sexta-feira, fevereiro 10, 2006

FERIADO DO 22 DE JANEIRO? SIM, MAS O IDEAL ERA O 28 DE MAIO.


Compreende-se que para M Fátima Bonifácio “o dia 22 de Janeiro de 2006” represente “desde já … uma data histórica”, já que, ainda na sua opinião, “tudo indica que a democracia portuguesa está finalmente normalizada”.

É muito claro o seu raciocínio, e, de acordo com ele, lógica a sua conclusão.

Com uma enorme surpresa para todo o mundo político do nosso burgo: o (para ela) axioma seguinte: os sóciais-democratas portugueses – os militantes e simpatizantes do PPD/PSD (é a esses que se refere, necessária e obviamente) -

reclamam-se de um ideário – a social-democracia – que é uma ideia de esquerda.

É uma historiadora com uma visão absolutamente sui generis relativamente à realidade social e política do nosso país.

É o delírio completo. A pura e desconcertante negação da evidência.

Não surpreende, pois, que Fátima Bomifácio (MFB), se enrede e perca por caminhos estranhos, atalhos e becos de que tem de retornar para voltar aos mesmos atalhos que conduzem inevitavelmente ao mesmo beco: «desde o início da Revolução que só se reconheceu direito de cidadania aos ‘antifascistas’».

Claro que à observação e análise da historiadora escapou uma questão basto importante: os “antifascistas” não se reclamam – nunca se reclamaram – como únicos detentores do direito de cidadania… Confererem-se, isso sim, é a qualidade de terem sido os que de sempre – desde os difíceis tempos da feroz ditadura – se bateram (com quantos sacrifícios, perseguições, privações de liberdade, torturas, tantas vezes, sacrifício da própria vida, em quantos casos…) pelo regresso à democracia por forma que todos os cidadãos pudessem aceder àquele direito de cidadania com o mais amplo conteúdo que a tal direito deve ser atribuído. Uns (muitos, ainda) porque nessa época viveram; outros, porque assumem o espírito dessa luta; todos eles, porque a têm prosseguido com o mesmo fervor e determinação.

É algo bem diferente do que proclama MFB.

Ora, MFB afirma, a dada altura, que o esquerdista social-democrata Cavaco – sim, porque para si, a social-democracia, mesmo a portuguesa, “é uma ideia da esquerda” – repito, o esquerdista Cavaco “surge entre nós como oriundo do campo da direita e do centro-direita”!!!

Não deu, obviamente, para MFB ouvir… Mas muitos ouvimos umas gargalhadas bem sonoras.

Quer dizer: o esquerdista e (social) democrata Cavaco Silva surge entre nós “COMO ORIUNDO” da direita. Mas isso não é mais que pura ilusão de óptica. Porque para MFB ele surge é mesmo do nevoeiro, que MFB confunde com a esquerda.

Não. MFB será (entre os seus pares – e isso não discuto) uma competente historiadora. Mas para cidadãos, como eu e tantos, não absolutamente leigos na matéria, mas (um pouco) conhecedores de ciência (?) política, (bastante) conhecedores da realidade político-social, conquanto não dominadores do âmago da ciência da história – convenhamos – para nós MFB é mais uma maga que uma historiadora. Isto sem desrespeitar o seu talento – pese embora o transmita de forma um pouco obtusa. Para nós, os tais que acabo de referir, que não somos tão poucos como isso!

Bom, mas a melhor síntese da isenta pesquisa e do pensamento da historiadora Maria de Fátima Bonifácio podia ler-se no vanguardista O Diabo, de 07-02-06: "A grandeza de Portugal pertence completamente ao passado."

Um espanto!

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