quinta-feira, novembro 17, 2005

REGRESSO



Não foi cansaço. Menos, ainda, preguiça.
Um conjunto de factores pessoais levou a esta longa ausência.
Durante vários meses quase não pude ter vida própria. Foi isso.

Certo que também terá contribuído, marginalmente, um certo desânimo. Por falta de feedback. Mas não me queixo: compreendo que as pessoas – sobretudo os meus amigos – exijam uma qualidade que eu não atingi, nem sei se alguma vez atingirei.

Esta pausa foi forçada por certas circunstâncias, mas também serviu para eu testar os “apelos” à continuação.

Que foram raríssimos, como eu esperava.

E mesmo que numa perspectiva optimista eu imagine que a inércia tenha levado alguns a não tomar posição clara, de todo o modo o universo de “acompanhantes” e “curiosos” – tão só isso – não ultrapassará a dezena de pessoas!

Bom, para quem, antes, apenas escrevia para a gaveta… Vá!

Há tempos, Vital Moreira recordava que, dos milhares de blogues que nascem diariamente, a grande maioria são nados mortos.

Será o meu caso.
Nem tenho de me lastimar: sou realista e conheço as minhas limitações.


À partida, não é bem uma questão de ganhar qualidade e apurá-la. Não é bem só isso. O facto de ser um ignorado cidadão também ajuda a que seja um desconhecido bloguista. Se tivesse mérito e alguma projecção pública – nas letras, na política, nas artes, nas ciências - teria outra facilidade de sair do anonimato. Assim – e ainda por cima sem talento – tenho o destino dos ignorados. É a vida.

Penso que a melhor síntese e definição que de mim posso fazer, é a que Ortega y Gasset fazia de si mesmo:

eu sou eu e as minhas circunstâncias

Não é conformismo. É, de novo, realismo.

O talento para ser descoberto e ter projecção, tem de existir. É tudo.

Jakob Nielsen, aclamado como “o maior especialista mundial em usabilidade da Web” (U.S. News e World Report), disse um dia:

“não é o que considera sobre o seu site que conta,
mas sim o que os utilizadores pensam dele”.

Como é evidente, não penso maravilhas do meu blogue. Portanto, a primeira parte da asserção não me preocupa. Sim, a segunda. Só que são raros os utilizadores (alguns por complacente amizade, apenas, segundo creio) e não sei o que pensam dele (salvo raras excepções).

Quem parecia ter razão era Pablo Neruda:

"Escrever é fácil.
Você começa com uma maiúscula e termina com um ponto final.
No meio, coloca ideias".

Mas creio que não tinha: o problema está nas ideias: a sua novidade e ou o seu tratamento. É aí que está o difícil. Logo, nem sempre é fácil escrever.

Além de que não esqueço

Os direitos inalienáveis do leitor:

1) O direito de não ler;

2) O direito de saltar linhas, parágrafos e páginas;

3) O direito de não acabar um livro ou um artigo;

(…)

5) O direito de ler uma coisa qualquer;

(…)

10) O direito de ficar calado.

É tudo.

Mas não desisto. Nem que seja como se fosse só para a gaveta, como dantes.

Voltarei dentro de dias.

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