quinta-feira, julho 14, 2005

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA


2005/2015 - Década das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.
2005 - Ano Internacional do Microcrédito. Ano Internacional da Física (aprovado pela UNESCO)
Dia Nacional de França (Dia da Bastilha).
Dia Nacional do Iraque.

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Aconteceu há 216 anos (1789), foi numa TR: a Bastilha é tomada e destruída por cidadãos de Paris, assinalando o início da Revolução Francesa. Em Portugal reinava D. Maria I (26º). Em Roma pontificava Pio VI (250º).
Bastilha: castelo de Saint Antoine, construído em 1370 como um elemento da rede de fortificações de Paris. Foi transformado em prisão estatal pelo cardeal Richelieu e tomado pelo povo no dia 14 de Julho de 1789. Apenas sete presos se encontravam no castelo aquando da chegada das forças libertadoras. O governador e a maior parte da guarnição foram mortos e a Bastilha foi arrasada.

Richelieu, por influência de Maria de Médicis tornou-se ministro de estado de Luís XIII em 1624, cargo que manteve até à morte.

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Foi há 188 anos (1817), era uma SG: morreu, aos 51 anos, Madame de Staël, escritora francesa. Em Portugal, depois de uma longa regência, em vida de sua mãe, D. Maria I, que se tornou incapaz, já reinava D. João VI (27º). No Vaticano ocupava a cadeira de Pedro Pio VII (251º).
Anne Louise Germaine Necker Staël nasceu em 1766. Foi expulsa de Paris por Napoleão, em 1803, por advogar a liberdade política.

Escreveu romances semi-autobiográficos como Delphine (1802) e Corinne (1807) e a obra crítica De l'Allemagne (1810), em que se debruçou sobre a literatura alemã.

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Foi há 138 anos (1867), era um DM: Alfred Nobel inventa e faz a primeira demonstração da dinamite, que ele inventara, numa pedreira em Redhill, no Surrey, Inglaterra.

O sueco Alfred Bernhard Nobel (1833-1896) nasceu em Estocolmo. Químico e engenheiro trabalhou igualmente em electroquímica, óptica, biologia e fisiologia. Além da dinamite inventou outros explosivos.

Tendo angariado uma enorme fortuna com o fabrico de explosivos e com a exploração dos campos petrolíferos de Baku, no Azerbaijão, perto no mar Cáspio, doou-a a um fundo para a atribuição de cinco prémios Nobel.

Este fundo é anualmente dividido por várias pessoas, premiando as que contribuíram com as realizações mais notáveis nas áreas da física, química, medicina, literatura e paz mundial.

Os primeiros quatro são atribuídos por comissões académicas sediadas na Suécia, enquanto que o prémio da paz é atribuído por uma comissão do parlamento norueguês.

Um sexto prémio, na área da economia política, financiado pelo Banco da Suécia, foi concedido pela primeira vez em 1969.

O primeiro prémio Nobel foi atribuído em 1901.

Nobel não contemplou um prémio de matemática, uma vez que a sua mulher fugiu com um matemático.

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Completam-se hoje 92 anos (1913), que foi numa SG: nasceu, em Omaha, no Nebraska, Gerald Ford, ex-presidente dos EUA. Em Portugal decorria o mandato do nosso 1º PR, Dr Manuel de Arriaga. No Vaticano pontificava Pio X (257º).
Político republicano, Gerald Ford foi o 38.o presidente dos Estados Unidos (1974-1977).

Formou-se em direito pela Yale Law School.

Em 1973, depois da demissão de Spiro Agnew, foi nomeado por Richard Nixon para a vice-presidência, na mesma altura em que a campanha de reeleição de Nixon já se encontrava sob investigação por suspeita de actividades «menos limpas». Depois do escândalo Watergate, que forçou Nixon a demitir-se, em 1974, tornou-se presidente. E perdoou a Nixon.

Watergate – que designa o célebre escândalo político americano – é nome do edifício, em Washington DC, onde se encontrava alojado o quartel-general da campanha democrata para as eleições presidenciais de 1972.

As investigações revelaram o “envolvimento da Casa Branca e a existência de um «fundo de maneio» direccionado para o financiamento de actividades menos éticas, onde se incluía a participação da CIA (Central Intelligence Agency) para fins políticos, a montagem de operações paramilitares contra opositores, a alteração e destruição de provas e o suborno de testemunhas”.

Em Agosto de 74 ficou provado no Supremo Tribunal a cumplicidade de Nixon.

Nixon preferiu demitir-se a enfrentar o afastamento forçado (impeachment), por obstrução à justiça e outros crimes.

A visita de Ford a Vladivostoque (1974) resultou num acordo com a URSS sobre a limitação de armas estratégicas.

Foi derrotado por Jimmy Cárter, aliás, James Earl Cárter (n. 1924) nas eleições de 1976, por uma pequena margem de votos.

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Completam-se hoje 87 anos (1918), foi num DM: nasce o cineasta sueco Ingmar Bergman. Em Portugal decorria o curto consulado do major Sidónio Pais, como presidente da "República Nova" - como ele gostava de lhe chamar. Pontificava Bento XV (258º).

Encenador teatral e realizador de cinema, é reconhecido como um dos grandes mestres do cinema moderno. Os seus temas exploram diferentes problemáticas morais, psicológicas e metafísicas de alguma complexidade, fortemente ensombradas por um discurso pessimista.

A sua filmografia inclui títulos como Rumo à Felicidade (1950), Um Verão de Amor (1951), Mónica e o Desejo (1953), Sorrisos de Uma Noite de Verão (1955), Morangos Silvestres (1957), Em Busca da Verdade (1961), O Silêncio (1963), Luz de Inverno (1963), A Força do Sexo Fraco (1964), Paixão (1969), O Amante (1970), Cenas da Vida Conjugal (1973), Sonata de Outono (1978), Fanny e Alexandre (1982) e Depois do Ensaio (1984) e Saraband (2003) – esse excelente filme em que o realizador volta a reencontrar as personagens que Liv Ullmann e Erland Josephson personificaram em Cenas da Vida Conjugal, de há 30 anos atrás. Bergman descreve Saraband como “um concerto para uma orquestra sinfónica, com quatro solistas”. (Filme que, por ser digital, não pode ser corrido em qualquer ecran [em Lisboa só uma sala do Alvaláxia o apresentou], mas que já está disponível em DVD).

Ingmar Bergman escreveu ainda a autobiografia Lanterna Mágica (1987).

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Completam-se hoje 82 anos (1923), que foi num SB: nasce, em Lisboa, o escritor António Quadros. Era PR Manuel Teixeira Gomes. Pontificava Pio XI (259º).

Licenciou-se em histórico-filosóficas. Foi fundador e director do Instituto de Arte, Decoração e Design (IADE), em Lisboa, e da Sociedade Portuguesa de Escritores. Foi director das publicações Acto, 57 e Espiral.

Influenciado por Leonardo Coimbra,

“doutrinário da Renascença Portuguesa,
Leonardo José Coimbra
fez parte de uma geração de pensadores e escritores que,
em plena época de implantação da república,
e herdeira de uma orientação filosófica ligada ao transcendentalismo,
encontrou nesse movimento campo para a
teorização do saudosismo português”

esteve ligado ao movimento da chamada «filosofia portuguesa», a que procurou ligar aspectos do existencialismo.

Romancista, poeta e ensaísta, distinguiu-se sobretudo nesta última área com estudos sobre filosofia, história e figuras e mitos importantes da cultura portuguesa. Estreou-se em 1947 com o ensaio Modernos de Ontem e Hoje. Outros volumes de ensaio e crítica por si escritos foram Introdução a Uma Estética Existencial (1954), O Movimento do Homem (1963), O Espírito da Cultura Portuguesa (1967), Poesia e Filosofia do Mito Sebastianista (1982) e Fernando Pessoa (1981-1982). Como poeta, escreveu Além da Noite (1949) e Imitação do Homem (1966). É ainda autor de obras de ficção narrativa, como Histórias do Tempo de Deus (1965, prémio Ricardo Malheiros e Prémio da Imprensa) e Pedro e o Mágico (1973, Prémio Nacional de Literatura Infantil e Juvenil).

Morreu em 1993, aos 70 anos.

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Completam-se hoje 63 anos (1942), que foi numa TR: nasceu, em Madrid, Javier Solana, político espanhol. Em Portugal, o vitalício presidente da República, general Carmona, tinha entrado no seu 3º mandato (de 7 anos) consecutivo. Pontificava Pio XII (260º).

Javier Solana Madariaga ingressou, em 1959, no curso de Física da Universidade Complutense de Madrid. Em 1963, participou na Semana da Renovação Universitária, o que levou ao seu afastamento da universidade madrilena. Partiu, então, para Inglaterra onde, depois de aprofundar os seus conhecimentos de inglês, se candidatou e obteve uma bolsa de estudo da Fundação Fullbright. Seguiu para os EUA onde obteve o doutoramento.

Em 1971, regressou a Espanha mantendo-se debaixo dos olhos da polícia espanhola e aderiu à Federação Socialista Madrilena como militante activo. Foi professor de Física na Universidade Complutense de Madrid e autor de mais de trinta livros daquela área.

Em 1964, Javier Solana aderiu ao Partido Socialista Espanhol.

Em 1977, foi eleito membro do Parlamento. Entre 1982 e 1995, Solana ocupou vários cargos governamentais: ministro da Cultura, ministro da Educação e Ciência e ministro dos Negócios Estrangeiros.

Em Dezembro de 1995, Solana tornou-se Secretário-Geral da NATO, cargo que ocupou até Outubro de 1999. Nesse mesmo mês de Outubro assumiu as funções de Secretário-Geral do Conselho da União Europeia, ao mesmo tempo que passou a ser o alto representante para a Política Externa de Segurança Comum. Em Novembro desse ano, tornou-se Secretário-Geral da União Europeia Ocidental (UEO), a organização de defesa da União Europeia.

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Foi há 47 anos (1958), uma SG: durante um golpe militar, liderado pelo brigadeiro Abd al-Karim Kassem, o rei Faiçal II do Iraque é morto e é proclamada a república. Em Portugal já o “fidelíssimo” e sempre submisso, “a bem da Nação”, almirante Américo Tomás tinha “ganho” (?!) as presidenciais de 08JUN, mas só tomaria posse em Agosto. No Vaticano, aproximava-se o fim do pontificado de Pio XII (260º), já com 82 anos de idade.

Kassem foi morto em 1963 num golpe de estado liderado pelo coronel Salem Aref, que estabeleceu um novo governo, pondo fim à lei marcial, e introduziu, ao fim de dois anos, um governo composto por civis. Morreu num desastre de aviação em 1966 e o seu irmão, que lhe sucedeu, foi derrubado em 1968 e substituído pelo major-general Ahmed Hassan al-Bakr.
Em 1979, Saddam Hussein, que desde 1968 vinha exercendo o verdadeiro poder no Iraque, substituiu al-Bakr como presidente do Conselho de Comando Revolucionário e Presidente do Estado.

Saddam Hussein (n. 1937) foi presidente do Iraque de 1979 a 2003, quando foi “deposto por George W. Bush”.

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Completam-se hoje 31 anos (1974), foi num DM: morre o arquitecto Raul Lino. Já raiara a aurora da Liberdade. Era PR, por nomeação da JSN/Junta de Salvação Nacional, o general Spínola. Prosseguia o pontificado de Paulo VI (262º).

Raúl Lino nasceu em Lisboa em 1879. Estudou em Windsor (Inglaterra, 1890) e no Instituto de Hanover (Alemanha). Colaborou com Albrecht Haupt, com quem manteve correspondência até à morte de Haupt em 1933.

Arquitecto muito importante no contexto da arquitectura tradicionalista portuguesa e para a formulação de um estilo nacionalista. Seguiu a tradição neoclássica nos projectos monumentais.

O trabalho de Lino ficou associado à casa portuguesa e ao saudosismo pelas soluções acabadas do século XIX e os tipos tradicionais. Já na altura de Lino, a casa portuguesa não existia senão como estereótipo da arquitectura popular e de uma espécie de resultado prático da experiência (ou sabedoria popular), em que a habitação estava perfeitamente adaptada ao clima onde se inseria. Este pressuposto estava também associado à política do Estado Novo (uma casa para cada família) e à família ideal portuguesa (com muitos filhos para servir e povoar o Império).

A propaganda da casa portuguesa, da qual se tornou o protagonista, interferiu com a sua reputação como arquitecto. Os trabalhos do Tivoli, Panteão, Casa O'Neil, que são um prolongamento do neoclassicismo e do eclectismo do século XIX, não estão relacionados com a polémica da casa portuguesa, mas são resultantes da política de Lino no que se referia à construção de património — o apagamento do autor, ou da diferença ou de qualquer solução inovadora, entre o pastiche e a conclusão da obra fazendo uso dos materiais preexistentes. Contam-se entre os seus trabalhos os projectos: Pavilhão Português para a Exposição Universal de Paris de 1900 (1899, desclassificado); Casa Rey Colaço (Estoril, 1901); Casa O'Neil (Cascais, 1902); Casa dos Patudos (para José Relvas, Alpiarça, 1904); Quinta da Cumeada (para o Conde Armand, Setúbal); Casa do Cipreste (Sintra, 1912); projectos-tipo para os jardins-escola João de Deus (em todo o país até 1957); Casa dos Penedos (Sintra, 1922); cinema Tivoli (Lisboa, 1924); Casa António Sérgio (Lisboa, 1925); panteão dos Braganças (igreja de São Vicente de Fora, 1934); 3 projectos para o palácio Nacional da Ajuda (1934-1956); Pavilhão do Brasil na Exposição de Mundo Português de Lisboa (1940).

Publicou, entre outros escritos: A Casa Portuguesa (1929); Casas Portuguesas (1933); L'Évolution de L'Architecture Domestique au Portugal (1937); Quatro Palavras sobre a Arquitectura e Música (1947); Os Paços Reais da Vila de Sintra (1948).

É, igualmente, da sua autoria o arranjo dos palácios nacionais aquando da Exposição dos Centenários em 1940. (Cfr BU, Texto Editores, donde se transcreveu, com a devida vénia).

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Foi há 29 anos (1976), era uma QA: tomada de posse de Ramalho Eanes como Presidente da República. Decorria o pontificado de Paulo VI (262º).

Em 27JUN1976 realizaram-se as primeiras eleições presidenciais livres, por sufrágio directo e universal, dos últimos 50 anos em Portugal. A elas concorreram 4 candidatos: general Ramalho Eanes, líder do 25NOV1975; brigadeiro Otelo Saraiva de Carvalho, estratega do 25ABR1974 e ex-comandante do COPCON; almirante Pinheiro de Azevedo, ex-membro da JSN e Primeiro-ministro do VI Governo Provisório; Octávio Pato, do Comité Central do PCP. Eleições ganhas, logo à primeira volta, por Ramalho Eanes. O novo regime era muito jovem, ainda: daí que se vissem, por enquanto, muitos elementos castrenses na órbita do poder.

Recordo o que, há pouco, escrevia:

O ano de 76 foi o ano da legitimação popular, digamos, do regime saído do 25ABR: eleita a Assembleia Constituinte em 25ABR75, a Constituição daí saída é promulgada em 02ABR de 1976.

Em 25ABR1976 realizam-se as primeiras eleições para a Assembleia da República, cujo primeiro presidente, Vasco da Gama Fernandes, é eleito, pelos deputados, em 27JUL seguinte. O partido mais votado nas recentes eleições legislativas foi o PS, daí que em 16JUL Ramalho Eanes nomeie Mário Soares, secretário-geral do partido, como primeiro-ministro.

E o ano da “civilização” do regime, ou seja do seu “regresso” ao poder civil, quando foi?

Vejamos: em 15JUL82 a Assembleia da República extingue o Conselho da Revolução.

Em 16FEV86 Mário Soares é eleito presidente da República, numa eleição a que só concorrem civis: Salgado Zenha e Maria de Lurdes Pintasilgo (afastados logo na 1ª volta); Freitas do Amaral e Mário Soares, que se defrontam na 2ª volta, mas com a vitória do último.

António dos Santos Ramalho Eanes nasceu em Alcains, Castelo Branco, aos 25.01.1935

Presidente da República portuguesa entre Junho de 1976 e Março de 1986.

Militar de carreira, com vários louvores e condecorações.

Liderou as operações militares do 25NOV1975, o que lhe trouxe grande prestígio.

A sua candidatura às presidenciais de 1976 teve o apoio do PS, do PSD e do CDS. Teve uma vitória folgada sobre os restantes 3 candidatos. Em 1980 ganharia de novo, e por mais de 50% dos votos.

Em 1985, impulsionou a criação de um novo partido, o PRD (Partido Renovador Democrático), do qual ele próprio veio a assumir a liderança, entre 1986 e 1987.

O PRD teve um assinalável resultado (mais de 17%) nas eleições legislativas de 1985, a primeira vez que participou nas eleições para a Assembleia, tornando-se o terceiro partido a seguir ao PSD e ao PS. Em 1987, a aprovação de uma moção de censura, apresentada pelo PRD na Assembleia, provocou a queda do governo minoritário do PSD. O presidente Mário Soares convocou eleições em que o PRD não passou dos 4,9%. Mais tarde, nas eleições de 1991, o partido eanista perdeu a representação parlamentar. Não mais se ouviu falar dele.

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Na mesma data Ramalho Eanes é nomeado Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas pelo Conselho da Revolução. Até 1981.

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