Roubei o título ao jornalista Joaquim Fidalgo. Intitulava hoje, assim, o seu artigo no Público sobre um assunto muito sério, mas numa prosa cheia de verve e de ironia.
E escrevia:
«Eles autodenominam-se grupo "Pensar Bem", e que bem que eles pensam! Pensam tão bem e tanto que as suas próprias cabeças não lhes chegam para pensar: até querem pensar pela cabeça dos outros. Porque os outros, claro, não pensam bem. Os outros pensam mal. Os outros, a bem dizer, se calhar nem pensam: têm (diz o grupo que "pensa bem") muita confusão naquelas cabecinhas, e, se ouvem umas ideias mais frescas, ainda com mais confusão ficam. O que lhes vale, então, é que os tais do Pensar Bem decidem pensar por eles... Mais: decidem mesmo decidir por eles, porque os que não pensam bem também não decidem bem, coitados, precisam de mentes iluminadas que lhes indiquem os supostos caminhos do Senhor - caminhos que só eles, os do Pensar Bem, autenticamente conhecem.»
Quem os não conhece? Os defensores dos processos musculados de defesa da doutrina!
São os talibans do catolicismo. São os Osamas do ocidente que adorariam voltar à “Santa Inquisição”!
Deixassem-nos à solta e teríamos aí de volta as fogueiras, na praça pública mais central do burgo, transformando em churrasco os que se desviassem do rigor dos seus cânones!
Claro que quando aparece um Frei Bento Domingues, um D. Januário Torgal Ferreira, um D. Manuel Martins, um Padre Feytor Pinto e um ou outro mais… É o pânico entre as hostes dos “Bem Pensadores”.
Qualquer daquelas figuras, afinal de referência, são absolutamente ortodoxos, estão “em comunhão” com a sua Igreja. E são, naturalmente, conservadores.
Só que não são radicais. São sensatos porque avaliam as situações face ao “século” e não a um imaginário fantasioso.
Os “Bem Pensadores” olham, de facto, para a frente: só que estão sempre virados de costas. O seu anquilosamento cerebral não lhes permite olhar de frente, virados para a frente.
Daí que sejam Maus Pensadores todos os que não estejam com eles, os “Bem Pensadores”.
Se Cristo voltasse, a quantos não chicotearia, como aos vendilhões, pela sua farisaica hipocrisia?
Mas disse alguma coisa demais o Padre Feytor Pinto?
Apenas concordou, em nome da vida, (de que os “Bem Pensadores” enchem a boca, defendendo princípios retrógrados e inaceitáveis), numa atitude de sensatez, que o uso do preservativo, em certos casos, é justificado.
E também afirmou, na mesma intervenção, que, em determinadas circunstâncias, não diabolizava as mulheres que tivessem de interromper uma gravidez, que as não considerava criminosas.
Isto, para os “bem Pensadores”, deve ultrapassar tudo. É o prenúncio do caos!
Parafraseando Joaquim Fidalgo: “imagine-se o despautério destes clérigos... Pensando bem, à fogueira com eles!»
Sem comentários:
Enviar um comentário