quinta-feira, abril 13, 2006

Não é uma fotografia, é A FOTOGRAFIA


Uma coisa que eu sempre sonhei ser um dia, era fotógrafo.

Mas não um fotógrafo qualquer. Desses que batem chapas para a Flash!, para a “Caras”, para a “TV Guia”…

Desses que fazem de uma Lili Caneças uma criatura normal, que correm atrás da Alexandra Lencastre a cada suspiro dela por um novo namorado, que se acotovelam para fazer um boneco com a Catarina Furtado irremediável e visivelmente grávida, que perseguem um Santana Lopes à cata de outros e mais quentes colos, que brigam para filmar a sagrada família, Maria e Aníbal, que põem um ar sério para retratar um José Castelo Branco numa das suas mais sofisticadas poses gayescas, que rosnam surdos impropérios por não conseguirem trazer de volta a Teresa Guilherme com o Manuel Luís Goucha. Ou a Maria Elisa para o Pinto da Costa.

Um fotógrafo com mais indescortinável mas certo e seguro objectivo…

Um fotógrafo onde o suspense seja a mais adequada moldura para a sua inesquecível obra…

Um fotógrafo a que o sucesso se colará irresistivelmente…

Um fotógrafo cujo nome a História gravará para todo o sempre…

Um fotógrafo de obra única, mas imperecível…

Com cursos básicos feitos em Londres, Banguecoque, Tóquio, Los Angeles, Sidnei, Otava, Paris, Oslo e Alvor; tirocinado em sépia pelas escolas de Belas Artes de São Francisco, Helsínquia, Sampetersburgo, Bucareste, Beijing, Bruxelas e Loulé.

Workshops fotográficos pelo mundo inteiro, desde as experiências de prova de papel com sais de prata, a partir de original em calotipo, passando pelas provas em papel albuminado, até às mais modernas e sofisticadas técnicas – de tudo acautelei o meu retumbante e único – repito - trabalho.

Com um prolongado estágio, como atento observador, em Boliqueime.

Tudo com um objectivo. Um único. Mas de garantido sucesso. De promissor êxito. De seguro e famosíssimo resultado.

Não haverá Emmies, Grammys, Tonies, Golden Globes, SAG Awards ou quaisquer outros Óscar do mundo da fotografia, não haverá prémio de fotojornalismo com que não seja galardoado.

Quer Edward Steichen, ou Frederick William Flower, ou um James Nachtwey, quer mesmo o nosso Eduardo Gageiro e outros vultos da fotografia ficarão relegados para um secundaríssimo e modesto lugar na galeria dos imortais da fotografia.

O meu nome será o maior. A referência ímpar da arte.

E com uma só obra.

Uma única!

O investimento é enorme, mas de máximo e garantido dividendo.

Tarefa nada fácil (que alguns me garantem impossível), aquela a que me proponho, para a concretização da qual tenho, enfim, de fazer exigente consulta dos astros, leitura dos mais experientes astrólogos, análise de boletins meteorológicos, estudo de previsões de ventos e respectivas direcções a curto e médio prazo.

Fácil não será. Mas hei-de estar atento ao momento fatal.

O “boneco”, o primeiro e o derradeiro, que me garantirá a glória, que me lançará na galeria dos inesquecíveis, que me perpetuará o nome e a memória, que me destacará de entre todos os pares, que me valerá todos os encómios, está quase aí:

Um instantâneo de Cavaco Silva com um cabelo (basta um. E… E…) desalinhado.

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A primeira vez que me surgiu a ideia foi com o Engº Guterres.

Mas só se fosse para lhe perpetuar aquele particular jeito de cofiar as melenas.

Porque um certo e ocasional desalinho do cabelo não era difícil de captar. Como o foi. Os raros que aconteceram foram fixados pelas câmaras.

Com o Prof é muito mais difícil (quase diria impossível), já que a Profª Maria lhe despeja na cabeleira “apoupada”, todas as manhãs, uma lata inteirinha de laca, das de 3 dl. Mesmo assim… Vai chegar a hora do meu sucesso (estou em permanente contacto com o Instituto de Meteorologia Nacional…). É uma questão de paciência (que também treinei em Cantão, num mosteiro budista, meses a fio). Mas vai chegar!

1 comentário:

Anónimo disse...

Maria Jose Ramudo tve apoupada en chile

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