Foram oito meses (após a notícia) de preparação para uma outra e nova experiência.
Sobrinhos-netos já eram 26. Mas netos… Nada.
E chegou a altura. Chegou a minha vez.
Um contido alvoroço. Um júbilo que ia aumentando com o avanço dos meses, mas sempre controlado. Uma esperança que se ia confirmando, mas cuja concretização aguardava serenamente. Uma expectativa que se ia revelando uma certeza através de certo “volume”.
Prestes a concluir-se a 39ª semana. O telefonema: “chegou a hora!”.
Seguiram-se momentos que não tinha programado. Uma sensação estranha e absolutamente inesperada. Era uma experiência nova e absolutamente imprevista.
Parei. Fiquei sem reacção. Incapaz de fazer o que quer que fosse. Senti uma enorme necessidade de me recolher.
Ansiedade. Enorme ansiedade, era o que se passava: seria uma hora pequenina, de breve dificuldade, de ínfima dor, de passageira preocupação?
Seria uma hora de maior extensão, mais complicada, de maior dificuldade, de mais complexa solução, com imprevisíveis e inesperados resultados?
Era a tal hora em que tudo pode acontecer. Para o bem e para o mal.
Fazia uma força enorme para que fosse para o bem. Que fosse uma hora breve, feliz, pequenina.
Longe do cenário. No recolhimento do mais afastado bastidor.
É um peso grande que se sente. Quase uma angústia: que se está a passar? Como estão correndo as coisas? Como estarão mãe e filho?
É indescritível.
Quando se é pai, porque se tem outra idade, “tem-se a certeza” de que tudo vai correr bem. E está-se lá ou perto do acontecimento. E acontece, geralmente, que sim, que tudo corre bem.
Quando se é avô a expectativa torna-se mais realista, mais dolorosa, mais tensa…
Ah, mas quando tudo corre bem!…
Que alegria…
Uma coisa é o fruto. Outra, o fruto do fruto!
É bom ser avô!
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