Como sempre, recordo:
Este é o espaço em que,
habitualmente,
faço algumas incursões pelo mundo da História.
Recordo factos, revejo
acontecimentos,
visito ou revisito lugares,
encontro ou reencontro personalidades e lembro datas.
Datas que são de boa
recordação, umas;
outras, de má memória.
Mas é de todos estes
eventos e personagens que a História é feita.
Aqui,
as datas são o pretexto para este mergulho no passado.
Que, por vezes,
ajudam a melhor entender o presente
e a prevenir o futuro.
DECORRE O 12º ANO DO 3º
MILÉNIO
ESTAMOS NA SEGUNDA-FEIRA
DIA 11 DE JUNHO DE 2012 (MMXII) DO CALENDÁRIO GREGORIANO
Que corresponde ao
Ano de 2765 Ab Urbe Condita (da fundação de Roma)
Ano 4708-4709 do
calendário chinês
Ano 5772-5773 do
calendário hebraico
Ano 1433-1434 da Hégira
(calendário islâmico)
Ano 1461 do calendário
arménio
Ano 1390-1391 do
calendário Persa
e relativamente aos
calendários hindus:
- Ano 2067-2068 do
calendário Vikram Samvat
- Ano 1934-1935 do
calendário Shaka Samvat
- Ano 5113-5114 do
calendário Kali Yuga
Mais:
DE ACORDO COM A
TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:
De 2003 a
2012 - Década da
Alfabetização: Educação para Todos.
de 2005 a
2014 - Década das Nações
Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
de 2005 a
2015 - Década Internacional
"Água para a Vida".
Por outro lado, 2012 é
o
ANO EUROPEU DO
ENVELHECIMENTO ACTIVO E DA SOLIDARIEDADE ENTRE GERAÇÕES
ANO INTERNACIONAL DA ENERGIA
SUSTENTÁVEL PARA TODOS
ANO INTERNACIONAL DA
AGRICULTURA FAMILIAR
ANO INTERNACIONAL DAS
COOPERATIVAS
(…)
Foi Rei? -
Fez tudo quanto a Rei se deve;
pôs na guerra e na paz devido estudo;
mas quão pesado foi ao Mouro rudo
tanto lhe seja agora a terra leve.
pôs na guerra e na paz devido estudo;
mas quão pesado foi ao Mouro rudo
tanto lhe seja agora a terra leve.
(…)
Parte de um soneto de Camões sobre D. João
III
retrato de D. João III, de
c. 1545,
óleo de Cristóvão Lopes
Faz hoje 455 anos que morreu D. João
III, "numa Sexta-feira, 11 de Junho" de 1557, 3 anos depois de ter
morrido o seu último filho sobrevivente - dos 10 que teve -, o infante D. João
Manuel [1554] que foi o pai de D. Sebastião - que nem chegou a conhecer. A D.
João III sucedeu, pois, o neto, D. Sebastião, nessa altura com cerca de três
anos de idade (nasceu a 20.01 daquele ano de 1554). Assim, o reinado do novel
rei começou com a regência da rainha viúva D. Catarina, sua avó.
Nessa data reinava em
Espanha Joana I, a Louca, terceira filha dos Reis Católicos, Fernando II de
Aragão e Isabel I de Castela; foi rainha de Castela (1504-1555) e Aragão
(1516-1555) e mãe do imperador Carlos V, da Casa dos Habsburgo, do Sacro
Império Romano-Germânico; Joana foi a primeira monarca da Espanha unificada e
era da Casa de Trastâmara; devido a sua instabilidade mental, reinou junto com
seu filho, Carlos I, até sua morte em 1555. Carlos I de Espanha ou Carlos de
Habsburgo (1500-1558) era, portanto, então Rei de Espanha (como Carlos I) e
Imperador do Sacro Império Romano (como Carlos V); mas era também Arquiduque de
Áustria, Duque de Milão, conde de Flandres, Rei de Nápoles e Sicília como
Carlos IV de 1516 a 1555, Príncipe dos Países Baixos de 1516 até abdicar destes
tronos em Outubro de 1555. Abdicou em 1556 e passou o governo a seu filho,
Filipe II (Filipe I de Portugal), excepto o Sacro Império e suas terras
austríacas, que entregou ao irmão Fernando; os pais de Carlos V eram Filipe, “O
Belo” ou Filipe I de Castela e a já mencionada Joana I de Castela; Carlos casou
com sua prima, Isabel de Portugal, filha de D. Manuel, que era seu tio por
afinidade, pois que D. Manuel casou com duas irmãs de sua mãe; e Carlos era ainda
neto de Maximiliano I da Germânia ou de Habsburgo. Carlos V dividiu seu
Império: deu para seu filho Filipe II (nosso Filipe I, neto de D. Manuel) os
Países Baixos, as Coroas de Castela, Aragão, e Sicília e a Borgonha; o Sacro
Império foi dado para Fernando I seu irmão mais novo. Reinou na Espanha sozinho
depois da morte de sua mãe, Joana I, em 1555.
Rainha de Inglaterra e da
Irlanda era Maria I (47), cognominada Bloody Mary (ou a Sanguinária): foi a
quinta criança nascida do primeiro casamento de Henrique VIII (44) de
Inglaterra com Catarina de Aragão e a única a atingir a idade adulta. Maria não
foi a imediata sucessora de seu pai, já que foi seu meio-irmão (irmão
consanguíneo), Eduardo VI (45), filho do 3º casamento de seu pai, por ser o
único filho varão que ele teve. Por morte deste, que morreu sem herdeiros, e
por sua vontade, sucedeu-lhe uma sobrinha-neta de Henrique VIII, Joana I (46) (Joana
Grey) cujo reinado, de jure, só durou
9 dias, pois nem foi coroada, sendo destronada, por vontade popular, por Maria
I; acabou por ser condenada e executada por traição. Todos eles da Casa dos Tudor.
Henrique II (40) era na
altura o rei de França, da Dinastia de Valois-Angoulême. Casou com Catarina de
Médicis, sobrinha do Papa Clemente VII (219).
Rei da Itália (22) era
Carlos V, o mesmo Carlos de Habsburgo (1500-1558) acima referido.
Sacro-imperador Romano
Germânico (31) era ainda o mesmo Carlos V que casou – recordo – com D. Isabel
de Portugal, sua prima e filha de D. Manuel.
Ivan IV (ou João IV), o
Terrível, foi o 11º monarca russo, mas a 18.03.1547 autoproclama-se 1º Czar (César)
da Rússia, devido a extensão que os domínios russos alcançaram.
Pontificava Paulo IV
(223º)
D. João III foi o 15º rei de
Portugal, nasceu na SG 06.06.1502, foi baptizado pelo arcebispo de Lisboa, D.
Martinho da Costa, irmão do cardeal de Alpedrinha (D. Jorge da Costa), que foi
o 9º cardeal português e reinou durante 36 anos (de 1521 a 1557).
«O dia do seu
nascimento foi assinalado por uma horrorosa tempestade, e o do baptismo por um
incêndio que se declarou no paço, coincidências que muito impressionaram como
de grande agoiro no futuro reinado. Infelizmente, os factos posteriores vieram
confirmar estes lúgubres presságios.» [Dicionário]
D. João III era filho do (segundo)
casamento de D. Manuel I com a cunhada Maria de Castela, irmã da sua primeira
mulher, Isabel de Castela, que morreu de parto e que era viúva do infante D.
Afonso, seu sobrinho porque filho de sua irmã, D. Leonor, com D. João II;
Isabel e Maria que eram, ambas, filhas dos reis católicos e irmãs de Joana, a
Louca, mãe do Sacro Imperador Carlos V, de quem eram tias, sendo que Carlos V
casou com uma filha de D. Manuel, Isabel de Portugal, irmã de D. João III, de
quem era cunhado.
D. João III casou no DM
05.02.1525, aos 23 anos incompletos, com D. Catarina, irmã de sua madrasta, D.
Leonor, 3ª mulher de D. Manuel, que chegara a ser pensada para nora deste,
porque se pretendia que casasse com seu filho João, futuro D. João III. Assim,
D. Catarina era igualmente irmã de Carlos V, genro de D. Manuel e, como já
dito, cunhado de D. João III.
Isabel, Maria e Joana de Castela
(ou d’ Áustria) eram irmãs, filhas dos reis católicos; Carlos, Leonor e
Catarina de Castela (todos irmãos, filhos de Filipe, o Belo” ou Flipe I e de
Joana I, a Louca) eram também da Dinastia d’Áustria ou dos Habsburgo.
D. Manuel, do seu segundo
casamento, com D. Maria de Castela (ou d’Áustria) teve 9 filhos. O primogénito
e seu sucessor foi exactamente D. João III. Que foi irmão de um outro futuro
rei de Portugal, de 1578 a 1580, o Cardeal D. Henrique (7º filho), que antes
chegara a ser arcebispo de Braga, Évora e Lisboa. Mas entre os irmãos destes
destaco, ainda, D. Luís (4º filho) e D. Duarte (9º), homens eruditos, cultores
das ciências e das letras, o primeiro discípulo de Pedro Nunes (e pai natural
de D. António, Prior do Crato), o segundo discípulo de André de Resende. Mas, e
por mera curiosidade, é de referir ainda o infante D. Afonso (6º dos 9) que foi
bispo de Évora, Guarda e Viseu, arcebispo de Lisboa e cardeal -dignidade esta
conferida pelo papa Leão X (217º), em 1513, quando o infante tinha 4 anos (!),
mas sob condição de não poder ser tratado como tal antes de chegar aos 14 anos.
Mas recebeu o barrete cardinalício aos 9 anos (!) – [Ditos, pg 56]
Um outro facto vem a propósito
recordar: o infante D. Luís (o 4º dos 9, mas o segundo filho varão d’O
Venturoso) “teve excepcional prestígio, maior que qualquer dos seus irmãos, e
D. João III (que só por ter nascido antes
- 4 anos - que o irmão, foi rei) procurou sempre mantê-lo na sombra. Vários
escritores, entre eles Gil Vicente, D. João de Castro e Pedro Nunes, lhe
dedicaram obras" [Ditos, pg 54]
Se D. João III teve, como vimos,
irmãos dotados de elevado grau de cultura (além dos já referidos D. Luís e D.
Duarte, seus irmãos germanos - vulgo, inteiros -, também D. Maria, sua irmã
consanguínea - vulgo meia-irmã, filha do mesmo pai mas de diferente mãe, de D.
Leonor -, já ele (D. João III) «em criança deu
mostras de medíocre inteligência, e além disso, não teve uma aplicação assídua
e séria que os estudos demandam; (…)” e “os mestres, ou por demasiado respeito,
ou por mera adulação, nunca pensaram em exercer para com o real discípulo a
autoridade que por boa razão lhes cabia. Não chegou, portanto, a desenvolver as
faculdades intelectuais, como seria fácil na presença dos grandes meios de
instrução que lhe foram proporcionados.» [Dicionário]
Por outro lado, Frei Luís de
Sousa, depois de mencionar os preceptores e mestres do rei, comenta: «Porém de todo este cuidado se lhe não pegou
mais que huma boa inclinação pera as Letras e letrados, em tanto gráo, que
achamos posto em memoria, que quando o nosso celebrado Cronista da Asia, João
de Barros, compunha por passatempo a fabulla do seu Clarimundo, afim de polir o
estilo, pera vir a escrever as verdades dos feitos portuguezes, guerras e
costumes da Asia, com que despois espantou o mundo, tinha o Príncipe tanto
gosto da lição della, que acontecia tomar-lhe os cadernos e de sua mão illos
emendando. Que não póde ser mais claro indicio de amor aos Livros: que todavia
valeo muito a este Reyno. Porque vindo a reynar fez que florescessem nelle com
grandes aventagens todas as boas letras.» [Anais]
… continua amanhã, TR 12.06.2012…
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