Os media são uns autênticos algozes, por vezes.
Se há notícia que nos perturbe o sossego, que mexa com a nossa preocupação de consciente cidadania, que nos faça reflectir e pensar mais maduramente, que tenha a ver com as grandes questões e preocupações nacionais, que ameace clivagem com os nossos mais elevados interesses, que ponha em causa a nossa mais natural expectativa de felicidade, que brigue com os nossos mais espontâneos anseios de uma eficaz, avançada e transparente democracia, que desperte a nossa mais profunda e actuante massa crítica, que nos faça sofrer, de forma cruel, na mais torturante dúvida… Eles aí estão, os media e os seus agentes, a explorar esta nossa sede pelos grandes embates, pelas grandes causas nacionais, esta nossa ânsia pela perfeição, a nossa costumada atenção a cada espirro, a cada palavra dos grandes heróis, dos grandes fautores da política nacional.
Mas é um desatino o desgaste e a preocupação que nos transmitem.
A notícia estoira, pela manhãzinha. Cai que nem um trovão. Sacode-nos que nem um terramoto. Faz-nos pensar em tudo: na efectiva falência do Estado, na presumível perda da independência nacional, nas mais terríveis desgraças, nas piores hecatombes.
Sádicos, que são, passam a preocupante notícia às agências noticiosas, e aí temos todos os jornais, online, a transmiti-la em parangonas; os telejornais a divulgá-las em cada uma das respectivas edições, os noticiários da rádio a martelá-la de hora a hora, todo o santo dia, os comentadores a explorar-lhe as várias leituras possíveis, os politólogos a desenhar o seu efeito no nosso já nebuloso futuro, a blogosfera a ponderar as mais díspares preocupações.
Esta Sexta-feira, 28 de Abril, (e eu que não sou supersticioso) foi assim: um tormento, uma angústia, um desassossego, uma tortura, um sufoco, um pesadelo, uma ansiedade indescritível, uma dúvida atroz, uma expectativa insuportável.
Um dia INTEIRO.
Não, não leu mal: UM DIA INTEIRO!
A notícia lançada e comentada várias vezes por hora. Dezenas de vezes. À exaustão.
Foi como se nos crucificassem, pregando-nos um prego de quarto em quarto de hora. Foi como se nos submetessem às mais terríveis torturas…
E a bomba foi: “TELMO CORREIA NÃO DIZ QUE LISTA (no próximo Congresso) VAI APOIAR. SENDO CERTO QUE RIBEIRO E CASTRO NÃO VAI TER, DE CERTEZA, O SEU VOTO…”
Que horror!...
Isto não se faz!
É de uma inaceitável desumanidade
(porque há quem entenda que as há aceitáveis…)
Como é que o país vai conseguir sobreviver a esta terrível dúvida?
Telmo Correia é um duro.
Os da comunicação social e afins – uns perversos sádicos.
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