quinta-feira, setembro 21, 2006

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA


Este é o espaço em que,

habitualmente,

faço algumas incursões pelo mundo da História.

Recordo factos, revejo acontecimentos,

visito ou revisito lugares,

encontro ou reencontro personalidades.

Datas que são de boa recordação, umas;

outras, de má memória.

Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.

Aqui,

as datas são o pretexto para este mergulho no passado.

Que, por vezes,

ajudam a melhor entender o presente

e a prevenir o futuro.

Respondendo a uma interrogação,

continuo a dar relevo ao papado.

Pela importância que sempre teve para o nosso mundo ocidental.

E não só, nos últimos séculos.

Os papas sempre foram,

para muitos, figuras de referência,

e para a generalidade, figuras de relevo;

por vezes, e em diversas épocas, de decisiva importância.

Alguns

(muitos)

não pelas melhores razões.

Mas foram.

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DE ACORDO COM O CALENDÁRIO DA ONU:

1997/2006 - Década Internacional para a Erradicação da Pobreza.

2001/2010 - Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África.

2001/2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colo­nialismo.

2001/2010 - Década Internacional para a Cultura da Paz e não Violência para com as Crianças do Mundo.

2003/2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.

2005/2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvi­mento Sustentável.

2005/2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

2006 Ano Internacional dos Desertos e da Desertificação.

Dia Mundial do Doente de Alzheimer.

Dia Nacional de Malta.

Feriado Municipal de Viseu.

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Calcula-se que tenha sido há 2025 anos, a 21.09 do ano 19 a.C.: morreu o poeta romano Virgílio. Decorria o reinado de César Augusto, também designado por Octá­vio Augusto, Caio Júlio César Otaviano Augusto, o primeiro imperador romano, sobrinho-neto e herdeiro político de Júlio César, que foi líder militar e político no ocaso da República de Roma.

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O reinado de César Augusto

é considerado por todos os historiadores como um período de prosperidade e expansão.

A nova estrutura política criada por Augusto designa-se por principado,

sendo o chefe do império designado por princeps civium (o primeiro dos cidadãos)

e ao mesmo tempo princeps senatus (o primeiro do Senado).

O termo princeps está na origem da palavra príncipe, que não era o título do chefe do Estado.

O título era César e foi este que Augusto e seus sucessores adoptaram.

(Transcrição de Wikipédia, a enciclopédia livre)

Veja-se a seguinte e interessante animação acerca da

extensão do IMPÉRIO ROMANO em diversas fases (anos) da sua história.

(Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre)

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Expoente da literatura latina clássica, Publius Vergilius Maronis, de seu nome, mais conhecido como Virgílio (ou, mais correctamente, Vergílio), terá nascido a 15 de Outubro do ano 70 a.C. A obra que o celebrizou foi a Eneida.

Foi amigo de Horácio, filósofo e outro grande poeta da mesma época, como ele protegido por Mecenas

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O nome comum mecenas

(patrocinador das letras, artes e ciências),

tem origem no nome de Caio Mecenas,

cidadão da Roma imperial, onde se distinguiu como

político, estadista e patrono das letras.

César Augusto teve-o como seu conselheiro

e muitas vezes se fez representar por ele,

em diversas missões políticas,

como seu tribuno, orador, patrono e amigo pessoal.

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Como foi contemporâneo de outro grande historiador romano, Ovídio

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autor da obra intitulada Ab Urbe Condita,

história de Roma desde o ano tradicional da sua fundação 753 a.C.

até ao início do século I da era comum.

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Virgílio já era famoso pelas suas Bucólicas e Geórgicas.

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as Bucólicas, em número de dez,

em que reflecte a influência do género pastoril criado por Teócrito.

As Geórgicas, dedicadas ao seu protector Mecenas,

constam de quatro livros, tratando da agricultura.

Literariamente, as Geórgicas são consideradas a sua obra mais perfeita.

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Entretanto, Octávio Augusto encomendou-lhe um poema épico que cantasse a glória e o poder de Roma. Um poema que rivalizasse e que superasse Homero

(poeta grego,

provavelmente do séc. VII a.C.,

criador do género épico,

autor da ILÍADA e da ODISSEIA).

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e um poema que cantasse, de algum modo, a grandeza de Augusto. Assim, Virgílio era contratado para uma tarefa, acima de tudo, de propaganda polí­tica. E de facto, muitos dos episódios da Eneida têm uma correspondência com a actualidade de Augusto.

A Eneida refere-se à lenda do troiano Eneias, que, fugido de Tróia, saqueada e incendiada, acaba por chegar a Itália onde se tornará o antepassado do povo romano. Tem como objectivo dar aos romanos uma ascendência não grega, formulando a cultura latina como original e não tributária da cultura helénica.

A Eneida serviu de modelo as grandes epopeias do renascimento, nomeadamen­te de Os Lusíadas, de Camões.

Como aqui referido em Memória recente, Vergílio foi escolhido por Dante para o guiar pelo Inferno (morada do demónio e das piores criaturas) e pelo Purgatório d’ A Divina Comédia.

(Fonte principal: Wikipédia, a enciclopédia livre)

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Há 477 anos, a 21.09.1529, uma TR, deu-se a derrota das forças turcas lideradas por Solimão I, o Magnífico, em Viena. Reinava em Inglaterra o Tudor Henrique VIII. Em França reinava Francisco I, da dinastia de Valois-Angoulême, primo e cunhado de Luís XII. Em Portugal reinava D. João III (15º). O pontífice romano era Clemente VII (219º).

Solimão I, Suleiman I, Sulimão I ou Süleyman (em turco), o Magnífico, como o Ocidente o conhece e refere, é considerado o maior, o mais rico e o mais poderoso governante do Império Otomano, sendo conhecido no mundo islâmico pelo cognome de o Legislador. De facto, este sultão é mais lembrado pelos Turcos como o sultão que introduziu as leis do que pelo seu estilo de magnificência.

Sulimão I foi o 10º sultão do Império de Otomano de 1520 a 1566, tendo sucedido a seu pai, o sultão Selim I.

Foi durante o seu reinado que o Império Otomano alcançou o seu apogeu, com o exército do sultão chegando às portas de Viena, e Istambul transformada em pólo artístico e cultural.

O episódio hoje recordado, em que Solimão é obrigado a retirar de Viena, foi um dos seus raros fracassos nesta campanha pela Europa Central.

Desta vez foi Carlos V, imperador do Sacro Império Romano-Germânico, que, depois de ter reconquistado a Hungria, o obrigou a levantar o cerca a Viena.

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Carlos V, imperador do Sacro Império Romano-Germânico,

era simultaneamente Carlos I, rei de Espanha.

Foi genro e cunhado do nosso D. Manuel I.

Genro porque casou com uma filha deste, D. Isabel,

de quem teve, entre outros filhos, Felipe II de Espanha

(e Filipe I de Portugal, cujo primeiro casamento foi com a infanta D. Maria,

filha do nosso D. João III).

E foi também cunhado do rei português D. Manuel, o qual, em terceiras núpcias,

se casou com sua irmã Leonor (1º casamento dela)

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Aliás, sob o seu governo o Império Otomano duplicou os seus domínios na Europa, tornando os turcos senhores de um dos impérios com maior influência no continente.

Aos sete anos de idade, Suleyman vai para as escolas do palácio de Constantinopla (a antiga bizâncio, fundada pelos gregos) estudar matérias tão variadas como ciência, história, literatura, teologia e técnicas militares.

Não admira, pois, que, sendo amante de poesia e filosofia, exímio general e adepto do humanismo renascentista, Sulimão fosse considerado pelos seus súbditos um sultão justo e íntegro (tanto que é comum chamar-lhe de Salomão II, em homenagem ao rei dos judeus, Salomão).

Aquando da sua morte, em 1566, as principais cidades muçulmanas (Meca, Medina, Jerusalém, Damasco e Bagdad), muitas províncias balcânicas até a Áustria de hoje e a maior parte da África Norte pertenciam ao Império Otomano.

Foi seu filho Selim quem lhe sucedeu. E é com Selim II que começa o longo declínio do Império Otomano.

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Se com as conversas acontece serem como as cerejas, com estas notas acontece o mesmo.

Seria difícil falar-se de Solimão, o Magnífico, sem referir a bela mesquita que ele mandou construir (1550-1557) em Constantinopla, não longe da antiga acrópole de Bizâncio. De entre os múltiplos templos muçulmanos que existem em Istambul, o de Solimão (Mesquita de Suleymaniye) é o maior e um dos dois ou três de visita imperdível. Dentro dele, impressionam-nos o seu tamanho e simplicidade. Ricos azulejos, vitrais coloridos e quatro colunas maciças conferem especial harmonia ao local de reflexão.

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Outra mesquita inesquecível, em Istambul,

é a chamada Mesquita Azul.

Fica ela mesmo defronte da basílica de Santa Sofia,

no local onde os imperadores bizantinos antanho construíram um grande palácio.

A mesquita data de 1606, quando o sultão Ahmet I mandou construir

uma mesquita maior, de maior imponência e beleza do que a basílica de Hagia Sophia.

A mesquita Azul é de facto um hino à harmonia, à proporção e à elegância.

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Como se viu, a referência, em Istambul, para o “despique” da arquitectura de cunho religioso, foi a basílica de Santa Sofia (Hagia Sophia), cuja grandiosidade, riqueza e arte ainda hoje nos impressionam.

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A basílica começou por ser a catedral de Constantinopla.

O seu interior é de grande beleza artística,

decorado com ricos mosaicos e com colunas e esculturas de mármore,

coberto por uma abóbada central de 31 metros.

Durante quase um milénio foi assento do Patriarca ortodoxo de Constantinopla

e palco de imponentes cerimónias imperiais.

Depois foi convertida em mesquita, quando, em meados do séc. XV (em 1453),

Constantinopla caiu em poder dos turcos otomanos

(o que, como sabemos, marcou o fim da Idade Média).

E foi, por cerca de meio milénio, a principal mesquita de Istambul.

Mas, já com a República da Turquia instalada,

foi secularizada por Kemal Atatürk,

passando a ser o Ayasofya Museu (Museu de Santa Sofia)

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“Os otomanos, temendo que o xiísmo se espalhasse pela Anatólia, procuraram manter o Iraque como um estado sunita. Em 1509, os safávidas, liderados por Ismail Shah (1502-1524), conquistaram o Iraque, iniciando uma série de batalhas prolongadas com os otomanos”. Em 1514, o sultão Selim, o Severo, pai de Suleyman, o Magnífico, atacou as forças de Ismail e em 1535 os otomanos, liderados pelo mesmo Suleyman, conquistaram Bagdade dos safávidas. “Otomanos e safávidas usavam os sunitas e xiitas, respectivamente, para mobilizar apoio interno”.

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A dinastia safávida era proveniente da região do Azerbeijão.

Embora os primeiros governantes safávidas falassem uma língua turcomana

(língua uralo-altaica, vernácula na Turquia, por exemplo),

as gerações seguintes adoptaram o persa.

O período safávida é visto pelos historiadores

como uma ponte entre a antiga Pérsia e o Irão moderno.

Os safávidas eram seguidores do islamismo xiita

e tornaram o Irão o maior país xiita do mundo, posição que ainda ocupa.

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Os sunitas (muçulmanos ortodoxos e mais moderados) constituem cerca de 85 ou 90 % da totalidade dos muçulmanos.

Os xiitas (muçulmanos de posições mais extremadas), que constituem os restantes 10 a 15 %, defendem que o sucessor de Maomé foi o seu primo e genro Ali.

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(Fonte principal: Wikipédia, a enciclopédia livre)

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Foi há 245 anos, em 21.09.1761, uma SG, que ocorreu a execução do padre Malagrida. Reinava D. José (25º) e chefiava o governo o Marquês de Pombal. Decorria o pontificado de Clemente XIII (248º).

Gabriel Malagrida nasceu em Menaggio, pequeno lugarejo na margens do Lago Como, no Norte da Itália, a 5 de Dezembro de 1689. Fez-se padre e entrou para a Companhia de Jesus em 1711, aos 22 anos, em Génova.

De Génova seguiu para Lisboa, de onde embarca para as Missões do Maranhão e do Pará, no ano de 1721.

Voltou a Lisboa, à Corte, em 1750. Foi ele que “preparou” o rei D. João V para a Morte que ocorreu a 31.07.1750. Torna ao Brasil no ano seguinte.

Pouco depois, em 1753, recebeu o chamamento da rainha viúva, D. Maria

Ana, que o queria em Lisboa, a fim de a “preparar” também a ela para a morte que já pressentia próxima. Encontra, então, o rei José I no trono, e no governo, o Marquês de Pombal, cuja hostilidade ao clero era de todos conhecida.

Malagrida pregava a reforma dos costumes. Pombal, sentindo-se atingido, desterrou o jesuíta para Setúbal, em Setembro de 1756. Quando em 1758, ocorreu o suposto atentado ao rei, e sobreveio o que ficou conhecido como “Conjuração dos Fidalgos”, Malagrida foi acusado não só de participar da mesma, mas de ter sido ele próprio o cabeça da maquinação contra o Rei. Encarcerado nas prisões da Junqueira, passa terríveis suplícios ao longo de três anos, até que o seu inimigo pessoal, o Marquês de Pombal, o denuncia à “Santa” Inquisição, como herege, por vários dos seus escritos.

Esse auto-de-fé foi o único que se realizou no tempo do Marquês de Pombal.

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Dá-se a expulsão dos jesuítas em 1759.

A perseguição aos jesuítas fez parte do esforço de centralização do poder e de anulação de toda a oposição durante o reinado de D. José I, esforço em que se destacou o marquês de Pombal.

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«... E no entardecer do dia 21 de Setembro de 1761, na Praça do Rossio,

no centro de Lisboa,

um santo foi queimado na fogueira dos hereges.

Gabriel Malagrida entregou a alma a Deus e o corpo aos carrascos.

Tinha 72 anos (…)

Por ordem e trama do primeiro-ministro Marquês de Pombal,

Malagrida terminou acusado de blasfémia e heresia.

Ouviu a sentença de morte no alto de uma carroça,

com um barrete de palhaço na cabeça, mãos amarradas para trás

e batina pintada com figuras demoníacas.

Quando Pombal, ao lado do rei d. José, ordenou a execução,

o padre beijou as escadas do cadafalso, virou para o povo,

jurou inocência e perdoou seus acusadores.

(…) Em poucos segundos, o padre estava enforcado pela Santa Inquisição.

O carrasco acendeu a fogueira, onde o corpo queimaria toda a madrugada,

velado pelos milhares de fiéis.

As cinzas foram jogadas nas águas do rio Tejo (...)»

(Ana Beatriz Magno, no site “Correio Web”)

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Há 175 anos, a 21.09.1831, uma QA, o Papa Gregório XVI (254º) reconhece D. Miguel (29º) como rei de Portugal.

Aquando das lutas políticas entre liberais e absolutistas, no nosso país, a Igreja, através de Gregório XVI, pretendeu tomar uma diplomática posição de isenção e de equidistância... Mas só na aparência, porque foi nítido o seu pendor a favor dos miguelistas. Apostólicos e absolutistas.

Mais que compreensão, dispensou-lhes meios financeiros.

D. Miguel foi Rei de Portugal de Julho de 1828 a Maio de 1834. Reconhecido como tal pelo Vaticano, como acabamos de ver, pelo rei de Espanha, pelo czar da Rússia e pelos Estados Unidos da América.

Entre os monárquicos chegou a pôr-se a questão da legitimidade de D. Miguel.

Argumentavam os pró-legitimidade com o argumento de que D. Miguel foi aclamado em Cortes o que não sucedeu com D. Pedro.
Nada de mais natural – responderam os anti-legitimidade. Não se tendo, de início, apresentado como problemática a sucessão de D. Pedro, para quê convocar Cortes?
A sua sucessão seguia, assim, a ordem natural das coisas.
As Cortes só se revelavam necessárias, quando a sucessão se tornava problemática – concluíam os mesmos.

Teria D. Miguel legitimidade para assumir o trono de Portugal no que à paternidade concerne?

Legalmente, nada a opor. E o pusilânime D. João VI, “um homem baixo e forte, com uma grande cabeça e braços e pernas curtas” “conhecido pela falta de iniciativa e indecisão” por quem “D. Carlota desenvolveu uma antipatia visceral”, desde criança (rumara a corte lusitana com 10 anos de idade, para casar com o príncipe português) não levantou qualquer objecção quanto à paternidade do impetuoso D. Miguel, “considerado por muita gente [seu] filho bastardo”. O tresloucado e arrevesado pequeno, porém, “era o favorito de D. Carlota” em relação à qual “veio a revelar uma personalidade mais sinistra” – tudo conforme Império à DerivaA Corte Portuguesa no Rio de Janeiro 1808-1821, Patrick Wilcken, Civilização Editora, 2004, respectivamente a págs 109, 30, 67 e 196).

Imagine-se bem.

O retrato que de D. Carlota Joaquina consta, na respectiva entrada, na GEPB (vol 5, págs 950/51), não é muito agradável. Direi mesmo que é atroz: entre outros mimos (“beleza física, que de todo lhe faltava”; “desbragada educação”; “acessos de volúpia em que prostituía o tálamo e a coroa”; “linguagem… por vezes obscena”… etc), pode ler-se: “Sentia em si sobeja virilidade para ser ela o rei… Os traços varonis e grosseiros do seu rosto, o seu género de preocupações, o seu próprio impudor, denotam que em D. Carlota havia apenas de feminino o invólucro…”

Noutra fonte, depois de apresentada uma “D. Carlota exótica, sensual cabeça de uma corte, extravagante, ibero-mourisca dentro da corte, e uma mulher que já atraía comentários, maliciosos ou não”, Patrick Wilcken prossegue: «por outro lado, temos as longas descrições da aparência física de D. Carlota nas memórias da Duquesa d'Abrantès. (...) Ficou assombrada também com a visão do casal real. As suas memórias (...) descrevem D. Carlota, então com trinta anos de idade, como um verdadeiro exemplar de um circo de monstros - "o mais repugnante espécime de fealdade" - com o seu ar de anã, corpo assimétrico (uma das pernas de D. Carlota era mais curta que a outra, devido a um acidente de caça) e o "peito todo torto". Carlota tinha, de acordo com a duquesa, "olhos raiados de sangue", "pele vegetal' e cabelo crespo, frisado, "de aspecto sujo"» (cit. Império à Deriva, 70).

Ao pé deste quadro, o desabafo da primeira mulher de D. Pedro IV, a jovem arquiduquesa da Áustria, D. Maria Leopoldina, pela sua contensão, é quase um elogio: escreveu um dia que a única coisa que a atemorizava era a futura sogra, que o pai (o imperador Francisco I) lhe descrevera como “rebelde e intriguista” (id. 235)!

Ora se o autoritário Miguel veio a revelar-se uma personalidade ainda mais sinistra... Calcule-se!

O infante D. Miguel nasceu na TR 26.10.1802, sendo que já “no início de 1802 o casamento dos regentes tinha soçobrado” (id, 78).

O regente, depois rei, D. João tinha no seu cônjuge uma opositora ferocíssima. Quer politicamente

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no ano seguinte (1803) conspirava, pela primeira vez

– e foram várias –

contra o marido

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quer pessoalmente: “D. Carlota também minava a posição de D. João envolvendo-se numa série de casos amorosos a partir da sua prodigamente decorada villa [no Ramalhão, Sintra]. Aqui, a controvérsia levanta-se de novo, com boatos contraditórios acerca da identidade dos seus amantes”. “A paternidade de D. Miguel, o filho preferido de D. Carlota, é uma área especialmente difícil. Que ele nasceu fora do matrimónio parece quase certo, até se atendermos à própria declaração de D. João, relatada num jornal londrino, de que, à época da gravidez, não tinha relações com a mulher há uns dois anos. Seria então D. Miguel produto da ligação da princesa com o seu jardineiro? Ou o pai era um fiel de armazém do Ramalhão, João dos Santos? Ou seria a semelhança entre Miguel e outro dos consortes de D. Carlota, o Marquês de Marialva, a prova concreta de um caso? A verdade é ainda obscurecida pelo virulento ódio que mãe e filho provocaram nos últimos anos do reinado de D. João VI, quando a sua tentativa contra-revolucionária lançou Portugal numa guerra civil em torno das reformas liberais. (...) “Nesta fase o casal só se encontrava em público, quando o protocolo assim o exigia” (id, 79).

No rol oficial dos filhos de D. João VI, porém, lá consta o nome do maquiavélico infante, (como o de suas duas irmãs mais novas, “Ana de Jesus e Maria d’Assunção, que também não terão sido concebidas no casamento”).

E é exactamente deste infante, tornado rei, D. Miguel, que descende o actual pretendente ao trono, Duarte Pio de Bragança.

Recordo que D. Pedro IV reservou para si o título de (16º) duque de Bragança. Assim, D. Miguel reivindicou o título, que lhe não foi reconhecido.

Porém, o neto e o bisneto de D. Miguel, respectivamente Duarte Nuno e Duarte Pio, foram aceites pela generalidade das organizações monárquicas como sucessores no título, - respectivamente como 21º e 22º duques de Bragança.

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Estão decorridos 174 anos, foi a 21.09.1832, uma SX: morreu, na sua mansão de Abbotsford, próximo de Edimburgo, o romancista e poeta escocês Walter Scott.

No Reino Unido da Grã-Bretanha, que a Escócia integrou, como Estado autónomo, desde 01.05.1707, reinava Guilherme IV, filho de Jorge III. Em França reinava Luís Filipe de Orléans, o Rei-Cidadão, hexaneto de Luís XIII. Nos EU ocupava a presidência Andrew Jackson, pelo partido Democrata. Rei da Prússia era Frederico Guilherme III. Em Espanha reinava o Bourbon Fernando VII. Em Portugal decorria o breve reinado de D. Miguel (29). À igreja de Roma presidia Gregório XVI (254º).

Nascido em Edimburgo, Scott desde cedo teve de superar uma deficiência resultante de precoce poliomielite.

Foi contemporâneo de grandes nomes das letras das artes e das ciências, como, por exemplo, de Mozart, Hegel, Beethoven, Goya, Schelling, do compositor português Domingos Bomtempo, Chateaubriand, Marquês de Sade, J J Rousseau, Goethe, Lamennais, Paganini, D'Alembert, Diderot, Lord Byron, Schopenhauer, Lamartine, conde de Mirabeau, Rossini , Donizetti, Auguste Comte, Delacroix, Balzac, Pushkin, Victor Hugo, Alexandre Dumas, Hector Berlioz, Kant, Feuerbach, Hans Christian Andersen, Schiller, Tocqueville, Allan Poe, Chopin, Alexandre Herculano, Schubert, Monet, Darwin e Jean Baptiste Say.

Walter Scott foi autor de leitura “obrigatória” para todos os autores, poetas e romancistas, que se lhe seguiram. Ivanhoe, Rob Roy, Lady of the Lake, Waverley e The Heart of Midlothian continuam a ser referenciados como clássicos da literatura. Os historiadores de literatura costumam invocá-lo como tendo exercido uma forte influência sobre gerações de escritores românticos. Como por exemplo no nosso Alexandre Herculano, em Eurico, o Presbítero.

O maçon Sir Walter Scott, como escritor, foi considerado pelo mesmo Herculano como “modelo e desesperação de todos os romancistas”.

Poeta muito popular na Europa do seu tempo, a obra que mais o celebrizou foi o romance Ivanhoe (1819), cujo pano de fundo é a luta entre saxões e normandos, em que Ivanhoé é o herói dos saxões, que tenta arrecadar a quantia necessária para vingar o Rei Ricardo Coração-de-Leão. A trama atinge o seu ponto culminante com o assalto ao castelo de um dos fiéis do príncipe João Sem Terra, que usurpara o trono inglês ao seu irmão, Ricardo I.

O género literário que mais desenvolveu foi o romance, quer o de cavalaria, quer o histórico.

A primeira obra de sua autoria, Minstrelsy of the Scottish Border surgiu em 1802, tendo o autor, a partir daí, tentado compatibilizar a sua actividade de escritor com a sua profissão na área da advocacia. The Lay of the Last Minstrel (1805) foi um sucesso imediato, como o foram, entre outros, Marmion (1808) e The Lady of the Lake (1810). E foi com os proventos das suas obras que comprou e reconstruiu a casa de Abbotsford on the Tweed.

Waverley foi publicado em 1814, e deu o seu nome a uma longa série de romances históricos. Em Waverley os autores costumam destacar a sua visão de uma Escócia celta o que ressalta não só da sua descrição da natureza e de locais históricos, como também pelo discurso dos personagens tipicamente escoceses.

O romance histórico, foi, sem dúvida, o género literário que mais fama lhe trouxe, dentro e fora de fronteiras. Nele se incluem The Heart of Midlothian (1818), Ivanhoe (1819) e The Fair Maid of Perth (1828).

Por razões várias, designadamente porque Byron se lhe antecipou com um estilo mais moderno de romance em verso, Sir Walter Scott preferiu dedicar-se à prosa ficcional, onde, entre outros, se podem enumerar Guy Mannering (1815), The Antiquary (1816), Old Mortality (1816), Rob Roy (1817), The Heart of Midlothian e The Bride of Lammermoor (1819).

Os seus últimos anos foram marcados pela escrita desenfreada e compulsiva de textos com a finalidade de pagar as dívidas que tinha, depois de a editora que possuía ter ido à falência em 1826. Woodstock (1826), uma biografia de Napoleão, e Tales of a Grandfather (1827-30) estão entre as principais produções destes difíceis últimos anos. Um continuado e excessivo ritmo de trabalho, nesta fase, trouxeram-lhe um esgotamento nervoso.

O seu Diário foi publicado em 1890, e em 1837 o seu genro J. G. Lockhart deu à estampa a sua biografia.

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Foi há 140 anos, aos 21.09.1866, uma SX: nasceu, em Bromley, num distrito (bourough) da grande Londres, o escritor britânico H. G. Wells. Reinava, então, no Reino Unido, a rainha Vitória (r. 1837 - 1901), da casa de Hanôver, neta de Jorge III, sobrinha de Jorge IV e de Guilherme IV, ao qual sucedeu, casada com o príncipe Alberto de Saxe-Coburgo-Gotha, primo de D. Fernando, marido de D. Maria II. Em Portugal reinava D. Luís (32º), filho, exactamente, do último casal régio referido, e irmão do seu antecessor, D. Pedro V. O governo português era presidido por Joaquim António de Aguiar, (e pela 3.ª vez isso acontecia, agora liderando o chamado «Governo da Fusão», uma coligação Regeneradores/Históricos – este do duque de Loulé e que absorveu o que restava do Partido Progressista Histórico). Na chefia da igreja católica estava Pio IX (255º).

O seu nome era Herbert George Wells, mas só usava H. G. Wells, como se tornou conhecido.

Suas obras podem classificar-se em novelas puramente literárias, ensaios, novelas de antecipação científica, novelas sociais e obras de divulgação histórica, política e científica.

Foi, acima de tudo, um ficcionista, género de que foi um dos pioneiros.

E a sua premonição relativamente a fenómenos, máquinas e acontecimentos vindouros foi notável, ainda que as suas opiniões político-sociais tenham sido objecto de controvérsia. Ficou célebre uma sua disputa com o irreverente e inconformista George Bernard Shaw, quando ambos eram sócios da famosa Fabian Society, fundada (por Shaw, nomeadamente) no último quartel do séc. XIX, onde militaram importantes e destacados nomes da intelectualidade de então e que foi berço, por exemplo, do trabalhismo (a terceira via) britânico.

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Fabian Society:

organização socialista do Reino Unido

dedicada à investigação, discussão e publicação de temas contemporâneos,

fundada em Londres em 1884.

Propõe como via para o socialismo os métodos evolutivos,

por meio de uma sucessão de reformas graduais.

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Quanto à premonição de Wells, recorde-se, por exemplo, a sua obra Guerra Aérea, publicada em 1904, onde antecipou os efeitos dos bombardeamentos, que foram realidade da Segunda Guerra Mundial.

Previu, também, muito armamento dos nossos dias, como os tanques e a bomba atómica.

Dos seus romances de ficção científica o mais famoso foi A Guerra dos Mundos (1898). Nele, HG Wells combinou a sátira política com a advertência aos perigos do progresso científico, utilizando vários artifícios que conferissem à obra efeitos realísticos. Foi mesmo considerado um livro perigoso, pelas eventuais fobias que desencadeava nos leitores – muitos acreditavam na eventualidade de uma invasão de “marcianos”. Outra matéria que emerge dessa obra é a relacionada com o colonialismo e com a intolerância, tomando o autor indisfarçável posição anti-colonialista.

Obra célebre esta, até por mor de “outro” Welles (para nós apelidos homófonos, que não homógrafos). Na verdade, o livro inspirou e foi usado por Orson Welles na Rádio Mercury Theatre numa transmissão, com o mesmo título, no Dia das Bruxas desse já longínquo ano de 1938, a 30 de Outubro, lançando o pânico entre os ouvintes americanos.

Repare-se, a obra era de há quarenta anos antes!

E facto é que, sendo visíveis os sinais da (próxima) guerra, que era uma ameaça crescentemente efectiva, a emissão de Orson Welles foi de tal modo realista que muitos - dependentes que eram da rádio - acreditavam mesmo que o nosso planeta estava a ser invadido por extra-terrestres. O susto foi enorme, levando até alguns, segundo se diz, ao suicídio.

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Orson Welles (1915-1985) era, na altura, actor de teatro

e viria, pouco depois, a entrar no mundo do cinema,

onde foi realizador, produtor e guionista,

e cuja estreia foi em 1941 com Citizen Kane (O Mundo a seus Pés).

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A transmissão de Orson Welles foi de tal maneira bem conseguida que lançou o pânico e foi objecto de manchetes em todo o mundo.

Voltemos a HG Wells.

Um seu outro clássico foi The Time Machine/A Máquina de Tempo (1895) e The War of the Worlds/A Guerra dos Mundos (1898), publicado em 1895. Que foi outro sucesso. Seguiram-se The Island of Dr. Moreau/A Ilha de Dr. Moreau (1896), The Invisible Man/O Homem Invisível (1897), e, por fim, a sua mais popular novela: The War of the Worlds/A Guerra dos Mundos (1898). Foi a partir daí que ganhou reputação como pioneiro da ficção científica.

Depois escreveu Kipps (1905) e Tono-Bungay (1909), notáveis pelo seu humor relativamente a várias instituições e convenções da época.

E escreveu muito mais, como por exemplo Outline of History (1920) e The Shape of Things to Come (1933).

Pretendendo, pode encontrar na net, no site brasileiro TERRA, a obra

The War of the Worlds
by H. G. Wells

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1 comentário:

Anónimo disse...

Cuidado com o Duarte Pio que ainda vos palma a carteira:

http://www.duarteotretas.blogspot.com/

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