sábado, janeiro 14, 2006

SONDAGENS



De facto, não acredito em sondagens. “Pero… las hay”.

Às de Pedro Magalhães, geralmente, é dado um certificado de seriedade e rigor… Mas…

Ninguém me arreda da cabeça que elas servem muito mais para “fabricar” o vencedor que para esclarecer, seja quem for, acerca do que se passa realmente entre os candidatos em presença.

Não são um termómetro. São um supositório.

No fundo, é o sistema a funcionar: com as suas regras e as suas batotas.

A “empurrar” o eleitorado para o “voto útil” (na perspectiva do sistema).

Terá (para o mesmo sistema) a vantagem de, perante a “vaga” e o “galopante” avanço de um candidato, levar os incautos, e bem intencionados, e distraídos, e indecisos a decidir: “pronto, está resolvido. Voto “em tal”, que vai ganhar”.

Mas, claro, que as sondagens também têm um efeito perverso: “para quê votar”? A batalha está decidida! É chover no molhado! Não vale a pena lá ir…”

Efeito perverso para a democracia. Não, provavelmente, para o tal candidato, antecipadamente dado como vencedor.

Mas para esse e quejandos… Para que serve a democracia? (Bahhhhhh!).

Tal como no futebol, também nesta matéria não deveria haver vencedores antecipados.

Não devíamos, simplesmente, acreditar nisso. Temos de, consultada a nossa inteligência, recusar a tal “decisão” anunciada.

Vencedores antecipados, neste âmbito, só os havia no tempo do “aracnídeo” (como lhe chama Leonor Lains): aí, eleições era um termo só para jornalista estrangeiro, e sua audiência, impressionar. De resto, era o faz de conta do regime. O ditador é que dizia quem avançava para a PR e quem ganhava. Era tudo simplicíssimo: não havia maçadas para os eleitores (alguns, muitos anos depois de mortos ainda votavam… Um espanto!). Não havia imagens “tristes e degradantes” entre candidatos, na imprensa, na televisão e na rádio… “Essa agora! Era o que faltava!...”

Para quê o confronto de ideias perante “ideias indiscutíveis”? – pensava o dono do regime, logo aplaudido pelos comensais da “manjedoura do poder” (na expressão recente de J. Varela Gomes – que nos traz de volta expressão antiga de Herculano).

Mas não queremos nada disso.

Não queremos… Claro que alguns querem.

Mas não podemos consentir que ganhem neste confronto.

Deixem que eles falem: VAMOS VOTAR NO NOSSO CANDIDATO.


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