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O vídeo abaixo foi enviado como anexo a um mail por F. Sousa Marques (SM), há já algum tempo. Trata-se de um filme produzido no Canadá acerca da pesca do bacalhau à linha pelos portugueses, neste caso com o lugre Santa Maria Manuela, em 1966, que um amigo americano lhe enviara.
No texto da mensagem que SM dirigia, em inglês, a amigos americanos e portugueses residentes nos EUA, ele recordava os tempos que então se viviam em Portugal: decorria (1926/1974) o regime de Salazar (o amigo e confrade ideológico de Hitler, Franco e Mossulini), a ditadura cerceadora das liberdades democráticas, sustentada por um partido único e defendida por uma polícia política que perseguia feroz e implacavelmente os democratas que se lhe opunham, prendendo-os e torturando-os já que os considerava “inimigos” e “traidores”. E mais lembrava aí, SM, que o povo era pobre e estava condenado a trabalhar, a emigrar e a sofrer, com a complacência da Igreja que estava aliada ao regime.
A música do filme é o “fado”, a canção tipicamente nacional que se prende com a alma e o destino dos portugueses. E sublinha que o filme glorifica “os nossos antepassados ilhavenses”, região essa, nortenha, das cercanias do Porto, donde provinha a maioria das tripulações dos bacalhoeiros.
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“Hoje somos um país diferente, embora nem por isso um diferente povo. Contudo, esforçamo-nos por algo de melhor: melhor liderança, melhor ensino, melhor saúde, melhor nível de vida” – prosseguia SM, que rematava: “Estou certo de que vão gostar deste filme: ele trata de sobrevivência…”
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Recordo-me, como todos os que nasceram até meados da década de 40 do século passado, sobretudo os que viviam em Lisboa, do cerimonial religioso de grande pompa e circunstância que era a bênção dos bacalhoeiros e respectivas tripulações, nos Jerónimos (de que o pequeno vídeo abaixo mostra imagens), nos idos de 60. O que demonstra, uma vez mais, o importante esteio que a Igreja representava para o regime.
É um documento histórico que eu gostei de ver.
Mas antes, vejamos um resumo da história e da dura faina da pesca do bacalhau contada na 1ª pessoa pelo “Gaspar”, o bacalhau mascote do museu marítimo de Ílhavo.
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2 comentários:
Vi-o de olhos mortos e espantados como os peixes. Há algo de "destino" em todas estas caras, empurradas pelo sistema que os benze e amaldiçoa ... um fado.
Extraordinário ZL.
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