Parece que estamos condenados ou à verborreia de uns, ou à excessiva parcimónia de palavras de outros… Mas não será exactamente assim. É evidente que nem o 80 da parlapatice de muitos comicieiros – que tão bem representam larga percentagem dos políticos profissionais (que, em bom rigor, são o símbolo dos profissionais da política, ou melhor, entendidos por muitos como o símbolo dos políticos detestáveis, e efectivamente detestados) -, nem o 8 do silêncio dum Cavaco. Mas mais: o silêncio, neste, não é resultado da ponderação entre a banalização da palavra e o seu uso regrado, preciso e contido. Não. É que nele o verbo - o único existente para entrecortar os calculados longos silêncios (por vezes transformados em enigmáticos “tabus”) – é o da economia ou da visão puramente economicista da política, da vida, do mundo. O que para um presidente é pouco. E muito preocupante, temos de convir.
É que a gestão do silêncio, por um Cavaco, não confere com o do político da acção versus o da palavra. Nada disso. Tem que ver, isso sim, com o político que tem, acerca duma vertente da política, alguma visão ainda que de muito discutível consenso, mas que quanto à grandes questões – as outras – navega na incerteza, na nula, fraca ou duvidosa consistência. Em matéria de preparação humanística e cultural diz (como outros aos costumes) NADA.
Mas é claro que há o meio termo. E temo-lo nestas eleições.
Tem-se centralizado a questão nos dois mais mediáticos contendores…
Numa clara tentativa de monopolizar as atenções. Erradamente.
Duma forma mais global (ultrapassadas questões de forma), e perante os dois mais bem colocados candidatos, concordo com a síntese, de há dias, de Augusto M Seabra, para, como ele, concluir: “entre dois paternalismos, passo”.
Nem mais.
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