sábado, junho 10, 2006

“EST MODUS IN REBUS” – JÁ dizia Horácio


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«Pedófilos holandeses criam partido político»

dizia um título do Público, no SB 03.06.06. E do lead constava:

«O NVD defende a legalização
da pornografia infantil
e do sexo com animais»

Já no corpo da notícia, em síntese, podia ler-se: «A Holanda é liberal onde muitos outros países são conservadores - em matéria de drogas leves, prostituição e casamento gay. Mas as propostas do Partido Caridade, Liberdade e Diversidade (NVD), apesar do nome bem-intencionado, visam legalizar um tabu. Aliás, três tabus: sexo entre adultos e menores, pornografia infantil e sexo com animais».
E mais adiante esclarece-se: «o NVD [o tal partido da CARIDADE] admite mesmo bater-se, a longo prazo, pelo fim das restrições etárias para ter relações sexuais», rematando-se pouco depois: «O partido foi oficialmente reconhecido na quarta-feira [31.05], ateando a indignação dos holandeses».

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Uma pessoa belisca-se para confirmar que está vivo e acordado.

E pasma!

A comparação, em termos políticos não é correcta; não obstante, e como exercício académico, vamos aceitá-la como certa: o Estado é como certos pais.

Há-os que são espartanos. Que impõem regras absolutamente draconianas e são irredutíveis na observação das mesmas. Inflexíveis.

Intolerantes. Vesgos, enfim.

E há-os que pecam com o sinal contrário: absolutamente permissivos, que à mínima exigência dos seu pupilos ou governados, cedem em toda a linha, imaginando-se, assim, exemplos de tolerância e de educadores actualizados.

São os dois pólos em confronto. É, nalguns casos, a desorientação total.

Por este andar, os países evoluídos – como a actual Holanda, entre outros (considerando eu que, em certas matérias, o são mesmo) – são atraídos à legalização dos criminosos em nome individual ou societários de qualquer grupo de crime organizado e a permitir a sua corporativa organização assim como a respectiva actuação na esfera política, através da formação de partidos com assento no parlamento e mais foros políticos, assim como à mesa das negociações dos parceiros sociais…!

Estes e todos o mais criminosos, como os do foro económico ou até dos corruptos e outros que tais…

Para quando estará agendado este passo?

Já dizia, de facto, o poeta romano Horácio (que viveu entre os anos 66 e 8 aC.), nas sua Sátiras, a propósito de excessos: “est modus in rebus”, que numa tradução mais ou menos ao pé da letra quer dizer que há uma medida para tudo. Ou numa tradução mais livre diríamos: nem oito nem oitenta.

E concluía o poeta o mesmo verso: “sunt certi denique fines”, que é como quem diz: afinal, claro que há alguns limites.

Creio que é isso: “est modus in rebus”

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