terça-feira, julho 12, 2005

REQUIEM PELA COMPANHIA DE BALLET DA GULBENKIAN


Viverá a Fundação Calouste Gulbenkian uma prematura e pouco auspiciosa decadência?

Estará a prestigiosa e tão prestigiada instituição em vias de extinguir-se?

Os ventos que sopram de Palhavã não são nada tranquilizantes. Muito ao contrário, deixam-nos, a todos, atónitos e incrédulos.

Será verdade, não terá sido um lapso, a notícia da extinção do Ballet da Gulbenkian?

É que o ballet era uma das grandes e mais emblemáticas referências da nossa maior catedral da cultura…

Se o Serviço de Música, no seu todo, era uma das jóias da fundação, o ballet era um dos seu brilhantes. Mas, quer este, quer o coro e mesmo a orquestra estavam de há muito ameaçados.

O Estado, incapaz (duplamente) de preencher tais lacunas, sempre apoiou e aplaudiu a Gulbenkian por esta conseguir ocupar esses espaços, que em princípio seriam seus.

Mesmo depois da entrada em funcionamento do Centro Cultural de Belém, este nunca fez esmorecer o brilho e a auréola que distinguiam a Fundação.

Como aceitarão, lá, onde se encontrem, Calouste Gulbenkian e Azeredo Perdigão, o fundador e o seu mandatário, semelhante decisão?

Como a ela reagiriam Madalena e Azeredo Perdigão, se vivos fossem?

Não é possível, e muito menos será aceitável, o anúncio de tão fatal golpe sobre uma companhia com o prestígio interno e o reconhecimento internacional como o que tinha a do ballet da Fundação que tantos e tão entusiastas admiradores atraía, que tantas salas esgotava.

Num país como o nosso, de fracas exigências culturais, abúlico e pobre, sobretudo de competência e vontade, tudo isto pode acontecer…

Mas é mais um sinal dos tempos!

Tarda a chegar aquela aurora…

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