Um recente artigo da habitual coluna semanal de Frei Bento Domingues, no Público, este de DM 29.01.06, intitulava-se o “Santo Inquietante” (S. Tomás de Aquino).
E escrevia:
“Para S. Tomás, a verdade reside na razão. Ninguém deve viver contrariamente àquilo que o próprio espírito lhe propõe como verdade. E quando uma pessoa vive segundo a verdade - afirmada como tal pela própria consciência -, Deus não a pode condenar, mesmo que esteja no erro.”
E trazia outros depoimentos, que não só de teólogos. Nem por isso de menor mérito.
“Como escreveu Umberto Eco, a pior desgraça da carreira do beneditino não foi um grave acidente, quando se dirigia ao concílio de Leão, e de que resultaria a sua morte 7 de Março de 1274.
A desgraça também não foi a condenação, três anos depois, por Estêvão Tempier, bispo de Paris, nem pelas condenações que se seguiram em Oxford até 1284.
O que arruinou a sua carreira, insiste U. Eco, aconteceu em 1323, dois anos depois da morte de Dante, precisamente quando o Papa João XXII o canonizou. É o momento em que um grande incendiário é nomeado bombeiro.”
Por fim, estabelecendo uma ponte, e numa expressão que ele sabe não estar de acordo com o discurso oficial da hierarquia, mas que é a sua, e que sabe, também, que no mundo real, no que é habitado por nós, é a que prevalece, sustenta:
“Saiu a primeira carta encíclica de Bento XVI: Deus caritas est. Tudo no seu lugar, como num artigo de enciclopédia. Não se destina a fazer estremecer um mundo, onde os ricos são cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.”
Politicamente correcto, dir-se-á hoje.
O costumado receio das questões fracturantes.
Nota: para os eventualmente interessados, veja-se aqui o texto da recente encíclica “Deus caritas est” (a sua primeira) de Bento (ou Benedito) XVI.
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