quinta-feira, maio 18, 2006

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

Este é o espaço em que,

habitualmente,

faço algumas incursões pelo mundo da História.

Recordo factos, revejo acontecimentos,

visito ou revisito lugares,

encontro ou reencontro personalidades.

Datas que são de boa recordação, umas;

outras, de má memória.

Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.

Aqui,

as datas são o pretexto para este mergulho no passado.

Que, por vezes,

ajudam a melhor entender o presente

e a prevenir o futuro.

Respondendo a uma interrogação,

continuo a dar relevo ao papado.

Pela importância que sempre teve para o nosso mundo ocidental.

E não só, nos últimos séculos.

Os papas sempre foram,

para muitos, figuras de referência,

e para a generalidade, figuras de relevo;

por vezes, e em diversas épocas, de decisiva importância.

Alguns

(muitos)

não pelas melhores razões.

Mas foram.

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DE ACORDO COM O CALENDÁRIO DA ONU:

1997/2006 - Década Internacional para a Erradicação da Pobreza.

2001/2010 - Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África.

2001/2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo.

2001/2010 - Década Internacional para a Cultura da Paz e não Violência para com as Crianças do Mundo.

2003/2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.

2005/2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.

2005/2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

2006 Ano Internacional dos Desertos e da Desertificação.

Dia Internacional dos Museus.

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Estão decorridos 1480 anos (18 de Maio de 526), foi numa SG: morreu o papa João I (53º).

Nascido na Toscana, Itália, por volta de 470, João I foi eleito em 13 de Agosto de 523. Foi enviado a Constantinopla, em 525, a fim de tentar conseguir que o imperador Justiniano fosse tolerante para com os árabes. Obteve sucesso apenas parcial; e no decurso dessa missão foi aprisionado, em Ravena, Itália, por Teodorico, que o havia encarregado daquela missão.

João I foi precedido no trono pontifical o papa Hormisdas que exerceu intensa actividade no Ocidente, onde reorganizou a Igreja da Espanha após a invasão dos visigodos.

A João I sucedeu Félix IV, designado por Teodorico, mas o novo papa demonstrou tal lealdade à Igreja que o rei ostrogodo o repudiou e o desterrou.

Com sua morte, os cristãos tiveram liberdade de culto.

A propósito de visigodos e ostrogodos, recordo:

os godos

foram antigos povos germânicos

que se vieram a dividir em dois ramos,

os visigodos (godos do Ocidente, que invadiu a Península Ibérica a partir do séc. IV)

e os ostrogodos (godos do Oriente).

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Foi há 994 anos (18MAI1012), era DM: foi eleito o papa Bento VIII (143º).

Só para o final desse século (1095) se desenharia a perspectiva do nascimento de Portugal, com criação do condado portucalense.

Bento VIII tornou obrigatório o celibato dos padres. Tentou controlar, através de leis, a simonia (v/ mais abaixo) e o dolo (a má fé – negocial, mas não só -; a reserva mental). Morreu em 9 de Abril de 1024.

Precedeu-o o papa Sérgio IV, que "procurou moralizar o clero".

Seguiu-se-lhe na cadeira de Pedro o seu irmão João XIX. Eram ambos membros da poderosa casa de Tusculum. Quando eleito papa, João XIX não era bispo tendo sido ordenado de imediato para poder ocupar o cargo. Tinha sido cônsul e senador.

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A propósito de João XIX,

recordo que não existiu um Papa João XX,

sendo o sucessor do mesmo nome o português João XXI.

Encontrei, sim, referências à existência, durante alguns meses de 1044,

de um antipapa, João XX..

O seu nome era "João". Alguns autores designam-no por "Graciano".

Por erro histórico o seu nome foi mantido na lista dos papas,

e por isso o português Pedro Hispano pareceu sancionar esta anomalia

escolhendo o nome de João XXI ao ser eleito em 1276.

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Acho importante recordar ou esclarecer:

Simonia é a aquisição por meios monetários de cargos ou posições na hierarquia de uma instituição religiosa.

A prática da simonia na Idade Média provocou sérios problemas à postura moral da Igreja.

A prática de simonia foi uma das razões que levaram Martinho Lutero a afixar as suas 95 teses e a rebelar-se contra a autoridade de Roma.

A Igreja de Inglaterra também se viu envolvida com a prática de simonia após se ter separado da Igreja Católica.

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Diz-se que a etimologia da palavra

provém de Simão Mago,

personagem referido nos Actos dos Apóstolos (8, 18-19),

que procurou comprar a São Pedro o poder de transmitir,

pela imposição das mãos, o Espírito Santo ou de efectuar milagres.

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Foi há 531 anos (18MAI1475), era uma QI: nasceu o príncipe D. Afonso, o único filho de D. João II (13º), o “Príncipe Perfeito”, e de D. Leonor (tinha ela 17 anos). Reinava seu avô, D. Afonso V (12º). Pontificava Sisto IV (212º).

O príncipe D. Afonso, porém, morreria muito novo, aos 13JUL1491, com 16 anos, na sequência de um desastre (queda de um cavalo) na Ribeira de Santarém, ao correr com D. João de Meneses, comendador de Aljezur, o páreo, ao longo da margem do rio Tejo.

Nos "Ditos Portugueses..." alude-se o acontecimento desta forma: " (…) D. João de Meneses, a quem chamaram o Picasino": Sendo este fidalgo guarda-mor do príncipe D. Afonso, correndo com ele em Santarém ao longo do Tejo, caiu o cavalo com o príncipe, do qual desastre morreu (...)”. E o comentário de José Hermano Saraiva: "os dois cavaleiros corriam o páreo, isto é, galopavam de mãos dadas. Era um exercício perigoso e, por ter consentido nele, D. João de Meneses sentiu-se responsável pelo desastre que vitimou o herdeiro do trono e esteve algum tempo afastado da corte." ("Ditos... p 80).

O príncipe casara no ano anterior, aos 03NOV1490, com a princesa D. Isabel, filha dos reis católicos de Espanha (Castela), Fernando e Isabel.

Jaz no mosteiro da Batalha, sepultado ao lado do seu avô D. Afonso V.

D. Afonso V (avô do príncipe D. Afonso) casou, primeiro, com D. Isabel, filha de D. Pedro, 1º duque de Coimbra e de D. Isabel de Aragão. D. Isabel morreu em Évora a 02.12.1455.

E casou depois com sua sobrinha (filha de sua irmã, D. Joana) Joana, infanta de Castela, que a história regista como “a beltraneja” ou como “a Excelente Senhora”.

D. Afonso V só teve filhos do 1º casamento. E foram eles:

D. João, príncipe herdeiro de Portugal, nascido em 29.1.1451, mas que morreu ainda criança; Joana, infanta de Portugal, nascida em 6.2.1452 e falecida em 12.5.1490, que a história e a fé popular registam como "Princesa Santa Joana", a quem a igreja católica concedeu, mesmo, honras de altar; finalmente, D. João II, rei de Portugal, que nasceu aos 3.5.1455, em Lisboa, casou com sua prima direita D. Leonor (ambos netos de D. Duarte), infanta de Portugal, em Setúbal, aos 22.01.1471, e morreu, no Alvor, aos 25.10.1495.

Como acima se diz, o príncipe D. Afonso foi o único filho do casamento de D. João II. (D. João II teve, porém, um filho e uma filha naturais de duas outras relações).

Assim sendo, por morte do “Príncipe Perfeito” abriu-se a sucessão à coroa.

O primeiro dos sucessíveis, seu filho Afonso, havia falecido. Assim, passando ao outro braço dos descendentes de D. Duarte (seu avô), entramos na linha de D. Fernando (irmão seguinte de D. Afonso V). Esta segunda hipótese de sucessor estava igualmente arredada, pois D. Fernando morrera já, em 1470. Mas D. Fernando, 2º duque de Viseu, tivera 9 filhos (entre eles D. Leonor, mulher do defunto rei D. João II – a sexta dos nove), dos quais, seis filhos varões: os 5 primeiros filhos e o oitavo.

Desta forma, o sucessível seguinte, o terceiro, era o primeiro filho varão de D. Fernando, D. João, que morrera em 1472; o quarto sucessível, D. Diogo, que morreu em 1484; seguia-se o 3º filho de D. Fernando, o quinto sucessível, D. Duarte, que como os irmãos, D. Dinis e D. Simão, sexto e sétimo sucessíveis, haviam morrido todos ainda crianças. Seguia-se, portanto, a oitava e última hipótese de sucessor, D. Manuel, o oitavo dos filhos de D. Fernando (sexto filho varão).

E foi assim que, uma sucessão de acasos, levaram a que D. Manuel I – que ocupava apenas a oitava posição na linha sucessória de D. João II – de quem era primo direito e cunhado, como se sabe, pois que ambos filhos de irmãos, sendo sua irmã, D. Leonor, mulher de D. João II – tenha sucedido ao defunto monarca em 27.10.1495, aos 26 anos.

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São passados 207 anos (18MAIO1799), era um SB: morreu, em Paris, com cerca de 67 anos, Pierre-Augustin Caron de Beaumarchais, comediógrafo e dramaturgo francês. Em Portugal decorria a regência de D. João (VI). No Vaticano Pio VI (250º) ocupava a cadeira de Pedro.

Em França decorria a I República, no ano em que Napoleão se tornou dirigente efectivo da França, como Primeiro Cônsul a partir de 1799 e foi Imperador de França de 18 de Maio de 1804 a 6 de Abril de 1814, adoptando o nome de Napoleão I

Beaumarchais nascera em Paris em 24.01.1732 (reinava Luís XV, bisneto do “Rei Sol”, Luís XIV). “Foi agente secreto e traficante de armas, envolvido em especulações e processos famosos. Num pleito defende-se redigindo quatro Mémoires, muito espirituosas que o tornaram célebre”. Inicia-se como dramaturgo com dois melodramas exemplares: Eugénie e Les Deux Amis. Em 1775 alcança um enorme sucesso com Le Barbier de Séville ou La Précaution inutile. A 27 de Abril de 1784 consegue que seja representada a sua peça Le Mariage de Fígaro ou La Folle journée, que, tendo estado proibida por muitos tempo, alcança, então, um grande êxito.

Beaumarchais “criou a tradição de um teatro construído sobre o mecanismo da intriga e o trocadilho de palavras espirituosas e cuja trama é constituída pela sátira política e social. A verdadeira originalidade de Beaumarchais reside sobretudo no seu sentido agudo do cómico, no entusiasmo dos diálogos e no engenhoso da intriga, assim como no ritmo contínuo das peripécias.

O seu Barbeiro de Sevilha inspirou Rossini e com As Bodas de Fígaro inspirou Mozart.

Foi contemporâneo de Monstesquieu, do economista inglês Thomas Malthus, viu concluída a publicação da Encyclopédie, peça principal da Época das Luzes, sob a direcção de Denis Diderot (1713-1784) e Jean-le-Rond d’Alembert (1717-1783), vive a revolução francesa, é do tempo da declaração da Independência dos Estados Unidos da América, escrita por Jefferson, foi contemporâneo do escritor e filósofo francês Jean-Jacques Rousseau, é do tempo da criação da Academia Real das Ciências de Lisboa, e do jurista e político português Mouzinho da Silveira, ainda são do seu tempo o escritor francês Sthendhal e o violinista italiano Niccol Paganini, ainda é em sua vida que é assinada a Constituição dos E Unidos da América, ainda foi contemporâneo, também, do economista escocês Adam Smith, viveu a proclamação da República Francesa, foi em sua vida que foi inaugurado o Teatro Nacional de S. Carlos, em Lisboa, morreu no ano em que nasceu Alexander Pushkin, dramaturgo, romancista e poeta russo, e, no ano em que ele morreu, morreu também o papa reinante (em 29.08): Pio VI.

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Aconteceu há 202 anos (18MAI1804), numa SX: o Senado francês proclama Imperador o general Bonaparte, com o nome de Napoleão I. Em Portugal decorria a regência do príncipe D. João (futuro D. João VI), por incapacidade de sua mãe, D. Maria I. Pontificava o papa Pio VII (251º).

Em ascensão na carreira militar, Napoleão Bonaparte tem, na Itália, uma de suas primeiras vitórias imortais, na Batalha de Marengo. Após uma série de campanhas, Napoleão é proclamado Imperador pelo Senado francês na data que hoje se comemora. Ele controlou pessoalmente o exército com mão de ferro.

É coroado Imperador da França, adoptando o nome de Napoleão I.

Conquistou e governou grande parte da Europa central e ocidental. Napoleão nomeou muitos membros da família Bonaparte para monarcas, mas eles, em geral, não sobreviveram à sua queda. Foi um dos chamados "monarcas iluminados".

Despotismo (ou absolutismo) esclarecido (ou iluminado) é uma expressão que, inventada pelos historiadores em época posterior àquela a que se refere, traduz uma forma de governar característica da Europa da segunda metade do século XVIII, que embora partilhasse com o absolutismo a exaltação do Estado e do poder do soberano, é, de algum modo, animada pelos ideais de progresso, reforma e filantropia.

“Napoleão Bonaparte tornou-se uma figura importante no cenário político mundial da época, já que esteve no poder da França durante 15 anos e nesse tempo conquistou grandes partes do continente europeu. Os biógrafos afirmam que seu sucesso deu-se devido ao seu talento como estratega, ao seu talento para empolgar os soldados com promessas de riqueza e glória após vencidas as batalhas, além do seu espírito de liderança”.

(Principal fonte: Wikipédia).

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Faz hoje 178 anos (1828), foi num DM: D. Miguel é aclamado nos Açores. Pontifica Leão XII (252º).

Caía o último reduto que se mantinha fiel aos liberais, logo à princesa D. Maria da Glória.

Mas, como surgiu D. Miguel como rei de Portugal? É uma oportunidade para abordar a questão. Mas, para isso é preciso recuar um pouco no tempo. Não muito. Vou alongar-me um pouco, mas vale a pena, para melhor se avaliar o fogoso e impante príncipe, o incorrigível anti-democrata, o autoritário rei moldado pela perversa rainha D. Carlota Joaquina, que a natureza lhe deu como mãe.

«Metternich [o ministro dos negócios estrangeiros da Áustria – e recorde-se que o imperador da Áustria era avô de D. Maria] detestava a Carta, mas queria que D. Maria da Glória, neta do seu imperador, fosse rainha, e que casasse com D. Miguel, que seria príncipe consorte. Pensava o chanceler austríaco que com essa «fusão de direitos», como ele dizia, se contentariam as pretensões dos dois ramos da Casa de Bragança — como se somente de tal fusão se tratasse aí, e não de uma transacção entre duas ideias políticas. A 04.10.1826 jurou o infante a Carta Constitucional em presença de Metternich e dos ministros plenipotenciários de Portugal e do Brasil, e mandou em seguida ao papa o pedido de dispensa para o casamento com a sobrinha. Em Portugal, entretanto, ocorriam vários pronunciamentos absolutistas, e, pouco depois, a invasão do País pelos anti-constitucionais refugiados em Espanha, seguindo-se uma guerra civil que só veio a terminar pela derrota destes, e seu internamento no reino vizinho, em Março do ano seguinte. Os esponsais de D. Miguel com D. Maria celebraram-se em Viena a 29.11.1826.

A 03.07.1827. D. Pedro, no Rio, nomeou D. Miguel seu lugar-tenente e regente do reino. Ao receber tal notícia, o infante escreveu ao irmão uma carta em francês, em que dizia: «Sire. j'ai reçu le decret que Votre Majesté Impériale et Royale Très-Fidèle a daigné m'adresser en date du 3 juillet, par lequel Votre Majesté a bien voulu me nommer son Lieutenant et Régent des Royaumes de Portugal, des Algarves et de leurs dépendances, et, en me conformant aux déterminations souveraines de Votre Magesté, je m'occupai aussitôt de prendre lês dispositions nécessaires pour me rendre à Lisbonne, afin de remplir les vues sages et paternelles de Votre Magesté, en gouvernant et régissant les dits royaumes conformément à la Charte Constitutionelle que Votre Magesté a octroyée à la Nation Portugaise. Tous mes efforts tendront à maintenir les institutions qui régissent le Portugal et à contribuer, autant qu'il sera en mon pouvoir, à la conservation de la tranquilité publique dans ce pays, en m'opposant à ce qu'elle soit troublée par des factions, qui n'auront jamais mon appui, quelle que soit leur origine».

Em carta à infanta D. Isabel Maria participava-lhe que aceitava os títulos de lugar-tenente e de regente, prometia manter ilesas as instituições outorgadas por D. Pedro e declarava estar na intenção de reprimir as facções que, debaixo de qualquer pretexto, tentassem perturbar a ordem, fazendo com que erros e culpas passadas fossem entregues a um total esquecimento.

Foi a 22.02.1828 que desembarcou em Lisboa.»

E o texto prossegue com o desassombrado historiador e aprimorado prosador Oliveira Martins: «”Esperava-se que o infante desembarcasse no Terreiro do Paço, e o Senado da Câmara tinha preparado grinaldas e bandeiras; mas o povo todo já corria a Belém, porque se soubera que D. Miguel desembarcaria aí, subindo pela calçada direito ao paço, a Ajuda... O desembarque, o trajecto até ao paço, foi um triunfo: um trovão de «vivas», um desespero de gritos, um dilúvio de flores, bandeiras, colchas, foguetes e girândolas Gritavam as bocas abertas entre as faces arroxeadas pelo calor, pela fadiga, e as mulas do coche real trotavam nédias subindo a calçada, entre as alas dos archeiros vestidos de vermelho, com alabardas. Não era um entusiasmo cândido, abraços ingénuos, sorrisos e faces satisfeitas, como quando a burguesia aclamara a Constituição, dois anos antes, em Lisboa e no Porto: era um entusiasmo ardente, insultante, ameaçador. Não havia pombas brancas e laços azuis: havia a cor vermelha da força e do sangue, havia a plebe rugindo uma vitória, o princípio de uma desforra. Era o clamor de uma guerra, não a falaz embriaguez de uma ilusão”.

O seu partido arrastava o infante, obrigava-o a esquecer as promessas, as generosas intenções de concórdia. Diz o mesmo historiador: “D. Miguel, envolvido na nuvem inebriante do Triunfo, restaurado à sua terra, às suas

antigas afeições, violento e simples, servo ingénuo das impressões, incapaz de as dirigir por um raciocínio frio; ele, o infante, aclamado e ungido por um clamor de vozes, alucinado, como a fera cega pela capa vermelha do toureiro, estacou, tremeu, e converteu-se — decidido a investir com fúria, baixando a cabeça, cerrando os olhos, rugindo uma ameaça longa”.

Segundo Lorde Carnavon, “foi D. Carlota Joaquina quem, tomando o leme das mãos débeis do filho, com pulso colérico mas não hesitante navegou para o porto em mira, repelindo a rota mais segura por ser mais demorada, impávida perante a borrasca desencadeada em volta dela”. Referindo-se a um período um pouco posterior, escreveu o historiador brasileiro Oliveira Lima: “a Rainha e o filho andavam meio arredados; entre eles sobreviera certa frieza, a substituir o antigo afecto, porque ambos queriam, se não governar exclusivamente, pelo menos prevalecer no governo. D. Miguel era ciumento da sua autoridade e não a entendia repartida: D. Carlota Joaquina tinha um fogoso carácter político e era impetuosa no dominar”. O certo é que se iniciou imediatamente o movimento de regresso ao absolutismo e uma violentíssima perseguição aos liberais, a que Oliveira Lima chamou “os desvarios do regime absolutista”. Representou D. Miguel a cerimónia do juramento da Carta; uns disseram, porém, que não pronunciara de facto o juramento, encobrindo-o o duque de Cadaval enquanto jurava, ao passo que outros afirmaram que pusera a mão enluvada, não sobre os Evangelhos, mas sobre um exemplar do desbragado poema Os Burros, de José Agostinho de Macedo, luxuosamente encadernado para o efeito. De posse da governação, demitiu o ministério e nomeou outro, composto por absolutistas. Presidia-o o duque de Cadaval, sendo ministro do reino e da marinha Oliveira Leite, depois conde de Basto, homem odiento e crudelíssimo. Nomearam-se novos generais das províncias e novos comandantes dos corpos do exército, transferiram-se oficiais, demitiram-se magistrados. Substituiu-se o intendente geral da polícia por outro mais de feição e mais violento, aumentaram-se os efectivos da policia de Lisboa e do Porto, e dissolveram-se mais tarde os corpos em que se não confiava inteiramente. Enviaram-se da capital emissários a fim de estimularem pelo País as aclamações a D. Miguel como rei absoluto, e as câmaras municipais receberam dos generais das províncias circulares em que se lhes recomendava que representassem a D. Miguel a conveniência de tomar a coroa com absoluta soberania, estando o Desembargo do Paço autorizado a demitir os desembargadores que se não conformassem. A Imprensa, dirigida pela Censura, caluniava e insultava os liberais, e dos púlpitos soltavam-se sobre as multidões de fiéis as maldições contra os ‘pedreiros-livres’ e as apoteoses de D. Miguel. A 13.03.1828 promulgou-se o decreto que dissolvia a Câmara dos Deputados; a 02.04 era D Miguel aclamado pelo senados da capital, de Coimbra e de Aveiro; a 05.05 representou a nobreza, reunida pelo duque de Lafões no seu palácio, e saiu o decreto convocatório dos Três Estados, sendo que nas cartas de convocação do dia seguinte se recomendava às câmaras municipais que só escolhessem para procuradores do povo as pessoas não suspeitas de opiniões liberais, ao passo que a circular do intendente geral da policia, de Ï7 classificava de ‘subornados’ os votos dos afectos a D. Pedro e à Carta. “Pela cidade havia medo dos caceteiros furibundos, a quem o João Paulo Cordeiro, contratador do tabaco, distribuía cobres, fadigoso, incansável, dizendo a todos: deixai desabafar o povo! As lojas fechavam, os timoratos recolhiam-se; e o tropel, de cacete em punho com as folhas em branco, em busca de assinaturas para o auto lavrado pelo senado, seguia aproveitando tudo... Tudo assinava, tudo assinou. O entusiasmo e o medo, a estupidez e a inocência, a venalidade e o ódio, aclamavam D. Miguel”. (Oliveira Martins).

A isto responderam por fim os liberais com uma série de levantamentos pelo País» - GEPB, vol 17, pgs 202 e sgs.

Era a guerra civil. A luta fratricida e ideológica.

Assim «A 07.04.1831 D. Pedro abdicou a sua coroa de imperador do Brasil e partiu para a Europa, decidido a pôr-se à frente dos liberais. A situação em Portugal era tensa, porque se chegara ao auge da perseguição» (id).

Seguiu-se o desembarque no Mindelo. Depois vieram as derrotas dos absolutistas em Almoster e na Asseiceira e por fim a Convenção de Évora-Monte de 26MAI1834: a rendição absoluta e definitiva de D. Miguel e dos absolutistas.

À curta regência de D. Pedro segue-se o reinado de D. Maria II.

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Completam-se hoje 148 anos (1858), que foi numa TR: D. Pedro V (com 21 anos) casa com a princesa D. Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen, igualmente de 21 anos. Era o Sumo Pontífice, então, Pio IX (255º).

Recordando algumas datas e alguns eventos relacionados com D. Pedro V (aliás Pedro de Alcântara Maria Fernando Miguel Rafael Gonzaga Xavier João António Leopoldo Victor Francisco de Assis Júlio Amélio de Bragança):

D. Pedro V nasceu em Lisboa, aos 16.09 de 1837.

A rainha D. Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen (mais precisamente Estefânia Frederica Guilhermina Antónia de Hohenzollern), sua mulher, nasceu, cerca de dois meses antes, aos 15.07.1837, em Krauchenwies, Hohenzollern, Prússia.

Em 15.11.1853 morre, aos 34 anos, D. Maria II (Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela Luisa Gonzaga de Bragança), do parto do seu 11º filho (D. Eugénio de Bragança). D. Pedro V, com, ainda, 15 anos, ficando a regência a cargo de seu pai, D. Fernando de Saxe-Coburg-Gotha.

O juramento, como Regente, perante o Conselho de Estado, por D. Fernando II, na menoridade do filho, D. Pedro V, então com 16 anos (sendo a maioridade atingida aos 18) foi feito aos 16.11.1853.

16.09.1855, D. Pedro V atinge a maioridade, já que completa os 18 anos de idade. Assume, pois, o poder mediante juramento e aclamação numa sessão extraordinária das Cortes.

O duque de Loulé, Nuno José Severo de Mendoça Rolim de Moura Barreto, tio de D. Pedro V (tio por afinidade, por ter casado com sua tia-avó, D. Ana de Jesus, irmã de seu avô D. Pedro IV, a mais nova dos 9 filhos de seu bisavô D. João VI) assume a presidência do governo formando um ministério com Sá da Bandeira nas pastas da Marinha e Colónias e nas Obras Públicas, José Jorge Loureiro na Guerra e na Fazenda, Silva Sanches, no Reino e Cunha Pessoa, na Justiça.

Assinatura em Berlim, aos 08.12.1857, do contrato matrimonial entre D. Pedro V e a princesa Estefânia de Hohenzollern-Sigmarinen.

Casamento por procuração, na igreja de Santa Hedwiges em Berlim, aos 29.04.1858, de D. Pedro V e D. Estefânia, sendo o rei representado pelo duque da Terceira, António José de Sousa Manoel de Menezes Severim de Noronha

Ratificação do casamento de D. Pedro V com a princesa Estefânia de Hohenzol-lern-Sigmaringen, na igreja de S. Domingos, na data que hoje se comemora, 18.05.1858, dia em que a rainha chegou a Lisboa no navio de guerra Bartolomeu Dias.

Catorze meses depois, porém, aos 17.07.1859, a rainha D. Estefânia, com 22 anos, morre de uma angina diftérica. E virgem, confirmam os historiadores.

D. Pedro V parte para a sua derradeira viagem, a Vila Viçosa, em 29.09.1861, acompanhado dos infantes, seus irmãos, D. Augusto e D. Fernando (respectivamente, 7º e 6º filhos de D. Maria II).

Na sequência dessa viagem, e aos 24 anos, morre D. Pedro V, aos 11.11.1861, vitimado pela febre tifóide.

D. Luís, (o 2º dos filhos de D. Maria), e seu irmão, o infante D. João (o 4º), desembarcam em Belém, em 14.11.1861, regressados de Paris, e souberam, então, da morte do infante D. Fernando, aos 6.11.1861, sem saberem, contudo, que também D. Pedro V tinha morrido (o que acho difícil e pouco crível), três dias antes dessa data da sua chegada, e 5 dias depois do irmão. D. Luís desconhecia, por isso (será possível?), que era o novo rei de Portugal.

Um mês depois, a 14.12.1861, morre, aos 42 anos, o príncipe Alberto de Saxe-Coburg-Gotha, marido da rainha Vitória de Inglaterra e tio de D. Pedro V, em quem exerceu grande influência.

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Faz hoje 138 anos (18MAI1868), era um DM: nasceu Nicolau II, o último czar da Rússia. Na Rússia reinava o czar Alexandre II. Em Portugal reinava D. Luís (32º). Pontificava Pio IX (255º).

"Nunca irei consentir uma

forma de governo representativo,

porque penso que ela é prejudicial

para as pessoas que Deus me confiou"

– disse em 1904,

recusando as reformas propostas por Mirski,

seu ministro.

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Nicolau Alexandrovich Romanov (significando "Nicolau, filho de Alexandre Romanov") reinou, durante quase 23 anos, desde a morte do pai, Alexandre III, em 1 de Novembro de 1894, até à sua abdicação em 15 de Março de 1917, no decurso da I Guerra Mundial.

O seu título oficial era: Nicolau segundo, imperador e autocrata de toda a Rússia, Czar de Moscovo, Kiev, Vladimir, Novgorod, Kazan, Astracã, Polónia, Sibéria, Crimeia, Geórgia, senhor de Pskov, grão-duque de Smolensk, da Lithuania, de Volkynia, de Podolia, e da Finlândia, príncipe da Estónia, Livónia, Courland e Semgalle, Samogitia, Bialystock, Karelia, Tver, Yugoria, Perm, Vyatka, Bulgária e outros países, senhor e grão- duque de um Novgorod, de Tchernigov, de Riazan, de Polotsk, de Rostov, de Yaroslav, de Belosero, de Oudoria, de Obdoria, de Condia, de Vitebsk e de toda a região do Norte, senhor e soberano do país de Iverie, Kartalinie, Kabardine, e das províncias de Arménia, soberano da Circássia e dos príncipes de Moutan, senhor de Turkestão, duque de Schleswig, de Holstein, de Stormarn, de Ditmarschen e de Oldenburg, Herdeiro da Noruega.

Nicolau II foi morto com toda a família imperial na cidade de Yekaterinburg, em 17 de Julho de 1918, durante a Revolução Russa.

Yekaterinburg (significando literalmente a cidade de Catarina), localiza-se nas proximidades dos montes Urais. Fundada em 1721, mudou a sua designação para Sverdlovsk entre 1924 e 1991.

Jovem tímido, tratado infantilmente pela família, Nicolau tinha uma fraca personalidade. Pedante e de interesses fúteis, tinha, no entanto, um trato e maneiras muito “british”.

Era, porém, dotado, tal como seu pai, de certo pendor autocrático e, como ele, era também um indisfarçável anti-semita, tendendo cada vez mais a ver os pogroms durante o seu regime (como se sabe, ataques de brutal violência contra minorias étnicas, mormente judeus, acompanhados de destruição de seus bens e ambiente) como um acto de patriotismo e lealdade do "bom e simples povo russo".

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Faz hoje 134 anos (18MAI1872), era um SB: nasceu Bertrand Russell, filósofo e matemático inglês. Ocupava o trono do Reino Unido a rainha Vitória, da Casa de Hanôver. Em Portugal reinava D. Luís (32º). Pontificava, no Vaticano, Pio IX (255º).

"Aquilo que os homens, de facto, querem,

não é o conhecimento, mas a certeza."

- afirmou um dia

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Bertrand Russell nasceu em Ravenscroft, condado de Monmouthshire, no País de Gales.

Bertrand Arthur William Russell contribuiu para o desenvolvimento da moderna lógica matemática, tendo escrito sobre variados temas sociais. “As ideias morais, pedagógicas e políticas deste aristocrata inglês, que expôs com vigor e ironia e aplicou com surpreendente obstinação, fazem esquecer o essencial da sua obra, ou seja, a construção rigorosa de uma lógica matemática e, fundamentada nela, de uma filosofia analítica”.

“(…) Em relação com o problema dos “universais”, sobre o qual se debruçou várias vezes, pensava que o realismo do senso comum se aproxima mais da verdade que o idealismo”.

Embora a sua obra mais conhecida seja a que escreveu entre 1910 e 1913 em colaboração com Alfred North Whitehead, Principia Mathematica, não se podem esquecer os seus brilhantes e concisos ensaios, nomeadamente O Conhecimento Humano, seu Fim e seus Limites (1948), A Aventura do Pensamento Ocidental, a História da Filosofia Ocidental, (…) e O Método Científico em Filosofia.

Russell foi um sincero pacifista liberal, cujo talento literário acabaria por ser reconhecido universalmente com a atribuição, em 1950, do prémio Nobel da literatura.

A sua atitude de contestação à primeira guerra mundial custou-lhe o posto académico, tendo estado preso durante seis meses por ter escrito para um periódico pacifista. A sua obra Introduction to Mathematical Philosophy (1919) foi escrita na prisão.

Espírito livre, pronunciava-se sobre todos os problemas da actualidade.

Em Misticismo e Lógica (1918) e em O Casamento e a Moral (1929) não hesitou em atacar as opiniões mais correntes, as quais julgava falsas. (…) As suas obras mais acessíveis são A Conquista da Felicidade (1930), Filosofia para Um Profano e Terá o Homem Um Futuro?

Em 1940, um tribunal norte-americano proibiu-o de ensinar no City College de Nova Iorque devido às suas concepções morais liberais. O filósofo haveria de regressar a Inglaterra e retomar o seu cargo no Trinity College, onde estudara e fora professor.

Já no fim da vida chegou mesmo a escrever “um romance entre o fantástico e o policial, Satanás nos Subúrbios, que é uma defesa dos deserdados. As suas Memórias descrevem com humor uma vida dominada pela audácia e a independência de pensamento que o levaram a participar no tribunal internacional contra os crimes de guerra no Vietname”.

Bertrand Russell não escapou, porém, a uma certa sistematização que lhe valeu muitas inimizades».

Bertrand Russell morreu, também, no País de Gales, perto de Penrhyndeudraeth, em 2 de Fevereiro de 1970, a poucos meses de completar os 98 anos.

(Fonte básica: “A Enciclopédia”, vol 18, pg 7503, Editorial Verbo/Público, 2004).

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Faz hoje 97 anos (1909), era uma TR: morreu, em Surrey, com cerca de 81 anos, George Meredith, escritor inglês. Em Portugal reinava D. Manuel II (34º). Pontificava Pio X (257º).

Nascido em 1828, em Portsmouth, foi poeta, romancista e “jornalista político de tendências liberais e progressistas”. O seu primeiro sucesso literário foi The ordeal of Richard Feverel (1859).

The Egoist (1879) é considerado a sua obra-prima.

“A humanidade talvez possa ser melhor compreendida através do estudo do mais comum e natural dos vícios humanos: o egoísmo. É o que nos parece dizer o romancista e poeta George Meredith…” – duma apresentação da obra.

“Os seus romances, escritos por vezes num estilo elíptico, mas de uma psicologia subtil e de um humor impiedoso, influenciaram Marcel Proust e outros escritores”.

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Faz hoje 95 anos (18MAI1911), era uma QA: morreu, em Viena, com cerca de 51 anos, Gustav Mahler, compositor e chefe de orquestra austríaco. Em Portugal era PR Manuel de Arriaga. Em Roma pontificava Pio X (257º).

Mahler nasceu em Kalisch, Boémia, em 1860.

Desde cedo se revelou dotado pianista e compositor.

“Tudo levava a crer que Mahler tinha renunciado à composição, pois dedicou-se exclusivamente à carreira de chefe de orquestra”. Apresentou-se em todas as grandes cidades europeias dirigindo óperas de Wagner, Verdi, Mozart, etc.

Mas não: compôs “nove sinfonias, poderosas e monumentais, de uma originalidade por vezes marcada pelo esoterismo, mas de espantosa técnica musical”.

Gustav Mahler foi o compositor que estabeleceu a ponte entre a música do século XIX e o período moderno.

Destaco de entre as sua canções sinfónicas Das Lied von der Erde (A Canção da Terra).

De notar, também, que a sua terceira sinfonia tem cerca de 95 minutos, e é uma das maiores sinfonias já executadas, sendo uma das mais longas do repertório sinfónico.

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Completam-se hoje 86 anos (18MAI1920), que foi numa TR: nasceu o polaco Karol Josef Wojtyla, que viria a ser cardeal e que foi eleito papa, aos 58 anos, a 16.10.1978, tomando o nome de João Paulo II e que foi o 264º sumo pontífice, a contar com Pedro. Em Portugal o PR era António José de Almeida. Pontificava o antecessor, no nome, do papa que lhe havia de suceder, Bento XV (258º).

João Paulo II sucedeu a João Paulo I (263º) cujo pontificado durou apenas 33 dias. O pontificado de João Paulo II duraria por mais de 25 anos (o 3º pontificado mais longo da história da Igreja).

Morreu no SB 02ABR2005, às 21:37 locais (em Lisboa: 20:37).

Papa polémico, controverso, para alguns. Os media definiram-no, em geral, como politicamente avançado, mas moralmente conservador.

Das maiores polémicas do seu longo pontificado de quase 26 anos, foram as relacionadas com a matéria da contracepção, designadamente a sua firme e feroz oposição ao uso do preservativo, pesasse embora que milhares e milhares de pessoas morressem no mundo, sobretudo em África, vítimas da sida (HIV).

“A primeira metade do pontificado fica marcada pela luta contra o comunismo na Polónia e restantes países da Europa de Leste e do mundo. Na segunda metade é de notar a crítica ao mundo ocidental capitalista, opulento e egoísta, dando voz ao Terceiro Mundo e aos pobres” (apud Wikipédia)

“Criticou a aproximação da Igreja com o marxismo nos países em desenvolvimento, e em especial a Teologia da Libertação. Em visita à Nicarágua, João Paulo II chegou a discutir com fiéis, e depois de condenar a participação de padres católicos no governo sandinista foi vaiado” (idem)

“A teologia da libertação

é uma escola importante e controversa

na teologia da Igreja Católica

desenvolvida depois do concílio Vaticano II.

Ela dá grande ênfase à situação social humana.

O teólogo peruano Gustavo Gutierrez

é um dos mais influentes proponentes desse movimento.

Também o teólogo americano Cornell West

e o brasileiro Leonardo Boff se destacam.

(Fonte: Wikipédia)

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Durante o seu pontificado, João Paulo II dirigiu 14 encíclicas aos bispos de todo o mundo e, através deles, a todos os seus fiéis.

João Paulo II foi um incansável peregrino. Só em Portugal esteve por três vezes: em Maio de 1982; em Maio de 1991 e em Maio de 2000.

Curiosamente, foi o primeiro Papa não italiano em 450 anos (desde o holandês Adriano VI, no século XVI).

Essa secular tendência para o chefe supremo da Igreja Católica ser italiano, foi de novo contrariada, logo de seguida com o sucessor deste papa, que é Bento (ou Benedito) XVI, o cardeal alemão Joseph Ratzinger.

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Faz hoje 71 anos (18MAI1935), era um SB: nasceu o maestro Manuel Ivo Cruz. Carmona era o PR. Romano pontífice era Pio (259º).

“Chefe de orquestra português formado no Conservatório Nacional e no Mozarteum de Viena. Tem dirigido orquestras em Portugal e no estrangeiro, suscitando aplauso e reconhecimento. Tem ministrado cursos de direcção de orquestra” (Fonte: “A Enciclopédia”, vol 6, pg 2487, Editorial Verbo/Público, 2004).

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Completam-se hoje 48 anos (18MAI1958), foi num DM: o comício do candidato da Oposição Democrática às presidenciais (expressão que provocava um complacente sorriso às hostes salazaristas), Humberto Delgado, no liceu Camões, decorreu sob apertada vigilância da PIDE e da polícia de choque. O general Craveiro Lopes estava a terminar o seu mandato de PR. Mas não se recandidataria. Aliás, nem tinha de se recandidatar de motu proprio: o chefe é que decidia, nesta como em todas as matérias, e a personalidade do general, que se revelara menos moldável (!), levou a que o super-guru do regime - afinal quem decidia quem era ou não podia ser o (aparentemente) supremo magistrado da nação – o afastasse da candidatura às próximas presidenciais…

Ora… Ao fim e ao cabo, a farsa do costume. O líder, Salazar, é que decidia – não o voto nas urnas – quem seria o futuro presidente.

Desta vez escolheu o mais apagado (não por modéstia, mas por inacapacidade), o mais fiel, o mais submisso dos seus fiéis servidores e seguidores: Américo Tomás…

As presidenciais aproximavam-se (DM 08.06.1958).

Para o regime, tudo era um faz de conta. Mas o cerco da oposição apertava-se.

As manifestações sucediam-se. E a estas respondiam, com a prontidão, a indiscriminação e a violência costumadas, as forças policias.

Uma semana antes (10MAI1958), Humberto Delgado proferiu a frase que o celebrizaria: “obviamente, demito-o”.

A semanas da retumbante fraude que viriam a ser as presidenciais de Junho seguinte, numa conferência de imprensa no Café Chave d’Ouro, ali mesmo no coração de Lisboa, o “general sem medo” (afinal um conservador que teve um momento de lucidez, nada mais que isso), candidato pela Oposição Democrática à Presidência da República, profere - em resposta a uma pergunta (então absolutamente impensável) sobre qual seria o destino do ditador, caso – como tudo fazia garantidamente prever – ganhasse as eleições - a não menos retumbante frase que abanou (um ligeiro abalo, é óbvio) o regime, qual inexplicável, impossível, inacreditável, imperdoável, despudorada, ímpia, sacrílega, inexorável e absurda heresia.

(Alguns pensarão que estou a carregar nas cores:

enganam-se!

Para os bonzos do salazarismo,

estes eram apenas alguns dos inumeráveis adjectivos com que

- incrédulos, pasmados –

classificariam a ousadia do “traidor” general.

O regime

até às vozes “de dentro”

- raríssimas –

era surdo.

Absolutamente.

E insensível).

Dias após (16MAI1958), uma enorme manifestação de apoio a Delgado é reprimida, com habitual violência, pelas forças policiais (nomeadamente pela GNR a cavalo).

Tenho bem vivo na memória esse acontecimento, que presenciei ao vivo, já que fazia parte da manifestação.

Foi a loucura e a confusão total.

Construía-se, então, a linha de metro, entre o Saldanha e Entre Campos, na Av da República, a céu aberto. Um enorme fosso rasgava a avenida, ocupando a totalidade, ou quase, das duas faixas de rodagem centrais. Na fuga descontrolada às fortes cargas policiais, pessoas houve que se esgueiravam e mergulhavam no fosso do metro.

Outras, refugiavam-se nas transversais da avenida, nos prédios de porta aberta, e até na Av Defensores de Chaves, nos prédios onde se podiam acolher (como eu, que dei comigo num primeiro ou segundo andar de um qualquer edifício, juntamente com mais manifestantes – ou meros passantes, que não escapavam à sanha policial). Toda essa zona – Av da República, transversais e paralelas – estavam pejadas de polícia, a pé ou a cavalo (“capicuas” - como lhes chamávamos a estes: cavalo em cima, cavalo em baixo) e desses dedicados bonzos da ditadura, que eram os bufos da PIDE.

A manifestação fez-se, mas foi fortemente reprimida. Transformando-se num pandemónio.

Só vivido se podia avaliar. Descrito não se imagina.

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Completam-se 32 anos (1974), era um SB: o governo português apela aos chefes guerrilheiros de Moçambique para que apresentem condições de paz, com o objectivo de pôr fim a 13 anos de guerra colonial naquele território. PR era então o general Spínola. Pontificava Paulo VI (262º).

O executivo que fez este apelo foi o I Governo Provisório, que dois dias antes, 16MAI, tomara posse, chefiado pelo Prof. Adelino da Palma Carlos, e que integrava elementos do PS, do PCP, do PPD, do MDP/CDE e independentes.

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