quinta-feira, outubro 05, 2006

A SÉRIO, A SÉRIO... SORRINDO

A matéria era séria. O assunto grave.

Tratava-se do “índice de competitividade das cidades”.

[ “Índice de competitividade coloca Évora no topo e Porto em último” - Público, SB, 30.09.06, por Pedro Ribeiro]

A importância e a gravidade do tema, não implica cangalhas na ponta do nariz e ar soturno, nem impede a glosa com um sorriso aflorando os lábios.

O título, mesmo, porque não haveria de ser (como foi):

«A competitividade era

verde, veio uma cabra


e comeu-a»

Como gostava de ter sido eu a escrever esse comentário. Matéria séria abordada com seriedade, mas de forma leve.

Argumentando, mas sem levantar a voz nem se pôr em bicos de pés.

E terminar assim:

“Quem me dera saber o que são cidades e medir-lhe a temperatura da competitividade ou outros calores e miasmas. Havia até coisas que eu sabia mais ou menos o que eram e que agora me confundem! Aviões, por exemplo. Ligo a televisão e são coisas que vão contra uns grandes prédios exclusivamente não residenciais. Vou ao cinema, e são antros voadores de serpentes a atacar quem lá entra! As sereias, outro exemplo, eram criaturas caprichosas metade mulher metade faneca e que encantavam os marinheiros sabe-se lá para quê..., e agora também são umas deslavadas que aparecem nas piscinas dos condomínios fechados !!?? Que torto que vai o mundo... cada vez mais confuso... cada vez mais competitivo...”

Mas não, não fui eu (seria lá capaz!), quem escreveu assim. Sobretudo, ou, e também, com um título tão política e academicamente pouco correcto.

Foi o prof e geógrafo Álvaro Domingues [no mesmo jornal, na TR, 03.10].

Coluna que nunca perco.

Uma maravilha: senso e leveza. Uma espécie de loucura sã.

Abençoada loucura.

O que eu gosto destes loucos sãos!

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