Como sempre, recordo:
Este é o espaço em que,
habitualmente,
faço algumas incursões pelo mundo da História.
Recordo factos, revejo acontecimentos,
visito ou revisito lugares,
encontro ou reencontro personalidades e lembro datas.
Datas que são de boa recordação, umas;
outras, de má memória.
Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.
Aqui,
as datas são o pretexto para este mergulho no passado.
Que, por vezes,
ajudam a melhor entender o presente
e a prevenir o futuro.
.
ESTAMOS NA SEGUNDA-FEIRA DIA 28 DE NOVEMBRO DE 2011 (MMXI) DO CALENDÁRIO GREGORIANO
Que corresponde ao
Ano de 2764 Ab Urbe Condita (da fundação de Roma)
Ano 4707 a 4708 do calendário chinês
Ano 5771 a 5772 do calendário hebraico
Ano 1432 a 1433 do calendário islâmico
Mais:
DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:
De 2003 a 2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
de 2005 a 2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
de 2005 a 2015 - Década Internacional "Água para a Vida".
Por outro lado
2011 é o
ANO EUROPEU DO VOLUNTARIADO
ANO INTERNACIONAL DA QUÍMICA
ANO INTERNACIONAL DAS FLORESTAS
Hoje é, ainda,
DIA NACIONAL DA ALBÂNIA
«Escravos ontem, hoje livres; ontem autómatos da tirania, hoje homens; ontem miseráveis colonos, hoje cidadãos, qual será o vil (não digo bem), qual será o infeliz que não louve, que não bendiga o braço heróico que nos quebrou os ferros, os lábios denodados que ousaram primeiro entoar o doce nome - Liberdade? (...)»
Almeida Garrett
Mural do Sinn Fein em Belfast, na Irlanda
Há 106 anos atrás, em 28 de Novembro de 1905, uma TR, em Dublin, na Irlanda, Arthur Griffith funda o Sinn Féin (nós mesmos ou nós sozinhos, em gaélico irlandês), um movimento político que defendia a independência do país. Os militantes mais radicais formaram o Exército Republicano Irlandês, o IRA, responsável por vários ataques armados.
Então, no Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda reinava Eduardo VII (62), sucessor e filho da rainha Vitória, O Pacificador, da Casa de Saxe-Coburgo-Gota, bisavô de Isabel II, e primeiro-ministro era Arthur Balfour, Conservador. Eduardo VII foi o último rei da Casa de Saxe-Coburgo-Gotha, Casa que, em 1917, com Jorge V, mudou para Casa de Windsor (esta mudança de nome não se deve a descontinuidade dinástica mas sim ao sentimento anti-alemão que se vivia na Primeira Guerra Mundial)
No Império Alemão governava Guilherme II, também rei da Prússia, quando chanceler era o Príncipe Bernhard von Bülow; a posterior derrota do Império Alemão na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) levaria à abdicação e exílio de Guilherme e à queda do poder da Casa dos Hohenzollern, assim como o fim do Império Alemão.
Nos EUA decorria o mandato do 26º Presidente, Theodore Roosevelt do partido Republicano, que no ano seguinte receberia o Prémio Nobel da Paz;
Em Portugal reinava D. Carlos (33) e Presidente do Conselho de Ministros era Luciano de Castro, pela 3ª vez, do partido progressista;
Em Espanha governava o avô de João Carlos I, Afonso XIII, ambos da Dinastia de Bourbon. Afonso XIII abdicou para a implantação da Segunda República Espanhola;
Em Itália Vítor Emanuel III (25) da Casa de Sabóia, é o 3º rei da Itália unificada e independente.
Em França decorria a Terceira República e o presidente era Émile Loubet.
No Vaticano pontificava Pio X (257º).
O irlandês, também conhecido como gaélico irlandês ou simplesmente gaélico, é um idioma falado como língua nativa na ilha de Irlanda e era a língua principal da ilha antes de os ingleses a conquistarem durante a Idade Média.
Como sabemos, a Irlanda do Norte é um dos territórios que integram o Reino Unido.
Quando o Estado Livre da Irlanda foi fundada em 1921, este passou a integrar uma parte do Ulster.
Ora o Ulster (na zona Nordeste da ilha) era o nome de uma das quatro províncias que constituíam a Irlanda, província essa por sua vez constituída por 9 condados (uma espécie de distritos). Desses 9 condados, 3 constituíram o Estado Livre da Irlanda, formando os restantes 6 a província (do Reino Unido) da Irlanda do Norte.
Ou seja: por aquele tratado de 1921, o Ulster ficou dividido entre o Estado Livre da Irlanda (mais tarde República da Irlanda) e a província da Irlanda do Norte.
Com a transformação do Estado Livre da Irlanda em República da Irlanda, em 1949, O Reino Unido conferiu maior autonomia à província da Irlanda do Norte.
Porém, a partir dos anos 60, aumenta o descontentamento dos católicos o que faz recrudescer, nos anos de 1970, os ataques armados do IRA (o Exército Republicano Irlandês), que a dada altura transbordam e alastram pela própria Inglaterra.
O braço armado do Sinn Féin existiu sob diversas formas desde 1916, e desde 1969 que adoptou a designação de Exército Republicano Irlandês Provisório, geralmente referido simplesmente como o "IRA"
Sinn Fein é um dos movimentos políticos mais antigos da Irlanda. É o partido nacionalista irlandês, de ideologia socialista e anticapitalista, a ala política do Irish Republican Army (IRA), naturalmente dividido entre moderados e extremistas.
O seu presidente, desde 1978, é Gerry Adams, cuja “força política ficou bem demonstrada em 1985, quando venceu as eleições em 17 dos 27 distritos da Irlanda do Norte”. Eleito para o Parlamento, em 1983, Gerry Adams declarou não acreditar no Governo britânico e renunciou ao lugar. Em Agosto de 1994 anunciou a cessação das operações militares do IRA, o que, realmente, não se tem verificado. Apesar disso, Adams tem sido o grande interlocutor do Governo na procura de uma solução para o conflito com o IRA.
Em causa está, desde há muito, a independência da Irlanda.
Da Irlanda do Norte, que é frequentemente mencionada como Ulster ou província do Reino Unido.
Em 1800 é assinado o Acto (Lei) da União da Irlanda ao Reino Unido. Mas tratava-se de uma união imposta pela força, dado que não existia qualquer integração da Irlanda no Reino Unido nem a nível interno nem internacional.
A forçada união nunca deixara de ter o sabor de uma subordinação, já que a igualdade nunca existira. Demais a mais, a identidade e a peculiaridade da Irlanda eram demasiado fortes para poderem assimiladas pelos britânicos. Na realidade, a questão irlandesa não é constituída apenas por problemas políticos, mas igualmente agrários e económicos. E religiosos, pois que os irlandeses são maioritariamente católicos, com, apenas, cerca de 20% de protestantes. Essa a explicação para o surgimento de uma espécie de "terrorismo agrário" e violência ocasional. Em 1845-47, dá-se a chamada "Grande Fome da Batata", que se salda em 750 000 mortos e 1 milhão de emigrantes.
Nos finais do século XIX, os Irlandeses lutam por uma Home Rule, que o mesmo é dizer por uma ampla autonomia. Mas esta é adiada pelos unionistas, bem como pela Primeira Grande Guerra, ao passo que os nacionalistas tentam aproveitar a crise mundial para forçar Londres a "abrir mão" da sua presença na Irlanda.
De finais do séc. XIX até aos alvores do século XX procede-se a uma grande reforma agrária que, apesar de tudo, não atenua nem elimina um nacionalismo cada vez mais forte e reivindicador de uma independência total, objectivos de certas instituições secretas, como o Sinn Fein.
A estes se opõem os unionistas protestantes do Norte, inimigos acirrados dos nacionalistas católicos e gaélicos do Sul.
Em 1916, dá-se a chamada "Revolta da Páscoa", com a derrota dos Irlandeses e a execução sumária de quase todos os chefes, enquanto que E. MacNeil, Eamon de Valera e W. Cosgrave são poupados e amnistiados em 1917. As eleições de 1918 saldam-se num triunfo para os nacionalistas do Sinn Fein que organizam um Parlamento independente (Dáil) e um exército (IRA).
Eamon de Valera foi um político irlandês, nacionalista e republicano, nascido em Nova Iorque, em 1882, e falecido em 1975. “Em 1919 viajou até aos Estados Unidos da América, procurando obter apoio político e financeiro para a causa da independência, missão em que teve um sucesso notável. Eleito presidente do Governo republicano, ainda na clandestinidade, veio a abandonar o cargo em 1922, por discordar dos termos do acordo (assinado em Londres por uma delegação chefiada por Michael Collins) que concedia à Irlanda um estatuto semi-autonómico mas não lhe reconhecia o direito à independência total, e para mais excluía o que é hoje o território da Irlanda do Norte.” Depois desta ruptura e de uma guerra civil que abalou as estruturas da república nascente, de Valera afastou-se do poder por alguns anos. Mas, depois de desempenhar cargos de destaque internacional (foi figura de proa na Sociedade das Nações, o que lhe granjeou grande prestígio), chefiou o executivo irlandês entre 1932 e 1937, ano em que conseguiu a independência da Irlanda. Mais, foi primeiro-ministro várias vezes, nos anos 30, 40 e 50 do séc. passado, culminando a sua longa carreira com a Presidência por dois mandatos, entre 1959 e 1973. “O seu posicionamento político francamente conservador pôde assim marcar de forma indelével a sociedade irlandesa.”
William Thomas Cosgrave (1880- 1965), sucedeu a Michael Collins como presidente do Governo Provisório da Irlanda de Agosto a Dezembro de 1922. Foi, ainda, o primeiro Presidente do Conselho Executivo do Estado Livre Irlandês, de 1922 a 1932.
Em tempos passados, os próprios elementos integrantes do movimento afirmavam ser o braço político do Exército Republicano Provisório da Irlanda, o IRA. Mais recentemente, porém, as declarações dos dirigentes do partido afirmam que as duas organizações são completamente independentes, principalmente devido a divergências nos métodos empregados pelo IRA. Hoje são duas organizações de costas quase completamente voltadas uma para a outra. O relacionamento entre o partido e o seu braço armado «continua a suscitar acusações por parte dos partidos unionistas da Irlanda do Norte (ou Ulster), que o Sinn Féin designa sempre por "os Seis Condados"».
O IRA/Irish Republican Army, organização de carácter militar, nacionalista e clandestina, “foi criado na década de 1910 com o objectivo de obter a independência da Irlanda em relação ao Reino Unido. Foi, de facto, à sua acção que se ficou a dever, em grande medida, a abertura do Governo britânico a negociações e, em consequência, a constituição do Estado Livre da Irlanda em 1921”.
Michael Collins, um destacado activista republicano irlandês que militou na causa política nacionalista que reclamava o fim do domínio do Reino Unido sobre a Irlanda, perseguido e por duas vezes preso pelas autoridades britânicas, entre 1919 e 1921 tornou-se o estratega do movimento revolucionário. E “organizou com tal sucesso a luta armada contra o ocupante que as autoridades britânicas se viram obrigadas a abandonar a sua posição de força e a encetar negociações com vista a um acordo de paz. Collins foi então escolhido, pelos seus pares, para presidir à delegação irlandesa que se deslocou a Inglaterra, vindo a assinar o tratado de paz que assegurava um estatuto semi-autonómico para a Irlanda, criando um Estado Livre na parte sul da ilha. O acordo assinado em 1921 não foi do agrado de todos os nacionalistas, provocando uma grave cisão no Parlamento irlandês, com a saída do partido Sinn Fein, liderado por Eamon de Valera”, desde 1917.
Grupos houve, contudo, que apenas admitiam a hipótese de uma independência absoluta, total, clara e imediata. Grupos, estes, que desencadearam acções violentas. É que, realmente, “o tratado assinado por Michael Collins, (...) não garantia completa autonomia à Irlanda e concedia ao Reino Unido a soberania sobre o território do extremo norte da ilha. A independência seria conseguida mais tarde, mas a Irlanda do Norte nunca haveria de se emancipar da Coroa britânica. Por isso, e de mistura com motivações religiosas, o IRA continuou a lutar, recorrendo sempre a acções de violência, designadamente atentados contra os militares britânicos colocados na Irlanda do Norte e altos responsáveis da administração do Reino Unido”.
Inevitável, desencadeou-se a guerra civil. E depois de 2 anos de guerrilha (1919-1921), em 06.12.1921 Londres reconhece o Estado Livre da Irlanda, que se torna membro do Commonwealth, mas fica sem o Ulster, protestante. No entanto, quer uma fracção do Sinn Fein, quer o IRA rejeitam tal acordo negociado por Collins, que não garantia completa autonomia à Irlanda e concedia ao Reino Unido a soberania sobre o território do extremo norte da ilha. Desencadeia-se, pois, outra guerra civil (1922-1923) durante a qual M. Collins é assassinado. Sucede-se um afastamento progressivo da Commonwealth, mas é em 1948 que a Irlanda se torna uma república, continuando, no entanto, o Ulster a pertencer ao Reino Unido. Por isso e por motivações religiosas, o IRA continuou a lutar, com o recurso a acções de violência, inclusive atentados contra os militares britânicos colocados na Irlanda do Norte e altos responsáveis da administração do Reino Unido. O Sinn Fein, o partido político nacionalista a que o IRA se encontra associado, entretanto procura uma solução pacífica para o problema, desenvolvendo negociações com as autoridades de Londres.
Collins, que se havia tornado comandante-chefe das Forças Armadas, converteu-se num moderado e conciliador, e por isso foi assassinado em 1922 pelos seus opositores.
Igualmente de pendor conservador, Valera foi, na verdade, o grande responsável pela proclamação da independência da Irlanda em 1937.
Nesse ano, “uma nova Constituição foi aprovada, decretando, não só o fim do domínio da Coroa inglesa, como a substituição do nome "Estado Livre Irlandês" pelo nome Eire, que significa em irlandês Irlanda, facto que constituiu o primeiro passo para a oficialização da República da Irlanda, o que só veio a acontecer em 1948.”
E. Valera foi, mesmo, Presidente por dois mandatos, entre 1959 e 1973.
Entre 1921 e 1940, a Irlanda do Norte foi um Estado controlado pela maioria protestante e ao sabor dos seus interesses, sendo a Igreja Católica discriminada. Nos anos 60, a frágil estabilidade da região começou a revelar rupturas, e em 1968 os católicos saíram à rua em protesto pelos seus direitos cívicos, protestos que acabaram em actos de violência.
Em 1972 o primeiro-ministro britânico suspendeu a Constituição e o Parlamento da Irlanda do Norte, tornando controverso o estatuto do território, e as tropas britânicas deslocaram-se para ali com o fim de manter a ordem. Em consequência, a violência cresceu entre a comunidade católica, que tomou a defesa da República da Irlanda, e a comunidade protestante, que pretendia continuar a pertencer ao Reino Unido.
O Norte da Irlanda e o centro de Londres tornaram-se os locais alvo mais frequentes das acções violentas, nomeadamente as do IRA.
“Em 1994, na sequência de uma declaração de cessação de actividades militares por parte do IRA, o Sinn Féin passou a encontrar-se em condições de participar no processo político destinado a conseguir a paz duradoura na Irlanda do Norte. Em 1997, uma delegação do Sinn Féin, liderada por Gerry Adams, participou finalmente nas negociações para a paz na Irlanda do Norte. Em Fevereiro do ano seguinte, o Sinn Féin foi excluído das conversações de paz, devido ao alegado envolvimento do IRA num violento atentado em Belfast. O Sinn Féin foi readmitido, em Março de 1998, e manteve-se sempre na mesa de negociações até à conclusão do acordo em Abril. Os delegados do partido aprovaram o acordo por uma larga maioria, a 10 de Maio”.
Apesar do anúncio do fim das operações militares do IRA, a verdade é que tal não tem correspondido à verdade. “Ainda assim, Adams tem sido o grande interlocutor do Governo na procura de uma solução para o conflito com o IRA”.
“Em Março de 2005, no seguimento do assalto ao Northern Bank e do assassinato de Robert McCarney, membro do Sinn Féin, alegadamente assassinado pelo IRA, os conservadores e os unionistas tentaram expulsar os representantes do Sinn Féin nos Comuns, mas a sua moção foi rejeitada”.
“Em 2005, o partido expulsou Denis Donaldson, quando este declarou publicamente que estava a soldo do governo britânico como agente informador desde a década de 1980 e que agências britânicas tinham sido responsáveis pela suspensão da Assembleia em Outubro de 2002, fazendo recair a responsabilidade sobre o Sinn Féin. O governo britânico nega totalmente esta versão. Donaldson foi encontrado morto a tiro a 4 de Abril de 2006.”
Decorrido mais de um século de conflito entre as duas facções políticas e religiosas, a 8 de Maio de 2007, unionistas e republicanos juntaram esforços e formaram um novo Governo conjunto da Irlanda do Norte. Isto, com aquela frieza (no mínimo) que sempre caracterizou as respectivas relações e sem, sequer, a tentativa de um aperto de mão perante as câmaras da tv. Os líderes do Governo são Ian Paisley, do Partido Democrático do Ulster, e Martin McGuinness, do Sinn Féin (partido republicano).
Ian Paisley é um dos mais destacados elementos que se encontravam do outro lado da barricada. Tornado pastor da Igreja Batista, viria a ser um dos fundadores da Igreja Presbiteriana Livre.
Em meados da década de 60 do século XX, destacou-se por se opor ao regime unionista irlandês, acusando-o de trair os interesses dos protestantes da Irlanda do Norte. Nomeadamente, contestava o afastamento em relação à Grã-Bretanha.
O filme Michael Collins, realizado por Neil Jordan e protagonizado por Liam Neeson, recordou, em 1996, o seu percurso pessoal e político como um dos mais marcantes da Irlanda do nosso tempo.
(As fontes desta postagem são as habitualmente referidas: diversas entradas da Infopédia, a Enciclopédia online da Porto Editora; da BU/Biblioteca Universal, a Enciclopédia online da Texto Editora; da GEPB/Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira; da Wikipédia, a enciclopédia livre; além de alguns artigos dispersos da Net)
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