Como
sempre, recordo:
Este é o
espaço em que,
habitualmente,
faço algumas incursões
pelo mundo da História.
Recordo
factos, revejo acontecimentos,
visito ou revisito
lugares,
encontro ou reencontro
personalidades e lembro datas.
Datas que
são de boa recordação, umas;
outras, de má memória.
Mas é de
todos estes eventos e personagens que a História é feita.
Aqui,
as datas são o pretexto
para este mergulho no passado.
Que, por
vezes,
ajudam a melhor entender
o presente
e a prevenir o futuro.
.
ESTÁ EM CURSO O 12º ANO
DO 3º MILÉNIO
ESTAMOS NA SEGUNDA-FEIRA
DIA 04 DE JUNHO DE 2012 (MMXII) DO CALENDÁRIO GREGORIANO
Que corresponde ao
Ano de 2765 Ab Urbe Condita (da fundação de Roma)
Ano 4709 do calendário
chinês
Ano 5772 do calendário
hebraico
Ano 1434 da Hégira
(calendário islâmico)
Mais:
DE ACORDO COM A
TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:
De 2003 a
2012 - Década da
Alfabetização: Educação para Todos.
de 2005 a
2014 - Década das Nações
Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
de 2005 a
2015 - Década Internacional
"Água para a Vida".
Por outro lado
2012 é o
ANO EUROPEU DO
ENVELHECIMENTO ACTIVO E DA SOLIDARIEDADE ENTRE GERAÇÕES
ANO INTERNACIONAL DA ENERGIA
SUSTENTÁVEL PARA TODOS
ANO INTERNACIONAL DA
AGRICULTURA FAMILIAR
ANO INTERNACIONAL DAS
COOPERATIVAS
E HOJE É O
DIA INTERNACIONAL DAS
CRIANÇAS VÍTIMAS INOCENTES DE AGRESSÃO
Não hei-de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.
Eu não posso senão ser
desta terra em que nasci.
Jorge de Sena, Fidelidade
Jorge de Sena
Completam-se hoje 34 anos, foi no DM 04.06.1978:
morreu em Santa Bárbara, Califórnia, Jorge de Sena, engenheiro civil, escritor,
poeta, ficcionista, dramaturgo, ensaísta,
crítico, tradutor e professor universitário português, a cinco meses de
completar os 59 anos.
Em Portugal o general
Ramalho Eanes (um dos oficiais do Grupo dos Nove) cumpria o seu 1º mandato (de
dois consecutivos) como Presidente da República, tendo sido o primeiro
constitucionalmente eleito, por sufrágio directo, ao abrigo da Constituição de
1976. E estava em funções o II Governo Constitucional, desde 23 de Janeiro de
1978, liderado por Mário Soares, o seu 2º de três governos constitucionais a
que presidiu. A sua formação resultou de um acordo de incidência parlamentar
entre o PS e o CDS, tendo, para isso, Mário Soares “metido o socialismo na
gaveta”. Governo que caiu aos 29 de Agosto de 1978 dado que o CDS rompeu o
acordo com o PS. Seguiram-se 3 governos constitucionais de iniciativa presidencial
(III, de Nobre da Costa; IV, de Mota Pinto e V, de Maria de Lurdes Pintasilgo).
Nos EUA, onde Jorge de
Sena morreu, decorria o 1º e único mandato do 39º Presidente, o Democrata Jimmy
Carter.
Em Espanha reinava já o
actual monarca, Juan Carlos, filho do Conde de Barcelona e neto de Afonso XIII,
da Casa de Bourbon, e Presidente do Governo era Adolfo Suárez.
No Reino Unido decorria
já o longo reinado (desde 06.02.52) da actual monarca, Isabel II (66) da Casa
de Windsor, e primeiro-ministro era James Callaghan do Partido Trabalhista.
Em França governava o
presidente Valéry Giscard d'Estaing, da V República e primeiro-ministro era
Raymond Barre.
O presidente da Itália
era Giovanni Leone, da Democracia Cristã, que se demitiria nove dias depois
(15.06.1978) e primeiro-ministro era o democrata cristão Giulio Andreotti, no
segundo dos seus três governos sucessivos e um dos 5 não consecutivos.
Presidente da então
República Federal da Alemanha era Walter Scheel, do Partido Liberal Democrático
(FDP), hoje o ex-chefe de Estado da Alemanha mais velho de todos os tempos, e
chanceler era o social-democrata Helmut Schmidt (do SPD).
Derrubada a ditadura e
restaurada a democracia, em 1974, um segundo referendo, desse mesmo ano,
confirmou a abolição da monarquia e o estabelecimento da actual república
parlamentar, a Terceira República Helénica, com, nesta altura, Constantino
Tsatsos como seu segundo presidente, apoiado pelo partido Nova Democracia, e
primeiro-ministro era Konstantínos G. Karamanlís, do Partido Nova Democracia.
Na Bélgica reinava
Balduíno I, irmão mais velho e antecessor do actual monarca, o rei Alberto II,
ambos da Casa de Saxe-Coburgo-Gota e primeiro-ministro era Leo Tindemans.
Na, então, União
Soviética o dirigente máximo era Leonid Brezhnev, Secretário-geral do PCUS.
Pontificava Paulo VI
(262º).
O
ano de 1978 é o ano em que, designadamente:
11JAN: o presidente da República da Guiné-Bissau,
Luís Cabral, inicia uma visita oficial a Portugal.
28JAN: decorre, em Lisboa, a Convenção Nacional
da UEDS (União de Esquerda Democrática e Socialista).
30JAN: caído o I Governo Constitucional, por ter sido rejeitada pela AR uma moção
de confiança que lhe apresentara, é empossado o II Governo Constitucional, também presidido por Mário Soares. Este
governo resultou de um acordo de incidência parlamentar entre o PS e o CDS, e
manteve-se em funções até 28AGO1978.
20FEV: morre Vitorino Nemésio, açoriano, escritor
e professor universitário, autor de “Mau Tempo no Canal”.
21FEV: o rei Olavo, da Noruega, inicia uma visita
oficial a Portugal.
17MAR: um violento incêndio destrói a Faculdade
de Ciências de Lisboa, incluindo o Museu de História Natural, bibliotecas e
laboratórios.
31MAR: o presidente da AR, Vasco da Gama
Fernandes, participa, em Madrid, no congresso de deputados que aprova o novo
Tratado de Amizade e Cooperação entre Portugal e Espanha.
03MAI: o rei de Espanha, Juan Carlos, inicia uma
visita oficial a Portugal procedendo à ratificação do Tratado de Amizade e
Cooperação entre os dois países ibéricos.
17MAI1978: feita a tradução de Os Bichos, de Miguel Torga, para
francês, a obra é premiada em França.
26JUN: os presidentes da República de Portugal e
Angola, Ramalho Eanes e Agostinho Neto, e os respectivos ministros dos Negócios
Estrangeiros, participam na cerimónia da assinatura do Acordo Geral de
Cooperação entre os dois países.
06AGO: morre Paulo VI, aos 80 anos.
10AGO: Ramalho Eanes assiste, no Vaticano, às
solenes exéquias do Papa Paulo VI.
26AGO: o cardeal Albino Luciani foi eleito Papa,
com 65 anos. João Paulo I foi o nome que adoptou, em homenagem aos seus
imediatos antecessores.
Italiano, como todos os papas nos últimos
séculos, nasceu na região de Veneza em 17OUT1912. E morreu trinta e três dias
depois da sua eleição, a 28SET1978, perto de fazer 66 anos.
O ano de 1978 foi um ano em que
houve três papas: Paulo VI (262º), João Paulo I (263º) e João Paulo II
(264º).
João Paulo I foi nomeado bispo por
João XXIII em 1958, foi designado patriarca de Veneza em 1969, por Paulo VI,
que o fez cardeal em 1973.
"Do seu pontificado de um mês
[em bom rigor: 33 dias] ficou-nos o seu belo sorriso, mas alguns afirmam que
"em nome de Deus este papa tinha de morrer". Oficialmente morreu de
um enfarte do miocárdio quando lia deitado no seu leito" [Canaveira].
Poucos duvidam: foi assassinado!
(Quanta unção e beatitude de algumas reverências não têm sido mais que a
miserável máscara de seres repugnantes! Quantos solidéus não cobriram uns
cérebros demoníacos e perversos! Quantas batinas [pretas, roxas, vermelhas ou
brancas] não serviram para disfarçar uns monstros desprezíveis!).
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28AGO1978: uma vez que o CDS rompeu o acordo com
o PS, o presidente da República demitiu Mário Soares e apresentou à AR um
governo de sua iniciativa: é o III
Governo Constitucional, presidido pelo Engº Nobre da Costa, que toma posse
no dia 29AGO. Mas este governo não viu ratificado o seu programa pela AR, e
assim só dura 3 meses, até 22NOV1978.
27SET: é criado o curso superior de jornalismo na
Universidade de Évora.
28SET:
morre o Papa João Paulo I, com 65 anos.
16OUT: O cardeal polaco, que o século conheceu
como Karol Josef Wojtyla foi eleito Papa, aos 58 anos, e adoptou o nome João
Paulo II. Visitou todos os continentes e inúmeros países (alguns mais que uma
vez, como Portugal). Nasceu a 18.05.1920 e morreu aos 02ABR2005, às 21:37
locais (em Lisboa: 20:37). É o 1º papa polaco e o primeiro não italiano desde
há mais de 400 anos, desde 1522.
28OUT: nasce a UGT (União Geral de
Trabalhadores), constituída por 43 sindicatos e 3 federações, de influência
socialista e social-democrata.
30OUT: Teófilo Carvalho dos Santos é eleito
presidente da AR.
31OUT: nasce o PSR (Partido Socialista
Revolucionário), de formação trotskista.
06NOV: inaugurada, em Toronto, Canadá, uma
exposição sobre Alexandre Herculano.
22NOV: o presidente da República convida o Prof
Mota Pinto para formar o IV Governo
Constitucional, que durou até 31JUL1979.
08DEZ1978: morre a política israelita Golda Meir.
10DEZ:
comemora-se o 30º aniversário da adopção da Declaração Universal dos Direitos
do Homem pela ONU.
Poeta, ficcionista,
dramaturgo, ensaísta e historiador da cultura, Jorge de Sena (Jorge Cândido de
Sena, de seu nome completo), nascido no DM 2 de Novembro de 1919 (1) e falecido
no DM 4 de Junho de 1978, foi autor de uma obra marcada sobretudo pela reflexão
humanista acerca da liberdade do Homem. "Pensador
que sente e sentidor que pensa" (Eugénio Lisboa), os seus poemas
partem geralmente de um objecto para fixar uma meditação sobre o "eu"
e o seu lugar no mundo. [Info: Sena]
É um dos grandes nomes da poesia e do ensaísmo português da segunda metade do século XX. [BU: Sena]
É um dos grandes nomes da poesia e do ensaísmo português da segunda metade do século XX. [BU: Sena]
A partir de finais dos
anos 30 iniciou uma actividade de crítico de arte, colaborando, designadamente,
nas publicações Presença, Cadernos de Poesia (que dirigiu de 1951 a 1953), Portvcale, Seara Nova e Vértice, mantendo ainda colaboração regular no Diário Popular. Exerceu
a par da sua actividade literária a de tradutor de poesia, divulgando, assim,
em Portugal, poetas surrealistas e outros grandes nomes da cultura britânica,
aos quais dedicou muitos estudos, assim como os dedicou a autores portugueses
entre eles Fernando Pessoa e sobretudo Camões (A Poesia de Camões, Ensaio de Revelação da Dialéctica
Camoniana, 1951; Uma Canção de Camões, 1956; Camões e os Maneiristas, 1961; A Estrutura de Os Lusíadas, 1971). [BU: Sena]
Nos seus verdes anos
de aprendizagem de um “ofício”, Sena alimentava o íntimo sonho de seguir as
pisadas do pai tornando-se oficial da marinha. Mas as coisas não lhe correram bem,
e então formou-se em engenharia civil, na Universidade do Porto, em 1944.
Mas a sua paixão era a
escrita e a literatura. É assim que ainda estudante
“publicou,
sob o pseudónimo Teles de Abreu, as suas primeiras composições poéticas em
periódicos como Presença e travou conhecimento com o grupo de poetas que
viria a reunir-se em torno dos Cadernos de Poesia, convivendo, entre
outros, com José Blanc de Portugal, Ruy Cinatti, Alberto Serpa e Casais
Monteiro.” [Info: Sena] E com Sophia de Mello Breyner, que aí fez amizades com
Jorge de Sena e com Cinatti, que os apresentou.
Cadernos de Poesia são uma revista literária, editada em Lisboa, de
orientação eclética, que teve 3 séries, sendo a primeira (de 40 a 42) dirigida
por Tomás Kim, José Blanc de Portugal e Ruy Cinatti.
Sob o lema "Poesia
é só uma", o seu objectivo é "arquivar a actividade
da poesia actual sem dependência de escolas ou grupos literários, estéticas ou
doutrinas, fórmulas ou programas". [Info: Cadernos]
Aos Cadernos, Sena aparece
associado em 1940. E é também nos anos 40 que ele colabora noutras publicações,
como a Seara Nova. E é ainda nos Cadernos
de Poesia, que ele publica (em
1942) a sua primeira obra poética, Peregrinação. [Info: Sena]
A meio da década de 40
deparamos com um Jorge de Sena a um tempo engenheiro e conferencista literário.
Sem filiação em
quaisquer escolas literárias, delas recebeu, contudo, influências,
designadamente – como era mais notório – do surrealismo, mormente em aspectos
técnicos. E conjugou, com particular mestria, “aspectos modernos da sua poesia”
com “recursos da tradição medieval e renascentista, tornando a sua obra,
simultaneamente, clássica e revolucionária.” [BU: Sena]
Além de que aderiu a
um conceito de poesia que "com todos os seus ingredientes, recursos, apelos aos
sentidos, resulta de um compromisso firmado entre um ser humano e o seu tempo,
entre uma personalidade e uma sua consciência sensível do mundo, que mutuamente
se definem". [Info: Sena]
Não raro levava a
cabo, nos seus poemas, uma, por vezes corrosiva, outras vezes dorida sátira da
realidade.
Aliás, numa entrevista
de José Carlos de Vasconcelos/JCV a Sophia de Mello Breyner, acerca Sena, JCV define-o
como «“um homem muito amargo, como se vê pela “correspondência”»
Entre os seus temas
mais recorrentes “contam-se os da morte, do amor e da experiência erótica,
da relação entre o Homem e Deus, ou os deuses, da própria criação estética pela
linguagem e, finalmente, de Portugal, nos seus mitos culturais, satirizando
frequentemente aspectos provincianos ou saudosistas do entendimento do país e
do seu povo no mundo.” [BU: Sena]
… continua amanhã, TR 05.06.2012…
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