O Prof Eduardo Prado Coelho (EPC), cujas crónicas (quase) diárias no Público sempre leio com interesse, e quase sempre aplaudo, deixou na sua coluna de há dias esta passagem: o “agora celebrado Agostinho da Silva (apesar de nunca o ter visto dizer duas coisas pertinentes)…”.
A expressão é esta, sem necessidade de ser contextualizada. (Nada na manga!)
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Sou assim. Um bem intencionado. Um crédulo. Um empolgado. Um exagerado.
Não ofereço um benefício da dúvida! Tenho-os em carteira para os ditribuir às carradas.
Descubro um indivíduo pensante, e penso logo que o mundo se transformou e passou, todo ele, a ser sensato!
Um pasmado é que eu sou.
Mas incuravelmente ignorante.
Imaginava eu, na minha, que Agostinho da Silva, talvez não fosse o filósofo que alguns teimavam em crer ver nele. Mas que seria – que diabo - um pensador. Capaz de conjugar – e bem, no meu modesto pensar – o cerebral com o humano. De casar o livro com a vida. O conhecimento (adquirido) com a experiência (vivida).
Embora considerasse Agostinho um silva (como tantos – fossem eles silva ou ferreira ou santos, ou mendes, ou rodrigues, ou antunes, nunes que fossem ou marques … qualquer coisa), um sonhador, mas com argumentos de peso, que nos projectava numa virtual (mas atigível – não se imagina quando, claro) e (quase) luxuriante sociedade que se deleitava com a cultura e o lazer!...
Além de nas “Conversas Vadias” e em ensaios como “Reflexão” (sobre temas de literatura portuguesa), ou debruçado concretamente sobre temas pessoanos (“Do Agostinho em torno do Pessoa” ou “Um Fernando Pessoa - Antologia de Releitura”) conheci o Agostinho de "Considerações e Outros Textos", de novelas, como "Lembranças Sul-Americanas" ou o que é apresentado em "Agostinho da Silva - Dispersos", antologia organizada e apresentada por Paulo A. Esteves Borges e com introdução do Prof Fernando Cristóvão, edição do Instituto de Cultura e Língua Portuguesa/Ministério da Educação, de 1988, ou em "Conversas com Agostinho da Silva" de Victor Mendanha, como apreciei aquele que se revela em "Sete cartas a um Jovem Filósofo" ou no "Diário de Alcestes"…
Ia eu, pois, construindo o meu puzzle, descortinando o homem e o pensador e surge o professor que, dum sopro, fez voar todas as peças, fulminando-o dum ápice.
Confesso que fiquei desorientado.
E preocupado: tanta gente enganada?!
Por mim, nada me espanta.
Mas, e os outros, como EPC, professores e doutores e entendidos…?
E ainda também os outros que não o sendo, pensam igualmente, e analisam, e concluem, e presumivelmente com a mesma possibilidade de acerto?
Complicado, não é?
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