Hoje não se falava noutra coisa: o precipitado encerramento da sessão da AR, ontem, por falta de quórum…
Somos assim, não à volta a dar-lhe: por dá cá aquela palha, desatamos num xinfrim que ninguém nos cala. E sem cuidar das razões daqueles que são objecto das nossas reclamações. Sim, que isso é o pior.
No começo da sessão assinaram o livro de presenças 194 deputados. Mas quando chegou a hora das votações, 84 deputados tinham-se evaporado…
Mas, e depois?
Não terão, os pobres dos deputados, direito a uma faltazita?
Não poderão ter uma diarreia?
Não poderão ter mil e uma razões para se ausentarem da sala?
É que é demais… É uma perseguição atroz que se faz a esta sacrificada (e muito mal paga) actividade.
Imagine-se:
No começo da sessão estavam quase todos os deputados do PS, 114 em
Porém, do total de 230 deputados à Assembleia da República, apenas 110 estavam presentes no momento das votações, e dos 120 ausentes, 13 não tiveram falta porque se encontravam em missão no estrangeiro.
Ficou, assim, inviabilizada a votação das leis, que exige a comparência de mais de metade dos deputados.
Dos 121 deputados do PS, 49 faltaram às votações, ou seja, cerca de 40%.
Só 6 estavam fora em serviço da AR.
Embora apenas 66 deputados do PS estivessem presentes no período de votações, 114 tinham assinado o livro de presenças durante a tarde, e a bancada da maioria foi apenas ultrapassada pela do PSD em número de faltas: faltaram dois terços dos sociais-democratas, ou seja, 50 dos 75 deputados.
Quer dizer, na hora crucial faltaram 107 deputados: 50 do PSD, 49 do PS, 5 do CDS-PP, 2 do PCP e um do BE.
Na maioria socialista faltaram cerca de 40% dos deputados, bem como na bancada do CDS-PP, enquanto o PCP garantiu a presença de 75% dos seus parlamentares, o BE de quase 90% e «Os Verdes» foram o único grupo parlamentar sem faltas.
“O PSD foi assim o partido mais faltoso, com dois terços dos seus deputados ausentes nas votações que antecediam um fim-de-semana prolongado devido ao feriado de sexta-feira e à antecipação da sessão plenária desta quinta-feira para a passada terça-feira”. (Claro que só um espírito mesquinho e aleivoso podia escrever uma coisa destas. Uma torpe insinuação deste calibre!).
E por causa duma coisa destas faz-se um burburinho terrível, um estardalhaço de alto lá com ele!
E começa logo a TSF, com o seu iníquo fórum a acicatar os ânimos.
E toda a gente intervém. E todos criticam. E todos deitam abaixo. E todos atiram pedras. E todos protestam. E ninguém vê nada direito, espumando de raiva, alguns deles…
Uns invejosos!
E não há uma alma que saia em socorro dos pobres coitados dos deputados da Nação!!!
Desestabilizador, esse tal Manuel Acácio. Um incendiário, é que ele foi. Comunista, só pode ser!
Como se os coitados dos deputados tivessem as nossas ricas regalias, os nossos chorudos ordenados e reformas!
Como se fossem pagos pelo erário público…
Nesse caso, sim, podia-se-lhes exigir mais…
Mas é que não.
Ganham um ordenado reles e têm umas reformas miseráveis, e só ao fim de 50 anos de serviço!
Uma injustiça. Uma precipitação é que é isto tudo…
Todo o mundo pensando o mesmo que aquele pérfido texto insinuava…
Mas injustamente, porque afinal os deputados não se “baldaram”, tiveram foi de meter, rapidamente, uma dispensa de assistência à família (a que todos temos direito): é que a enorme família dos madraços, dos chicos-espertos, dos frascários (só para os irritar; calaceiros, se preferirem), dos estroinas, dos logo-se-vê, dos deixa-andar, dos mandriões, dos “desenrascados” mandou o alarme, e eles, contrariados, lá foram, não fosse algum membro da tamanha família correr risco de afogamento nas praias algarvias ou outros perigos noutras estâncias de lazer…
Foi só!...
E depois?
Valha-nos Deus!
1 comentário:
Talvez se houvessem criterios apertados na aprovaçao das listas para as legislativas... ao menos mais descansados ficava.
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