Foi muito feio.
Soares deve ter afastado muita gente com esta prestação, onde confirmou a sua petulância, a sua sobranceria.
É assim: na perspectiva de Matusalém, o PR tem de ser como a pescada.
Donde que não possa haver qualquer inovação no cargo;
donde que tenhamos de, morrendo um presidente, importar outro (não sei, mas talvez “made in USA”);
donde que a monarquia (e ele é republicano, recorde-se) é que é o sistema ideal: já se nasce presidente, com os genes todos da experiência;
donde que o regime que ele combateu – a ditadura – é que estava certa: elegia-se (salvo seja) o primeiro, que fosse da confiança de Salazar e do aparelho (que era ele – “L’État, c’est moi”), e ficava no posto até morrer, como o general Carmona. Só que o velho soldado um dia sucumbiu e não teve maneira de escapar à lei da vida: morreu.
Salazar enganou-se, nalguma medida, foi com Craveiro Lopes.
Depois escolheu um discípulo que ele achava que, embora não inteligente (até conviria), era aplicado, disciplinado, obediente, submisso: Américo Tomás.
E não conseguiu com Tomás o mesmo resultado que com Carmona, porque o homem, embora hilariante, na opinião geral, brilhante na inteligência, de cativante e múmica simpatia, de desassombrada capacidade de decisão, de fluente e elegante verbo… Houve uns rapazes da tropa que, só com uma pequena sacudidela, o despacharam.
E não é que o povo - que achava Tomás bem divertido - aplaudiu?
Ou seja: Matusalém regrediu a olhos vistos.
E como foi deselegante e presunçosa aquela de testar Alegre acerca da estratégia
“- Estratégia? Vá diz, Manel, o que é estratégia!...”
E o Manel, mais desprevenido que encabulado, mas ingenuamente, respondeu-lhe. (Era o que faltava: que um candidato presidencial não tivesse ideias sobre estratégia!!! Que, se fosse eu, respondia-lhe por metáforas: “olha, Mário: sabes qu’a gente pode ver uma casa e outra e outra com o binóculo, ou pode vê-las todas de helicóptero… Essa visão de cima… Essa…”).
E Matusalém, de novo, já não paternalista, mas impertinente, insiste:
“- Vá, mas explica. Anda, Manel, diz o que é estratégia…”
Valha-nos Deus! Já não há paciência.
Mas depois, atirou-lhe com outra: a do veto. Pegando numa argumentação lapaliceana.
Decididamente, não está bem, o nosso Matusalém.
Foi um triste espectáculo.
Mas Alegre não desarmou e não perdeu o combate.
Alegre luta sozinho. Sozinho, é como quem diz: sem o apoio dos partidocratas.
Mas com o apoio de valorosa gente.
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