. ano 1428/1429 dH do calendário islâmico (Hégira)
. ano 2760 Ab urbe condita (da fundação de Roma)
. ano 4703/4704 do calendário chinês
. ano 5767/5768 do calendário hebraico
DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:
2001/2010 - Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África.
2001/2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo.
2001/2010 - Década Internacional para a Cultura da Paz e não Violência para com as Crianças do Mundo.
2003/2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
2005/2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
2005/2015 - Década Internacional "Água para a Vida".
2007 Ano Internacional da Heliofísica
Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza
imagem Wikipédia
"O meu maior sonho é ser pobre um dia!
Porque ser todos os dias, é terrível”
(Anónimo)
Aconteceu há vinte anos, no SB 17 de Outubro de 1987: milhares e milhares de cidadãos reuniram-se na Praça do Trocadéro, em Paris, para comemorar a assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos e para proclamar que a pobreza extrema é uma violação desses direitos fundamentais. A mensagem que, então, passaram, em essência, foi a seguinte: "Onde os Homens estão condenados a viver na miséria, aí os Direitos Humanos são violados. Unir-se para os fazer respeitar é um dever sagrado"
Acontecera, realmente, que na SX 10 de dezembro de 1948 a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adoptada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas na sua Resolução 217 A (III), como resposta às atrocidades da Segunda Guerra Mundial.
Aí, naquela manifestação de Paris, de há vinte anos, a origem da criação do dia internacional que hoje passa.
Numa perspectiva mais abrangente, alguns designam-no por Dia Mundial contra a Pobreza e Exclusão Social.
Uma das consequências da pobreza é a fome. E, acerca da fome, já em 1946 um nome enorme nestas matérias, Josué de Castro, escrevia a sua impressionante, mais constatatória que premonitória, “Geografia da Fome”.
É da recordação desse nome e dessa obra que se ocupa o seguinte excerto:
“No Portugal dos anos 60, quando da Guinness mal conhecíamos a cerveja, quanto mais os recordes, um livro de capa vermelha chamou a atenção de muitos. Chamava-se Geografia da Fome e era assinado por Josué de Castro. Lido num repente, tornou-se peça essencial na formação de muitos espíritos e muitas mentes. Dizia assim, no prefácio (a primeira edição era de 1946): "O assunto deste livro é bastante delicado e perigoso. A tal ponto delicado e perigoso que se constituiu num dos tabus de nossa civilização. É realmente estranho, chocante o fato de que, num mundo como o nosso, caracterizado por tão excessiva capacidade de escrever-se e publicar-se, haja até hoje tão pouca coisa escrita acerca do fenómeno da fome, em suas diferentes manifestações." Josué era brasileiro, pernambucano (o centenário do seu nascimento há-de comemorar-se em 2008, a 5 de Setembro) e as suas palavras punham o mundo de alerta.” (Crónica de hoje, de Nuno Pacheco, no Público)
Traduzidas em números essas realidades (pobreza, fome, exclusão), tais valores são esmagadores. Impresionantes.
“50 mil pessoas morrem diariamente devido a causas relacionadas com a pobreza e 854 milhões de pessoas passam fome, apesar de a produção alimentar mundial ser suficiente” – confirma Sofia Branco no trabalho abaixo mencionado.
Actualmente, cerca de 19% da população portuguesa (dois milhões e cem mil) é pobre. E 740 mil têm menos de seis euros por dia!
Confirmam os noticiários.
“São oito os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) que as Nações Unidas declararam em 2000 que queriam ver cumpridos até 2015. A erradicação da pobreza não é só o primeiro enunciado, é também o único que, se não for atingido, impede a realização de todos os outros.Porque ser pobre não é só não ter dinheiro suficiente para comer ou não dispor de um abrigo. É também não ter possibilidades para estudar. Não ter emprego e não saber o que vai ser o dia seguinte. É estar doente e não poder pagar uma consulta no médico nem tratamentos. Ou perder uma criança no parto por falta de cuidados de saúde.” (Reporta Sofia Branco, hoje, também no Público)
imagem Público
Tirânicas são as sociedades que fiscalizam, pedem, exigem, obtêm, legalizam, legislam, puncionam, retêm, subtraem, impõem, taxam, quando não perseguem, param, constrangem e prendem para, depois, se declararem incapazes de oferecer o mínimo ao cidadão que terão despojado, roubado, despido, desnudado.
Michel Onfray
(Texto transcrito do blogue “antologia do esquecimento” que todos conhecem por “Insónia”, post de 17.10.2005)
O cidadão médio de um país desenvolvido goza de uma riqueza superior aos sonhos mais loucos de 1000 milhões de pessoas que vivem em países com um rendimento per capita inferior a 200 dólares. São estes, portanto, os países e os indivíduos que têm uma riqueza tal que podiam, sem ameaçar o seu próprio bem-estar, transferir uma parte para os pobres absolutos.
(Texto transcrito do blogue “antologia do esquecimento” que todos conhecem por “Insónia”, post de 17.10.2005)
O cidadão médio de um país desenvolvido goza de uma riqueza superior aos sonhos mais loucos de 1000 milhões de pessoas que vivem em países com um rendimento per capita inferior a 200 dólares. São estes, portanto, os países e os indivíduos que têm uma riqueza tal que podiam, sem ameaçar o seu próprio bem-estar, transferir uma parte para os pobres absolutos.
Robert McNamara
(Id)
O HORROR DE SER POBRE
(Id)
O HORROR DE SER POBRE
Risco c’um traço
(um traço fino, sem azedume)
todos os que conheço, eu mesmo incluído.
Para todos estes não me verão
Nunca mais
Olhar com azedume.
O horror de ser pobre!
Muitos gabavam-se que aguentariam, mas era ver-
-lhes as caras alguns anos depois!
Cheiros de latrina e papéis de parede podres
Atiravam abaixo homens de peitaça larga como toiros.
As couves aguadas
Destroem planos que fazem forte um povo.
Sem água de banho, solidão e tabaco
Nada há que exigir.
O desprezo do público
Arruína o espinhaço.
O pobre
Nunca está sozinho. Estão todos sempre
A espreitar-lhe pra o quarto. Abrem-lhe buracos
No prato da comida. Não sabe pra onde há-de ir.
O céu é o seu teto, e chove-lhe lá pra dentro.
A Terra enxota-o. O vento
Não o conhece. A noite faz dele um aleijado. O dia
Deixa-o nu. Nada é o dinheiro que se tem. Não salva ninguém.
Mas nada ajuda
Quem dinheiro não tem.
Bertolt Brecht, in Poemas e Canções, selecção e versão portuguesa de Paulo Quintela, Livraria Almedina, Coimbra, Outubro e 1975.
(Id)
(Id)
Se o autor de qualquer dos excertos acabados de passar dispensa apresentações, parece-me que o de Bertolt Brecht menos as exige.
Michel Onfray, nascido em 1 de Janeiro de 1959, é um filósofo francês. Afirmam muitos que é, mesmo, o filósofo francês mais lido da actualidade e o mais popular.
Robert McNamara foi secretário de defesa dos Estados Unidos de 1961 a 1968, dos presidentes Kennedy e Lyndon Johnson.
1 comentário:
BOAMEMÓRIA!
Enviar um comentário