quinta-feira, maio 18, 2006

UM MINISTRO DE PORTUGAL, QUAL DOIDONA DENGOSA E DESPUDORADA, FAZ OLHINHOS À ESPANHA…


Os titulares dos órgãos de soberania deviam ter mais senso e mais tento na língua.

I. De entre as múltiplas nações que constituem a Península Ibérica, não somos a mais antiga, mas somos a única independente há mais de oito séculos. Todas as mais se congregam na actual Espanha.

A Espanha é uma “definição” recente. Portugal uma realidade multisecular.

Sim, que a Espanha continua a ser mais uma virtualidade que uma certeza – tal a caldeirada de profundamente diversas “nacionalidades” que artificialmente a enformam, algumas que, de autonomia (mais limitada) em autonomia (mais alargada), cada vez menos com ela se conformam e, antes, lutam pela independência definitiva e absoluta.

Enquanto isto, de entre os dois actuais parceiros ibéricos, o que tem raízes de mais profunda e ancestral unidade, através de um dos seus ministros, vai enviando mensagens, contra ventos e marés, à “novata” parceira, de amores recalcados, de juras de fidelidade, de bajulatórias promessas…

Uma tristeza.

De entre tantos… Mais um sinal dos tempos.

Tenho de estar de acordo com Fernando Madrinha quando, acerca do ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações do governo de Sócrates – “o ministro ‘iberista’ – diz: “O cidadão Mário Lino pode ter as opiniões que entenda; o ministro, nem todas”.

Madrinha comentava, no Expresso, com acerto e indignação, as declarações do ministro a um periódico galego.

Uma outra voz indignada (confesso que não me recordo, já, quem) se fez ouvir, comentando: um iberista destes não tem condições para governar um país “cuja existência, no mínimo, discute, e, no máximo, não deseja”.

Claro que, depois, o ministro ensaiou uma desculpa, junto do Independente. Mas que saiu como não podia deixar de ter saído - o mais desastrada (esfarrapada é menos politicamente correcto, mas muito mais expressivo) possível:

tentando impigir-nos que falava de um iberismo na área da sua específica tutela.

Argumento tolo e manco, que não batia certo com as mais expressões utilizadas na declaração proferida na Galiza, em que expressava o seu mais profundo e mais alargado e mais convicto “iberismo”.

Ficou patente que tal declaração pode ter sido tudo – e foi muito – menos não ponderada e precipitada.

Foi declaração tal, que os espanhóis ficaram atónitos, confrontando-se, como diariamente se confrontam, com movimentos separatistas, autonómicos e independentistas, no mosaico confuso que é o seu país.

II. Freitas do Amaral desabafou ao Expresso. E não teve do outro lado, na condução da entrevista, uma jornalista qualquer. Não: teve uma Cândida Pinto, que considero um exemplo de probidade.

O semanário publicou o que Freitas disse. Mas Freitas não gostou. Arrependeu-se do que disse. Freitas, no sossego da sua intimidade, foi confrontado com o ministro, que o alertou para a sua falta de censo, nessa qualidade.

E Freitas, que dera a entrevista como cidadão-ministro, logo, veio, num pulo, como ministro-cidadão dizer que “não sei quê” o contexto, que “não sei quê”… “que não sei que mais”… Que “porém”… “Mas”…. “Não obstante”…

“Ora adeus! Palanfrório!” (atalhou o padre na “Morgadinha…” - e repito eu, agora).

Claro que Freitas, ministro, não devia vir com certas confidências e queixumes, se não queria partilhá-los connosco. (Fez-me lembrar o seu antecessor na cátedra, com “os ciclópicos trabalhos”!...)

Também Freitas do Amaral pecou por falta de senso e de tento.

III. Repito, a propósito, o que dezenas já disseram antes de mim: os titulares dos órgãos de soberania não podem considerar-se o supra-sumo da inteligência, considerando todos os cidadãos do país que representam como uma série de analfabetos, indigentes e mentecaptos.

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