A matéria era séria. O assunto grave.
Tratava-se do “índice de competitividade das cidades”.
[ “Índice de competitividade coloca Évora no topo e Porto em último” - Público, SB, 30.09.06, por Pedro Ribeiro]
A importância e a gravidade do tema, não implica cangalhas na ponta do nariz e ar soturno, nem impede a glosa com um sorriso aflorando os lábios.
O título, mesmo, porque não haveria de ser (como foi):
«A competitividade era
verde, veio uma cabra
e comeu-a»
Como gostava de ter sido eu a escrever esse comentário. Matéria séria abordada com seriedade, mas de forma leve.
Argumentando, mas sem levantar a voz nem se pôr em bicos de pés.
E terminar assim:
“Quem me dera saber o que são cidades e medir-lhe a temperatura da competitividade ou outros calores e miasmas. Havia até coisas que eu sabia mais ou menos o que eram e que agora me confundem! Aviões, por exemplo. Ligo a televisão e são coisas que vão contra uns grandes prédios exclusivamente não residenciais. Vou ao cinema, e são antros voadores de serpentes a atacar quem lá entra! As sereias, outro exemplo, eram criaturas caprichosas metade mulher metade faneca e que encantavam os marinheiros sabe-se lá para quê..., e agora também são umas deslavadas que aparecem nas piscinas dos condomínios fechados !!?? Que torto que vai o mundo... cada vez mais confuso... cada vez mais competitivo...”
Mas não, não fui eu (seria lá capaz!), quem escreveu assim. Sobretudo, ou, e também, com um título tão política e academicamente pouco correcto.
Foi o prof e geógrafo Álvaro Domingues [no mesmo jornal, na TR, 03.10].
Coluna que nunca perco.
Uma maravilha: senso e leveza. Uma espécie de loucura sã.
Abençoada loucura.
O que eu gosto destes loucos sãos!
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