Foi há 1390 anos, feitos ontem, no
dia 16.07.622 do calendário Juliano que, se tivermos em conta o modelo do
actual calendário, terá sido numa SX: ocorreu a data tradicionalmente
considerada início da Era Islâmica, quando Maomé (Mohammed) inicia a sua fuga
de Meca para Medina (a chamada Hégira).
Continuação…
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“O sentimento de coesão do mundo
muçulmano não diminuiu, embora se tenha assistido à criação de diversas facções
e seitas, tais como os xiitas no Irão” e muitas outras. [Info: Islão]
Actualmente, o sunismo engloba 90%
dos muçulmanos. Nos regimes em que eles são dominantes, quase todos os Estados
integraram elementos de direito positivo que os corroboram.
Os xiitas consideram Ali, o genro
e primo do profeta Maomé, como o seu sucessor legítimo e consideram ilegítimos
os três califas sunitas que assumiram a liderança da comunidade muçulmana após
a morte de Maomé.
Falecido o profeta, em 632, e
contrariamente à expectativa criada de que Maomé tinha escolhido como seu
herdeiro e sucessor o seu genro e primo Ali ibn Abu Talib, logo após o desenlace,
a escolha do novo califa foi organizada, sendo Abu Bakr eleito o novo califa.
“Antes de morrer, Abu Bakr
designou seu sucessor, Umar, que foi assassinado em 644, dez anos mais tarde.
Após ele, Uthman, da dinastia omíada, ocupou o califado até 656, ano em que foi
assassinado.” E só então, finalmente, Ali assumiu o poder. [Xiismo]
Com a morte de Ali, este foi
sucedido por seu filho Husayn. Porém, o novo califa terá sido obrigado a
renunciar a favor do corrupto Muáwiya que, corrompendo o seu governo, o tornou
ingovernável. Husayn, filho mais novo de Ali e neto de Maomé morre em combate
em 680.
É dessa altura, e dessa questão
sucessória, a divisão entre sunitas e xiitas.
O Islão xiita contemporâneo pode
ser subdividido em três ramos principais: os xiitas dos Doze Imãs, os
ismaelitas e os zaiditas.
Um ponto comum os une: aceitam a legitimidade
dos quatro primeiros Imãs (o que não acontece com os xiitas ortodoxos, digamos,
para quem Ali foi o primeiro e não o quarto califa ou imã). “Porém, discordam
em relação ao quinto: a maioria do xiitas acredita que o neto de Hussein,
Muhammad al-Baquir era o imã legítimo, enquanto que outros seguem o irmão de
al-Baquir, Zayd, sendo por isso conhecidos como zaiditas. O xiismo zaidita (ou
dos partidários do quinto imã) foi sempre minoritário e encontra-se hoje
praticamente limitado ao Iémen. Os xiitas que não reconheceram Zayd como Imã
permaneceram unidos durante algum tempo. O sexto imã, Jafar al-Sadiq, foi um
grande erudito que é tido em consideração pelos teólogos sunitas. A principal
escola xiita de lei religiosa recebe o nome de "Jafari" por sua
causa. Após a morte de Jafar al-Sadiq, em 765, ocorre uma cisão no grupo: uns
reconheciam como imã o filho mais velho de al-Sadiq, Ismail (morto em 765),
enquanto que para outros o imã era o filho mais novo, Musa (morto em 799). O
último grupo continuou a seguir uma cadeia de imãs até ao décimo segundo,
Muhammad al-Mahdi (falecido em 874). Ficaram conhecidos como os xiita dos Doze,
enquanto que os primeiros como ismailitas; o termo xiita é geralmente usado
hoje em dia como sinónimo dos xiitas dos Doze (ou duodecimâmicos), uma vez que
são os xiitas maioritários. Para os ismailitas, Ismail nomeou o seu filho
Muhammad ibn Ismael como seu sucessor, tendo a linha sucessória dos imãs
continuado com ele e com os seus descendentes. [Xiismo]
Os xiitas reinaram no mundo
muçulmano através dos séculos, especialmente os Fatimidas no Cairo (909-1171).
Na Pérsia, os Sefevides (1501-1732) impuseram o xiismo, maneira de se libertar
do império otomano sunita. [IHU]
A propósito, vejamos a
predominância de xiitas nalgumas das comunidades islâmicas: Irão quase 71 %;
Iraque quase 67% (onde, como estamos lembrados, eles eram reprimidos pelo
partido Baath de Saddam Hussein composto sobretudo por sunitas); Azerbaijão
85%; Bahrein 74%; no Iémen cerca de metade, assim como no Líbano. Já na Síria
representam uma mais modesta, mesmo assim significativa percentagem: 12% e na
Arábia Saudita (14,81%), e não tão modesta, mas um pouco mais elevada: na
Turquia, Paquistão, Afeganistão e Kuwait. [Xiismo]
O
Partido Baath é um partido pan-árabe que existe no Iraque (ao qual pertencia
o ex-presidente Saddam Hussein), no Líbano e na Síria (ao qual pertence o
actual presidente, Bashar al-Assad).
Outros
líderes socialistas, nacionalistas e seculares do mundo árabe (todos
próximos, embora nenhum dos três seja propriamente Baath) são ou foram Gamal
Abdel Nasser no Egito, Ahmed Ben Bella na Argélia e Muammar al-Gaddafi (ou Khaddafi)
na Líbia.
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Alcorão do Al-Andalus
(da Península Ibérica)
(século XII).
A rivalidade entre sunismo e
xiismo foi frequentemente acompanhada de confrontos tribais ou dinásticos.
Mais recentemente, “após a
Primeira Guerra Mundial, os nacionalismos islâmicos acentuaram-se e deu-se o
aparecimento de diversos estados, como o Egipto. A abundância de petróleo em
vários países árabes reforçou o papel da civilização islâmica no mundo,
sobretudo a partir de meados do século XX.” [Islão]
O Islamismo conta actualmente com
várias centenas de milhões de crentes, espalhados pelo Médio Oriente, pela
Arábia, pelo Norte de África e por parte da África Negra, Turquia e Balcãs,
Irão, Afeganistão, antigas Repúblicas Soviéticas, Paquistão, Índia, Malásia,
Indonésia e China. Há pequenas minorias em países americanos e europeus, em
especial na França e na Alemanha. [Islamismo]
Mas é impossível falar no islão
sem que nos lembremos da face do mesmo que os media todos os dias nos revelam…
Segundo muitos muçulmanos, o Islão
não é uma religião apologista da guerra e da violência.
Mas como em todos os grupos
humanos identificados por uma causa, há islamitas radicais como os há
moderados.
E não se pode falar, agora, do
Islão sem que se recorde que muitos muçulmanos vêm, de há anos a esta parte,
incendiando o mundo.
Entre as acções mais cruentas e radicais
e de alegado terrorismo de que são acusados, todos temos presente vários
acontecimentos, sobretudo das últimas décadas, que emudeceram o mundo,
protagonizados por membros da Frente Islâmica Internacional, ou Al-Qaeda (ver
abaixo mais explicitado), e por grupos congéneres que constituem uma complexa
rede implantada mundialmente.
Para além daquelas, recordo,
também, declarações incendiárias, sobretudo de Bin Laden, e acções
preparatórias de acções terroristas.
De entre os atentados trago à
memória e destaco o de 23.02.1993 “quando Ramzi Yousef fez explodir uma viatura
no parque de estacionamento subterrâneo de uma das torres gémeas do World Trade
Center, matando 6 pessoas e ferindo centenas.” [Terrorismo]
Assim como o de 13.11.1995 contra
um edifício alugado pelas forças americanas em Riade, na Arábia Saudita,
provocado por um carro armadilhado de explosivos que o destruiu e matou seis
pessoas. E isto depois de em Abril anterior os radicais transnacionais terem
formalmente anunciado o seu novo alvo (os EUA) numa declaração de Bin
Laden.
Entretanto, em 23.08.1996, Bin
Laden mandou publicar um comunicado intitulado “Declaração de guerra contra os
Americanos que ocupam a terra das duas mesquitas” onde afirma: “Os muçulmanos
ardem de cólera contra os americanos. Não há dever mais importante de que o de
repelir os americanos para fora da Terra Santa”. [Terrorismo]
É
da Arábia Saudita que os islamitas falam ao referir a Terra Santa ou a terra
das duas mesquitas, a de Meca e a de Medina, os dois lugares mais sagrados do
mundo. O terceiro é Jerusalém – cidade santa das três religiões: católica,
judaica e muçulmana.
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Em 1998, Bin Laden encontrou-se
pelo menos com quatro dos principais líderes islamitas radicais: Ayman
al-Zawahiri, chefe do grupo egípcio Al-Jihad, Abdul Salem Muhammad, chefe de um
grupo islamita radical do Bangladesh, o Harakat ul-Jihad-i-Islami/Bangladesh,
Fadil Errahmne Khalil, emir de um movimento paquistanês radical, e Abu Yassir
Ahmed Taha, um islamista egípcio exilado. Estes cinco chefes radicais criaram o
que denominaram por “Frente Islâmica Internacional para Combater os Judeus e os
Cruzados”. A Constituição desta frente Islâmica resultou no que se chama
actualmente por Al-Qaeda.
É oportuno recordar que,
“actualmente, os partidários do wabbismo (a ideologia oficial na Arábia
Saudita, que inspira também fortemente a Al Qaeda) não ocultam sua execração do
xiismo. A emergência da República Islâmica do Irão desde a revolução
khomeinista de 1979 suscita, além disso, uma rivalidade regional com a Arábia
Saudita e o Egipto, que seguem as linhas de fractura xiitas-sunitas em todo o
mundo islâmico.” [IHU]
Mas a mais grave e arrojada operação
que aconteceu em solo americano, foi a de 11 de Setembro de 2001, e foi
executada por 19 homens. “Os terroristas utilizaram quatro aviões de
passageiros, que partiram de aeroportos situados nos EUA, transformando-os em
mísseis com os quais destruíram as torres gémeas do World Trade Center, em Nova
Iorque, bem como uma parte do Pentágono, em Washington D.C., matando mais de
2700 pessoas. Estas operações foram planeadas e executadas por radicais árabes
de várias nacionalidades (maioritariamente sauditas), o que demonstrou a
existência de uma vasta rede multinacional ligando diversas células de radicais
islâmicos espalhados pelo mundo.” [Terrorismo]
Em 11.03.2004, em Madrid,
verificaram-se ataques bombistas a estações de caminho de ferro que mataram 191
pessoas e feriram 1463.
E em 07.07.2005, em Londres,
deram-se rebentamentos num metro e num autocarro em hora de ponta que vitimaram
mortalmente 56 pessoas e feriram cerca de 700.
Ambos os atentados reivindicados
pela mesma rede.
Depois de vários atentados contra
alvos civis e militares dos Estados Unidos e seus aliados, e quase dez anos
depois dos inacreditáveis atentados de 11 de Setembro de 2001, a 01.05.2011 o
Presidente Barack Obama anunciou pela televisão que Osama bin Laden havia sido
morto durante uma operação militar norte-americana em Abbottabad (no
Paquistão). [Osama]
O homem mais procurado do mundo,
um dos dez foragidos mais perseguidos pelo FBI caíra finalmente.
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[Alcorão]: Infopédia, a enciclopédia online da Porto Editora; entrada: Alcorão
-
[BU]: Biblioteca/Enciclopédia Universal, a enciclopédia da Texto Editores;
entrada: Maomé
- [IHU]: in Jean-Christophe Ploquin, revista francesa La
Croix, de 16-10-2008, apud site IHU/Instituto Humanitas Unisinos
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[Islamismo]: Infopédia, a enciclopédia online da Porto Editora; entrada:
islamismo
-
[Islão]: Infopédia, a enciclopédia online da Porto Editora; entrada: Islão
-
[Maomé]: Wikipédia, a enciclopédia livre; entrada: Maomé
-
[Osama]: Wikipédia, a enciclopédia livre; entrada: Osama bin Laden
-
[Sunismo]: Wikipédia, a enciclopédia livre; entrada: sunismo
-
[Terrorismo]: Terrorismo islâmico, site "learningmigration.com"
-
[Xiismo]: Wikipédia, a enciclopédia livre; entrada: xiismo
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