituto de Estudos Estratégicos e Internacionais, Tentativas de inflexão da Política Ultramarina.

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Foi há 32 anos (1975), um DM: começa a guerra civil libanesa que duraria 15 anos e causou mais de 150 mil mortos.

A efeméride é recordada no Público de 13.04.2005, por Alexandra Prado Coelho, num artigo intitulado: «Gloria Gaynor cantava I will survive no meio das bombas».

Em jeito de introdução, escreve: «Checkpoints, carros armadilhados, raptos de ocidentais, assaltos a bancos e massacres, guerrilheiros palestinianos, milicianos cristãos e muçulmanos, ingerências da Síria e de Israel - o conflito libanês teve de tudo.»

Depois regista, designadamente: «A guerra civil libanesa durou 15 anos e causou mais de 150 mil mortos. Mas tem, como tudo, o seu momento fundador, o incidente que fez explodir as tensões há muito existentes entre os vários grupos étnicos, religiosos, clãs e famílias políticas: o assassínio de 27 palestinianos que viajavam num autocarro no dia 13 de Abril de 1975.
O autocarro atravessava o bairro de Ain al - Rumaneh, um subúrbio de Beirute, quando milicianos falangistas cristãos abriram fogo e mataram todos os ocupantes. Nos três dias seguintes, os confrontos entre cristãos maronitas, por um lado, e os palestinianos aliados a grupos muçulmanos e da esquerda libanesa (a coligação islamo - progressista), por outro, provocam 300 mortos.»

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Foi há 20 anos (1987), uma SG: Portugal e China assinam o acordo de transferência da administração de Macau, a realizar em 20.12.1999. O acordo, por parte de Portugal, foi assinado pelo primeiro-ministro de então, Aníbal Cavaco Silva. Era PR o Dr Mário Soares. Pontificava, ainda, João Paulo II (264º).

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Foi há 18 anos (13.04.1989), morreu D. António Ferreira Gomes, aos 83 anos, bispo do Porto. Decorria o mandato presidencial do Dr Mário Soares. Pontificava, ainda, João Paulo II.

“A Igreja deverá pregar a não violência activa

e a objecção de consciência,

como meios mais eficazes e de base mais cristã

para forçar a solução de situações injustas.

Com a preferência por estes meios,

não queremos excluir

o direito à resistência activa

contra uma tirania evidente e prolongada”

- escreveu um dia o bispo do Porto

Nasceu a 10 de Maio de 1906 na freguesia de Milhundos, no concelho de Penafiel. Doutorou-se em Roma, na Universidade Gregoriana, em filosofia e em teologia, no ano de 1928. Designado bispo do Porto em 1952. Em 1954 promove, no Porto, uma marcha de silêncio contra a opressão da Igreja nos países de Leste.

“Em 1958 teve lugar um incidente relacionado com as eleições para a presidência da República, explorado tanto pela oposição como pelo regime salazarista e que teve como consequência confundir a sua acção pastoral com um facto muito mal esclarecido. D. António Ferreira Gomes foi aconselhado a sair do país.”

O que se acaba de relatar, é uma forma soft de dizer aquilo que então correu mundo: tinham-se realizado as eleições em que a UN (Salazar, é evidente, toda a gente sabia) tinha proposto a candidatura do “frouxo e inábil” almirante Américo Tomás (mas feroz defensor da situação e do seu tutor: Salazar). Pela oposição tinha dado brado a candidatura do General Humberto Delgado que - não sendo de forma nenhuma um esquerdista, muito ao contrário – teve no entanto a ousadia de se opor a Salazar (acerca de quem disse a frase que ficou célebre: “obviamente, demito-o”). Rezam as crónicas que Delgado só não ganhou as eleições devido às “costumadas” manobras de bastidores, no manuseamento dos cadernos eleitorais e das urnas… Ora foi neste ambiente escaldante que o bispo do Porto, em 13JUL, escreveu uma carta a Salazar, em termos muito contundentes, o que levou o ditador a desterrá-lo.

D. António Ferreira Gomes teve a coragem (!?), a ousadia – na perspectiva do poder de então – de confrontar o líder do regime, Salazar, com a pobreza do país e com a sua prolongada tirania.

D. António participou no Concílio Vaticano II e voltou ao Porto em 1969, retomando as suas funções, a “convite”, disse-se, de Marcelo Caetano.

D. António Ferreira Gomes deixou instruções testamentárias para a criação de uma fundação – SPES – instituída com os seus bens e destinada a fins de beneficência, educação e cultura.

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