Aqui há atrasado – nem há tantos anos como isso: só lá vão uns 50! – eu tinha um amigo que morria por não ter um cartão, dito de visita. Lá nome e morada nem era o que muito importava. Ansiava era por ter algo de mais chamativo: director, engenheiro, dr em qualquer coisa... Mas, claro, nos seus 18 anos, que havia de “lh’aprantar”?
Um dia surgiu-lhe a luminosa ideia. E compôs:
Fulano
Terceiranista da Faculdade de Ciências
...
Aos 18 anos é a feira dos sonhos (e a sementeira, o começo do culto das vaidadesecas.)
A partir dos trinta, a feira das vaidades.
Nos jornais, por exemplo, importante, importante, para muitos, nem será tanto o sobre que se escreve... É o título que se exibe: doutorado/a pela Universidade de Manchester, de Cambridge... (As de Abidjan ou Faro não têm peso nem gabarito nesta feira).
Bom, que o Professor Universitário já é relativamente sonante!
Que a referência à actividade de quem escreve (engenheiro, médico, economista), muitas vezes até se compreende, tratando-se de textos em que é relevante esse “rótulo”. Como, por exemplo, é natural que, acerca de um trecho sobre história, se saiba que é subscrito por um historiador.
Mas uma mera habilitação literária? Um título académico?
Só mesmo numa feira de vaidades.
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