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Como vamos de gramática?
Sabe, por acaso, o que é o “modificador do nome apositivo”?
Sabe o que são “advérbios disjuntos avaliativos”, “advérbios disjuntos reforçadores da verdade da asserção” e “advérbios disjuntos restritivos da verdade da asserção”?
E saberá por acaso o que são “quantificadores universais”?
E o “sujeito nulo expletivo” o que é?
Não sabe?
Nessa altura fica pelo menos sabendo que é “uma nódoa” – desculpe a frontalidade – em matéria de conhecimentos de gramática portuguesa...
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Mas não fique triste, porque só o não são (neste teste) os autores da TLEBS (acrónimo de Nova Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário), que conseguiram, para já, vê-la formalizada na Portaria 1488/2004, de 24 de Dezembro.
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Não nos precipitemos nos juízos. Há alterações que, de tão simplificadoras, como tal, pelo menos, devem ser apioadas.
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Repare: a nossa nomenclatura gramatical já vinha dos tempos dos mestres-escola do Condado Portucalense, que ensinavam em Bracara e em Aeminium, muito próximo de Conimbriga.
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Era tempo, pois, de substituir essa antiquérrima e inexpressiva nomenclatura, de difícil compreensão e de muito mais difícil memorização (como eram: sujeito, predicado, complemento directo, advérbio de tempo ou modo, pronome, adjectivo, preposição... etc...) por mais impressivas, expressivas e clarérrimas expressões. Nova nomenclatura, essa, também mais compreensível e de muito, mas muito mais fácil memorização.
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Aquilo que antigamente – ainda que de grande alcance e utilidade – era uma tarefa ingrata, temível e complicada - pegar num trecho dos Lusíadas (num tempo em que o Canto IX não existia ou era suposto não existir, por mor da moral e dos bons costumes) e analisá-lo gramaticalmente – hoje (quero dizer: com a nova nomenclatura) deve ser obra muito agradável e de grande efeito estético-comunicacional... Penso, mesmo, que aluno que debite direitinho tais conhecimentos perante um júri de exame (hoje, ficção; amanhã – e porque necessário – talvez novamente realidade), será pelo mesmo júri considerado apto a um Mestrado
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Então, tem lá alguma comparança falar-se, como até agora, em justaposição, para referir um dos processos de formação de palavras, em vez de “palavra lexicalizada, expressão sintática lexicalizada, composto morfo-sintático subordinado, composto morfo-sintático ou composto morfológico coordenado”, como propõe a vova cartilha? (Recorda Helena Matos no Público de SB 18NOV06)
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E há lá coisa mais clara que 'quantificador' e 'modificador' para referir realidades tão incompreensíveis como 'pronome indefinido' e 'aposto ou continuado', como se usava dizer desde o tempo dos nossos trisavós?...
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Pelo amor de Deus: alguém fará a mais pequena ideia do que seja o “sujeito indefinido”, como diziam os atrasados mentais que nos ensinaram? Mas se se lhe referir como “sujeito nulo expletivo”, não está logo, logo a ver-se do que se trata?
Até porque expletivo é um termo do mais absoluto domínio de qualquer criança ou adulto da mais básica e elementar cultura...
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(A cada passo encontramos duas vizinhas comentando uma para a outra: “já lhe disse, D. Palmira, para mim é absolutamente expletivo que ela diga que é pobre e necessitada...”)
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Vá lá: não sejamos reaccionários! Ultrapassemos o nosso conservadorismo! Invistamos não só numa inegavelmente mais clara como numa muitíssimo mais fácil nomenclatura gramatical!...
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Mão amiga enviou-me transcrição dum post de Eduardo Pitta sobre o assunto.
Expert que ele é na matéria (é consulta obrigatória – para mim, já há muito – o seu blogue “Da Literatura”, “http://daliteratura.blogspot.com/”), achei muito boa a sua síntese sobre o assunto, que, basicamente me serviu de base para este comentário e para o qual remeto: “O SUJEITO NULO EXPLETIVO”
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Deixo para ele e outros especialistas, o tratamento sério deste assunto.
E como a falar é que as pessoas se entendem, não sem lembrar, desde logo, que assim falou Maria Alzira Seixo a Inês Duarte, a “mãe” da proposta:
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«Considerar a TLEBS mero instrumento de manuseio gramatical (...) não impede o processo reactivo a que a compreensão da gramática vai ser sujeita, já que os nomes que damos às coisas não são inocentes, sobretudo em percepção e descrição da língua que se quer adequada e actualizada, o que incidirá no próprio corpo gramatical. Esses termos não são arbitrários e, no plano científico, cobrem a zona a que se aplicam e motivam-na também. (...)»
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«A TLEBS dirige a taxinomia da língua para raciocínios tecnicistas e funcionais, com uma óptica exclusivista e auto-suficiente que, não dialogando com áreas centrais do pensamento humanístico, estreita a compreensão gramatical. Defensores seus invocam a Semântica (o que é duvidoso, porque as explicitações são do tipo sintáctico) esquecendo que esta disciplina faz parte dos estudos literários, que não são tidos em conta. (...)»
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«Passar de resultados (controversos) da investigação à aplicação directa ao ensino é perigoso, tem consequências graves na expressão e no raciocínio. Não é por serem diferentes que as designações são inovadoras ou adequadas (...)»
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(Excertos que transcrevo, com a devida vénia, do artigo “A TLEBES E A EDUCAÇÃO”, da “Visão” da QI 26OUT06)
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