DECORRE O 12º ANO DO 3º
MILÉNIO
ESTAMOS NA QUARTA-FEIRA
DIA 15 DE AGOSTO DE 2012 (MMXII) DO CALENDÁRIO GREGORIANO
Que corresponde ao
Ano de 2765 Ab Urbe Condita (da fundação de Roma)
Ano 4708-4709 do
calendário chinês
Ano 5772-5773 do
calendário hebraico
Ano 1433-1434 da Hégira
(calendário islâmico)
Ano 1461 do calendário
arménio
Ano 1390-1391 do
calendário Persa
e relativamente aos
calendários hindus:
- Ano 2067-2068 do
calendário Vikram Samvat
- Ano 1934-1935 do
calendário Shaka Samvat
- Ano 5113-5114 do
calendário Kali Yuga
Mais:
DE ACORDO COM A
TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:
De 2003 a
2012 - Década da
Alfabetização: Educação para Todos.
de 2005 a
2014 - Década das Nações
Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
de 2005 a
2015 - Década Internacional
"Água para a Vida".
Por outro lado, 2012 é
o
ANO EUROPEU DO
ENVELHECIMENTO ACTIVO E DA SOLIDARIEDADE ENTRE GERAÇÕES
ANO INTERNACIONAL DA ENERGIA
SUSTENTÁVEL PARA TODOS
ANO INTERNACIONAL DA
AGRICULTURA FAMILIAR
ANO INTERNACIONAL DAS
COOPERATIVAS
FERIADO NACIONAL NA ÍNDIA
(dia da Independência, do Reino Unido, em 1947)
As Santas Casas são «confrarias com papel de relevo
na
assistência aos desfavorecidos»
Foi na QA 15.08.1498, completam-se
hoje 514 anos: foi fundada a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. E, a partir
daí, as Santas Casas da Misericórdia espalhadas por todo o país.
Reinava D. Manuel I
(14º), irmão da rainha D. Leonor, fundadora da “Santa Casa da Misericórdia de
Lisboa”, viúva (e prima direita) de D. João II, que antecedera ao cunhado no
trono.
Reinava em Leão e Castela
Isabel I, da Dinastia de Trastâmara, que casou com Fernando II de Aragão, da
mesma dinastia, nascendo, assim, com os reis católicos, o reino de Espanha.
Em França reinava Luís
XII (38º) que sucedeu no trono a seu primo Carlos VIII, com a viúva do qual
casou. Daí a sucessão.
No reino da Germânia (um
Estado criado fora da metade oriental do Império Carolíngio pelo Tratado de
Verdun de 843 e que teve existência ininterrupta até 1806) decorria o reinado
de Maximiliano I, da Casa de Habsburgo, filho de imperador Frederico III e da
Imperatriz D. Leonor de Portugal, filha de D. Duarte. Maximiliano reinava ainda
como Sacro Imperador Romano-Germânico, de facto (de jure, a partir de 1508, quando foi coroado). O Sacro Império foi
uma união de territórios da Europa Central que durou de 962 a 1806 e que, no
seu ápice, incluía designadamente, os actuais Estados da Alemanha, Áustria,
Suíça, Liechtenstein, Luxemburgo, República Checa, Eslovénia, Bélgica, Países
Baixos e grande parte da Polónia, França e Itália.
Em Inglaterra reinava Henrique
VII (43º), primeiro Rei da Casa de Tudor, reinando entre 1485 e 1509. A sua
subida ao poder e o seu casamento com Isabel de Iorque puseram fim à Guerra das
Rosas (uma série de longas e intermitentes lutas dinásticas - entre as Casas de
York e de Lancaster - pelo trono da Inglaterra, ocorridas ao longo de trinta
anos de batalhas esporádicas entre 1455 e 1485) e à consequente instabilidade
política. Foi o pai de Henrique VIII, o rei que casou seis vezes e rompeu com a
Igreja Católica Romana, dela separando a Igreja Anglicana em 1534, de que se
tornou líder.
Era Príncipe de Moscovo e
Grão-Príncipe da Rússia, Ivan (João) III, o Grande, da Dinastia Rurikovitch.
Em Roma pontificava Alexandre
VI (214º), que o século conheceu como Rodrigo Bórgia, espanhol de Xátiva
(Valência). A mãe de Rodrigo era Isabel de Bórgia, irmã do papa Calisto III. E
foi este papa, seu tio, mas quando ainda era cardeal, que o levou para Roma,
para estudar. Quando Rodrigo Bórgia tomou o pontificado viviam ainda quatro dos
seus sete filhos, cinco dos quais que houvera da dama romana Vannozza dei
Cattanei. Alexandre VI promoveu os seus filhos nos melhores cargos de que pôde
dispor, sendo este empenho uma das notas características do seu pontificado.
Aos quatro fez doação dos Estados da Igreja." A um deles, César, fê-lo
cardeal (aos 16 anos), arcebispo de Valência e comandante das forças militares
do Vaticano (este cargo em substituição de um irmão de César, falecido). Os
filhos envolveram-se, porém, em lutas fratricidas, uns com os outros.
Odiado pelos monarcas e
pelos grandes do seu tempo, era amado pelo povo, "de que era protector
generoso". "Foi um político habilíssimo e protector das artes e das
letras."
Canaveira, em síntese,
descreve-o assim: "pouco se pode dizer de bom de um homem que teve dois
filhos tão perversos como César Bórgia e Lucrécia Bórgia. Para nós, ibéricos,
foi um bom papa, pois ratificou o Tratado
de Tordesilhas e aceitou as doutrinas do 'Mare Clausum' * [Canaveira].
* Princípio do Mare Clausum – mar fechado aos países não ibéricos - saído do Tratado de
Alcáçovas de 1479 que serviu de fundamento do Tratado de Tordesilhas, de
1494.
|
Recordo que C Bórgia foi
o modelo para Maquiavel para escrever o seu Príncipe. Constava que os depravados César e sua irmã Lucrécia viviam
incestuosamente. Aliás, ela foi acusada de ser "filha, esposa e nora"
de seu pai. [Alexandre VI]
A “Santa
Irmandade da Misericórdia de Lisboa” foi fundada pela rainha D. Leonor
em 1498, na capital do reino.
Segundo
uma tradição que hoje se tem como não credível, se baseados nos documentos, “a
rainha D. Leonor surge como instituidora das Misericórdias com o auxílio de um
seu pretenso confessor, Fr. Miguel Contreiras, religioso trinitário” (da Ordem da Santíssima
Trindade e dos Cativos, fundada no séc XII por S. João da Matha [Trinitários]), “tendo como colaboradores” figuras destacadas da capital
com quem fundou a primeira Irmandade da confraria da Misericórdia de Lisboa. [Misericórdias
1]
D.
Leonor, rainha viúva de D. João II, e irmã de D. Manuel, instituiu “uma Irmandade de Invocação a Nossa Senhora da Misericórdia,
na Sé de Lisboa (Capela de Nossa Senhora da Piedade ou da Terra Solta) onde
passou a ter a sua sede. Assim, no ano em que os navegadores portugueses
atingiam a Índia, ao fim de quase um século de navegações oceânicas, surgia uma
nova confraria orientada por princípios estabelecidos no Compromisso [equivalente
a estatuto ou regulamento] da
Misericórdia”. [Marcas]
Exemplar do Compromisso da
Confraria de N. Senhora da
Misericórdia de 1516
Compromisso da
Misericórdia de Lisboa: conjunto de regras sobre o funcionamento das Santas Casas
da Misericórdia. O compromisso originário da Misericórdia de Lisboa, de 1498,
(provavelmente perdido com o terramoto de 1755) foi aprovado por D. Manuel I
e confirmado pelo Papa Alexandre VI. Dele se fizeram cópias e uma edição
impressa (1516), que veio facilitar a divulgação do texto e, assim, facilitar
a criação de outras misericórdias pelo Reino de Portugal e colónias. [Compromisso]
|
Cem anos depois
da sua “fundação e pressionada por mudanças […] decorrentes da perda da
independência do Reino” (1580), a Misericórdia de Lisboa, até para que “a sua
orgânica se adaptasse às novas realidades”, reformou o Compromisso originário,
surgindo o de 1618. [SCML]
Em 1534
D. Manuel tinha mandado edificar a igreja da Misericórdia, para onde foi
transferida a primitiva sede da instituição (na Sé), igreja destruída pelo
terramoto de 1755 e que, reconstruída, ficou conhecida por igreja da Conceição
Velha, ainda existente, perto da Praça do Comércio, na capital.
Igreja da Conceição Velha
Ou seja,
a primitiva igreja ali erguida era da invocação de Nossa Senhora da
Misericórdia, e constituía o segundo maior templo da Lisboa manuelina, só
ultrapassado pelo Mosteiro de Santa Maria de Belém ou dos Jerónimos.
Assim, a
Igreja da Conceição Velha, no centro de Lisboa, como já aludido “resultou da
reconstrução após o terramoto de 1755 da antiga Igreja de Nossa Senhora da
Misericórdia de Lisboa, sede da primeira Misericórdia do país. A sua fachada é,
juntamente com o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém”, dos melhores exemplares
do estilo manuelino sobreviventes ao terramoto. É monumento nacional desde 1910”.
[Marcas]
Actualmente a sede da SCML encontra-se ali ao Bairro Alto, paredes-meias com a
igreja jesuíta de S. Roque, no Largo Trindade Coelho. Este largo é denominado
popularmente como Largo da Misericórdia ou Largo do Cauteleiro.
A política protectora dispensada à Misericórdia de
Lisboa, no séc. XVIII, culminaria na doação, à Instituição, da Igreja e da Casa
Professa [relativa
a uma ordem religiosa – neste caso dos jesuítas] de S. Roque, em 1768 [reinado de D. José e
governo do Marquês de Pombal]. Este
edifício pertencera à Companhia de Jesus e, ainda hoje, alberga a sede da SCML.
[SCML]
Actual sede da SCML, ali
ao Bairro Alto, no Largo Trindade Coelho
As Santas
Casas espalhadas por todo o país, mais não são que confrarias com papel de
relevo na assistência aos desfavorecidos, que começaram a estabelecer-se em
Portugal em finais do século XV. Estas instituições têm-se caracterizado pelo
seu carácter humanitário, adaptação à vida social e aproveitamento dos ensinamentos
científicos e técnicos.
Recordo
que a D. Leonor de que aqui se fala (das várias rainhas e princesas que tivemos
com esse nome) nasceu em 1458 e era a filha do infante D. Fernando (duque de
Viseu e irmão de D. Afonso V, filhos do rei D. Duarte), logo, neta de D.
Duarte, bisneta de D. João I, sobrinha de D. Afonso V, irmã de D. Manuel e
prima direita de D. João II (filho de D. Afonso V) com quem viria a casar,
tornando-se assim rainha de Portugal. Desse casamento nasceu (1475) o príncipe
D. Afonso, que morreu cedo, em 1491, na Ribeira de Santarém, num acidente de
cavalo (o Infante D. Afonso era recém-casado com a filha dos Reis Católicos,
Isabel - a mesma com quem, 5 anos depois, viria a casar D. Manuel).
O facto
de o seu filho D. Afonso ter morrido cedo levou a que D. João II pretendesse
pôr no trono o filho bastardo (D. Jorge de Lancastre), levando D. Leonor a
defender os interesses de seu irmão, D. Manuel, na sucessão.
D. Leonor
é recordada pela sua acção no domínio da assistência aos necessitados. Foi ela
quem criou o primeiro hospital termal nas Caldas da Rainha (sendo evocada no
próprio nome da localidade) e a Misericórdia de Lisboa, cuja actuação se
estendia a todo o território [D. Leonor]. Criada em 1498, essa obra de cunho social, que eram as Misericórdias,
depressa se espalhou por todo o país.
Foi
também grande protectora e impulsionadora das artes e letras em Portugal,
nomeadamente através do mecenato ao teatro de Gil Vicente.
D. Leonor
fundou ainda os conventos da Madre de Deus e da Anunciada, e a igreja de Nossa
Senhora da Piedade da Merceana (Alenquer).
O
Convento da Madre de Deus situa-se
em Xabregas, na Lisboa oriental, mandado construir pela rainha em 1509. Hoje
é o Museu Nacional do Azulejo (desde 1980). A construção inicial foi muito
destruída com o terramoto de 1755, sendo o edifício actual resultado de
trabalhos de restauro e conservação ao longo dos séculos. [Guia]
|
Descendo
a rua de S. José em direcção ao Rossio, encontra-se, no topo Sul da rua, o
Largo da Anunciada, onde se erguia, desde 1539, o Convento da Anunciada das dominicanas, edificado no local onde
existia o Convento dos Frades Agostinhos Descalços de Santo Antão. Segundo
Norberto de Araújo, o Convento da Anunciada, "muito ligado à
nobreza", fora conhecido pela sua austeridade e bom-nome das suas
religiosas, algumas escritoras e artistas". O terramoto arruinou o
Convento, tendo as religiosas mudado
para Santa Joana. No local existe hoje a igreja de S. José. [Ruas]
|
A
Igreja de Nossa Senhora da Piedade
(Merceana) tem origem numa capela do séc. XV já então centro de
peregrinação. A capela foi substituída pela actual igreja mandada edificar por
D. Leonor no princípio do séc. XVI. [Blogue
da Vila de Alenquer]
|
Falecida
em Lisboa, em 1525, D. Leonor jaz no convento da Madre de Deus.
“Enquanto
agentes sociais, as misericórdias remontam ao século XIII, mais propriamente a
1244, ano em que na cidade italiana de Florença foi criada a primeira
Irmandade.”
Na sua
origem estão os frequentes conflitos entre países, cidades ou meros grupos, que
suscitaram o aparecimento de associações destinadas ao acolhimento e auxílio
das respectivas vítimas. Mais tarde, as peregrinações e cruzadas aos lugares
santos levaram à expansão destas instituições, “sendo responsáveis por inúmeras
formas de assistência e de solidariedade aos peregrinos, como por exemplo, a
organização de albergarias, hospitais e leprosarias.” Em Portugal, as primeiras
confrarias surgem no século XII, e entre elas, devemos destacar a confraria de
Nossa Senhora de Rocamador, de auxílio e apoio a peregrinos, já presente em
Portugal desde 1189. Mais tarde, por iniciativa da Rainha Santa Isabel,
adoptaria a designação de "Misericórdia de Rocamador". No entanto, a
instituição oficial das misericórdias em Portugal data de 1498, ano em que é
criada a Santa Irmandade da Misericórdia de Lisboa, fundada pela rainha D.
Leonor na capital do reino. [Misericórdias 2] Com o apoio do rei D. Manuel, seu irmão.
-
[Alenquer]: Blogue da Vila de Alenquer
-
[Alexandre VI]: Wikipédia, a enciclopédia livre; entrada: Papa Alexandre VI
-
[Blogue UMP]: Blogue da União das Misericórdias Portuguesas/UMP
- [Canaveira]:
Manuel Filipe Canaveira, trabalho publicado num destacável d’ “O Jornal”, de
10MAI1991
- [Compromisso]:
Wikipédia, a enciclopédia livre; entrada: Compromisso da Misericórdia de Lisboa
-
[D. Leonor]: Infopédia, a enciclopédia online da Porto Editora; entrada: D.
Leonor
-
[Desarmotização]: Infopédia, a enciclopédia online da Porto Editora; entrada:
Leis de Desarmotização]
-
[Estatutos]: Estatutos da UMP
-
[GEPB]: Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira: diversas entradas
-
[Guia]: Guia da cidade (Lisboa)
-
[Marcas]: Site Marcas das Ciências da Faculdade de Ciências da Universidade de
Lisboa
-
[Misericórdias 1]: Infopédia, a enciclopédia online da Porto Editora; entrada:
Misericórdias
-
[Misericórdias 2]: BU: Biblioteca Universal/Enciclopédia Universal, a
enciclopédia da Texto Editores; entrada: Misericórdias
-
[Rocamador]: Rocamador: Cantigas Medievais Galego-Portuguesas
-
[Rodas]: Infopédia, a enciclopédia online da Porto Editora; entrada: Rodas dos
enjeitados
-
[Ruas]: Blogue Ruas de Lisboa com alguma história
-
[SCML]: Site da SCML/Santa Casa da Misericórdia de Lisboa - História
-
[Trinitários]: site Trinitários
-
[UMP]: Site da União das Misericórdias Portuguesas/UMP – Historial
… continua amanhã, QI 16.08.2012…
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