quarta-feira, setembro 05, 2007

VIAJANDO NO PORTUGAL PROFUNDO

CATRIBANA E SAMARRA







fotos da Agenda Cultural de Sintra online (nº 31/ABR05)




Em Catribana – localidade da freguesia de S. João das Lampas (concelho de Sintra) não muito longe da Cortesia e da Assafora (outras aldeias da mesma freguesia), existem dois vestígios de vias romanas: um resto de uma calçada e uma pequena ponte. Ambas do séc. III da nossa era.

Os três slides seguintes mostram
duas perspectivas da ponte romana e uma da calçada.

A ponte atravessa a ribeira de Bolelas (que, segundo alguns, naquele ponto já se chama da Samarra, nome da praia que lhe serve de foz, um pouco adiante).
Catribana é povoação velha de séculos, como se calcula. Bastante provavelmente a palavra será de etimologia árabe, talvez significando ponte.
Nessa aldeia, melhor dito, no seu termo, ainda que um pouco afastado do povoado, consta terem sido realizadas sondagens arqueológicas que revelaram a existência de restos de pavimentos em mosaico e alguns fragmentos de cerâmica.
Até por se ter tratado de meras sondagens, nenhuma dessas preciosidades se encontra, por aí, patente ao público.
Não obstante as pesquisas arqueológicas, em meados do séc passado, e, mesmo, a classificação legal do conjunto (calçada-ponte) como imóveis de interesse público (IIP), já nos anos 90 do mesmo século, a verdade é que são património que continua ao mais completo abandono.
A calçada romana, a escassa centena de metros da povoação, quando muito, apresenta-se em fragmentos intermitentes por uma extensão máxima de cerca de uns 50 metros, se tanto. A sua identificação é óbvia para alguém minimamente sensibilizado para estas matérias.
Não se vislumbra porque motivo (embora seja imaginável), mas a calçada denomina-se, hoje, “caminho do castelo”. Na verdade, não se lobriga, por ali, qualquer vestígio de construção castrense.
A ponte encontra-se ao fundo de uma ladeira, em caminho estreito de terra batida, umas largas centenas de metros também fora da povoação. É de arco único e tem parapeito.

De salientar, ainda, que, pela mesma altura (em 1948), foram descobertos, muito próximo de Catribana, vestígios de materiais de um eventual povoado neolítico (Pedranta, aventam, alguns, a hipótese de que se tenha assim chamado), de cerca de 4 000 anos a. C. Tratava-se de recolhas feitas à superfície, mas também é referida a descoberta de uma jazida, no topo Norte da praia, com ossadas de mais de cem pessoas.

Mas, melhor que eu, fala disto tudo Carlos Pinheiro, no site Malha Atlântica. Assim, veja, deste autor:
texto e fotos sobre os vestígios romanos; mais fotos sobre os mesmos vestígios.

De notar que hoje não se pode admirar uma tão grande extensão seguida de calçada, como a que se acaba de ver na foto anterior.

Ver ainda, no site do IPPAR/MC, a importante nota histórico-artística:
calçada e ponte romanas e azenhas na Catribana.

Falamos de Catribana. E, como foi referido de raspão, ali, a dois passos, fica uma praia de pescadores, de muito difícil acesso por terra, já que a costa, de altas escarpas, só mesmo por tormentosos e íngremes carreiros permite chegar lá. É a praia da Samarra.
Vê-se, por vezes, uma ou outra pessoa – de certa idade, sobretudo – de cadeirinha de lona, fechada, na mão, a caminho desta zona, onde se sentam horas a fio em baldio sobranceiro ao mar, no alto das arribas alcantiladas, beneficiando de um rico ar iodado...
Ultimamente vêem-se, também, muitos jovens demandando esta praia levados, inclusive, pelo exercício propiciado pelo respectivo acesso.

Veja-se esta
sequência de slides sobre a praia da Samarra.

A praia, em si, é uma pequena enseada, de areal pouco extenso, não muito abrigada e com aspecto pouco acolhedor, em virtude do “corredor” aberto pelo sulco da antiga ribeira, na convergência dos dois cabeços que se elevam de cada lado. De todo o modo, de ares muito saudáveis, já que rica em iodo e despoluída...

Mas, e chegar lá por terra?!...



Há tanto mundo para ver!
Até mesmo aqui dentro dos nossos muros...
Quase à nossa porta!




1 comentário:

bettips disse...

Essa do "à nossa porta", cala-me fundo! Gostei muito de toda a explicação: que eu considero serviço público número 2. (o 1 é explicares o que está por detrás das cronicles, dos experts da demagogia; aí, por vezes "passo"...). Conhecermo-nos e darmo-nos a conhecer. Obrigada pela lembrança! Abraços

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