quinta-feira, dezembro 22, 2005

BLOCO DE NOTAS


APONTAMENTOS DE FINS DE NOVEMBRO

Mário Soares não é um homem de convicções firmes. O episódio de meter (oportunisticamente) o socialismo na gaveta para se aliar à direita, é disso um exemplo.

Bom, e no que respeita à idade… Vejam-se as várias gafes que cometeu aquando da sua apresentação e do seu manifesto.

São um sintoma não desprezível para quem se abalança a tão elevada função!

Cavaco parece não estar informado do papel que, na nossa Constituição, cabe ao PR. É o que revela a sua afirmação de que tem a receita para resolver a crise.

É o que demonstram as suas promessas deste mundo e do outro.

A eleição a que se candidata não é uma eleição legislativa, para se tornar primeiro-ministro.

E se tem consciência dessa realidade, não está sintonizado com o nosso sistema, que parece desconhecer: não estamos num sistema presidencialista.

Atenção, Prof Cavaco!

Quando Cavaco diz que não é político profissional, quererá dizer, na sua, que é outra a sua “enxada”. Exactamente o mesmo que acontecerá com outros (alguns, poucos) políticos. Mas não com todos – daí o drama e o exacerbamento destes últimos.

Agora que o pai do “monstro” é político, lá isso é.

Aqui há perto de 80 anos, apareceu por aí um outro “salvador da pátria“ que também se não considerava político e que igualmente detestava partidos…

As semelhanças são muitas.

Por outro lado, é bem conhecida a “atracção do abismo” que caracteriza muitos portugueses.

Cavaco só conhece um dossier. Mas bem.

Soares conhece-os todos. Mas mal.

Para usar a imagem muito divulgada – que parece ter alguma correspondência com a realidade – e numa reflexão soft: Soares não conhece os dossiers porque adormece no meio da sua análise. (Em linguagem mais pesada, por alguns abordada sem grande cerimónia: não os conhece porque é pouco profundo e pouco trabalhador. Na sua altiva petulância, é mais dado ao show off que ao trabalho).

Não sei se Saramago terá razão em proclamar Cavaco como “o génio da banalidade”. Mas a verdade é que o professor ou fala de economia e finanças ou se remete ao silêncio. Isso tem sido de uma clara evidência. E, ou confirmará o epíteto de Cavaco lançado pelo Nobel, ou andará lá muito próximo.

Numa curiosa coincidência – que terá de ter algum significado – Mário Soares diz que Cavaco Silva “vai-se tornando uma espécie de candidato esfinge” – cfr PÚBLICO de SX, 11NOV05 – e, na mesma edição, um leitor do periódico, em carta ao director, caracteriza “a [candidatura] de Cavaco Silva, lenta no tempo e despiciente do desafio antecipado do PSD, que, num estilo frio e esfíngico, só assomou à varanda do terreiro público depois de assegurados os ámens do partido de origem do professor, que logo concitou a colagem do PP”.

O professor é uma estátua de pedra que anda e sorri. Mas não fala (à cautela!).

Tem sido referida a sua “gestão do silêncio”, como algo de positivo, por parte de alguns. Comentada com mais acerto por outros que vêm nela o que interpreto como um cauteloso afastamento do precipício (o discurso revelador de imensas lacunas e fragilidades).

“Mário Soares fala muito e diz pouco. Cavaco fala pouco e não diz nada.”

José Júdice, Sic Notícias

20NOV05

“… Continuamos aqui; não andamos por , como diz o outro”

Clara Ferreira Alves, id

id

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