sábado, dezembro 17, 2005

PRESIDENCIAIS: SOARES X JERÓNIMO



Concordo com a generalizada opinião de que foi mais um “frente a frente” que um “lado a lado”. E mais animado. Claro que à custa de uma certa flexibilidade na apertada rede com que se pretendia, talvez não manietar, mas disciplinar os contendores (aceitemos o propósito) nos debates. Nem seria possível que Soares não rompesse com esse incómodo figurino, ele que não está habituado a espartilhos e tem que ser o monopolizador do discurso e das atenções.

Como também achei que Matusalém – perdão, queria dizer Mário Soares (as minhas desculpas, sobretudo, ao visado, que respeito mas não admiro) – mandou umas claras pestanadelas ao eleitorado comunista (esquecendo-se, a velha raposa, que esse eleitorado não aprecia piruetas de malabarista nem embarca com facilidade na sua matreira facúndia…).

Com tal objectivo, foi clara a frequente concordância de Soares com Jerónimo.

Até em matéria da NATO estiveram quase, quase em sintonia (quem o havia de esperar de Soares!). Mas aí, Jerónimo desferiu o golpe fatal, que levaria Soares às cordas: acerca do carácter não-defensivo, mas belicista da NATO (daquela, em concreto)! Foi a grande diferença e o KO que levaria Soares ao tapete.

E também houve uma certa “convergência”na manifesta oposição à política do cabo-de-esquadra que quer policiar o mundo e dirige os destinos da América. (Para Bush a globalização não é mais que a concretização do sonho americano: existe uma “casa” - a América - e de resto um quintalito seu. É a tal “aldeia global”, mas nessa perspectiva. Única que eles conhecem).

E houve mais afectuosos beijinhos.

Jerónimo tem efectivamente presença, e talento, e confiança, e astúcia.

(Recorde-se que bem – e em tão breves palavras – ele esteve na resposta, já no final do debate, à (inevitável) rasteira (?), provocação (?) acerca da China…).

Não foi um objecto fácil nas mãos do manipulador, como este esperava…

Se de facto Soares fosse menos petulante e mais coerente na defesa dos ideais da esquerda democrática, esquerda essa que não pactua com o neo-liberalismo dos sociais-democratas, e menos ainda com outras ideologias mais à direita, e tivesse sempre essa postura, sem complacentes contemplações com o adversário, esquecendo, se necessário, as suas mais profundas convicções… Até talvez pudesse pretender congregar os votos dessa esquerda.

Este Soares, não, muito obrigado.

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