Dou comigo, de vez em quando, e de há muito, a rebolar-me, interiormente, de indescritível gozo, ao imaginar o que seria, no seu tempo, e se Salazar o consentisse, um debate nas campanhas presidenciais (de que, por fim, havia um arremedo – porque o vencedor já o era à partida) entre o brilhante Américo Tomás e um modesto
Já viram bem o extrovertido, a presença cativante e agradável, o enciclopédico (não tanto como o Nuno Rogeiro – mas não se pode querer tudo), a inteligência e a fina argúcia do almirante do Mar da Palha a discutir economia, o PIB, o PEC, as políticas sociais, a política da cultura, ou a do ensino, a marcha (então) para a globalização, com
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E se ele voltasse hoje (que importa a provecta idade quando se tem aquele espírito jovial que sempre o caracterizou?!) e o pusessem a debater com Mário Soares? Que show!!! Que baile!!!
E se se lembrassem de pôr o candidato Américo Tomás (que o foi várias vezes) a debater com Louçã ou com Jerónimo de Sousa?
Aí, a criatura passava-se. Não aguentava. Desistia de ter aparecido. Sucumbia de novo, e de novo voltava para o além. (Comunistas?! Bahhhhhhhh!).
Ainda se o pusessem a debater com Cavaco… Haveria, por certo, algum mútuo entendimento. Melhor: em boa verdade o debate perdia a graça. Deixava até de haver debate – tanta seria a convergência. E no minuto da declaração final diriam ambos, em uníssono, tão só:
Partidos??? Pufffffffff!!!
Democracia? Hummmmmm!!!
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O gozo que me dá imaginar a cena! (Muito mais que ouvir o Pinto da Costa, o Major ou o AJJ; ou o isento e clarividente Luís Delgado).
Mas pôr o homem clarividente, loquaz e de elevada craveira intelectual – Tomás – nestas andanças era uma maldade, convenhamos.
O diácono Salazar também concordaria que “não havia necessidade…”
Aquilo é que eram tempos!
Aquilo é que eram presidentes!
Aquilo é que eram eleições!
Pois fiquem sabendo: por incrível que possa parecer, ele há ainda aí alguns saudosistas (são dos tais que “andam por aí”)…
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